O que se sabe sobre suspeito do assassinato de CEO em Nova York

Mangione sorrindo em frente a painel

Crédito, Reprodução/LinkedIn

Legenda da foto, Segundo a imprensa local, Mangione vem de uma família prestigiada em Baltimore
  • Author, Madeline Halpert e Mike Wendling
  • Role, Da BBC News em Nova York e Chicago

Luigi Mangione, de 26 anos, foi preso por porte ilegal de arma de fogo e por apresentar documentos falsos, depois de ser reconhecido por um funcionário de um McDonald's em Altoona, Pensilvânia, como possível suspeito pela morte de Thompson. A prisão ocorreu após dias de intensas buscas.

Ele estava carregando uma arma e "várias identidades falsas" — incluindo um documento de Nova Jersey que correspondia à identidade que o suspeito pelo assassinato usou para fazer check-in em um albergue em Nova York antes do crime.

Ele também carregava um manifesto manuscrito de três páginas que incluía queixas sobre o sistema de saúde dos EUA e que demonstrava as "motivações e a mentalidade" do suspeito, segundo a polícia.

Mangione foi considerado uma "pessoa de grande interesse" — termo usado nos EUA para designar um suspeito ou uma pessoa que possa ter relação com algum caso em investigação.

Nesta terça-feira (10/12), ele foi levado a um tribunal, onde contestou sua extradição da Pensilvânia para o Estado de Nova York, onde ocorreu o assassinato pelo qual é acusado.

A caminho do tribunal, Mangione gritou em direção a repórteres, dizendo palavras as palavras "completamente injusto" e "insulto à inteligência do povo americano". Ele também teve um rápido atrito com os guardas que o escoltavam. Entretanto, na saída, ele ficou em silêncio.

A polícia revelou que encontrar o jovem de 26 anos foi uma surpresa completa e que não tinha seu nome em uma lista de suspeitos antes desta segunda-feira.

Na noite de segunda, Mangione foi levado ao tribunal, onde teve a possibilidade de fiança negada.

O governador da Pensilvânia, Josh Shapiro, chamou de "herói" o funcionário do Mc Donald's que acionou a polícia de Altoona.

O suspeito foi encontrado no McDonald's usando uma máscara e um gorro, sentado diante de um laptop com uma mochila ao seu lado. Ao ser abordado por policiais, teria apresentado uma carteira de motorista de Nova Jersey com o nome de Mark Rosario.

A polícia fez buscas pela identidade, mas não encontrou resultados — e constatou que o documento era falso.

Mangione foi então algemado no local por fornecer identificação falsa à polícia. Os agentes então revistaram sua mochila, onde teriam encontrado "uma pistola preta impressa em 3D e um silenciador".

De acordo com a polícia, a prisão foi pacífica. Ao ser perguntado se havia estado em Nova York recentemente, Mangione teria "ficado quieto e começado a tremer", segundo o relato de um policial.

Depois do assassinato, ele teria passado vários dias na Pensilvânia.

Imagem de baixa qualidade mostra suspeito sorrindo, de capuz

Crédito, NEW YORK POLICE DEPARTAMENT

Legenda da foto, Mangione, 26 anos, foi considerado 'pessoa suspeita' no caso
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Mangione nasceu e foi criado no Estado de Maryland e tem laços em São Francisco, Califórnia, de acordo com Joseph Kenny, chefe de detetives de Nova York.

O suspeito não tem prisões anteriores em Nova York e seu último endereço foi em Honolulu, Havaí, segundo a polícia.

Ele frequentou uma escola particular só para meninos em Baltimore, Maryland, chamada Gilman School. Mangione já foi orador da sua turma.

"Esta é uma notícia profundamente angustiante em cima de uma situação já terrível. Nossos corações estão com todos os afetados", escreveu a escola em um e-mail.

Mangione é graduado pela Universidade da Pensilvânia, onde recebeu diplomas de bacharel e mestre em ciência da computação, e fundou um clube de desenvolvimento de videogames.

Um amigo que frequentou a universidade na mesma época descreveu Mangione como uma "pessoa supernormal" e "inteligente".

"Eu nunca esperaria isso", disse o amigo.

Mangione trabalhou como engenheiro de dados para a TrueCar, um site de varejo digital para carros novos e usados, de acordo com seus perfis nas redes sociais.

Um porta-voz da empresa disse à BBC que ele não trabalha lá desde 2023.

De acordo com seu perfil no LinkedIn, Mangione também já trabalhou como estagiário de programação para a Fixarixis, uma desenvolvedora de videogames.

Ele vem de uma família proeminente na área de Baltimore, cujos negócios incluem um clube de campo e casas de repouso, de acordo com a mídia local.

Ele é primo do parlamentar estadual republicano Nino Mangione, ainda segundo veículos de imprensa da região.

Mangione sorrindo para foto, com alguém ao seu lado o abraçando

Crédito, Reprodução/Instagram

Legenda da foto, Mangione tem diplomas em ciência da computação

Perfis nas redes sociais aparentemente pertencentes a Mangione dão pistas sobre sua possível linha de pensamento.

Uma pessoa com seu nome e foto tinha uma conta no Goodreads, um site de resenhas de livros. Lá, ele deu quatro estrelas a um texto chamado Industrial Society and Its Future ("A Sociedade Industrial e o seu Futuro"), de Theodore Kaczynski — mais conhecido como "manifesto Unabomber".

A partir de 1978, Kaczynski provocou bombardeios que mataram três pessoas e feriram dezenas, até ser preso em 1996.

Em sua resenha, Mangione escreveu: "Quando todas as outras formas de comunicação falham, a violência é necessária para sobreviver. Você pode não gostar de seus métodos, mas para ver as coisas da perspectiva dele, não é terrorismo, é guerra e revolução."

"'A violência nunca resolveu nada' é uma declaração proferida por covardes e predadores."

Segundo a polícia, um documento escrito por Luigi Mangione traz ameaças específicas a outras pessoas, "mas parece que ele tem alguma indisposição em relação à América corporativa".