De cada lado da quadra haverá uma Gabi para tentar levar sua equipe à conquista da Superliga Feminina de vôlei. Na decisão deste domingo, às 10 horas, na Arena da Barra, no Rio, o Molico/Nestlé, de Osasco (SP), tentará derrubar o favoritismo do Rexona-Ades, do Rio. E contará com a força da “pequena” ponteira Gabi, que tem 1,73m de altura, mas lida com a falta de tamanho para o vôlei moderno com muita impulsão e ótimo posicionamento. “Compenso no salto e tenho agilidade no fundo de quadra”, contou a atleta de 21 anos, um ano a mais que sua xará do time carioca.
Curiosamente, as duas têm Guimarães no sobrenome, mas a Gabriella do time de Osasco tem um “L” a mais no nome. Tanta coincidência tem provocado confusão até com as companheiras de equipe. “Muitas vezes confundem a gente. Nós somos amigas e até conversamos sobre essa situação engraçada e damos risada das confusões”, disse Gabi. “Um dia, a Camila Brait mandou uma mensagem para ela achando que era eu”, continuou.
Sua amiga do outro lado de rede também se diverte com a situação. “Nos conhecemos há algum tempo, nas seleções de base e jogando alguns campeonatos contra. Por termos nomes iguais, a maioria de nossos amigos nos confundem. Me mandam mensagens no WhatsApp achando que estão mandando para ela, me mandam vídeos… Marcam a gente em redes sociais achando que é a outra… E mesmo assim é muito legal”, contou.
A Gabi de Osasco chegou à seleção de base aos 14 anos e começou a jogar em Niterói, no Rio de Janeiro, por causa dos irmãos. Eles praticavam a modalidade e, como acompanhava alguns treinos, acabou sendo chamado para treinar, gostou e está até hoje no vôlei. Mas por causa do tamanho, quase acabou mudando de função em quadra. “Já me falaram para trocar de posição, para ser líbero, e na seleção cheguei a jogar nessa função por um ano”, revelou.
Mas ela tem conseguido superar as dificuldades com talento e foi fundamental para a classificação do Molico/Nestlé na semifinal contra o Sesi-SP. Agora, vai para sua primeira final como titular e terá a companhia de muitas pessoas de sua cidade natal. “A família toda vai no jogo, as pessoas que eu gosto vão estar lá, as pessoas da escola, os amigos do vôlei. Será emocionante”, disse.
Do outro lado, Gabi vem fazendo uma temporada fantástica. Com 1,80m de altura, ela também não pode ser considerada alta para o esporte, mas se tornou a maior pontuadora da competição com 414 pontos e um ótimo aproveitamento – na temporada passada, fez 255. A evolução dela tem chamado a atenção dos treinadores, que enxergam nela uma versão feminina do craque Giba, que fez história no vôlei brasileiro. As comparações se dão principalmente pela velocidade do braço na hora de atacar.
“Tudo tem passado muito rápido na minha carreira. Cheguei há três anos aqui no Rexona-Ades e tenho evoluído muito. A minha primeira temporada eu estava me adaptando, a segunda foi bem difícil e esta está sendo ótima. Mas sei que tenho muito que crescer. Não estou onde quero chegar ainda. Quero me firmar na seleção, ser mais consistente em quadra e ter um melhor saque”, explicou, lembrando que não vê a hora de encontrar a amiga do outro lado da quadra. “Estou muito feliz de poder jogar uma final de Superliga contra ela. Apesar de ser baixa, ela é craque de bola, diferenciada, mas na hora do jogo não terá essa de amizade. Vou com tudo para ganhar e sei que ela também”.
Qualquer que seja o resultado, as duas já podem se considerar vencedoras em suas equipes e mostram que o Brasil tem talentos para os Jogos Olímpicos, em 2016. “É claro que eu sonho em disputar a Olimpíada. Imagina participar do tricampeonato no Maracanãzinho? Seria a realização dos meus sonhos”, contou Gabi, que torce para ter a companhia de sua amiga do time de Osasco. “Estou à disposição para 2016”, completou a outra Gabi.