“Cem cigarros” e uma explosão. Uma história sobre o narguilé

E de repente aquele narguilé explodiu pra todo lado, atingindo a todos com uma bola de fogo recheada com brasa e cacos de vidro. Das cinco pessoas em torno do aparelho, quem mais se machucou foi a menina de nove anos – eu disse nove anos – que tragava a fumaça bem no momento em que a coisa toda ferveu. Em seu rosto e braços inúmeros pedacinhos de vidro, incrustados na pele chamuscada pelo fogo.

O secular narguilé é uma dessas coisas curiosas, tido por muitos como um hábito inocente e até saudável, no qual se experimenta uma fumaça capaz de aguçar os sentidos com os mais variados aromas e sabores. Contudo, e a bem da verdade, o hábito do narguilé tem se mostrado um abacaxi sem tamanho. Segunda a OMS (Organização Mundial de Saúde), uma sessão de narguilé corresponde à exposição de todos os componentes nocivos presentes na fumaça de 100 cigarros.

Estamos simplesmente falando da toxicidade de cerca de 4.700 substâncias, que trazem consigo os cavaleiros do apocalipse em termos de doenças e neoplasias.

Mais que isso, a maneira como o narguilé é fumado tem contribuído para o aumento dos casos de herpes, hepatite C e até de tuberculose. Isso graças ao compartilhamento descuidado dos cachimbos.

Por fim, muitas pessoas ainda acrescentam álcool em seu bojo, fazendo do narguilé um apetrecho altamente inflamável. Foi o que aconteceu com os nossos pacientes. Felizmente ninguém se feriu gravemente, pelo contrário. Uma semana depois o grupo já estava devidamente equipado com um novo narguilé.

Pelo visto, algumas coisas não mudam tampouco evoluem. É assim que caminha a humanidade…

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