Morre o ator Paulo Gustavo, que transformou inspiração na mãe na maior bilheteria do cinema nacional
Uma das maiores revelações da nova geração do humor nacional, o ator Paulo Gustavo morreu nesta terça-feira (4/5), de covid-19, aos 42 anos. Ele estava internado em um hospital do Rio de Janeiro desde 13 de março e não resistiu às complicações da doença.
Paulo deixa o marido, o dermatologista Thales Bretas, e seus dois filhos gêmeos, Gael e Romeu, que têm um ano de idade.
Segundo boletim médico, Paulo Gustavo morreu às 21h12 de terça-feira. Mais cedo, a equipe havia publicado nota afirmando que a saúde do humorista estava se "deteriorando de forma importante" e que "apesar da irreversibilidade do quadro", ele ainda tinha "sinais vitais presentes".
O ator foi hospitalizado em 13 de março em um hospital na Zona Sul do Rio de Janeiro. Após algumas semanas internado, seu estado de saúde se agravou e ele precisou ser intubado para receber ventilação mecânica invasiva.
O humorista chegou a apresentar ligeira melhora, mas, devido à gravidade de seu caso, acabou submetido posteriormente a outro tratamento, a ECMO (sigla para o termo "Oxigenação por membrana extracorporal"), que substitui a função dos pulmões. A técnica é usada como um dos últimos recursos no tratamento dos casos mais severos da covid-19.
Na segunda-feira (3/5), um boletim médico encaminhado pela assessoria do ator afirmou que "depois de alguma melhora, Paulo Gustavo subitamente piorou" no domingo. Segundo a nota, foi constatada uma embolia pulmonar gasosa (entenda mais o que é esse quadro), e o estado de saúde se tornou "instável e de extrema gravidade".
"Ontem, à tarde, após redução dos sedativos e do bloqueador neuromuscular, o paciente acordou e interagiu bem com a equipe profissional e com o seu marido. À noite, subitamente, houve piora acentuada do nível de consciência e dos sinais vitais, quando novos exames demonstraram ter havido embolia gasosa disseminada, incluindo o sistema nervoso central", diz um trecho da nota, descrevendo as mudanças no quadro de saúde do humorista no domingo.
No ano passado, em seu perfil no Instagram, Paulo chegou a criticar pessoas que ignoraram a pandemia e desrespeitavam as regras as orientações da OMS (Organização Mundial da Saúde).
"Que louco como as pessoas não estão respeitando e levando a sério o que esta acontecendo não só com a gente, mas com o mundo! Gente, ACORDA! Não rola ficar saindo pra praia, boate, restaurante, clube, festas…NÃO ROLA..é serio! Só é pra sair de casa quem precisa sair, pra ir num supermercado, numa farmácia, ajudar um parente, pra TRABALHAR (ÓBVIO), mas quem pode ficar em casa, FICA por favor", escreveu.
Segundo o jornal O Globo, o velório do corpo do ator será realizado no Teatro Municipal do Rio de Janeiro em cerimônia fechada para pessoas próximas e com medidas de distanciamento social.
Dos palcos do teatro às telas do cinema
Paulo firmou-se como um dos maiores comediantes da atualidade ao interpretar a personagem Dona Hermínia que ele próprio criou, levando-a dos palcos do teatro às telas do cinema. A inspiração foi a própria mãe do ator, Déa Lúcia.
Histriônica e emotiva, a personagem, uma senhora de meia-idade à beira de um ataque de nervos, logo conquistou o público.
Prova disso foi que Minha Mãe é uma Peça 3, terceiro filme da franquia de sucesso baseada na peça de teatro de mesmo nome e protagonizada pelo comediante, se tornou a maior bilheteria do cinema nacional no ano passado, arrecadando R$ 143,9 milhões. Também foi o segundo mais visto da história, com mais de 11,5 milhões de espectadores.
Nascido em Niterói, Paulo se formou pela CAL (Casa das Artes de Laranjeiras), famosa escola de atores no Rio de Janeiro, e fez sua estreia oficial nos palcos com a mesma personagem que o alçou ao estrelato, na peça Surto. Mais tarde, integrou o elenco da peça Infraturas. Em seguida, decidiu criar o monólogo de Minha Mãe É Uma Peça.
A decisão de dar vida à personagem, segundo contou em entrevistas, surgiu quando ele e sua amiga, a também atriz e comediante Samantha Schmutz, foram assistir à peça Surto. Convidado a fazer uma participação, Paulo foi convencido por Samantha a criar Dona Hermínia.
"Peguei umas coisas que minha mãe fala e criei um texto de cinco minutinhos em cima disso. Foi superdivertido e, daí, eu resolvi escrever um monólogo dessa personagem - que foi totalmente inspirado na minha mãe, mas acabou sendo uma homenagem a todas as mães", disse ele, em entrevista à revista inVoga.
"Hiperativo", como ele próprio gostava de se definir, viria a batizar o nome de seu segundo espetáculo, também sucesso de público.
Seguiram-se outras peças teatrais, como 220v, filmes e sitcoms, como o Vai que Cola, exibido no canal pago Multishow, que logo se tornou a maior audiência da TV por assinatura no Brasil.
Espetáculo musical com a mãe
Em 2019, o artista lançou o espetáculo musical Filho da Mãe, em que dividia o palco com Déa Lúcia contando histórias e cantando. Segundo ele, a motivação foi retomar o lado cantora da mãe, que até o inícios dos anos 2000 participava de um grupo que se apresentava em festas de casamento, bailes e outros eventos.
"Ela sempre quis ser cantora. Quando precisava nos sustentar, trabalhava em colégios durante o dia e cantava à noite, mas nunca fez um show assim, em teatro, com produção, cenário e banda", afirmou, em material de divulgação.
"Quis dar este presente e fazer esta homenagem para ela."
A mãe demonstrou animação com o projeto.
"Quem foi crooner sabe cantar de tudo e gosta de cantar de tudo. Vai ter espaço para muita coisa no show além das canções mais antigas", disse Léa, na época do lançamento do espetáculo.
"Ele acha que vou ficar sem graça com as brincadeiras, mas vou deixá-lo louco no palco", brincou.
No ano passado, Paulo havia gravado a nova temporada do sitcom A Vila, do qual era um dos protagonistas, no mesmo canal.
Repercussão
Nas horas seguintes à confirmação da morte do artista, seu nome foi o assunto mais comentado no Twitter no Brasil e no mundo.
O marido dele, Thales Bretas, escreveu: "Como fui feliz nesses últimos 7 anos que tive o privilégio de conviver com você! Como eu aprendi, cresci! Espero poder passar um pouco do seu legado de generosidade, afeto, alegria e amor. Você é um furacão! Uma estrela que brilhou muito aqui na Terra, e vai brilhar ainda mais no céu, olhando pela nossa família sempre!"
Uma de suas amigas mais próximas, a comediante Tata Werneck escreveu na rede: "Aplaudam! Gritem bravo! Aplaudam de pé o grande Paulo Gustavo! Vocês não podem imaginar como está difícil . Aplaudimos você, meu amigo. Eu te aplaudo de pé."
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A atriz Mônica Martelli, que se refere a Paulo como irmão, postou no Instagram uma foto e um texto em homenagem a ele.
"Você foi muito bravo e agora pode descansar. Vamos lembrar de você sempre assim. Sorrindo, criando, fazendo o Brasil gargalhar", diz um trecho da postagem.
O humorista Fabio Porchat, que estudou com Paulo Gustavo na CAL, escreveu no Twitter: "Estamos todos com você e você está em todos nós. Pra sempre. Obrigado por tudo, meu amigo, meu irmão. Te amo. O Brasil te ama. O mundo perde um gênio do humor."
Para o apresentador Marcos Mion, "Paulo Gustavo elevou demais a barra do talento. Existe um abismo entre ele e qualquer outro".
"A tristeza é enorme", escreveu o músico Zeca Pagodinho. Para o cantor e compositor Lulu Santos, "morremos todos um pouco" com a morte de Paulo Gustavo.
A repercussão da morte ganhou também tons políticos.
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) publicou uma mensagem de pesar ("Meus votos de pesar pelo passamento do ator e diretor Paulo Gustavo, que com seu talento e carisma conquistou o carinho de todo Brasil. Que Deus o receba com alegria e conforte o coração de seus familiares e amigos, bem como de todos aqueles vitimados nessa luta contra a Covid.") e passou a ser criticado por sua condução da pandemia. "Você vai pagar pelos seus crimes, seu monstro. Cínico", respondeu o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ), que havia escrito mais cedo: "Perdemos um jovem brilhante, talentoso, alegre. Um artista que sempre fez tão bem ao Brasil, com uma carreira enorme pela frente".
O escritor Paulo Coelho listou no Twitter aqueles que chamou de "assassinos de Paulo Gustavo": quem dizia "é só uma gripezinha", "não passa de 200 mortes", "cloroquina resolve", "gente morre todo dia", "Lockdown destroi o país", "máscara nos faz respirar ar viciado" e "eu obedeço o comandante".
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Para o cantor e compositor Caetano Veloso, "Paulo Gustavo é a expressão da alegria brasileira" e o povo brasileiro "está de luto e deve revoltar-se contra os responsáveis por nossa vulnerabilidade frente à pandemia que nos tirou essa pessoa amada".
Diversos governadores, prefeitos, deputados, senadores e ex-autoridades também publicaram mensagens lamentando a morte. "A covid levou hoje mais um de nós. Um grande brasileiro, que brindou nosso país com tanta alegria. Descanse em paz. Seu talento jamais será esquecido", escreveu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), "sua obra e seu talento conquistaram a alegria e a admiração de todos".
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