Faba: 1ª startup de FoodTech incubada no Tecnosinos

Mudando o mundo de grão em grão. Essa é grande proposta da Faba, a 1° startup de FoodTech que desenvolve alimentos incubada no Tecnosinos. Criada em 2020, a empresa usa tecnologia para substituir produtos de origem animal em elementos compostos somente de vegetais. A partir do grão-de-bico, a FABA chegou a um produto com propriedades emulsificantes e espumantes, de fonte natural e renovável com grande potencial de escalabilidade. “Nosso produto possui propriedades semelhantes às encontradas no ovo de galinha, porém, as proteínas encontradas no grão-de-bico são resistentes ao calor, podendo ser repetidamente congeladas, descongeladas, aquecidas ou resfriadas, ao contrário do ovo que uma vez que passa pelo processo de cozimento tem suas proteínas desnaturadas”, explica o Engenheiro de Produção e Diretor Administrativo da Startup, Rodrigo Kayser.

A ideia de usar o grão de bico como matéria-prima veio do Frederico Hofstatter, Engenheiro de Alimentos e Diretor de Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação na Faba. “Quando elaborei meu trabalho de conclusão de curso, pensei em trazer uma proposta que não ficasse na gaveta”, relata o engenheiro. Numa análise, percebeu que existiam substitutos em base vegetal para uma série de alimentos, como carnes, leites, queijos e entre outros, mas não havia nada ainda no mercado um produto que substituísse o ovo de galinha. E foi aí que a pesquisa de Frederico se intensificou. A partir de um mapeamento funcional da proteína do grão-de-bico, o engenheiro desenvolveu um emulsificante de base natural de fonte renovável que substitui em 100% os ovos de galinha em suas funcionalidades.

Essa inovação permite a aplicação em muitos produtos existentes no mercado. “É possível fazer a substituição total do ovo em diversos produtos que encontramos no mercado como por exemplo: maioneses, sorvetes, pães, bolos, biscoitos, mousses, merengues, molhos para saladas”, explica Hofstatter. A iniciativa é totalmente alinhada a uma tendência atual na indústria de alimentos, que é a busca por produtos de base vegetal. Além de dar mais uma opção de alimento de fonte renovável, a Faba também atende a uma parte da população que tem alergia ao ovo de galinha, sem contar o público vegano e vegetariano.

Rodrigo destaca também que o papel da Unisinos no processo de desenvolvimento da matéria-prima da empresa foi fundamental. A Universidade disponibilizou os laboratórios e toda infraestrutura para as pesquisas.

MayOh!, a primeira maionese 100% vegetal do Brasil

Operada pelos sócios da Faba, a produção da matéria-prima ocorre em empresas parceiras. No entanto, a startup precisava utilizar da criatividade para poder mostrar ao mercado o funcionamento do ingrediente substituto ao ovo de galinha, a H2Faba e gerar receita, já que a estrutura é relativamente pequena. Foi aí que, a partir de pesquisas de mercado, a Faba encontrou um nicho onde poderia adequar perfeitamente sua matéria-prima de grão-de-bico com um produto com apelo comercial e exclusivo. Surgia a MayOh!. “No Brasil se consome 12 mil toneladas de maionese por mês. Além disso é um item que demonstra o funcionamento do nosso produto, ao mesmo tempo que a maionese é algo bem conhecido, a qual não precisaríamos ensinar aos nossos clientes”, conta Hofstatter.

A constatação de que havia no mercado espaço para uma maionese de qualidade deu resultado. “Quando se pergunta às pessoas qual maionese gostam, a resposta é da “caseira”, cita Kayser. O engenheiro explica que é porque ela tem sabor, aroma, textura. “E a nossa, além de todas essas qualidades, é totalmente feita de fontes renováveis e agrada tanto a quem é vegano como a quem não é”, conclui.

Lançada em julho, o tempero desta maionese parece ser o próprio sucesso. Para os sócios, desde o lançamento a startup vem vivendo seu momento mais feliz. “No meio da pandemia a gente não sabia qual seria resposta do produto no ponto de venda. Mas só temos coisas positivas para falar dela”, revela Hofstatter. A proposta deu tão certo, que no primeiro mês de venda (julho) atingiram a meta que era esperada para setembro. E a proporção foi crescendo exponencialmente. “A meta para o dezembro foi atingida em agosto”, conta Kayser.

Hoje a MayOh! já ultrapassa a barreira dos 30 clientes, e é vendida em todas as cidades entre novo Hamburgo e Porto Alegre. Também é possível encontrar o produto em Portão, Caxias do Sul, Lajeado e até na capital de Santa Catarina, Florianópolis. São pontos de vendas como lojas naturais, empórios gourmets, mercados, padarias e casas de carnes. “Estamos abrindo frente em muitas lojas, é bastante trabalho, mas os feedbacks são sempre muito positivos”, revela Hofstatter. O empresário conta que a grande maioria dos clientes, ao experimentar o produto, acaba fidelizando. A empresa já possuí parceria com uma rede de lojas para a expansão nacional que deve resultar na presença da marca em mais 42 lojas pelo Brasil até final do ano.
A MayOh! pode ser encontrada nos sabores Original, Ervas Verdes e Chipotle, em embalagens de vidro de 290g e embalagem de 1,2kg destinados à restaurantes e hamburguerias.

Faba no BRDE Labs

Nessa onda de boas conquistas, outra coisa que a Faba pode comemorar é sua participação no Programa BRDE Labs. Coordenado no Estado pela aceleradora Ventiur, o processo de aceleração conta com o apoio dos parques tecnológicos das três universidades que fazem parte da Aliança para Inovação: UFRGS, PUC e Unisinos.

Das 188 startups inscritas entre maio e junho deste ano, 30 foram selecionadas para participar da primeira etapa e, dessas, a Faba foi uma das 12 escolhidas para o processo de aceleração. Nessa edição, a Faba é a única startup de FoodTech que desenvolve alimentos. Para a equipe, participar de um processo de aceleração é um meio de nortear os negócios. “Agora, temos uma visão de aceleração do negócio, desenhamos e redesenhamos o modelo de negócio com o viés da escalabilidade”, explica Kayser. Para ele, a aceleração auxilia a dar maturidade ao negócio, principalmente em áreas que não fazem parte de suas rotinas.


29 de Outubro de 2020
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