No coração da Região Sudeste, o Espírito Santo desponta como um Estado singular no cenário econômico brasileiro. Com uma combinação estratégica de localização privilegiada, diversificação econômica, infraestrutura logística robusta e um ambiente de negócios atraente, o território capixaba se consolida como um dos principais destinos para investidores do mundo todo.
Essas características, aliadas a uma gestão fiscal eficiente, tornam-o uma potência econômica em franca ascensão. Prova disso são os investimentos previstos até 2028, que somam R$ 97,8 bilhões, com 91% destinados à indústria, especialmente para os setores de extração, construção e transformação.
“Estamos a menos de 1.500 km dos principais polos econômicos e consumidores do país. Esse posicionamento estratégico, aliado a uma forte infraestrutura logística, permite-nos ser um verdadeiro hub para o comércio exterior, com aeroporto moderno preparado para operar voos internacionais, portos importantes e consolidados e um novo porto para receber navios com grande calado que está sendo erguido em Aracruz, na abrangência do Programa Estruturante ParklogBR/ES, que conta ainda com a primeira Zona de Processamento de Exportação (ZPE) privada do Brasil e dois aeroportos. Vamos melhorar a conexão do Espírito Santo com o mundo”, analisa o vice-governador e secretário de Desenvolvimento do Estado, Ricardo Ferraço.
A ideia, segundo o vice-governador, é tornar o ambiente de negócios cada vez mais acolhedor para investidores.
Os especialistas da empresa de consultoria Macroplan Claudio Porto, Marcelo Asquino e Júlia Kobilansky, em uma análise sobre o desenvolvimento do Espírito Santo, destacam que, entre 2010 e 2021, o Estado teve o maior crescimento econômico em PIB per capita na Região Sudeste. Nesse período, foi o quinto das 27 unidades da Federação com maior crescimento (atrás apenas de Mato Grosso, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Paraná).
Para os analistas, alguns dos pontos fortes do Espírito Santo são a localização estratégica; a economia diversificada; a combinação de fatores geográficos, infraestrutura portuária avançada e diversidade produtiva; o setor agrícola variado, liderando na produção de café conilon no Brasil e exportando itens como cacau, pimenta-do-reino e mamão; o potencial turístico; a qualidade e expansão da infraestrutura e logística; e a robustez e a capacidade fiscal do Estado.
Eles também citam como fatores positivos o aumento do emprego formal em setores considerados essenciais e a presença de micro e pequenas empresas, contribuindo para a economia local, além do fato de o território ser compacto, bem localizado e ter instituições com boa reputação. “Neste século, o Espírito Santo fez uma grande virada do ponto de vista institucional, evoluindo da submissão ao crime organizado a um bom exemplo para o país, sobretudo por conciliar o equilíbrio fiscal com avanços sociais importantes em áreas como saúde, educação e segurança pública”, analisa Júlia.
Ricardo Ferraço reforça que a economia diversificada é uma das características que tornam o Espírito Santo uma potencialidade. “Temos indústrias fortes em mineração, siderurgia, petróleo e gás, agronegócio e rochas ornamentais, que geram emprego e impulsionam nossa economia. Nos últimos anos, focamos a diversificação dessa matriz, incluindo setores como tecnologia e serviços, para garantir uma economia mais resiliente e com mais oportunidades para todos.”
O vice-governador ressalta que as atividades de comércio exterior são um pilar fundamental. “Um marco recente foi a confirmação da Zona de Processamento de Exportação em Aracruz, o que fortalece ainda mais o Espírito Santo como protagonista na exportação de produtos de alto valor, especialmente para mercados da América do Norte, Europa e Ásia. Esse cenário reafirma nossa posição estratégica e nosso compromisso com o desenvolvimento econômico sustentável”, avalia.
O Espírito Santo, atualmente, destaca-se como o segundo maior produtor de petróleo e gás do Brasil, um setor que cresceu 23,1% em 2023 e emprega mais de 12 mil pessoas diretamente.
A siderurgia e a mineração também são vitais: o Estado é líder na exportação de pelotas de minério de ferro e produtor significativo de aço. “Somos também a casa da maior produtora mundial de celulose de eucalipto, localizada em Aracruz, e seguimos como o maior exportador de rochas ornamentais do Brasil”, assinala o vice-governador e secretário de Desenvolvimento do Estado, Ricardo Ferraço.
A cafeicultura é outro destaque, com o Espírito Santo sendo o segundo maior produtor nacional de café e o primeiro em conilon. “Esse desempenho atraiu empresas de grande porte, multinacionais, para o Estado para processar e comercializar café com maior valor agregado. Nosso agro, como um todo, é uma potência e estamos batendo recordes de exportações com uma pauta diversificada. Esses setores formam a espinha dorsal da nossa economia, mantendo o Espírito Santo no topo de mercados globais”, enfatiza Ferraço.
Além disso, o Estado é a principal porta de entrada do Brasil de veículos e aeronaves importadas. “E isso somente foi possível graças às condições favoráveis do nosso ambiente de negócios, que tornam o Espírito Santo altamente competitivo no cenário nacional. Não é por acaso que duas tradings figuram entre as principais empresas do nosso Estado. O comércio internacional é uma vocação capixaba e as condições que temos estruturadas permitem crescimento, ampliação”, avalia o vice-governador.
Vale destacar que a chamada “economia do mar” é outra potencialidade do Estado, graças à sua extensa faixa litorânea de 400 quilômetros. “Somos um dos principais atores no pré-sal e no comércio exterior, com um complexo portuário diversificado. As atividades marítimas, desde a extração de petróleo, pesca até o turismo, têm grande capacidade de geração de emprego e renda, além de abrigarem novas frentes de inovação, como energias renováveis oceânicas e biotecnologia”, diz Ricardo Ferraço.
Além disso, a indústria de petróleo, gás e energia promete avanços significativos nos próximos anos. O navio-plataforma FPSO Maria Quitéria entrou em operação e tem capacidade de produzir diariamente até 100 mil barris de óleo e de processar até 5 milhões de metros cúbicos de gás. A agricultura e o turismo, segundo o vice-governador, são outros setores em ascensão, com grande impacto na economia capixaba.
Até 2030, a previsão é que sejam construídas seis plataformas logísticas estratégicas em todo o Estado, principalmente por meio do Programa Estruturante ParklogBR/ES, para potencializar o desempenho logístico, econômico e social das instalações portuárias e outros ativos existentes nos municípios de Aracruz, Colatina, Fundão, Ibiraçu, João Neiva, Linhares e Serra.
“A iniciativa contempla o fomento estratégico para o desenvolvimento de terminais portuários, rodovias, ferrovias, aeródromos e áreas empresariais existentes nesses municípios. Outros investimentos que estão em curso ou programados são a duplicação de rodovias federais, melhorias em portos e aeroportos, implantação de nova ferrovia conectando a ferrovia Vitória a Minas ao Sul capixaba, criação e melhorias de rodovias estaduais, reforma e ampliação de aeroportos regionais e por aí vai. Cada um desses projetos fortalece nossa posição estratégica e nossa capacidade de competir nacional e internacionalmente”, explica Ricardo Ferraço.
A infraestrutura de transporte é uma das principais fragilidades. De acordo com o vice-governador, a integração de rodovias e ferrovias precisa ter avanços para colocar à disposição do mercado uma malha eficiente, importante para contribuir com o desenvolvimento de áreas com potencial econômico ainda pouco explorado.
“O governo está comprometido em buscar soluções que integrem todos os modais de transporte, para oferecer melhores condições de competitividade para as empresas baseadas aqui e minimizar os custos logísticos para impulsionar o crescimento”, assinala.
Após dois anos na décima posição nacional, o Espírito Santo tornou-se o sexto colocado no Ranking de Competitividade dos Estados, segundo o levantamento realizado pelo Centro de Liderança Pública (CLP), que avalia o desempenho das unidades da federação em indicadores como segurança pública, infraestrutura, educação e sustentabilidade ambiental.
O resultado mostra que, nacionalmente, em 2024, o Espírito Santo foi o Estado que mais subiu no ranking do CLP graças ao crescimento em cinco de dez pilares avaliados: eficiência da máquina pública, potencial de mercado, capital humano, educação e solidez fiscal.
“De modo geral, esse salto se deve à melhoria do desempenho do Estado em alguns pilares específicos, como o crescimento de cinco colocações no pilar de eficiência da máquina pública, quatro posições em potencial de mercado, três colocações em capital humano e duas posições em educação. Esse crescimento, atrelado ao fato de ter mantido boas atuações nos pilares de sustentabilidade ambiental e sustentabilidade social, colaborou para o ganho de quatro posições no nível geral, mesmo tendo apresentado uma queda grande no pilar de segurança pública”, analisa Pedro Trippi, coordenador da Inteligência Técnica do CLP.
Trippi destaca que, desde a edição de 2019 do ranking, o Espírito Santo alterna entre a primeira e a segunda posição no pilar de solidez fiscal.
“Essa é a evidência de uma gestão fiscal equilibrada e competente, prova disso é a liderança nesse pilar em 2024. Quando nos aprofundamos nos indicadores de solidez fiscal, percebemos que o Estado é o segundo do país com o menor gasto de pessoal e a maior poupança, além de apresentar boas condições de liquidez e taxas de investimento elevadas, sendo o segundo que mais investe no Brasil.”
O gasto com pessoal no Espírito Santo está em 47,4% das receitas correntes líquidas, ou seja, não rompe nenhum limite da lei de responsabilidade fiscal. Já a taxa de investimento na edição de 2024 foi de 15,2%, sendo o maior investimento de toda a série histórica entre os 27 Estados.
Outro ponto a ser ressaltado é o pilar de infraestrutura, sendo que, desde a edição de 2020, o Espírito Santo esteve no top 5, e, nas duas últimas edições, está com a segunda melhor infraestrutura do Brasil. “No indicador de acesso à energia elétrica, o Estado ocupa a liderança, além da quarta colocação da qualidade da energia elétrica. Além disso, conseguiu melhorar no indicador de custo da energia elétrica ao longo dos últimos anos”, pontua.
No pilar capital humano, o Espírito Santo passou da 13ª para a décima colocação, dada a posição favorável nos novos indicadores de inserção econômica (sétima posição) e população economicamente ativa (PEA) com ensino superior (oitava colocação).
“Curiosamente, o pilar capital humano já foi um gargalo do Espírito Santo. O Estado chegou a estar na 22ª posição na edição de 2022 e vem se recuperando bem, chegando à décima posição na edição de 2024. O grande destaque é a sétima posição em inserção econômica, que analisa a população economicamente ativa (PEA) do Estado. Hoje, o Espírito Santo tem 22,7% da PEA, seu melhor número desde 2016”, diz Trippi.
É relevante lembrar que o Espírito Santo, em toda a série histórica do ranking, nunca esteve fora do top 10 dos Estados mais competitivos do Brasil. Porém, nas edições de 2022 e 2023, ficou na décima posição geral, o que é um pouco abaixo do que aconteceu de 2016 a 2021. “Na edição de 2024, o Estado recuperou sua boa performance e voltou à sexta posição, que está mais em linha com sua série histórica.”
No que diz respeito às perspectivas, o coordenador da Inteligência Técnica do CLP avalia que o Espírito Santo é um estado equilibrado fiscalmente e com uma boa infraestrutura. “Ou seja, com as contas em dia ele tem mais recursos para investir em áreas prioritárias e melhorar os serviços oferecidos à população.” Para Pedro Trippi, o desafio é “conseguir resolver o gargalo da segurança pública e manter as forças que tem, que são várias, educação, infraestrutura, equilíbrio fiscal e meio ambiente.”
O Espírito Santo, apesar de todo o seu potencial, enfrenta uma série de desafios estruturais que freiam seu desenvolvimento pleno. Gargalos logísticos, déficits em capital humano e fragilidades em áreas essenciais, como saúde pública e segurança, podem comprometer o crescimento econômico e social do Estado.
Um dos problemas apontados pelos especialistas da Macroplan é em relação à mobilidade urbana, na Região Metropolitana de Vitória. A ausência de um sistema de operação inteligente e integrado resulta em congestionamentos frequentes. Além disso, eles afirmam que são necessários mais investimentos em sistemas de transporte coletivo de alta capacidade e solução das carências de ciclovias e calçadas adequadas, que dificultam o deslocamento das pessoas.
Outro aspecto sinalizado pelos especialistas é o déficit em capital humano. O Espírito Santo ocupa a décima posição no ranking nacional de qualificação dos trabalhadores, uma desvantagem frente a Estados vizinhos mais desenvolvidos. Outras deficiências, na opinião dos consultores, estão na área da saúde: infraestrutura e profissionais insuficientes; longas filas de espera; falta de medicamentos e insumos; e gestão e planejamento ineficientes. Além disso, a segurança pública continua sendo uma preocupação para os capixabas.
Cláudio Porto, consultor da Macroplan, propõe uma agenda de desenvolvimento econômico e social para o Espírito Santo, focada em alguns pilares fundamentais, como criar um plano que priorize novas fronteiras de crescimento, entre elas meio ambiente, serviços logísticos, turismo e atração de capital humano. Além de implementar uma governança híbrida que promova a participação de diversos atores, utilizando recursos de inteligência artificial.
Ele sugere reconfigurar instituições para atrair investidores, focando a competitividade; trabalhar em conjunto com outros Estados para remover barreiras de regulação; e fazer parcerias estratégicas Estado-municípios, orientadas para resultados concretos em áreas como infraestrutura e serviços públicos. Porto enfatiza a necessidade de uma abordagem colaborativa e inovadora para o desenvolvimento sustentável e inclusivo até 2050.
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