De olho no pódio: Yanka Britto
Por Mariana Sá e Helena Petry - emA ligação da família com o judô e o jiu-jitsu não tirou Yanka Britto do caminho do remo. Descobrindo o esporte em 2010, ela percebeu que tinha a vocação para remar através de uma amiga, que a trouxe direto para o Flamengo. Depois daquele primeiro dia na sede náutica rubro-negra, Yanka não quis mais saber de outra coisa. Um ano depois, estava em um Campeonato Sul-Americano ao lado de uma das melhores. Hoje convocada para o Pan 2019 em Lima, no Peru, a remadora só pensa em uma coisa: a medalha de ouro.
A atleta fala de seu esporte com um sorriso grande no rosto. O brilho nos olhos ao comentar sua trajetória e falar sobre as viagens que fez por causa da carreira só aumenta. Quando cita o Rubro-Negro, o carinho por seu clube formador também fica evidente.
Na série 'De Olho no Pódio', o site oficial do Flamengo conta as histórias de alguns dos principais atletas do clube e do Brasil, passando pela vida pessoal, carreira e, claro, o Mais Querido. Conheça um pouco mais daqueles que fazem os esportes olímpicos rubro-negros e brasileiros mais fortes.
Início no esporte e Flamengo
Em novembro de 2010, eu trabalhava em uma loja e tinha comentado com uma amiga que gostaria de começar a fazer uma atividade, pois queria me sentir melhor. Ela apontou que eu era alta e perguntou se eu queria fazer remo. Não tinha noção do que era, mas vim um dia para ver. Fico até meio boba contando, pois estava fazendo o tanque (simulador de exercícios na água) e começou a chover muito. Logo pensei "nossa, que horror esse esporte". Pouco depois os barcos começaram a descer na minha direção e fiquei maravilhada, pensando como era lindo. Desde então vim todos os dias. Eu dormia no estoque do trabalho para vir treinar à tarde.
Minha chegada ao Flamengo foi assim, do nada. Depois ainda saí em 2014, competi pelo Vasco, morei na Argentina por quase dois anos e voltei para cá, indo morar na Espanha em seguida. Remei por lá e retornei vendo o projeto do Marcello Varriale (Gerente de Esportes Náuticos), com toda organização. Larguei tudo e voltei a morar aqui no Rio esse ano.
Primeira grande competição
Com um ano de remo, fui para um Sul-Americano e competi com a Fabiana Beltrame (ex-remadora, multicampeã e com dois Jogos Olímpicos no currículo), pois meu destaque foi muito rápido. Ganhei duas pratas logo de cara, uma no Single Skiff e outra no Double. Aí não parei mais. A Fabiana tinha acabado de sair da Olimpíada e pediu para remar comigo. De aprendizado e experiência, isso foi muito marcante. Pude fazer algumas provas com ela e foi tudo muito especial.
Alegria de vencer
São muitos momentos marcantes, mas acredito que o barco em conjunto com as meninas é o mais. Você vê elas todos os dias, está sempre junto na rotina. Não tenho uma prova específica que me marcou mais. Quando é uma que ninguém espera que você ganhe naquela competição e isso acontece com a sua parceira, não tem como explicar. É muito bom.
Rotina diária e dificuldades para se manter em alto rendimento
Acordo 4h30 e venho para cá treinar. São duas a três horas de atividade dependendo se tiver musculação. Depois vou para casa e retorno para o período da tarde. Acredito que abrir mão de momentos com a família é a coisa mais difícil. É claro que você tem que fazer um grande esforço e ter muita determinação, mas acho que isso é o mais duro.
Preparação para o Pan-Americano
O objetivo é a medalha de ouro e o foco total é nesse. Não consigo pensar em mais nada além disso. Agora me sinto bastante confiante com o alemão (o técnico Bernhard Stomporowski), com o projeto que temos aqui feito pelo Varriale. Ter o registro de tudo que você está fazendo e poder analisar isso te dá uma segurança. Estou muito focada no Pan e, dependendo do resultado, podem nos levar ao Mundial, quem sabe até classificar um barco para as Olimpíadas.
Família
Tenho sete irmãs, todas pela parte do meu pai. Hoje em dia moro na casa da primeira esposa dele e temos uma ótima relação. Meu pai é do judô e ainda dá aula, e a família da minha mãe é toda do jiu-jitsu, da família Gracie. Ela sempre me incentivou bastante também. No meu tempo livre, gosto de estar com a família, principalmente juntar minhas irmãs para conversar e rir.
Ídolo no esporte
Tem um cara que sigo muito e vejo todos os vídeos que é o Rich Roll, do triatlo. Ele tem um podcast e é sensacional. Ele é vegano e eu também não como carne, então é uma inspiração. Ele pega vários temas interessantes e mostra histórias de superação.
Hobbies
Estar na natureza.
Acompanha quais modalidades?
Luta, pois isso está na família, e remo.
Ficha técnica
Nome: Yanka Britto
Idade: 29 anos
Altura: 1,83m
Naturalidade: Rio de Janeiro
Principais conquistas: Convocação para os Jogos Pan-Americanos (2015 e 2019), campeã em regatas na Espanha, Argentina e França, diversos Campeonatos Brasileiros, quatro medalhas de prata em Sul-Americanos.