O que é um áudio lossless? Conheça a tecnologia de som 'sem perdas'
Áudio lossless evita perdas na qualidade do som. A seguir, veja tudo sobre a tecnologia para arquivos sonoros e confira a influência dela para a reprodução de músicas.
Por Igor Nishikiori, para o TechTudo
Planos com áudio lossless já podem ser encontrados em serviços de streaming de música como Apple Music, Deezer e Tidal. Esse tipo de arquivo tem qualidade superior ao dos planos tradicionais, já que usa uma compressão que reduz perdas de dados e, assim, mantém os detalhes do som original. Ele se difere de arquivos lossy (com perdas), como é o caso do MP3 e do AAC.
No entanto, um dos grandes obstáculos dessa tecnologia é que, para usufruir das vantagens do áudio lossless, é preciso investir em caixas de som e fones de ouvido mais caros. Além disso, é necessário que o arquivo da música seja compatível com o formato. A seguir, você confere algumas perguntas e respostas sobre essa tecnologia de som. Além disso, veja também diferenças em relação a outros formatos.
O que é o áudio lossless?
Isso é possível porque os dados digitais são repletos de informações redundantes, que podem ser eliminadas sem que isso modifique a estrutura do arquivo original. Obviamente, há um limite máximo para essa compressão, e a eficiência depende ainda do tipo de formato a ser diminuído.
No caso do áudio lossless, o algoritmo é otimizado para trabalhar especialmente com arquivos de som. Assim, um arquivo lossless consegue diminuir pela metade o tamanho de documentos do tipo WAV ou AIFF, e depois podem ser convertidos para outros formatos mantendo a mesma qualidade do original.
Quais os tipos de áudio lossless?
Os codecs mais utilizados para música são o FLAC e o ALAC. Embora sejam extensões diferentes e criadas por empresas diferentes, o funcionamento deles é muito similar.
O FLAC (sigla de Free Lossless Audio Codec) foi desenvolvido em 2001 como uma ferramenta para comprimir arquivos de áudio sem perda de dados. O fato de ser gratuito e de código aberto permite que qualquer plataforma o utilize sem o pagamento de royalties. Serviços como Tidal HiFi e Deezer HiFi utilizam esse formato.
Já o ALAC (Apple Lossless Audio Codec) foi criado em 2004 pela Apple para ser o formato proprietário de seus produtos — especialmente os iPods, que passaram a ter um incremento na capacidade de armazenamento. Atualmente, o ALAC também pode ser usado de graça por qualquer empresa. Em 2021, o Apple Music passou a oferecer músicas em versão ALAC.
Além deles, há outros formatos menos conhecidos, como WavPack, WMA Lossless e Monkey's Audio APE. Há ainda arquivos lossless para conteúdos de áudio surround, como é o caso do Dolby TrueHD e do DTS-HD Master Audio. Esses encoders são utilizados, respectivamente, nos sistemas Dolby Atmos e no DTS:X.
Qual é a diferença entre áudio lossless e lossy?
Arquivos como MP3 e AAC são considerados lossy — ou seja, com perdas — justamente porque eles sacrificam uma parte dos dados em prol de um tamanho menor. Enquanto o áudio lossless consegue comprimir de 40% a 60% do arquivo original, um arquivo lossy chega a até 95% usando taxa de bits de 128 Kb/s (Kilobits por segundo).
Esse tipo de compressão é possível por conta da psicoacústica, o estudo de como certos sons são captados pelo cérebro humano normal. Graças a isso, foram criados algoritmos que detectam e eliminam as frequências de som que não são totalmente ouvidas, diminuindo consideravelmente o tamanho do arquivo.
O problema dessa técnica é que, quanto maior a compressão, maior a chance de surgirem distorções no som causadas pelo corte de dados. Seria o equivalente ao efeito pixelado que aparece em uma imagem JPEG comprimida muitas vezes. Isso é mais perceptível em áudios mais complexos (como o de uma orquestra, por exemplo), ao passo que geralmente passa batido em áudios mais simples de voz (como em podcasts ou mensagens por WhatsApp).
É possível escutar áudio lossless via Bluetooth?
Por enquanto não. A maioria dos receptores Bluetooth, como fones de ouvido ou caixas de som, usa o codec SBC, que reproduz arquivos de até 320 Kb/s. Alguns modelos mais caros até suportam o codec aptX HD, mas ele chega no máximo a 576 Kb/s. Ou seja, a qualidade é superior, mas ainda está longe de ser um lossless, cuja taxa de bits é de 1.411 Kb/s.
Além deles, há também o codec proprietário da Sony, o LDAC. Ele pode chegar a 990 Kb/s, o que é bem próximo de um arquivo lossless. Por ora, ele está presente em poucos dispositivos.
Por outro lado, esse cenário pode mudar em breve. A Qualcomm anunciou em 2021 o desenvolvimento do codec aptX Lossless, que será o primeiro do tipo voltado para conexões Bluetooth. Mas, até o momento, nenhum produto foi anunciado com essa tecnologia.
Vale a pena usar áudio lossless?
Essa é uma questão difícil de responder. O fato é que grande parte das pessoas pode não conseguir distinguir um arquivo MP3 de 320 Kb/s de um arquivo lossless de 1.411 Kb/s. Isso porque, para realmente notar alguma diferença no som, é preciso ter um equipamento de altíssima qualidade, desde o tocador até o fone de ouvido ou a caixa de som. Caso contrário, seria como assistir a um conteúdo 4K e HDR em uma TV Full HD .
Além disso, se você costuma ouvir música em ambientes com muito barulho, como no meio do trânsito ou dentro do transporte público, a vantagem do áudio lossless se torna irrelevante.
Por outro lado, tanto o Amazon Music HD quanto o Apple Music oferecem áudio lossless sem qualquer custo extra. Então, se você possuir os equipamentos necessários e uma boa conexão com a internet, vale experimentar ouvir um som com a melhor qualidade possível e conhecer uma nova faceta de uma música que você já gosta.
O Spotify, o mais famoso serviço de streaming de música, até anunciou uma versão com áudio lossless, mas que ela ainda não chegou ao consumidor.
Com informações de How-To Geek, Gear Patrol e Android Authority