Barba branca, gorro vermelho e roupa festiva são as três características essenciais para identificar o Papai Noel, o bom velhinho que traz presentes para as crianças bem-comportadas no Natal. Conhecido por partir do Polo Norte nesta época do ano, o Papai Noel é um dos principais responsáveis por transmitir o espírito natalino associado à data comemorativa do dia 25 de dezembro.
Embora o imaginário popular associe o Papai Noel a um personagem mágico que viaja pelo mundo em um trenó voador, puxado por renas no Natal, nem todos os ‘bons velhinhos‘ seguem essa rota tradicional. Muitos Papai Noéis encontram outras formas de celebrar a data, seja em visitas a escolas, shoppings ou outros estabelecimentos, espalhando alegria e o espírito natalino.
O acidade on conversou com cinco moradores de Campinas e região que aproveitam o mês de dezembro para tirar o gorro vermelho e a roupa tradicional do armário, dando vida ao Papai Noel (ou até mesmo à Mamãe Noel). De artesãos a engenheiros, com idades entre 34 e 66 anos, eles não seguem regras quando se trata de manter viva a magia do Natal no coração das crianças e adultos.
Como ser um Papai Noel?
Incorporar um dos principais símbolos do Natal no imaginário coletivo vai muito além de vestir uma roupa e sentar num trono. É preciso também ter as atitudes esperadas do ‘bom velhinho’.
“Ser simpático, atencioso e carinhoso com as pessoas”,
destaca Silvio Santos Souza, de 66 anos.
O artesão e ator dá vida ao personagem desde 2019 quando, por acaso, foi chamado por um produtor para exercer essa função devido às suas características físicas. A partir daí, todos os anos ele se prepara fisicamente e psicologicamente para ser um Papai Noel feliz no final do ano.
O bom velhinho tem que ser uma pessoa ‘emocionalmente preparada’, concorda Angelo Mognon, de 48 anos. Apesar de já ter incorporado o personagem em outras ocasiões, este é o primeiro ano em que ele começou a receber por esse tipo de trabalho. O morador de Campinas define Noel como um “difusor de boas energias, de empatia e de coisas boas”.
“Eu acho que o Papai Noel tem que estar disposto a ouvir as pessoas, ter essa disponibilidade de estar ouvindo, e entender que cada pessoa ali naquele momento é única, ter esse entendimento da responsabilidade. De ouvir as pessoas e entender que o que a imagem do Papai Noel representa na vida das pessoas, porque mesmo os adultos, quando crianças, tiveram experiências com o Papai Noel. Então, é entender esse lado lúdico e saber corresponder com empatia e bom humor”,
afirma Mognon.
Na hora de entrar em cena, saber improvisar também é essencial. André Gustavo Pontes, de 39 anos, conta que já vai preparado para responder às mais diversas curiosidades, como: Onde estão as renas? Como você visita todas as casas? E se eu não tenho chaminé?
Ele e a esposa, Ana Cláudia Brugliato Pontes, de 34 anos, trabalham há 10 anos levando a magia do Natal em Valinhos, como um casal de Papai e Mamãe Noel. Para eles, entrar nesses personagens é poder despertar amor, fraternidade, carinho e respeito no próximo. Além de encantar as crianças e fazer com que os adultos também voltem a ser criança e busquem por um mundo melhor.
“Acima de tudo, a principal característica é ter amor no coração, somente uma barba ou uma roupa não fazem um Papai ou uma Mamãe Noel”,
ressalta o casal.
Desafios
Apesar de não precisarem entrar em uma chaminé para deixar presentes, ser Papai Noel por praticamente um mês corrido não é tarefa fácil. A maioria dos entrevistados costuma trabalhar em locais com o grande público, o que costuma exigir horas de dedicação.
Para Angelo Mognon, que pela primeira vez está trabalhando como Papai Noel em shopping, a principal dificuldade acaba sendo lidar com as pessoas, algo que ele define como ‘complexo’. “Têm pessoas que têm uma abordagem mais educada, outras nem tanto”, afirma, destacando também o cansaço físico de ficar muitas horas no mesmo local.
Já para Silvio Santos e Paulo Jacob, ambos de 66 anos, ter que lidar com um público extenso não é problema. Papai Noel há 14 anos, Paulo costuma trabalhar em shoppings, escolas, alguns estabelecimentos e casas particulares.
“Eu amo fazer o Noel. Para mim, quanto mais movimento de pessoas, mais eu gosto”,
disse.
Alguns acabam fugindo da rotina de ficar em um local parado, como é o caso do casal Pontes, que está sempre em movimento, atendendo em diferentes lugares.
“Desta forma estamos andando de um lado para outro e com isso o desafio acaba sendo o calor, mas nada que não seja pago pelo sorriso e abraço sincero de crianças e adultos”,
afirma André Gustavo.
Mesmo sendo um personagem importante nesta época do ano, nem todos nutrem um carinho pela figura do bom velhinho e algumas crianças têm medo de chegar perto de um senhor robusto de barba branca e roupa vermelha. Silvio conta que nesses casos ele se afasta e não chega perto das crianças que demonstram qualquer tipo de receio a sua imagem.
Para o casal Pontes, respeitar o espaço e a decisão das crianças é fundamental, mesmo que os pais insistam para que elas se aproximem.
“Acreditamos que o mais importante é o conforto e bem estar da criança. Ela precisa se sentir à vontade e confiante para que o desejo de estar como Papai Noel seja dela e não apenas dos pais”,
reforçam Ana e André.
Angelo Mognon também busca conversar com os pais para que eles tenham calma e não sejam tão incisivos com as crianças. “Elas precisam ter a liberdade de escolher se querem se aproximar ou não”, afirma.
Pedidos e histórias de Natal
Aqueles que acreditam no Papai Noel vão até ele fazer um pedido, seja para trazer um ente querido de volta a vida ou papel e canetinha para desenhar. Esses são alguns dos desejos que os entrevistados já ouviram.
Apesar do pouco tempo dando vida ao personagem, Angelo Mognon conta que já ouviu muitos pedidos, desde carros importados até a cura de alguma doença. Para ele, os desejos que envolvem saúde e qualidade de vida são os mais tocantes.
“Algumas pessoas que têm problemas sérios de saúde vão até o Papai Noel com cartas escritas à mão onde contam um pouco da sua história. O personagem também acaba sendo uma figura que gera essa crença de alcançar uma vida melhor”,
contou.
Os pedidos feitos ao Silvio também são semelhantes. Para ele, a maioria das crianças pedem presentes caros, “aqueles que muitas vezes são inviáveis financeiramente para os pais”, comenta. Mas de todos os pedidos que ele ouviu até hoje, dois o marcaram muito: a paz mundial e papel e canetinhas para pintar.
Já para Paulo, um dos pedidos mais marcantes que ele recebeu foi o de uma menina de 9 anos que pediu para ele trazer o seu avô de volta. Infelizmente esse foi um dos pedidos que ele não conseguiu atender, mas outro desejo que ele não esquece e que conseguiu realizar foi o de um garotinho no ano de 2014.
“Ele me pediu um sanduíche do Chaves – pão com presunto. Eu disse que o Chaves tinha me entregado o lanche no Polo Norte e pedido para dar a ele. Quando tirei o sanduíche da sacola de presentes falei “isso, isso, isso” (em referência ao personagem do seriado mexicano). O menino começou a chorar e, todos, inclusive eu, choramos com ele”,
lembra.
Além de histórias emocionantes, os papais noéis também passam por situações engraçadas. Silvio conta que recentemente um menino acariciou a roupa dele e perguntou: “Onde você mora faz tanto frio assim?”, já que no Brasil, na época do Natal é Verão.
Para o casal Pontes, uma história engraçada envolve uma menina de 7 anos filha de um amigo deles.
“Havíamos saído com os amigos durante a semana para comer fora de casa e durante esse jantar acabamos conhecendo a filha de uma dessas pessoas, aproximadamente com 7 anos e já duvidando da existência de Papai Noel”,
contam.
Atentos ao que a menina falava eles conseguiram surpreendê-la.
“Durante à noite esta criança dizia diversas vezes como gostava de brincar com potes plásticos. Na mesma semana, enquanto estávamos caracterizados como Papai Noel e Mamãe Noel, coincidentemente encontramos ela novamente na cidade. Não perdemos tempo e logo a chamamos pelo nome e citamos como estavam os “potes plásticos”. Foi muito engraçado pois ela ficou atônica naquele momento. Diríamos que ela voltou a acreditar em Papai Noel”,
ressaltam.
No caso de Angelo Mognon, sempre perguntam se ele rói a unha para que ele responda “rou, rou, rou”, a tradicional expressão e risada ‘ho-ho-ho’ do Noel.
Feliz Natal
Com muita preparação, responsabilidade e afeto, todos os entrevistados, apesar dos desafios, são gratos de poderem viver esse personagem tão significativo e que de alguma forma marca a vida das pessoas.
Confira o que eles desejam para este Natal e não se esqueça de que você pode encontrá-los por aí.
“Aproveitem a magia do Natal ao máximo, pois a vida exige muito da gente e é necessário deixarmos nos levar por sensações que nos acalmam e proporcionam bem estar”
– Silvio Santos Souza
“Mantenham o espírito natalino acreditando na magia do Natal ao montarem a árvore, ao pensaram no presente que querem ganhar, ao conversarem com os pais e ao visitarem o Papai Noel. Enquanto tudo isso estiver funcionando e estiver no coração das pessoas, o amor e o nascimento, símbolo do Natal, estará eternizado”,
– Angelo Mognon.
“Nunca percam a magia e o encanto do Natal, acreditem sempre em Jesus Cristo, se divirtam, brinquem, obedeçam o papai e mamãe e estudem bastante para um futuro melhor”,
– Paulo Jacob.
“Ho, ho, ho! Lembrem-se que o maior presente de todos é o amor e o carinho que vocês dão e recebem. Continuem sendo bons, cuidando uns dos outros e espalhando alegria por onde passarem. Feliz Natal!”,
– casal Pontes.
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