O canhão de audiência da TV aberta se tornou estratégico para a mais recente aposta da Globo no universo de podcasts: a emissora passou a publicar 64 títulos, que vão de informativos de interesse geral até programas específicos sobre os clubes esportivos espalhados do país. Para celebrar o novo momento, a empresa realizou o evento AudioDay na última segunda-feira (28) em São Paulo.
O número de downloads e execuções de podcasts do grupo cresceu 57% entre agosto e setembro, de acordo com dados consolidados. O interesse é tamanho que na totalidade das 24 horas do dia, em todos os momentos, sempre há alguém escutando os podcasts Globo e CBN – emissora de rádio que veicula o quadro CBN Tecnologia da Informação numa parceria com o TechTudo.
O diretor de Negócios Integrados da Globo, Eduardo Schaeffer, acredita que a nova febre do áudio traz mais conveniência para quem busca se informar. E a tecnologia é aliada nesta hora: “Não há nenhum grande gargalo porque, por natureza, o episódio de podcast consome pouca banda e resulta num arquivo pequeno.” Tão pequeno que dá para baixar tanto pelo 4G quanto pelo Wi-Fi, para quem quer poupar na franquia de dados.
Hoje em dia, cerca de 21 milhões de brasileiros afirmam ter o costume de ouvir os programas de áudio, de acordo com uma pesquisa do Ibope encomendada pela Globo.
O Assunto
Dentre os títulos de sucesso está O Assunto, sob comando da jornalista Renata Lo Prete, também titular do Jornal da Globo e do GloboNews Painel. A apresentadora explica a empreitada para criar um podcast de amplo espectro – e não de nicho. “Nosso objetivo é aprofundar um tema relevante do noticiário todos os dias. A gente leva em conta a utilidade que ele pode ter para as pessoas.” Resultado disso são as discussões sobre a volta do peronismo na Argentina ou a situação da aposentadoria com a nova Previdência.
Num papo exclusivo, ela deu pista do tema que ainda não foi produzido, mas que pode virar alvo de O Assunto a qualquer momento. “A eleição do ano que vem”, afirma em meio a risadas.
De acordo com a Globo, ouvintes de podcast costumam entrar num círculo virtuoso de acompanhamento do noticiário. Eles acessam o dobro de páginas na web (por sessão) e passam três vezes mais tempo em páginas jornalísticas. A taxa de retorno aos conteúdos sonoros também é maior.
TV 3.0 e 5G
Em complemento aos recentes anúncios de produções editoriais voltadas para o áudio, o Grupo Globo já estuda as possibilidades do 5G. Schaeffer diz que a rede de quinta geração permitirá implementar, no futuro, aquilo que a Globo chama de TV 3.0.
A programação linear, com programas ao vivo e novelas gravadas, poderá se mesclar com conteúdos sob demanda. Cada espectador seria um indivíduo único na base da empresa e poderia ver atrações e mensagens publicitárias de maior relevância para seu perfil.
Quando isso deve acontecer? O diretor de Negócios Integrados não coloca as fichas numa data específica, mas ressalta que haverá uma “mudança completa de dinâmica”.
A internet com velocidades até 20 vezes maiores que o atual 4G deve passar por leilão de frequências em 2020. O trâmite está atrasado em relação ao cronograma desenhado pela Agência Nacional de Telecomunicações.