Ar-condicionado 'portátil de parede' funciona? Veja por que fugir do modelo

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Aparelhos vendidos como ar-condicionado “portátil de parede” não são, de fato, ar-condicionado. A promessa é que eles seriam dispositivos refrigeradores compactos, que poderiam ser montados na parede, a partir um processo de instalação simplificado, e depois removidos para instalar em outro lugar. Dessa forma, em tese, o produto cumpre o prometido: dá para levar para qualquer lugar e fixar na parede.

O problema é que ar-condicionado desse tipo induz o consumidor ao erro: diferente de um split de parede convencional, esses modelos portáteis não têm unidades condensadoras – aquela parte do sistema que fica para fora de casa. Em um split de parede comum, a unidade condensadora libera o calor capturado dentro de sua casa, enquanto a unidade evaporadora (que é aquela fixada na sua parede) resfria o ar ambiente.

Essa divisão (e daí vem o nome “split”) é essencial para eficiência do sistema como um todo, porque a tarefa de baixar a temperatura do volume de ar de um cômodo e mantê-la em um nível estável e confortável inevitavelmente envolve esse processo de troca de calor com o ambiente externo. Mesmo os sistemas de ar-condicionado portátil – os de rodinhas – precisam de alguma forma liberar calor para o exterior (geralmente por meio de tubos que você fixa na janela).

Sem um condensador ou uma forma de exaustão do ar aquecido como as disponíveis nos portáteis de rodinhas, o modelo portátil de parede perde completamente a capacidade de troca de temperatura: presumindo que ele consiga capturar a calor interno, sem ter para onde dissipá-lo, a tendência é que ele não tenha efeito algum no condicionamento do espaço em que estiver instalado (e como é um eletrônico, pode até contribuir para esquentar mais o ar enquanto estiver ligado do que resfriá-lo).

Em marketplaces como Amazon, Mercado Livre e Shopee muita gente acabou apostando na ideia de um ar-condicionado poderoso, portátil e de parede, e por preços bem baixos. Entretanto, os relatos indicam que o produto não entrega o que promete.

Na Shopee, o modelo Split Max foi avaliado por 16 consumidores com uma nota média de 3,4 estrelas em 5 possíveis. Há relatos de que o aparelho não resfria o ar, comportando-se apenas como um ventilador. Mesmo para uso como ventilador, dado o formato do aparelho, há limitações, com uma compradora alertando que “não ventila nada”, além de não resfriar.

No Mercado Livre, há o anúncio de um produto que seria um ar-condicionado portátil de parede com 1.800 Watts de potência por R$ 537 – o anúncio não deixa claro qual seria a marca ou modelo do dispositivo. Trata-se de uma venda internacional – o produto é importado, portanto – em que os consumidores fazem muitas perguntas pertinentes a respeito do dispositivo. Em meio a respostas traduzidas automaticamente, fica claro que o vendedor reconhece que o aparelho apenas serve para ventilar e funcionar como aquecedor de ar.

O que é grave aqui é que o anúncio lista o equipamento como “ar-condicionado”, enquanto o vendedor reconhece que o dispositivo serve apenas para ventilar e aquecer o ar. Como a tradução é de baixa qualidade das respostas, muita gente pode acabar não entendendo a resposta, ou simplesmente ignorar a sessão de perguntas do anúncio e realizar a compra pelo preço atrativo e o termo “ar-condicionado” ostentado pelo anúncio.

Mas existe aparelho de ar-condicionado portátil de verdade? Existem sim. São alternativas interessantes para quem não pode instalar aparelho na parede – o que é comum em casas alugadas, prédios antigos, regras de condomínio, etc. A questão é que eles não são fixos e custam muito mais do que o “ar-condicionado portátil de parede”.

Esses modelos funcionam com o mesmo princípio que a gente abordou de forma resumida ao falar do split. Eles capturam o calor do ar que circula em um ambiente e liberam esse calor para o exterior da sua casa. Na troca, o ar do seu cômodo acaba resfriado e pode ser mantido num nível estável, exatamente como um ar-condicionado split de parede.

Os portáteis podem ser instalados por qualquer usuário: a ideia é que você conecte a tubulação que faz a exaustão de ar quente numa janela, coloque o aparelho na tomada e ligue. Os modelos disponíveis no mercado nacional são vendidos com adaptadores para conectar esses tubos a janelas e portas. Se quiser usar em outro cômodo, você precisa mover a instalação toda. Portáteis têm também suas desvantagens. Tendem a gastar muito mais energia e a ser mais barulhentos do que aparelhos fixos na parede.

E como são os preços? Como comentamos antes, esses produtos são, sim, mais caros. Um exemplo típico de produto intermediário do seguimento é o Philco PAC12000F5: ele tem 12.000 BTUs de capacidade de refrigeração – é o suficiente para cômodos pequenos/médios – e é listado na Amazon a R$ 3.089 no momento.

Pelo que podemos coletar de informações sobre os modelos disponíveis e verificando as impressões dos compradores, fica claro que comprar um dispositivo do tipo é, no mínimo, arriscado. A tendência de que você se decepcione com algo que sequer ventila corretamente é muito grande.

O que mais atrai na proposta desses aparelhos é, sem dúvida, o preço: sistemas de ar-condicionado, split ou portáteis, são produtos caros e não muito acessíveis para muita gente que sofre com o calor. Mas considerando o retorno dos compradores fica claro que você vai ter melhores resultados com um ventilador ou mesmo um climatizador na hora de enfrentar os dias quentes de verão.

Nota de transparência: o TechTudo mantém uma parceria comercial com lojas parceiras. Ao clicar no link da varejista, o TechTudo pode ganhar uma parcela das vendas ou outro tipo de compensação. Os preços mencionados podem sofrer variação e a disponibilidade dos produtos está sujeita aos estoques. Os valores indicados no texto são referentes ao mês de dezembro de 2024.