terça-feira, 14 janeiro, 2025
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Mufasa: O Rei Leão | Crítica: Ao olhar para o rei do passado, novo filme tenta mimicar original

O Rei Leão é sim um dos maiores sucessos da Disney, e, talvez, também um dos maiores história do cinema moderno. E se a animação dos anos 90 marcou o que chamamos de a Era da Renascença no estúdio, a Era dos Live-actions iniciada nos anos 2010 também foi marcada pelo lançamento da versão fotorrealista do desenho nos anos 2019 (um dos maiores em termos de bilheteria da história do estúdio).

Assim, uma “sequência” para o longa que arrecado bilhões de dólares em bilheteria foi rapidamente aprovada com um dos nomes mais empolgantes em Hollywood naquele momento atrelado na direção: o vencedor do Oscar Barry Jenkins.

 Sarabi, Taka, Mufasa e Rafiki em cena de Mufasa: O Rei Leão. Photo courtesy of Disney. © 2024 Disney Enterprises Inc. All Rights Reserved.

E por mais que a premissa de Mufasa: O Rei Leão (Mufasa: The Lion King, 2024) seja extremamente interessante, sinto que o longa falha ao tentar mimicar o original para contar essa história de origem. Histórias né? Afinal, Mufasa: O Rei Leão não só conta como Mufasa chegou na Pedra do Rei, mas como também de Scar e como o astuto leão bolou o seu plano de vingança contra o irmão nos eventos que vimos tanto na animação, quanto no filme de 2019. 

As histórias de origens desses personagens sem misturam com diversos outros narrativos, que sim, até são legais de se assistir, ainda mais por que são narrados pelo macaco Rafiki para a jovem leoa Kiara e com comentários afiados de Timão e Pumba. É uma mistura de O Rei Leão 1/2 com uma história de origem. Mesmo espirituoso, sinto que ao mesmo tempo Mufasa: O Rei Leão sofre em precisar visualizar nessa narrativa algumas coisas que remetem ao longa original.

E faz isso, em excesso, e o que era para fazer pequenas homenagens, pequenas piscadelas, meio que tomam conta do filme e se sobrepõem na narrativa. É como se o filme circulasse nesses momentos e não esses momentos tivessem lá apenas como easter-eggs. Seja a famosa cena da morte de Mufasa, as cenas no desfiladeiro, a batalha final no meio fogo, ou até mesmo o clima de romance entre os leões. 

Ao subverter a história e colocar Mufasa como um desgarrado, ou seja, um leão sem seu grupo (vemos ele se perder dos pais em uma tempestade) e Scar como um jovem príncipe chamado Taika com um pai controlador e uma mãe mais bondosa, e que não são irmãos de sangue, Mufasa: O Rei Leão começa muito bem, mas gasta um tempo precioso na narrativa para esconder essa informação.

Por mais que lá para metade do filme, é capaz de chegar nessa conclusão, e Timão e Pumba até brincam com o fato, a revelação oficial só acontece lá no final e com os personagens em um diálogo pavoroso de se assistir. É o fanservice em sua maior glória, sem dúvidas. 

Timão e Pumba em cena de MUFASA: O REI LEÃO. Photo courtesy of Disney. © 2024 Disney Enterprises Inc. All Rights Reserved.

Atrapalha a experiência de ver o filme? Um pouco. Mas também o longa acerta ao mostrar passagens que entregam uma boa diversão e que muitas delas se seguram em ter aquele toque Disney de ser. Mas vai ser novamente uma adaptação em live-action divisiva. A história de origem desses personagens, como falei, é uma para lá de interessante pel

a riqueza de detalhes que são apresentados sobre o passado desses personagens icônicos, mas também pela própria mitologia que é apresentada aqui com o passado da região africana e os costumes e regras desses grupos de leões. Mufasa: O Rei Leão estabelece que existiam diversos outros grupos de leões e diversas outras regiões além daqueles que vimos na Pedra do Rei. E que muitos deles, inclusive o clã de Taika, que foi derrotado pelo grande vilão do filme, o leão branco Kiros e sua turma de ferozes (e debochadas) leoas. 

E é meio que essa mensagem que Mufasa: O Rei Leão quer passar: um filme sobre união entre povos. E num mundo real extremamente polarizado, é bom ver um longa para a família querer transmitir isso nas entre linhas. Ao colocar boa parte dos personagens como figuras excluídas de suas respectivas famílias e que formaram uma nova, o filme, e o roteiro de Jeff Nathanson mostra que é união que faz a diferença contra as adversidades. E isso segue com a linha da animação, e do live-action original, em querer contar uma poderosa história através desses personagens icônicos. 

Mas ao mesmo tempo é tudo bem mastigadinho para focar no público mais jovem. Da chegada de Rafiki ao bando, da entrada de Sarabi e o pássaro Zazu que se unem na jornada de Taika e Mufasa para encontrarem a Terra de Mileli, um lugar além do horizonte, e cheio de vida depois que são expulsos do bando por Kiros. 

Assim, a aventura deste grupo mostra todas as relações entre eles pré filme é meio que vai dando pistas para o espectador do que vai acontecer nessa história, afinal, sabemos o futuro desses personagens. E as músicas de Lin Manuel Miranda para Mufasa: O Rei Leão até ajudam a contar essa história e principalmente servem como um relembre para lembrarmos o quão marcantes foram músicas de O Rei Leão, afinal, a nova leva não entrega nada tão emblemático, já que realmente deixam a desejar e não tem o mesmo poder de serem marcantes como as anteriores. 

É curioso notar que as músicas ao serem são tão boas, talvez, seja a segunda marca de O Rei Leão é que deixada de lado para essa nova versão fotorrealista, ao lado da expressividade dos animais. Mesmo que não consiga ainda chegar num meio termo entre a animação e o mundo real, o que temos em Mufasa: O Rei Leão já é um avanço em relação a versão de 2019, afinal, o desenho e o uso de efeitos especiais aqui parece ter sido aperfeiçoado ao longo dos anos. 

E a direção de Barry Jenkins faz o seu melhor para focar em cenas e paisagens para  deslumbrar o máximo possível. Não dá para negar que Mufasa: O Rei Leão usa dos cenários e das paisagens das savanas africanas como pano de fundo e que acaba por ser um dos pontos altos do longa. O uso de computação gráfica, seja para criar os vales, as montanhas de neve, e até mesmo os desfiladeiros, seja quando estão cercados de elefantes, ou inundados de água, deixa o visual de Mufasa: O Rei Leão um de impressionar.

E no final, Mufasa: O Rei Leão acaba por ficar nesse morde e assopra. Afinal, o rugido do leão vem em grandes doses em alguns momentos, igual quando vemos Mufasa assumir a Pedra do Rei e unir os povos em Milelei, e em outros, é um rugidinho, fraco e sem muita expressão quando vemos a jovem Kiara procurar os pais na tempestade.

Mesmo com excelentes momentos cômicos protagonizados por Timão e Pumba, e o trabalho espectacular e de tirar o fôlego dos efeitos computadorizados, Mufasa: O Rei Leão acaba por ficar ali no meio termo, uma coisa que para uma propriedade intelectual feito O Rei Leão não deveria acontecer. Mas acaba por ser igual todas as sequências dos live-actions que a Disney fez desde então, e entrega um, igual foi com Alice Através do Espelho (2016) e Malévola: Dona do Mal (2019), uma tentativa de revisitar uma história que deu certo. Às vezes, algumas coisas é melhor saborear de uma vez só. Hakuna Mufasa!

Nota:

Mufasa: O Rei Leão chega nos cinemas nacionais em 19 de dezembro com sessões antecipadas já no dia 18.


Miguel Morales
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