O aliado de Trump que pagou milhares de dólares por sexo e drogas, segundo relatório

Homem branco fala em púlpito de campanha Trump e Vance

Crédito, EFE/REX/Shutterstock

Legenda da foto, Gaetz chegou a ser indicado por Trump para liderar Departamento de Justiça

Um dos aliados mais fiéis de Donald Trump, o ex-deputado republicano Matt Gaetz gastou dezenas de milhares de dólares em sexo e drogas enquanto atuava como congressista, de acordo com um relatório da Comissão de Ética da Câmara dos Estados Unidos.

Logo após a vitória de Trump nas eleições americanas, Gaetz foi considerado pelo presidente eleito para ser o procurador-geral do novo governo, um dos cargos de mais destaque do gabinete presidencial, já que é quem dirige o Departamento de Justiça.

O documento é resultado de uma investigação sobre acusações de má conduta sexual e uso ilícito de drogas por Gaetz.

A comissão da Câmara também encontrou evidências de que Gaetz, de 42 anos, recebeu presentes que ultrapassaram os valores permitidos em relação a uma viagem às Bahamas em 2018.

O ex-parlamentar negou repetidamente qualquer irregularidade, alegando ser vítima de uma campanha de difamação.

O relatório da comissão acusa Gaetz de ser "não cooperativo" durante o processo. Segundo o documento, ele forneceu documentação mínima, nunca aceitou uma entrevista voluntária e prolongou o processo.

Apesar de uma intimação, ele nunca compareceu para seu depoimento.

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O relatório concluiu que "há evidências substanciais de que o representante Gaetz violou as regras da Câmara e outros padrões de conduta que proíbem prostituição, estupro de vulnerável, uso ilícito de drogas, presentes proibidos, favores ou privilégios especiais e obstrução ao Congresso".

Entre 2017 e 2020, Gaetz fez pagamentos que totalizaram mais de US$ 90 mil (mais de R$ 550 mil) para 12 mulheres diferentes. "A Comissão determinou serem provavelmente em conexão com atividade sexual e/ou uso de drogas", conforme o relatório de 42 páginas.

Além disso, o relatório contém depoimentos de que Gaetz pagou por sexo com uma jovem de 17 anos em uma festa em 2017, dando a ela US$ 400 (R$ 2,5 mil), "que ela entendeu ser pagamento pelo sexo".

A jovem disse que Gaetz não perguntou sua idade, e ela não contou a ele que tinha 17 anos. A comissão afirmou que não recebeu nenhuma evidência que sugerisse que ele sabia que a jovem era menor de idade.

Gaetz negou ter tido relações sexuais com uma menor.

O Departamento de Justiça também investigou a alegação de que ele teve relações com uma menor, mas, no fim, não apresentou acusações criminais contra ele.

A Comissão de Ética também encontrou evidências de que Gaetz "concedeu privilégios e favores especiais" a pessoas com quem ele tinha um relacionamento pessoal.

O relatório afirma que Gaetz organizou para que seu chefe de gabinete ajudasse uma mulher – com quem ele teve relações sexuais – a obter um passaporte.

Em um pedido judicial buscando uma ordem de restrição temporária antes da divulgação do relatório, Gaetz acusou a Comissão de Ética de tentar exercer sua jurisdição sobre um cidadão privado.

Gaetz representou o primeiro distrito congressual da Flórida na Câmara dos Representantes dos EUA, tendo chegado ao poder na mesma eleição de 2016 que levou seu aliado Trump à Casa Branca pela primeira vez.

Fora do alcance?

Gaetz

Crédito, Reuters

O ex-parlamentar da Flórida acreditava estar fora do alcance da comissão quando renunciou ao Congresso no mês passado, após ser nomeado por Trump para o cargo de procurador-geral dos EUA.

Embora seja incomum a comissão divulgar suas conclusões após um parlamentar deixar o cargo público, o relatório destacou que uma "maioria" dos membros considerou que era do interesse público fazê-lo neste caso.

Um intenso debate surgiu sobre a divulgação ou não do relatório, especialmente depois que Gaetz retirou seu nome da consideração para o cargo mais alto do Departamento de Justiça.

Ele afirmou que esperava evitar uma "disputa desnecessariamente prolongada em Washington".

O papel de procurador-geral planejado para Gaetz exigia a confirmação dos senadores dos EUA, e parecia que ele não tinha o apoio necessário.

A secreta Comissão de Ética investigou Gaetz de forma intermitente desde 2021 – não apenas sobre as alegações de sexo e drogas, mas também sobre acusações de que ele aceitou subornos e usou indevidamente fundos de campanha. Em todos os casos, ele negou veementemente qualquer irregularidade.

Anteriormente, os republicanos da Câmara bloquearam os esforços democratas para revelar os resultados do relatório, mas dois deles mais tarde votaram a favor da divulgação, segundo a emissora CBS, parceira da BBC nos EUA.

Ao responder na semana passada à notícia de que o documento seria divulgado, Gaetz publicou no X: "Fui acusado de nada: TOTALMENTE INOCENTE. Nem mesmo uma violação de financiamento de campanha. E as pessoas que me investigaram me odiavam."

Ele acrescentou: "Em vez disso, a Comissão de Ética da Câmara aparentemente publicará um relatório online que eu não tenho a oportunidade de debater ou refutar como ex-membro do órgão."

Gaetz também escreveu: "É embaraçoso, embora não criminoso, que eu provavelmente tenha festejado, mulherizado, bebido e fumado mais do que deveria no passado. Eu levo uma vida diferente agora."

Advogado, Gaetz foi um dos defensores mais fervorosos de Trump no Capitólio.

Ele ajudou o presidente eleito a se preparar para o debate televisionado contra Joe Biden, que efetivamente eliminou o democrata da corrida pela Casa Branca.

Embora tenha renunciado ao cargo de legislador após a nomeação de Trump, ele recentemente anunciou planos para se tornar âncora em uma rede de notícias conservadora – e insinuou que poderia concorrer a outros cargos políticos, incluindo a vaga no Senado da Flórida.