Com a chegada do verão, o movimento nas rodovias aumenta e muitos motoristas aproveitam esse momento para a realização de revisões preventivas, antes de pegarem a estrada. Mas, além dos cuidados com a manutenção, é necessário evitar algumas práticas que podem ser prejudiciais à condução. Uma delas, é sobrecarregar o veículo com excesso de bagagem e passageiros, provocando o chamado “sobrepeso”. Uma prática, infelizmente, comum e que pode gerar prejuízos e pôr em risco a segurança dos ocupantes. Juliano Caretta, supervisor de treinamento técnico da DRiV, divisão global para o aftermarket do grupo Tenneco Automotive, esclarece como essa conduta pode estragar as férias de uma família.
Antes de falarmos sobre as consequências técnicas ao rodar com sobrepeso, é preciso esclarecer que dirigir com excesso de carga é considerado infração de trânsito, sujeita a multa e perda de pontos na CNH (Carteira Nacional de Habilitação). Isso, por si só, já mostra quão grave é dirigir nessas condições, porém muitos ignoram os riscos e acessam ruas e rodovias com os carros transportando cargas muito além a que foram homologados, como explica Juliano Caretta: “Um veículo conduzido com excesso de ocupantes ou carga é uma situação potencialmente perigosa e que pode trazer sérias consequências. Elas podem ir de um pequeno dano no pneu até um acidente grave.
Entre as consequências ao se rodar com peso excessivo, Caretta alerta para os sistemas de direção, freios e suspensão, que podem sofrer diversas falhas e ter seu funcionamento comprometido, alterando a dinâmica na condução do veículo. “Assim como no corpo humano, o excesso de peso é muito prejudicial para a saúde do conjunto mecânico. Da mesma forma que a coluna, as articulações e outros órgãos humanos sofrem numa situação de sobrepeso, componentes mecânicos também sofrem, porque trabalham além de sua capacidade. Isso afeta negativamente a performance do sistema, podendo provocar avarias e comprometer a dirigibilidade.
Como exemplo, ele cita algumas ocorrências comuns nesses casos:
Danos aos componentes: ao se rodar com uma carga superior à especificada, o peso exercido sobre os conjuntos que suportam o chassi, motor e a carroceria ficam mais suscetíveis a danos severos. No caso dos amortecedores, ao serem expostos a uma sobrecarga, há uma redução no curso da haste, reduzindo sua capacidade de absorção de impactos. Dessa forma, o componente não consegue inibir as vibrações e oscilações vindas do solo e no caso de um impacto com um buraco, valeta ou qualquer outro obstáculo, poderá sofrer uma quebra ou rachadura, que provocará o vazamento do fluido interno, piorando ainda mais sua condição de funcionamento. Outras peças agregadas, como buchas, molas e pivôs também podem ser avariadas, prejudicando a estabilidade e a condução do veículo. Rodas podem empenar ou quebrar ao passar por buracos e pneus podem sofrer desgaste prematuro, apresentar bolhas, rachaduras ou terem suas bandas de rodagem deformadas.
Redução da segurança: com o comprometimento de itens essenciais, como o sistema de suspensão, o motorista terá dificuldade para conduzir adequadamente o carro e poderá sofrer o risco de acidentes, de acordo com o representante da DRiV. Entre as situações possivelmente enfrentadas está a redução da capacidade de frenagem. Segundo o especialista, um carro com amortecedores avariados precisa de cerca de 15% a 20% mais de espaço para parar completamente, o que aumenta a possibilidade de colisões. Se houver um excesso de carga acima do veículo, isso poderá afetar seu centro de gravidade e provocar a perda da estabilidade em curvas e, consequentemente, capotamentos.
A suspensão sobrecarregada ainda pode causar balanços excessivos e produzir oscilações no feixe de luz dos faróis, o que pode ofuscar a visão do condutor que trafega no lado oposto. Esta situação traz um grande risco de acidentes graves.
Para evitar essas situações, Juliano Caretta recomenda “respeitar o limite de carga do veículo definido pela montadora, uma vez que cada modelo possui uma suspensão, que trabalha conforme as características específicas”. Outra orientação é acomodar a carga de maneira uniforme, equilibrando os pesos entre os lados. Isso evita que o carro fique instável ao fazer curvas ou rodar por pistas irregulares. Por fim, evitar carregar no veículo objetos desnecessários e que produzem peso, como caixa de ferramentas, materiais de construção etc. Sem utilidade prática, esses objetos tendem somente a desgastar desnecessariamente o veículo e aumentar o consumo de combustível. (Foto: DRiV/Divulgação).