Suprema Corte dos EUA revoga direito ao aborto: como decisão repercutiu entre políticos e celebridades
A decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos que abre caminho para restrições e proibições ao aborto no país, anunciada na sexta-feira (24/6), provocou grande controvérsia entre políticos e celebridades.
Os juízes da Corte consideraram válida uma lei criada no Estado do Mississippi, de 2018, que veta a interrupção da gravidez após a 15ª semana de gestação, mesmo em casos de estupro.
A sentença reverte um precedente criado pelo caso "Roe x Wade" — uma decisão histórica que há quase 50 anos garantia o acesso ao aborto em todo o país.
Confira a seguir como a deliberação repercutiu em diversas partes do mundo.
Joe Biden
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, marcou uma coletiva de imprensa na Casa Branca para comentar a decisão da Suprema Corte.
Durante o pronunciamento, ele disse que a sentença foi um "erro trágico" e resultado de uma "ideologia extremista".
"A saúde e a vida das mulheres deste país estão agora em perigo", disse o democrata, lamentando um "dia triste" para os EUA.
"As mulheres podem ser punidas por quererem proteger sua própria saúde, ou os médicos serão criminalizados por fazer seu dever de cuidar", declarou.
Ele defendeu ainda que o direito ao aborto seja transformado em lei e pediu aos americanos que continuem a luta em favor do direito de forma "pacífica" e "nas urnas".
O presidente disse também que fará "de tudo o que estiver no meu poder para proteger a saúde das mulheres".
Barack e Michelle Obama
O ex-presidente dos EUA Barack Obama foi um dos primeiros a se pronunciar, por meio de suas redes sociais e em um comunicado assinado também pela ex-primeira dama.
"Hoje, a Suprema Corte não apenas reverteu quase 50 anos de precedentes, mas relegou a decisão mais intensamente pessoal que alguém pode tomar aos caprichos de políticos e ideólogos, atacando as liberdades essenciais de milhões de americanos", escreveu Obama no Twitter.
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Em um comunicado compartilhado em suas redes sociais, escrito em maio, quando as primeiras informações sobre uma possível decisão do tribunal começaram a circular, o ex-presidente afirmou ainda que a deliberação é um golpe "não apenas para as mulheres, mas para todos nós que acreditamos que em uma sociedade livre há limites para o quanto o governo pode invadir nossas vidas pessoais".
"É improvável que essa decisão reduza significativamente os abortos, que vêm diminuindo nas últimas décadas graças em grande parte ao melhor acesso à contracepção e à educação", escreveram Barack e Michelle Obama.
"Em vez disso, como já começamos a ver em Estados com leis de aborto restritivas, as mulheres com recursos viajam para Estados onde o aborto permanece legal e seguro. Enquanto aquelas sem dinheiro suficiente ou acesso a transporte ou capacidade de sair da escola ou do trabalho enfrentam as mesmas circunstâncias que a maioria das mulheres enfrentou antes de Roe, buscando desesperadamente abortos ilegais que inevitavelmente representam graves riscos para sua saúde, sua capacidade futura de ter filhos e, às vezes, suas vidas."
Michelle também se pronunciou em suas redes sociais. "Hoje estou com o coração partido", escreveu no Instagram. "Estou com o coração partido pelas pessoas neste país que acabaram de perder o direito fundamental de tomar decisões informadas a respeito de seus próprios corpos."
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Donald Trump
O ex-presidente americano deu sua opinião em uma entrevista ao canal de televisão Fox News.
A anulação do direito ao aborto responde à "vontade de Deus", declarou o republicano quando questionado sobre sua participação na decisão da Suprema Corte.
A decisão "segue a Constituição" e "traz tudo de volta ao nível estadual, o que sempre deveria ter sido o caso", acrescentou.
Hillary Clinton
A ex-primeira-dama e ex-secretária de Estado afirmou no Twitter que a decisão da Suprema Corte é um retrocesso para os direitos das mulheres.
"A maioria dos americanos acredita que a decisão de ter um filho é uma das decisões mais sagradas que existem e que essas decisões devem continuar a ser tomadas entre os pacientes e seus médicos", escreveu ela.
Clinton também pediu ao público que apoie e doe aos candidatos democratas, para proteger os direitos reprodutivos.
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Mike Pence
O ex-vice-presidente dos Estados Unidos durante o governo de Donald Trump elogiou a decisão da Suprema Corte.
"Ao derrubar Roe x Wade, a Suprema Corte deu ao povo americano um novo começo de vida; ao devolver a questão do aborto aos Estados e ao povo, esta corte corrigiu um erro histórico e reafirmou o direito do povo americano de governar a nível estadual de maneira consistente com seus valores e desejos", disse em um comunicado o republicano, que já cogita concorrer à Casa Branca em 2024.
Nancy Pelosi
A presidente da Câmara dos Deputados dos EUA se posicionou contra a deliberação. Ela afirmou que a decisão da Suprema Corte é "ultrajante e comovente" e prometeu lutar contra ela no Congresso e nas urnas.
"A Suprema Corte, controlada pelos republicanos, alcançou o objetivo obscuro e ultrajante de tirar o direito das mulheres de tomar suas próprias decisões sobre saúde reprodutiva; as mulheres americanas hoje têm menos liberdade do que suas mães", disse.
Boris Johnson
O primeiro-ministro do Reino Unido classificou a decisão como "um grande retrocesso".
"É uma decisão muito importante. Devo dizer a vocês, acho que é um grande retrocesso", disse durante uma entrevista coletiva em Ruanda, onde está em viagem oficial.
"Sempre acreditei no direito de escolha da mulher e mantenho essa visão."
Emmanuel Macron
O presidente francês também criticou a decisão e expressou solidariedade às mulheres americanas.
"O aborto é um direito fundamental de todas as mulheres. Deve ser protegido. Desejo expressar minha solidariedade às mulheres cujas liberdades estão sendo minadas pela Suprema Corte dos Estados Unidos", escreveu no Twitter.
Justin Trudeau
O primeiro-ministro do Canadá classificou a notícia como "horrível".
"Meu coração está com os milhões de mulheres americanas que agora estão prestes a perder seu direito legal ao aborto. Não consigo imaginar o medo e a raiva que vocês estão sentindo agora", escreveu no Twitter.
"Nenhum governo, político ou homem deve dizer a uma mulher o que ela pode ou não fazer com seu corpo. Quero que as mulheres no Canadá saibam que sempre defenderemos seu direito de escolha."
Taylor Swift
A cantora americana também lamentou a decisão.
"Estou absolutamente aterrorizada que estejamos onde estamos - que depois de tantas décadas de pessoas lutando pelos direitos das mulheres a seus próprios corpos, a decisão de hoje nos tirou isso", escreveu no Twitter.
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Viola Davis
A atriz americana e vencedora do Oscar lamentou a decisão.
"Destruída. Agora, mais do que nunca, temos que usar nossa voz e poder!", publicou no Twitter.
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Mark Ruffalo
O ator chamou a decisão de "atrasada e cruel."
"A Suprema Corte se tornou divisiva", disse o ator de filmes como Vingadores e Spotlight.
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Pearl Jam
A banda também se pronunciou em sua conta oficial no Twitter: "Ninguém, nem o governo, nem políticos, nem a Suprema Corte, deve impedir o acesso ao aborto, o controle de natalidade e os contraceptivos. As pessoas devem ter a LIBERDADE de escolha."
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Stephen King
O escritor americano se pronunciou no Twitter.
"É a melhor Suprema Corte que o século 19 já produziu", escreveu o autor de obras como O Iluminado e Carrie, usando ironia.
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- Este texto foi originalmente publicado em https://www.bbc.com/portuguese/internacional-61931286
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