Livro detalha etapas do modernismo brasileiro a partir de pesquisa minuciosa no acervo do IEB/USP, composto, entre outras, pela coleção Mário de Andrade
No ano em que se comemora o centenário da Semana de Arte Moderna, também chamada Semana de 1922, a SESI-SP Editora lança a obra Era uma vez o moderno [1910-1944]: uma breve história do modernismo brasileiro, de autoria dos pesquisadores do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (IEB/USP), Luiz Armando Bagolin e Fabrício Reiner, ambos com atuação na Biblioteca Mário de Andrade.
Diferente de outras obras com a temática da Semana de Arte Moderna, o título publicado pela SESI-SP Editora apresenta os fatos do referido período baseados em fontes primárias resgatadas pelos autores a partir do acervo do IEB e amparados por uma pesquisa minuciosa em cartas, diários, documentos e publicações em jornais. No livro, além de percepções, há o enfoque em acontecimentos reais referentes à Semana de 22.
Vale relembrar que a USP incorporou a partir da década de 1970 a coleção e o arquivo de Mário de Andrade ao acervo IEB/USP, aquisição considerada fundamental tanto para a produção desta obra quanto para a reflexão sobre o modernismo brasileiro, debate que permanece, no entanto, em aberto. Este é considerado o maior acervo sobre modernismo no País.
Era uma vez o moderno destrincha as diversas etapas pelas quais a arte moderna passou no Brasil, desde o estranhamento provocado pelas primeiras obras de Anita Malfatti (inclusive, uma de suas artes ilustra a capa deste lançamento), passando pela conturbada Semana de Arte Moderna de 1922 e pelo movimento antropofágico, até a dissolução do grupo em meio a discordância de ordem artística, estética e ideológica. Portanto, esta é uma obra que não trata somente da Semana de 22, mas dos desdobramentos por ela provocados no cenário cultural brasileiro, mostrando sua influência posterior em artistas como Candido Portinari, Oswaldo Goeldi e Cícero Dias.
MODERNISMO BRASILEIRO
O modernismo brasileiro foi uma experiência com começo, meio e fim, com vitórias e derrotas, como é comum aos feitos humanos. Não foi, portanto, um movimento harmônico de artistas que ecoavam valores homogêneos, como a construção posterior de sua memória costuma sugerir.
Aliás, nas palavras de Mário de Andrade, que ajudou na organização do evento, “a Semana de Arte Moderna não representa nenhum triunfo, como também não quer dizer nenhuma derrota. Foi uma demonstração que não foi. Realizou-se, cada um seguiu para seu lado, depois. Precipitada. Divertida. Inútil. A fantasia dos acasos fez dela uma data que, creio, não poderá mais ser esquecida na história das artes nacionais.”
ERA UMA VEZ
O título Era uma vez o moderno baseia-se no livro Era uma vez… (1922), de Guilherme de Almeida, que teve alguns de seus versos declamados no Teatro Municipal de São Paulo durante a Semana de Arte Moderna, em fevereiro de 1922.
EXPOSIÇÃO NO CENTRO CULTURAL FIESP
O Centro Cultural Fiesp (CCF), em parceria com o IEB/USP, realiza a exposição com o mesmo mote e nome do lançamento da SESI-SP Editora, Era uma vez o moderno [1910-1944].
Assim como o livro, a mostra reúne diários, cartas, manuscritos, fotos e obras dos artistas e intelectuais que fizeram parte de diversas iniciativas em torno da implantação de uma arte moderna no Brasil. Contando com mais de 300 obras e documentos, o público pode revisitar três décadas dessa história e, em especial, conhecer as produções dos autores e pensadores que participaram da Semana de Arte Moderna, em 1922.
A curadoria da exposição é do professor e pesquisador do IEB/USP, Luiz Armando Bagolin, e do historiador Fabrício Reiner. Era uma vez o moderno seguirá aberta para visitação gratuita até 29 de maio de 2022. Quem preferir programar a visita deve acessar o site www.sesisp.org.br/eventos.
SERVIÇO
SOBRE O AUTORES:
Fabrício Reiner é graduado em história e mestre em filosofia pela USP, foi supervisor de planejamento da Biblioteca Mário de Andrade e participou de diversos projetos acadêmicos junto ao IEB/USP, onde desenvolveu pesquisas na área de história das artes.
Luiz Armando Bagolin é filósofo, docente e pesquisador do IEB/USP, foi diretor da Biblioteca Mário de Andrade de 2013 a 2016, curador do Prêmio Jabuti de 2017 a 2018, e é pesquisador e curador de artes visuais.
SOBRE A EXPOSIÇÃO:
- Exposição: Era uma vez o moderno
- Período expositivo: até 29 de maio de 2022
- Horários: de quarta a domingo, das 11h às 20h
- Local: Galeria de Arte do Centro Cultural Fiesp
- Endereço: Avenida Paulista, 1313 (em frente ao Metrô Trianon-Masp)
- Entrada gratuita
- Agendamento opcional de visitas em: sesisp.org.br/eventos
- Agendamentos escolares e de grupos: [email protected]
- Mais informações: centroculturalfiesp.com.br
SOBRE O IEB:
Criado por Sérgio Buarque de Holanda, em 1962, o Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) é um centro multidisciplinar de pesquisas e documentação sobre a história e as culturas do Brasil. Tem como desafio fundador a reflexão sobre a sociedade brasileira, envolvendo a articulação de diferentes áreas das humanidades. Contemplado em 1995 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) com o prêmio Rodrigo de Melo Franco de Andrade na categoria Preservação de Acervos Culturais Móveis e Imóveis, o IEB tem sob sua responsabilidade a guarda e a manutenção de um acervo excepcional. Tal acervo é formado por um expressivo conjunto de fundos pessoais – constituídos em vida por artistas e intelectuais brasileiros -, e que estão distribuídos entre o Arquivo, a Biblioteca e a Coleção de Artes Visuais. Manuscritos originais de nomes decisivos para nossa cultura, livros raros e obras de arte formam um conjunto de caráter único, que recebe periodicamente novas aquisições, seja através de doação ou por meio de compra.
O IEB, acervo e pesquisa são indissociáveis. As pesquisas são desenvolvidas nas áreas temáticas de Artes, Literatura, Música, História, História Econômica, Geografia, Economia, Antropologia, Museologia e Sociologia. Cabe destacar ainda o programa de pós-graduação do Instituto, que leva o nome de “Culturas e Identidades Brasileiras”, e que mantem duas linhas de pesquisa: 1) Sociedade e Cultura na América Portuguesa e no Brasil; 2) Brasil: a Realidade da Criação, a Criação da Realidade.