O presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou na madrugada de ontem aos comandantes das três Forças, durante baile do Dia do Aviador, no Clube da Aeronáutica que o governo “não tem problema” em manter trancados os arquivos do regime militar (1964-1985). Numa mesa onde também estava o ministro da Defesa, José Viegas, Lula tentou demonstrar que a crise surgida com a divulgação de uma nota na qual o Exército tentou justificar o uso da tortura nos anos de chumbo estava encerrada.
Lula aconselhou os militares a dialogar com a Câmara, pois o Legislativo, pressionado por grupos de direitos humanos, pode retomar as investigações. “Esse assunto está ligado à Comissão de Direitos Humanos da Câmara. Não tem problema por parte do governo. Tem de conversar é com o João Paulo (presidente da Câmara) e o presidente da comissão”, afirmou Lula segundo participantes da festa. “Temos de superar este momento.”
Na avaliação do presidente, os casos de morte e tortura durante o regime militar devem ser tratados pelo Legislativo e Judiciário. “O governo deve se preocupar em gerar empregos e desenvolver o País”, disse. “Essa questão não cabe ao Executivo.”
O comandante do Exército, general Francisco Albuquerque, repreendido por Lula na semana passada pela divulgação da nota considerada elogiosa ao golpe de 64, deu o recado da caserna ao governo em relação à idéia de abrir os arquivos secretos: “É complicado de ambas as partes.”
O general se referia aos embates entre militares e militantes de esquerda, que resultaram em mortes e delações dos dois lados envolvidos, sem falar nos danos causados à população civil, que ficou no fogo cruzado da briga. As Forças Armadas evitam, por exemplo, dizer quantos militares morreram na Guerrilha do Araguaia, conflito ocorrido no Sul do Pará entre 1972 e 1975 entre forças militares e militantes do PCdoB.
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