A Cultura Corporativa Americana está em declínio? Reflexões Sobre o Caso da Boeing
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A Cultura Corporativa Americana está em declínio? Reflexões Sobre o Caso da Boeing

O artigo de Linette Lopez no Insider aborda aprofundadamente os problemas enfrentados pela Boeing, destacando-os não como incidentes isolados, mas como sintomas de uma cultura corporativa americana fortemente influenciada, a partir dos anos 70, pelos ensinamentos de Milton Friedman, que pregam que o papel principal da empresa é gerar lucro aos acionistas. Friedman, em seu famoso artigo "The Social Responsibility of Business is to Increase its Profits", publicado no New York Times em 1970, argumentou que a única responsabilidade social da empresa é gerar lucros para seus acionistas, dentro das regras do jogo, o que significa sem engano ou fraude.

Ao analisar o caso da Boeing, o texto revela como práticas de gestão focadas excessivamente em retornos financeiros imediatos comprometeram a segurança, a inovação e a responsabilidade social da empresa. Esta resenha visa sintetizar os pontos-chave do artigo e estabelecer um paralelo entre a cultura empresarial criticada e os princípios de melhoria contínua e Lean adotados pela Toyota.

O artigo destaca a transição da Boeing de uma empresa pioneira em engenharia aérea, responsável por inovações significativas e contribuições históricas, para uma organização cujas decisões são dominadas por interesses financeiros de curto prazo. Sob a liderança de executivos mais alinhados com os interesses de Wall Street do que com os princípios de engenharia, a Boeing adotou práticas como recompra de ações e redução de custos, muitas vezes em detrimento da qualidade e segurança de seus produtos. Esta abordagem deve ter contribuído para os problemas atuais da empresa, como os acidentes do 737 Max 8 e o mas recente caso da Alaska Airlines com o 737 Max 9, que podem evidenciar falhas profundas na cultura corporativa da empresa.

Análise Crítica e Paralelo com a Toyota

Ao contrapor a cultura corporativa da Boeing com a filosofia de empresa com visão de longo prazo como a Toyota, é evidente a discrepância entre as abordagens de gestão. Enquanto a Boeing parece ter se desviado de suas raízes de engenharia em favor de práticas de "engenharia financeira", a Toyota manteve-se fiel aos seus princípios de melhoria contínua (#Kaizen), respeito pelas pessoas e foco na qualidade e #inovação a longo prazo.

  1. Kaizen vs. Maximização do Valor para o Acionista: A Toyota promove a melhoria contínua em todos os aspectos de sua operação, contrastando com a abordagem da Boeing, que parece ter priorizado a maximização do valor para o acionista, muitas vezes à custa da inovação e segurança.

  2. Genchi Genbutsu vs. Decisões Distanciadas: O princípio da Toyota de "ir e ver" enfatiza a importância de entender os problemas no local onde ocorrem, algo que parece ter sido negligenciado na Boeing, onde decisões críticas talvez tenham sido tomadas longe da realidade da produção e com foco excessivo em eficiência financeira.

  3. Respeito pelas Pessoas vs. Foco em Retornos Financeiros: A Toyota valoriza e investe em seus funcionários, considerando-os peças-chave para a melhoria contínua. Em contraste, o artigo sugere que a Boeing adotou uma abordagem onde os funcionários e outras partes interessadas foram frequentemente colocados em segundo plano em favor dos interesses dos acionistas.

Conclusão

O artigo de Linette Lopez no Insider fornece uma visão crítica da transformação cultural na Boeing, que serve como um alerta para outras empresas. O caso da Boeing ajuda na reflexão sobre necessidade de um reequilíbrio entre os interesses financeiros de curto prazo e os compromissos de longo prazo com a qualidade, segurança, inovação e responsabilidade social. A comparação com a Toyota reforça a importância de princípios como melhoria contínua, foco no cliente e respeito pelas pessoas para sustentar o sucesso e a integridade corporativa a longo prazo.

#CulturaCorporativa #TPS #MelhoriaContínua #ResponsabilidadeSocial #governançacorporativa

Link para Artigo do Insider:

https://www.businessinsider.com/boeing-disaster-american-businesses-greedy-broken-stock-market-wall-street-2024-2?utm_source=copy-link&utm_medium=referral&utm_content=topbar

Daniel Lorenzon dos Santos

Gestão Industrial, Qualidade e de Processos. Melhoria Continua. Educação em Gestão.

10mo

Excelente analise critica Valdir ! Somo as ações suas pontuações, a questão da empresa gerar um desperdício excessivo em recompra de ações, ao invés de investir na inovação e qualidade dos processos.

Excelente reflexão, a companhia focou muito na entrega de valor aos acionistas e alavancou o balanço em função disso, abrindo mão ao mesmo tempo da qualidade na engenharia. A Boeing um grande ícone da força da engenharia norte americana perdeu a mão de forma semelhante a pares como a GE e a 3M. Faço meus votos para que eles consigam reverter essa situação, mas um erro de direção numa empresa centenária, culturalmente pode levar mais tempo para corrigir. Isso produz exatamente o efeito contrário ao desejado, ao invés de gerar valor aos acionistas passa a destruir valor.

Paulo Franklin

Business Development, Corporate Strategy, Go-to-Market Strategies, Global Strategy, Diversification, Innovation, Marketing and sales, Institutional Relations, Country President

10mo

Artigo bastante oportuno. Neste contexto, vale a pena refletir sobre a política de remuneração dos conselheiros, que dependendo do caso, pode induzi-los a ficarem no curto prazo, assim como os executivos.

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