AS RAINHAS DO GRITO BRILHAM NO MÊS DAS BRUXAS O BELO E O FERA, UM PAPO COM O CANTOR QUE ATACA DE ATOR
Recap da evolução da representação da mulher no gênero horror
Em outubro, a gente entra em clima de Halloween, e nada melhor do que relembrar umas das figuras mais marcantes dos filmes de horror, as Rainhas do Grito. O termo “Scream Queens” é um jogo de palavras com a expressão “screen queens” (rainhas das telas). Assim, protagonistas ou não, suas personagens ocupam sempre papel de destaque na trama.
No início, as atrizes entravam em cena como “donzelas em perigo”, que se esgoelavam diante das criaturas vilanescas até desmaiarem ou serem salvas pelos mocinhos.
As primeiras Rainhas do Grito surgiram no cinema mudo, ou seja, o público não as escutava, mas, graças aos olhos arregalados e aos esgares de pavor, dava para imaginar o volume dos decibéis de medo. Foi o caso de Mary Philbin, a Christine da primeira versão para as telas de “O Fantasma da Ópera” (1925). Mas a “Screen Queen” mais popular da era clássica de Hollywood foi Fay Wray, em “King Kong” (1933). Sim, nessa época, a potência do seu gogó já podia ser conferida pelos frequentadores das salas, pois os filmes já tinham alcançado a revolução tecnológica do som.
Décadas depois, a inglesa Barbara Steele conseguiu a façanha de interpretar tanto vítimas inocentes quanto “monstrengas” em produções de horror gótico do cinema italiano, como “A Maldição do Demônio” (1960), de Mario Bava.
A virada dos anos 1970
O panorama mudou radicalmente na década de 1970. A partir daí, as personagens não só berravam de medo como também passaram a gritar de raiva quando contra-atacavam aberrações malignas ou psicopatas, dando o troco e se vingando. Foi a hora das “Final Girls”, as garotas que sobreviviam a matanças para encarar assassinos e predadores. Podemos citar Sandra Peabody, de “Aniversário Macabro” (1972), Sally Hardesty, de “O Massacre da Serra Elétrica” (1974), e Jamie Lee Curtis, de “Halloween: A Noite do Terror” (1978).
Curtis, por sinal, tornou-se uma das mais famosas da segunda geração das Rainhas do Grito. Sua mãe, Janet Leigh, protagonizou a famosa cena do chuveiro em “Psicose” (1960), gritando muito para se salvar, mas, ainda assim, “indo desta para a melhor”. Curiosidade: as duas atrizes se encontram em “Halloween H20: Vinte Anos Depois” (1998), numa cena divertida em que Leight diz a Curtis que todo mundo tem direito a um bom susto no Dia das Bruxas.
Ah, a Sigourney Weaver também gritou, enfrentou o perigo e foi a única a sobreviver ao monstro em “Alien, o Oitavo Passageiro” (1979), fechando a década de maneira gloriosa.
A partir dos anos 1990...
Wes Craven, diretor de “Aniversário Macabro”, deu um up no gênero, injetando um humor sombrio na franquia “Pânico”, que rendeu novas safras de Rainhas do Grito, como Neve Campbell e Courteney Cox, que, nos últimos longas, passaram o bastão para Melissa Barrera e Jenna Ortega.
Além de fazer a Wandinha do spin-off de “A Família Addams”, Ortega também chamou a atenção em “X: A Marca da Morte” (2022), “slasher movie” que ainda deu destaque ao trabalho de Mia Goth. Com sangue brasileiro correndo nas veias, Goth virou um jovem ícone do horror nos outros filmes dessa franquia, “Pearl” (2022) e “MaXXXine” (2024).
Aliás, essa atriz vem se especializando em produções macabras e já arrasou em “Suspíria: A Dança do Medo” (2018), remake de Luca Guadagnino de um clássico de Dario Argento, e “Piscina Infinita” (2023), de Brandon Cronenberg, filho de David Cronenberg, de “A Mosca” (1986).
Como o horror está crescendo e aparecendo cada vez mais, não dá para deixar de fora outros grandes talentos que vêm se firmando no gênero. Por exemplo, Samara Weaving, de “A Babá” (2017), “Casamento Sangrento” (2019) e “Pânico 6” (2023); ou Anya Taylor-Joy, revelada em “A Bruxa” (2015) e consagrada em longas do calibre de “Fragmentado” (2016) e “Noite Passada em Soho” (2021).
Seria um sonho ver um filmaço de horror que juntasse Samara Weaving, Anya Taylor-Joy, Mia Goth, Jenna Ortega e Maika Monroe, outra que não tem medo de abraçar os temas mais sombrios. Ela está incrível em assombros como “Corrente do Mal” (2014), “Observador” (2022), “Uma Obsessão Desconhecida” (2022) e “Longlegs – Vínculo Mortal” (2024), em que se envolve num jogo de gato e rato com um apavorante e irreconhecível Nicolas Cage.
Belo fala sobre sua estreia nos cinemas com o filme Caindo na Real
Compositor e cantor de grandes sucessos do pagode, Belo também vai levar todo o seu derererê para a telona dos cinemas. O cantor faz parte do elenco do filme Caindo na Real e conversou com a Traz a Pipoca sobre a sua estreia e os próximos passos na carreira de ator.
TRAZ A PIPOCA – Belo, Caindo na Real está chegando aos cinemas. Você interpreta o personagem Barão, que é par romântico da protagonista Evelyn Castro. Como foi essa aventura de se desafiar no mundo do cinema?
BELO – Não sei se você já sabe, mas eu tirei meu DRT, viu? Agora sou cantor, músico, dançarino e ator, hahahahaha. Brincadeiras à parte, tem sido muito bom me aventurar nessa área da atuação. Eu amo a arte de todos os jeitos e atuar é algo que ganhou meu coração. Depois me contem o que vocês acharam, tá?!
TRAZ A PIPOCA – Você é um dos cantores mais populares do país. Tem uma carreira incrível e consagrada. Você também quer construir um legado como ator? Tem mais projetos em vista nesse sentido?
BELO – Graças a Deus, como cantor, já sou muito realizado e sei que ainda tenho muitas coisas para realizar. Nunca deixarei de ser e fazer o que amo, que é cantar o amor e levar a emoção através da minha voz e das músicas que interpreto. Mas atuar tem sido algo de que tenho gostado bastante. É desafiador e mágico.
TRAZ A PIPOCA – Como é a sua relação com o cinema? Você sempre foi muito fã de filmes?
BELO – Eu sempre gostei muito de filmes, de ir ao cinema. É uma arte que me fascina.
TRAZ A PIPOCA – Agora, sem dar spoiler, do que você acha que o público mais vai gostar em Caindo na Real? O que podemos esperar do novo filme?
BELO – Caindo na Real é uma comédia dramática que está muito divertida. A história gira em torno de uma surpreendente reviravolta política que restabelece a monarquia no Brasil. Só posso dizer que está demais, o resto vocês acompanham nos cinemas e depois me contam, hahaha.
VEM AÍ:
Emilia Pérez foi um dos grandes destaques do Festival do Rio
Outubro é um mês superaguardado pelos cinéfilos. Afinal, é neste período que acontece o grande boom de eventos sobre cinema, como o Festival do Rio, que exibiu mais de 300 filmes em 12 salas espalhadas pela Cidade Maravilhosa. Um dos grandes destaques foi o filmaço “Emilia Pérez”, que rendeu o prêmio de Melhor Atriz em Cannes para Selena Gomez, Zoë Saldaña, Adriana Paz e Karla Sofía, primeira mulher trans a receber a premiação.
Dirigido por Jacques Audiard, “Emilia Pérez” é um drama musical com forte pegada de ação. Na história, Rita (Zoë Saldaña) é uma ótima advogada que trabalha em um escritório mais interessado em lavar dinheiro do que em cumprir a lei. Um dia, ela é surpreendia por uma proposta do temido chefe de cartel Juan Del Monte (Karla Sofía). O traficante a contrata para ajudá-lo a sair do negócio e a se tornar a mulher que ele sempre quis ser. Com uma mistura muito bem-feita de gêneros, personagens de tirar o fôlego e uma história intensa, “Emilia Pérez” é um filmaço digno de Oscar.
Outros destaques do Festival do Rio foram os títulos internacionais “The Seed Of The Sacred Fig”, de Mohammad Rasoulof; “O Quarto ao Lado", de Pedro Almodóvar; “O Aprendiz”, de Ali Abbasi; “The Outrun”, de Nora Fingscheidt; e "Bird", de Andrea Arnold.
SORRIA, VOCÊ ESTÁ SENDO AMALDIÇOADO
É sempre bom para um fã de filmes de horror encontrar uma produção que se preocupe em trazer algum frescor ao gênero. Foi o caso do primeiro “Sorria”, de 2022, que apresentou a mitologia de uma entidade metafísica, cósmica ou demoníaca que, como um parasita, passa a dominar a mente de hospedeiros. Este ser assume as mais variadas formas humanas e se aproveita do que existe de pior na mente conturbada de gente com sérios problemas psicológicos. A vítima então parece viver num pesadelo crescente em que se depara com estranhos ou conhecidos sorrindo de forma maligna e que podem ou não se matar bem na sua frente, das maneiras mais violentas.
Isso funcionou perfeitamente no primeiro longa e ganha maior intensidade em “Sorria 2”, que se passa pouco tempo depois da sua história de origem. Com novos personagens e uma história diferente, o filme leva o horror adiante.
Naomi Scott, da versão live action de “Aladdin” e do reboot de “As Panteras”, vive a cantora pop Skye Riley. Ela está prestes a embarcar em uma turnê mundial depois de um hiato forçado na carreira, quando precisou se recuperar de um acidente de carro que matou o seu namorado e a deixou gravemente ferida. Pois justamente essa jovem, que procura desesperadamente juntar os caquinhos da sua vida, se vê contaminada pela tal entidade, graças ao contato que teve com o seu fornecedor de drogas, que “contraiu” a uruca de um amaldiçoado anterior.
As visões e experiências apavorantes de Skye são interpretadas por quem a cerca como frutos dos delírios de uma ex-drogada que também já teve problemas com o álcool. Pessoas com sorrisos aterrorizantes que a perseguem a todo momento inviabilizam qualquer tentativa de ela se reerguer e voltar para os trilhos.
O CRIADOR ESTÁ DE VOLTA
O filme é escrito e dirigido por Parker Finn, assim como o anterior. Ele mostra uma considerável evolução nesta sequência, que ganha uma linguagem ainda mais elaborada, incluindo planos-sequência arrepiantes, uma edição criativa e enquadramentos bem-sacados. Finn combina uma boa construção da atmosfera de tensão e ameaça constante com ótimos sustos distribuídos pelo caminho. Tudo isso é pontuado por uma trilha perturbadora.
A FORÇA DO ELENCO FAZ A DIFERENÇA
Naomi Scott está espetacular como cantora pop em colapso. Do elenco, também merecem destaque Lukas Gage, como o fornecedor de drogas que entra em cena com os nervos em frangalhos, Dylan Gelula, no papel da melhor amiga de Skye, e Rosemarie DeWitt fazendo a mãe e empresária da pop star.
A participação de Drew Barrymore é realmente especial, porque remete às atuações da atriz em longas importantes ligados ao horror ou ao fantástico, como “E.T. – O Extraterrestre”, “Pânico” e “Chamas da Vingança”. Isso sem falar na curiosidade divertida de vê-la contracenar brevemente com Scott, como se Panteras de fases distintas se encontrassem num universo paralelo.
“Sorria 2” vai acertar em cheio com quem curtiu o primeiro filme.