home to a great diversity of wildlife, including 65
species of snakes that are presented in this very
well-illustrated volume. Guides such as this one are
essential to naturalists, conservationists and the
curious in general.
Guia de Cobras
There are still forested areas in Manaus region,
Guide to the Snakes
naturalistas, conservacionistas e curiosos em geral.
da região de Manaus - aMazônia Central
Manaus que abrigam grande diversidade de plantas
e animais nativos, incluindo 65 espécies de cobras
que são apresentadas neste volume muito bem
ilustrado. Guias como este são essenciais para
of the Manaus region - Central aMazonia
guia de
Ainda existem áreas de floresta na região de
Cobras
da região de Manaus - aMazônia Central
Guide to the
Snakes
of the Manaus region - Central aMazonia
Rafael de Fraga
Albertina Pimentel Lima
Ana Lúcia da Costa Prudente
William E. Magnusson
guia de
Cobras
da região de Manaus - aMazônia Central
Guide to the
Snakes
of the Manaus region - Central aMazonia
Rafael de Fraga
Albertina Pimentel Lima
Ana Lúcia da Costa Prudente
William E. Magnusson
Copyright © 2013 by Copyright by Rafael de Fraga, Albertina P. Lima e William E. Magnusson.
Todos os direitos reservados.
Presidência da República ■ President of the Republic
Dilma Vana Rousseff
guia de
Cobras
da região de Manaus - aMazônia Central
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação ■ Minister of Science, Technology and Innovation
Marco Antonio Raupp
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA
Adalberto Luis Val
Coordenação Editoriais ■ Editorial Coordination
Rafael de Fraga, Albertina Pimentel Lima, William E. Magnusson
Projeto gráfico e diagramação ■ Graphic design and layout
Sabrina Araújo de Almeida
Fotos ■ Photos
Autores, André Luiz F. da Silva, Christinne Strüssmann, Daniel Rosenberg, Fernanda Magalhães,
Laurie Vitt, Marinus Hoogmoed, Paulo S. Bernarde, Rodolfo Paes, Ricardo A. K. Ribeiro, Ruchira
Somaweera, Saymon Albuquerque, Sérgio A. A. Morato, Vinícius T. de Carvalho
Foto da capa ■ Cover photo
Siphlophis compressus (A. P. Lima)
FICHA CATALOGRÁFICA
G943
Guia de cobras da região de Manaus - Amazônia Central = Guide to the snakes
of the Manaus region - Central Amazonia / Rafael de Fraga... [et. al.]. --Manaus : Editora Inpa, 2013.
303 p. : il. color.
Texto bilíngue : Português e inglês.
Snakes
of the Manaus region - Central aMazonia
ISBN: 978-85-211-0122-2
1. Serpentes 2. Squamata. 3. Reptilia. I. Fraga, Rafael de.
CDD 597.96
Av. André Araújo, 2936 - Caixa Postal 2223
CEP: 69080-971, Manaus-AM, Brasil
Tel.: 55 (92) 3643-3223 Fax: 55 (92) 3642-3438
www.inpa.gov.br e-mail:
[email protected]
Guide to the
Rafael de Fraga
Albertina Pimentel Lima
Ana Lúcia da Costa Prudente
William E. Magnusson
Editopa Inpa
MANAUS - 2013
Prefácio | Preface
A Amazônia é um dos maiores centros
de biodiversidade em nosso planeta, e
as cobras estão entre os elementos mais
marcantes de sua fauna. As espécies
aqui apresentadas são verdadeiramente espectaculares, elas incluem algumas
das maiores cobras do mundo, como a
Sucuri, que se esconde invisível na água
para capturar capivaras que chegam para
beber, e a Surucucu-pico-de-jaca, que se
camufla muito bem com o corpo enrolado ao lado de uma trilha na floresta,
à espera de uma mucura descuidada. E
em outros lugares da floresta estão algumas outras cobras incrivelmente belas como as mortais Cobras-corais, com seus
corpos cobertos por anéis brilhantes, e
as muitas espécies inofensivas que estão
protegidas dos predadores porque imitam as cores de suas parentes venenosas. A diversidade de tamanhos, formas,
padrões, tons e as características ecológicas são verdadeiramente surpreendentes. Cada habitat tem suas próprias cobras, da nobre Jibóia até as pequenas
Cobras-cegas semelhantes a minhocas.
Mas, embora a região de Manaus
contenha uma incrível diversidade de
The Amazon region is one of the
greatest hotspots for biodiversity on
our planet, and its snakes are among
the most remarkable elements of that
fauna. The species here are truly spectacular. They include some of the largest snakes in the world, such as the giant anaconda that hides unseen in the
water to seize capybaras as they come
to drink; and the superbly camouflaged bushmaster that lies coiled beside a forest trail waiting for an unwary
opossum. And elsewhere in the forest
are some incredibly beautiful serpents
like the deadly coral snakes with their
brightly ringed bodies, and the many
harmless species who are protected
from predators because they mimic the
colours of their venomous relatives.
The diversity in sizes, shapes, patterns,
hues and ecological features is truly
astounding. Every habitat has its own
snakes, from the lordly boa constrictor
to the tiny wormlike blindsnakes.
But although the Manaus region contains an amazing diversity of snakes,
until recently they have not been well
understood even in terms of what spe-
7
cobras, elas não eram bem entendidas
até recentemente, mesmo em termos de
quais espécies podem ser encontradas
na região, e muito menos sobre os detalhes de sua biologia. A razão é que as
cobras são animais secretos, frequentemente raros e muito difíceis de encontrar e estudar nos habitats densos e
complexos da Amazônia. Assim, a tarefa que os autores deste livro têm cumprido é formidável. Eles têm se dedicado a trabalhos de campo ao longo de
muitos anos - muitas vezes em condições muito desconfortáveis - para identificar quais espécies de cobras ocorrem
na região de Manaus, e para obter uma
compreensão clara da biologia de cobras Amazônicas. Esse esforço culminou
neste livro, que oferece muitas ideias
novas e fascinantes sobre essas criaturas espetaculares. É importante ressaltar que a abundância de ilustrações e o
texto claro tornam o livro acessível ao
público em geral, bem como a cientistas, e assim ele vai ajudar os brasileiros
a apreciarem e compreenderem a vida
selvagem local. Quem explorar este livro deve ser surpreendido com a beleza
e a diversidade das cobras que vivem na
região de Manaus, certamente uma das
comunidades de animais mais surpreendentes em nosso planeta.
Rick Shine
Professor de Biologia Evolutiva e membro laureado do Conselho Australiano de Pesquisa |
Universidade de Sydney
Professor in Evolutionary Biology and Laureate Fellow of the Australian Research Council |
University of Sydney
cies are found in the region, let alone
the details of their biology. The reason
is that snakes are secretive animals,
often rare, and very difficult to find
and study in the dense and complex
habitats of the Amazon. And so, the
task facing the authors of this book
has been huge. They have conducted
many years of dedicated fieldwork often under very uncomfortable conditions to identify what species of snakes
occur in the Manaus region, and to obtain a clear understanding of Amazon
snake biology. That effort has culminated in this book, which provides
many new and fascinating insights
into these spectacular creatures. Importantly, the profuse illustrations and
clear text make the book accessible to
the general public as well as to scientists and so, it will help Brazilians to
appreciate and understand their local
wildlife. Anyone looking through this
book must be astonished by the beauty and diversity of the snakes that live
in the Manaus region surely, one of the
most amazing assemblages of animals
on our planet.
Agradecimentos | Acknowledgments
Nós agradecemos imensamente a todos os herpetólogos que têm se dedicado ao estudo de cobras na Amazônia, cujos esforços foram traduzidos
em base de consulta para a maioria
das informações apresentadas neste
livro. A Fundação de Amparo à Pesquisas do Estado do Amazonas (FAPEAM), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES) forneceram apoio financeiro
durante a elaboração deste livro, na
forma de bolsas de estudos concedidas a R. de Fraga. O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),
o Programa de Pesquisas em Biodiversidade (PPBio), o Centro de Estudos Integrados da Biodiversidade da
Amazônia (CENBAM) e a Santo Antônio Energia S. A. forneceram inestimável apoio logístico durante as coletas de dados em campo. Pela grande
ajuda em campo, sem a qual não poderíamos concluir este livro, agradecemos ainda a Edivaldo Farias, Maria
10
We greatly appreciate all herpetologists who have dedicated themselves
to the study of snakes in the Amazon,
whose efforts provided most of the
information presented in this book.
The Fundação de Amparo à Pesquisas do Estado do Amazonas (FAPEAM),
the Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
and the Coordenação de Pessoal de
Nível Superior (CAPES) provided financial support during the preparation of
this book, in the form of scholarships
awarded to R. de Fraga. The Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), the Programa de Pesquisas
em Biodiversidade (PPBio), the Centro de Estudos Integrados da Biodiversidade da Amazônia (CENBAM) and
Santo Antônio Energia S. A. provided invaluable logistical support during field work. For help in the field,
without which we could not finish
this book, we are grateful to Edivaldo Farias, Maria Carmosina Araújo,
Ocírio P. de Souza, Flecha, Pedro Ivo
Simões, Milena Antunes, Anelise Mon-
11
Carmosina Araújo, Ocírio P. de Souza,
Flecha, Pedro Ivo Simões, Milena Antunes, Anelise Montanarim, Herbert
Guariento, Deborah Bower, Vinícius
T. de Carvalho, André Luiz F. da Silva,
Patrick F. Viana, Renata B. de Azevedo e Thiago Laranjeiras. Agradecemos
à generosa disponibilização de fotos
por Vinícius T. de Carvalho, Christinne
Strüssmann, Ricardo K. Ribeiro, Paulo
S. Bernarde, Sérgio A. A. Morato, Laurie Vitt, Ruchira Somaweera, Saymon
Albuquerque, Marinus Hoogmoed, Rodolfo Paes, Daniel Rosenberg, André
Luiz F. da Silva e Fernanda Magalhães.
Rafael F. Jorge nos ajudou com uma
ótima revisão dos textos em português, e Bill Quatman traduziu a maior
parte dos textos para inglês. R. de
Fraga dedica este livro ao amigo Augusto L. Henriques, por sua admirável
percepção do Universo.
12
tanarim, Herbert Guariento, Deborah
Bower, Vinícius T. de Carvalho, André
Luiz F. da Silva, Patrick F. Viana, Renata B. Azevedo e Thiago Laranjeiras.
Thanks also to the generous provision of photos by Vinícius T. de Carvalho, Christinne Strüssmann, Ricardo
K. Ribeiro, Paulo S. Bernarde, Sergio
A. A. Morato, Laurie Vitt, Ruchira Somaweera, Saymon Albuquerque, Marinus Hoogmoed, Rodolfo Paes, Daniel
Rosenberg, Andre Luiz F. da Silva and
Fernanda Magalhães. Rafael F. Jorge
helped us in providing a great review
in the texts in Portuguese, and Bill
Quatman translated most of the texts
to English. R. de Fraga dedicates this
book to his friend Augusto L. Henriques, due to his admirable perception of the Universe.
Sumário | Contents
20
Introdução
Introduction
22
Origem e evolução das cobras
Origin and Evolution of snakes
31
Anatomia e locomoção de cobras
Anatomy and locomotion of snakes
36
O que as cobras comem?
What do snakes eat?
43
As cobras trocam de pele
Snakes shed their skin
44
Onde vivem as cobras?
Where do snakes live?
50
Como as cobras percebem o ambiente?
How do snakes sense the environment?
54
O que mata as cobras?
What kills snakes?
56
Como as cobras se defendem?
How do snakes defend themselves?
64
Como as cobras reproduzem?
How do snakes reproduce?
72
Humanos são fascinados por cobras
Humans are fascinated by snakes
77
Utilidades práticas de cobras
Practical uses of snakes
78
Mordidas de cobras
Snake bites
82
Serpente ou cobra? Venenoso ou peçonhento?
Serpent or snake? Venomous or poisonous?
84
Reserva Ducke
Reserva Ducke
87
Como utilizar este guia
How to use this guide
LEPTOTYPHLOPIDAE
92
Epictia tenella 94
TYPHLOPIDAE
96
Typhlops reticulatus 98
ANOMALEPIDIDAE
100
Typhlophis squamosus 102
ANILIIDAE
104
Anilius scytale 106
BOIDAE
108
Boa constrictor 106
Corallus caninus 112
Corallus hortulanus 114
Epicrates cenchria 116
Eunectes murinus 118
Boa constrictor 120
COLUBRIDAE
120
Colubrinae 123
Chironius fuscus 124
Chironius multiventris 126
Chironius scurrulus 128
Dendrophidion dendrophis 130
Drymoluber dichrous 132
Mastigodryas boddaerti 134
Oxybelis aeneus 136
Oxybelis fulgidus 138
Pseustes poecilonotus 140
Pseustes sulphureus 142
Rhinobothryum lentiginosum 144
Spilotes pullatus 146
Atractus schach 158
Liophis typhlus 192
Atractus snethlageae 160
Liophis sp. 194
Atractus torquatus 162
Oxyrhopus occipitalis 196
Clelia clelia 164
Oxyrhopus vanidicus 198
Dipsas aff. catesbyi 166
Philodryas argentea 200
Drepanoides anomalus 168
Philodryas viridissima 202
Erythrolamprus aesculapii 170
Pseudoboa coronata 204
Helicops angulatus 172
Pseudoboa martinsi 206
Helicops hagmanni 174
Pseudoboa neuwiedii 208
Hydrodynastes gigas 176
Siphlophis cervinus 210
Hydrops martii 178
Siphlophis compressus 212
Hydrops triangularis 180
Taeniophallus brevirostris 214
Imantodes cenchoa 182
Taeniophallus nicagus 216
Leptodeira annulata 184
Umbrivaga pygmaea 218
Leptophis ahaetulla 186
Xenodon rabdocephalus 220
Liophis breviceps 188
Xenopholis scalaris 222
Liophis reginae 190
ELAPIDAE
224
Micrurus averyi 226
Micrurus hemprichii 228
Micrurus lemniscatus 230
Micrurus spixii 232
Micrurus surinamensis 234
Tantilla melanocephala 148
Apostolepis sp. 152
VIPERIDAE
236
Atractus latifrons 154
Bothrops atrox 238
Atractus major 156
Lachesis muta 240
Dipsadinae 151
242 CHAVES DE CAMPO PARA IDENTIFICAÇÃO DE
ESPÉCIES DE COBRAS DA REGIÃO DE MANAUS
243 FIELD KEYS FOR IDENTIFICATION OF SNAKE SPECIES
IN THE MANAUS REGION
Chaves herpetológicas para identificação de espécies de cobras
da região de Manaus 272
Herpetological Keys for identification of snake species in the
Manaus region 273
293 BIBLIOGRAFIA
BIBLIOGRAPHY
302 AUTORES
AUTHORS
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Introdução | Introduction
As cobras estimulam fortes emoções nas pessoas, e por conhecerem
pouco sobre elas, a maioria da população do mundo ocidental as teme e
odeia. Quem as estuda e conhece mais
profundamente, admira e respeita, ou
ainda as trata com reverência, como
no caso dos devotos de religiões em
que elas têm alguma importância como
entidades espirituais. No Brasil, apenas algumas espécies são peçonhentas
e podem causar ferimentos graves, a
grande maioria é totalmente inofensiva aos humanos. As cobras são capazes de deslizar sobre folhas e galhos
sem fazer barulho, e passam despercebidas para a grande maioria das pessoas quando andam pelas florestas e
campos. Mas embora sejam difíceis de
serem visualizadas, elas são numerosas em espécies, indivíduos e hábitos
de vida. Neste livro, apresentamos uma
pequena janela para o mundo maravilhoso das cobras.
Snakes stimulate strong emotions
in those who know little about them,
and most people in the western world
fear and hate them. Those who study
them more profoundly, admire and respect them, or even treat them with
reverence, as in the case of religious
devotees who regard them as spiritual
entities. In Brazil, few species are venomous enough to cause serious injuries and most are completely inoffensive to humans. Snakes can slide over
leaves and branches without making
noise, and most people pass them by
unobserved when walking in forests
and fields. Although they are difficult
to see, snakes are numerous in species, individuals and lifestyles. In this
book, we try to open a small window
into the marvelous world of snakes.
Indigenous societies occupied the
Amazon for thousands of years and
probably know the fauna in detail.
However, we have no written record of
Sociedades indígenas ocuparam a this knowledge and it has been only
Amazônia durante milhares de anos e a little more than 200 years since the
20
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
provavelmente conheceram detalhadamente a fauna. No entanto, não temos
registros desse conhecimento, somente há pouco mais de 200 anos é que
foram realizadas as primeiras expedições modernas para catalogar animais
e plantas na Amazônia. Desde então,
o mundo tem se encantado com suas
belezas naturais e gigantesca diversidade de formas de vida. E nesse período as primeiras cobras Amazônicas foram catalogadas pelo sistema binomial
Lineano, que identifica cada espécie
por um nome genérico (por exemplo
Boa) e um nome específico (Boa constrictor). Esse sistema é muito eficiente
para evitar confusões quando nos referimos a uma espécie.
O objetivo desse livro é apresentar
as cobras que podem ser encontradas
na região de Manaus a pesquisadores,
estudantes e ao grande público. Esperamos que o leitor possa utilizá-lo não
apenas para identificar espécies de cobras e diferenciar cobras peçonhentas de não peçonhentas, mas também
first modern expeditions were undertaken to catalog animals and plants
in the Amazon. Since then, the world
has delighted in the natural beauty
and huge diversity of forms of life in
the Amazon. In this period, the first
Amazonian snakes were cataloged with
the binominal nomenclature system,
which identifies each species by a genus name (e.g. Boa) and a specific epithet to give the species name (e.g.
Boa constrictor). This system is very effective in avoiding confusion when we
refer to a species, and this why scientists use the system rather than common names.
The objective of this book is to present the snakes that can be encountered
in the region of Manaus to researchers, students and the general public.
We hope the reader can utilize it not
only to identify snake species and distinguish venomous snakes from nonvenomous species, but also to gain an
insight into the beauty and biological
complexity of the Amazon (Figure 1).
| Figura 1 - As cobras ilustram a beleza
e exuberância biológica da Amazônia.
Falsa-coral Oxyrhopus occipitalis.
Figure 1 - Snakes provide an insight
into the beauty and biological
complexity of the Amazon. False Coralsnake Oxyrhopus occipitalis.
21
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
para entender porque nós as consideramos ilustrativas da beleza e exuberância biológica da Amazônia (Figura 1).
ORIGEM E EVOLUÇÃO DAS
COBRAS
As cobras surgiram no planeta há
cerca de 140 milhões de anos, mas a
sua origem ainda é tema de debates
entre os cientistas. A origem nos oceanos foi consenso geral durante muito
tempo, mas recentemente estudos genéticos (filogenia molecular) e novas
evidências de fósseis, indicaram que
as cobras podem ter origem terrestre,
e as primeiras espécies teriam hábito
fossorial (passavam a maior parte da
vida enterradas em túneis subterrâneos). No entanto, ambas as hipóteses
podem ter acontecido se considerarmos que as patas podem atrapalhar a
locomoção, tanto na água quanto em
galerias subterrâneas. As mesmas pressões evolutivas que atuaram para selecionar a forma do corpo de minhocas
no subsolo e de enguias na água, podem ter resultado na perda de patas
em grupos de lagartos ancestrais das
cobras que viviam nestes ambientes.
As cobras pertencem à classe Reptilia, que tradicionalmente contém quatro ordens: Crocodylia (jacarés, crocodilos e gaviais), Quelonia (tartarugas,
cágados e jabutis), Sphenodontida
(Tuatara), Squamata (lagartos, cobras
e anfisbenas). Sphenodontida e Squamata formam um grupo maior chama-
22
ORIGIN AND EVOLUTION OF
SNAKES
Snakes appeared in the fossil record about 140 million years ago, but
their origin is still debated among scientists. That they first appeared in the
sea was the general consensus for a
long time, but recent genetic studies
(molecular phylogeny) and new fossil
evidence, indicate that snakes could
have a terrestrial origin, with the first
species having fossorial habits and
spending most of their life in underground tunnels. Both of these hypotheses are plausible considering that
legs can hinder locomotion as much in
water as in underground galleries. The
same evolutionary pressures that acted to select the body form of worms
below the ground and of eels in water
could have resulted in the loss of legs
in lizard ancestors of the snakes which
lived in these environments.
Snakes belong to the class Reptilia, which traditionally contains four
orders: Crocodylia (caimans, crocodiles and gavials), Chelonia (turtles,
terrapins, and tortoises), Sphenodontida (tuatara), and Squamata (lizards,
snakes and amphisbaenians). Sphenodontida and Squamata form a larger
group called Lepidosauria (Figure 2).
However, some of these groups are
artificial, because they were erected
only to facilitate classification, and
the groups are not closely related. A
fifth order, Aves (birds), is considered
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
do Lepidosauria (Figura 2). Mas alguns
desses agrupamentos são artificiais,
porque são classificados apenas para
facilitar o trabalho dos cientistas, e
não por serem evolutivamente próximos. Uma quinta ordem, Aves, é considerada como um grupo à parte, e foi
elevada à categoria de classe nas últimas décadas. As aves estão muito próximas dos crocodilianos, são répteis e
não passam de dinossauros emplumados, do ponto de vista evolutivo. Neste
guia adotamos a classificação proposta por Pyron et al. (2013), mas outras
hipóteses filogenéticas (parentesco)
estão disponíveis na literatura, como
por exemplo, Townsend et al. (2004),
Vidal & Hedges (2004), Vidal e Hedges
(2009) e Zaher et al. (2009).
A Figura 2 mostra as relações filogenéticas ou de parentesco entre os
grupos taxonômicos de Lepidosauria,
onde Squamata aparece como grupo
as a separate group, and has elevated
to the category of class. The birds are
closely related to crocodilians and, from
an evolutionary point of view, they are
reptiles, and nothing more than feathered dinosaurs. In this guide, we adopt
the classification proposed by Pyron et
al. (2013), but other phylogenetic hypotheses (models of relationships) are
available in literature, such as those of
Townsend et al. (2004), Vidal & Hedges
(2004), Vidal and Hedges (2009) and
Zaher et al. (2009).
Figure 2 shows the phylogenetic
relationships (kinship) between taxonomic groups of Lepidosaura, where
Squamata appears as a sister group of
Sphenodontida. In phylogenetic hypotheses (represented in the form
of cladograms) the longer lines signify older separations of groups and
the shorter lines indicate more recent
common ancestors. The first thing to
| Figura 2 - Relações entre
os grupos de Lepidosauria,
baseadas na hipótese
filogenética de Pyron et al.
(2013).
Figure 2 - The relationship
between the groups of
Lepidosauria, based on the
phylogenetic hypothesis of
Pyron et al. (2013).
23
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
irmão de Sphenodontida. Em hipóteses filogenéticas (representadas por
cladogramas) as linhas mais longas
significam separações mais antigas de
grupos e as linhas mais curtas indicam
ancestrais em comum mais recentes. A
primeira percepção sobre a Figura 2 é
que as cobras (Serpentes) fazem parte
de um grupo maior, popularmente conhecido como lagartos.
A ordem Squamata contém dois
grandes grupos, reconhecidos por semelhanças moleculares, morfológicas
e comportamentais: Dibamia e Bifurcata. O primeiro grupo é formado pelos primeiros lagartos que perderam as
patas, atualmente restritos ao México
e Indonésia. Os Dibamia são animais
que vivem em túneis subterrâneos,
quase totalmente cegos, e aparentemente utilizam pequenas estruturas sensoriais localizadas na cabeça e
mandíbula para se orientarem e encontrarem comida.
O grupo Bifurcata é constituído por
animais que possuem a língua bifurcada e órgão de Jacobson. Esse órgão
é uma estrutura localizada na base do
cérebro, com conexão para a região superior e interna da boca, que tem uma
função sensorial de interpretar micro-partículas captadas no ar pela língua,
para encontrar comida e se proteger
de predadores (ver o tópico “Como as
cobras percebem o ambiente?”). No
entanto, em alguns grupos a visão é
bem desenvolvida, e pode ser utiliza-
24
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
note in Figure 2 is that snakes (Serpentes) are part of a larger group popularly known as lizards.
da para localizar presas. Bifurcata é
subdividido em dois grupos: Gekkota
e Unidentata.
The order Squamata contains two
large groups, recognized on molecular, morphological and behavioral similarities, Dibamia and Bifurcata. The
Dibamia group is presently made up
of lizards that lost their limbs, and is
presently restricted to Mexico and Indonesia. They live in subterranean tunnels, are almost completely blind, and
apparently use small sensory structures located on the head and jaw to
orientate and find food.
Gekkota é um grupo constituído por
lagartos que desenvolveram o olfato e
a visão para localizar presas, como resultado da perda da língua bífida (bifurcada) e do órgão de Jacobson. É representado na Amazônia por lagartixas
e osgas (Figura 3), e algumas espécies
são bastante comuns em Manaus (para
maiores detalhes, convidamos o leitor
a consultar o Guia de Lagartos da Reserva Ducke <http://ppbio.inpa.gov.
br>). Unidentata abrange animais que
possuem um pequeno dente na ponta do focinho, utilizado apenas uma
vez, para romper a casca do ovo no
momento do nascimento, e em seguida
se desprende e cai. Esse grupo é subdividido em outros dois grupos: Scincoidea e Epsiquamata.
The Bifurcata group consists of animals with a forked tongue and a Jacobson’s organ. This organ is a structure
located at the base of the brain, with
connections to the upper and inner region of the mouth, which has the sensorial function of interpreting the micro-particles captured by the tongue,
to find food and protection from predators (see the topic “How do snakes
sense the environment?”). However, in
some groups, vision is well developed,
and can be utilized to locate prey. Bifurcata is subdivided into two groups:
Gekkota and Unidentata.
Gekkota is a group of lizards that
have developed the sense of smell
and vision to locate prey, with the resulting loss of the forked tongue and
Jacobson organ. It is represented in
the Amazon by geckos (Figure 3), and
some species are quite common in
Scincoidea é constituído por lagartos que possuem o corpo alongado, e
as patas bastante reduzidas e Epsiquamata abrange animais de língua bifurcada e órgão de Jacobson bastante
desenvolvido. Epsiquamata é subdivido em dois grupos: Lacertoidea e Toxicofera. Lacertoidea abrange lagartos
que possuem as escamas semelhantes
a azulejos, como Jacurarus (Tupinambis) e Cobras-cegas (Amphisbaenidae),
e Toxicofera abrange animais capazes
de produzir veneno, como alguns lagartos (Monstro-de-Gila e Dragão de
Komodo) e cobras. Esse grupo é subdi-
Manaus (for more details we invite the
reader to consult the Guide to Lizards
of Reserva Ducke <http://ppbio.inpa.
gov.br>). Unidentata consists of species with a little tooth on the tip of
the snout, used only once, to break
the shell of the egg at the time of
hatching. It then loosens and falls off.
This group is subdivided into two others: Scincoidea and Epsiquamata.
Scincoidea consists of lizards that
have elongated bodies, and relatively short legs, and Epsiquamata are
lizards with forked tongues and well
| Figura 3 - As lagartixas e osgas perderam
a língua bífida e desenvolveram a visão
e o olfato ao longo do tempo. Nesses
animais a língua tem função de capturar
presas e eventualmente limpar os olhos.
Figure 3 - The Geckos lost the forked
tongue and developed the sense of vision
and smell over time. In these animals,
the tongue plays a role in prey capture
and sometimes cleaning the eyes.
25
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
vidido em três grupos: Anguimorpha,
Iguania e Serpentes.
Anguimorpha compreende lagartos que aparentemente originaram separadamente no Velho (Ásia) e Novo
Mundo (Américas), incluindo os Lagartos Monitores (Varanidae), que foram
considerados como ancestrais das cobras por muito tempo. Em uma classificação mais atual, os Varanídeos têm
um ancestral em comum com as cobras e fazem parte do grupo Toxicofera (Figura 4). Iguania é o grupo ao
qual pertencem os Iguanas, Camaleões
e Anoles (Calangos Papa-vento). São
animais que desenvolveram a visão e
a língua para localizar e capturar presas, uma vez que perderam a língua bifurcada e a capacidade de produzir veneno. Serpentes constituem o grupo
tratado nesse livro, cujo qual nós chamamos de cobras.
| Figura 4 – A história evolutiva das
cobras está sendo desvendada com
o progresso da ciência. Os lagartos
Monitores eram considerados ancestrais
das cobras, mas cientistas descobriram
que os dois grupos têm ancestrais em
comum.
Figure 4 - The evolutionary history of
snakes have been uncovered with the
progress of science. Monitor lizards
were considered ancestors of snakes,
but scientists have found that the two
groups have common ancestors.
26
developed Jacobson’s organs. Epsiquamata is subdivided into two groups:
Lacertoidea e Toxicofera. Lacertoidea
consist of lizards which have tile-like
scales, such as tegus (Teiidae) and amphisbaenians (Amphisbaenidae), and
Toxicofera includes animals capable of
producing poison, as in some lizards
(Gila Monsters and Komodo Dragons)
and snakes. Toxicofera is divided into
three groups: Anguimorpha, Iguania
and Serpentes.
Anguimorpha is comprised of lizards
that apparently originated separately
in the Old World (Eurasia and Africa)
and the New World (Americas), including monitor lizards (Varanidae), which
for a long time were considered to be
the ancestors of snakes. In a more recent classification, the varanids have a
common ancestry with the snakes and
make up part of the group Toxicofera
(Figure 4). Iguania includes the iguanas, chameleons and anoles. They have
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Os répteis Squamata surgiram há
aproximadamente 250 milhões de
anos, quando toda a porção terrestre do planeta era concentrada em um
continente gigante chamado Pangeia.
Há cerca de 200 milhões de anos Pangeia sofreu uma fragmentação que resultou na formação de dois continentes menores, Laurasia e Gondwana,
nos hemisférios norte e sul, respectivamente. Este evento teve consequencias importantes sobre a radiação de
Squamata, que há cerca de 150 milhões de anos começou a colonizar a
maioria dos ambientes da Terra, com o
surgimento de muitas espécies. Entre
importantes eventos biogeográficos
que influenciaram a radiação de Squamata estão a separação entre as Américas e a África, há aproximadamente
100 milhões de anos, e o impacto de
um grande asteroide com a Terra, há
cerca de 66 milhões de anos. O último
evento foi responsável por extinções
e alterações ecológicas, que aparentemente influenciaram profundamente a história evolutiva da biota terrestre. Na Amazônia, o soerguimento da
Cordilheira dos Andes, entre 23 e 2,5
milhões de anos, foi responsável por
profundas alterações na paisagem, que
certamente influenciaram a atual diversidade de espécies.
As cobras certamente constituem
o grupo de maior sucesso evolutivo
dentre os Squamata, pois representam
aproximadamente 3070 das 4900 es-
well developed vision and the tongue
is used to locate and capture prey. At
some time in the past they lost the
forked tongue and the capacity to produce venom. Serpentes constitutes the
group treated in this book, which we
call snakes.
Squamata appeared approximately 250 million years ago, when all the
terrestrial portions of the planet were
concentrated into one giant continent
called Pangaea. About 200 million
years ago, Pangaea fragmented, resulting in the formation of two smaller continents, Laurasia and Gondwana,
in the Northern and Southern Hemispheres, respectively. This event had
important consequences for the radiation of the Squamata, which, starting
about 150 million years ago, colonized
most environments on Earth, with the
emergence of many species. Among the
important biogeographic events that
influenced the radiation of the Squamata were the separation of the Americas and Africa, approximately 100
million years ago, and the collision of
a large asteroid with Earth, about 66
million years ago. The last event was
responsible for extinctions and ecological alterations that profoundly influenced the evolutionary history of
life on Earth. In the Amazon, the lifting of the Andes Mountains, between
23 and 2.5 million years ago, was responsible for profound changes in the
27
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
pécies conhecidas no mundo (63%).
No Brasil, existem pouco mais de 360
espécies, e na Amazônia brasileira cerca de 150. Provavelmente este número deve aumentar, pois existem ainda
muitos lugares que nunca foram cientificamente explorados, principalmente
em áreas remotas na Amazônia. Esses
locais possivelmente abrigam espécies
desconhecidas pela ciência.
Os lagartos vêm acumulando uma
série de adaptações morfológicas e
comportamentais ao longo de sua história evolutiva. Vários grupos podem
apresentar uma ou um conjunto de
adaptações: corpo alongado, dentes
que injetam veneno, ossos mandibulares e maxilares que deslocam para permitir a ingestão de presas grandes e a
perda parcial ou total das patas. Lagartos com corpo alongado, redução ou
perda total de patas podem atualmente
ser encontrados nas famílias Gekkonidae, Amphisbaenidae, Gymnophthalmidae, Scincidae, Anguidae, entre outros
(mais informações sobre estes grupos
estão disponíveis no Guia de Lagartos
da Reserva Ducke <http://ppbio.inpa.
gov.br>). Somente os membros de um
grupo são consistentemente considerados cobras, a subordem Serpentes,
cujos parentes mais próximos possuem
patas bem desenvolvidas.
Serpentes pode não ser um grupo
natural, uma vez que diferentes linhagens dentro dessa subordem originaram
de ancestrais diferentes. No entanto,
28
landscape, which certainly influenced
the current diversity of species.
Snakes certainly constitute the
most successful group within the Squamata, since they represent approximately 3070 (63%) of the 4900 species known worldwide. In Brazil, there
are a little more than 360 species, and
150 have been recorded from the Brazilian Amazon. This number will probably increase, since many places have
never been explored scientifically, especially in remote areas in the Amazon. These locations almost certainly
harbor species unknown to science.
The lizards have accumulated a series of morphological and behavioral
adaptations throughout their long evolutionary history. Several groups show
one or more of the following of adaptations: elongate body, specialized teeth
to inject venom, jaw bones that dislocate to permit the ingestion of large
prey, and the partial or total loss of
legs. Lizards with elongated bodies and
reduced or completely degenerated legs
can be found in the families Gekkonidae, Amphisbaenidae, Gymnophthalmidae, Scincidae, and Anguidae, among
others (more information about these
groups is available in Guide to the Lizards of Reserva Ducke <http://ppbio.
inpa.gov.br>). Only members of one
group, the suborder Serpentes, whose
close relatives have well developed
limbs, are consistently called snakes.
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
neste livro, as Serpentes serão consideradas como grupo natural (monofilético). Todas as cobras têm corpo alongado, as patas anteriores são ausentes e as
posteriores podem ser ausentes ou vestigiais, como em alguns representantes
das famílias Boidae (Jiboias) e Pythonidae (Pítons, não ocorrem naturalmente no Brasil), na forma de esporões localizados próximos à cloaca (Figura 5).
Essas estruturas são consideradas vestigiais, embora possam ter função reprodutiva em rituais de corte ou em combates entre machos disputando uma
fêmea. Por isso patas vestigiais geralmente são mais evidentes em machos.
Lagartos como o Monstro-de-Gila
(Helodermatidae) da América do Norte
e o Dragão de Komodo (Varanidae) são
peçonhentos (capazes de injetar veneno utilizando os dentes), e a maioria das cobras não é considerada peçonhenta. No entanto, o aparelho mais
adaptado para inoculação de veneno
está presente nas cobras.
A maioria das cobras é capaz de
deslocar os ossos associados à boca
para poder engolir presas grandes, uma
Snakes may not be a natural group,
since different lineages within this
suborder may have originated from different ancestors. Nevertheless, in this
book, the Serpentes will be considered as a natural group (monophyletic). All snakes have an elongated body,
the front limbs are absent and the rear
legs can be absent or vestigial, as in
some representatives in the families
Boidae (boas) and Pythonidae (pythons, do not naturally occur in Brazil), in the form of spurs located near
the tail (Figure 5). These structures
are considered vestigial, although
they can have a reproductive function
in courtship rituals, or in combat between males competing for a female.
For this reason vestigial limbs are generally more evident in males.
Lizards such as the Gila Monster
(Helodermatidae) from southern North
America and the Komodo Dragon (Varanidae) from Sout-east Asia are venomous (capable of injecting venom with
the teeth), and most snakes are not
considered venomous. However, the ap-
| Figura 5 – Algumas espécies da família
Boidae possuem vestígios de patas, na
forma de esporões localizados próximos
à cloaca, como nessa Periquitamboia
Corallus batesii.
Figure 5 - Some species of the family
Boidae have vestiges of legs in the form
of spurs located near the cloaca, as this
Emerald Tree Boa Corallus batesii.
29
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
adaptação também encontrada em espécies de Pygopodidae, lagartos com
pernas reduzidas parentes das osgas.
Esse importante evento na história
evolutiva das cobras ocorreu a partir
de um grupo mais antigo chamado Scolecophidia, hoje formado somente por
pequenas cobras fossoriais, que vivem
enterradas em galerias subterrâneas.
Esses animais conseguem abrir a boca
em ângulos menores que 90° e por isso
só conseguem consumir presas pequenas. Um grupo mais derivado, chamado
Alethinophidia é formado pela grande
maioria das cobras e tem como característica principal a capacidade de deslocar o osso quadrado, que conecta o maxilar à mandíbula, conferindo ao animal
uma grande abertura da boca. Esse
evento teve grande importância para a
conquista de novos ambientes pelas cobras, uma vez que permitiu o consumo
de presas relativamente maiores, e melhorou a capacidade de defesa em espécies que produzem veneno.
Caso você veja uma “cobra” na região de Manaus que não esteja neste livro, pode ser que você tenha encontrado uma espécie que nós não
registramos. Mas é preciso
consultar o Guia de Lagartos
da Reserva Ducke (http://
ppbio.inpa.gov.br) para verificar se não é um lagarto
sem patas ou com patas reduzidas (Figura 6). Também
existem outros animais com
30
paratus most highly adapted for injecting venom is found in some snakes.
Most snakes are capable of dislocating the jaw bones to swallow large
prey, an adaptation also found in species of Pygopodidae, lizards with reduced legs that are close relatives of
the geckos. This important event in the
evolutionary history of the snakes appeared in an ancient group called Scolephidia, today consisting only of fossorial snakes which live in underground
tunnels. These animals can open the
| Figura 6 - Alguns animais sem patas se
assemelham muito a cobras, e por isso
são frequentemente confundidos. Apesar
da semelhança no formato do corpo, os
anfisbenídeos pertencem a um grupo
de lagartos sem patas evolutivamente
distinto das cobras, como esta
Amphisbaena fuliginosa.
Figure 6 - Some legless animals closely
resemble snakes, and so are often
confused. Despite the similarity in body
shape, the Amphisbaenids belong to a
group of legless lizards evolutionarily
distinct from snakes, such as this
Amphisbaena fuliginosa.
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
corpo alongado e ausência de patas,
como as Cecílias (anfíbios), Mussuns e
Poraquês (peixes), e minhocas (invertebrados). Esses grupos se diferenciam das
cobras principalmente por apresentarem
pele úmida, mucosa, corpo sem escamas
distintas, e nenhum deles é peçonhento.
ANATOMIA E LOCOMOÇÃO DE
COBRAS
Os órgãos internos das cobras são
muito parecidos com os de outros vertebrados, mas sofreram modificações
anatômicas para se ajustarem ao formato cilíndrico e alongado de seu corpo.
Alguns órgãos, que geralmente ocorrem
em pares em outros animais, foram perdidos ou consideravelmente reduzidos
nas cobras. Os pulmões, por exemplo,
são órgãos que necessitam de espaço para expandirem durante a respiração. Possuir dois pulmões expandindo
a cada ciclo respiratório poderia ser um
problema para as cobras, em função do
espaço interno reduzido do seu corpo.
Esse problema foi resolvido, com a redução de tamanho ou a perda completa do pulmão esquerdo. Para compensar
essa perda e garantir que as trocas gasosas sejam realizadas com eficiência,
o pulmão direito de todas as cobras é
grande e bem desenvolvido.
mouth to angles less than 90° and
therefore can only consume small prey.
A more derived group called Alethinophidia is formed by the majority of the
snakes and has as the principal characteristic the capacity to dislocate the
quadrate bone, which connects the upper and lower jaws, giving the animal
a large gape. This event was important for the conquest of new habitats
by snakes, since it permitted the consumption of relatively large prey, and
improved defense capability in species
capable of producing venom.
If you see a “snake” in the region
of Manaus that is not in this book, it
may be that you encountered a species that we have not registered. However, you should consult the Guide to
the Lizards of Reserva Ducke (http://
ppbio.inpa.gov.br) to make sure that
it is not a lizard with reduced or no
legs (Figure 6). Also, there are other
animals with elongated bodies and no
legs, such as caecilians (amphibians),
one-gilled eels (fish), and earthworms
(invertebrates). These groups differ
from snakes because they have moist,
slimy skin, without distinct scales,
and none of them are venomous.
ANATOMY AND LOCOMOTION OF
As gônadas (testículos e ovários) SNAKES
geralmente ocorrem em pares, localizados nas laterais da porção posterior do
corpo, mas em algumas espécies fossoriais de corpo muito delgado, uma
The internal organs of snakes are
similar to those of other vertebrates,
but underwent anatomical modifications to adjust to the cylindrical form
31
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
das gônadas foi perdida, como em Tantilla melanocephala, espécie que pode
ser encontrada na região de Manaus.
Também adaptado ao formato cilíndrico e alongado do corpo das cobras, o
estômago é uma continuação do esôfago, e é difícil distingui-los. O fígado é alongado e bilobado. Assim como
outros lagartos e aves, as cobras não
possuem bexiga urinária, elas excretam ácido úrico, uma substância mais
sólida que a urina. Essa é uma adaptação contra a perda excessiva de água.
A temperatura do ambiente é um
fator importante para a vida das cobras, porque elas são ectotérmicas.
Isso significa que não podem manter
altas temperaturas corporais por meio
de processos químicos internos, iniciados com a energia obtida dos alimentos, como fazem os mamíferos e
as aves. Algumas espécies de Pítons
podem aumentar a temperatura corpórea por contrações musculares, mas
geralmente elas fazem isso apenas
para incubar os ovos. Assim como outros lagartos, as cobras são excelentes termorreguladoras. Graças ao seu
corpo alongado, a área de superfície
é bastante grande em relação à massa corporal, por isso elas podem rapidamente tirar vantagem de fontes externas de calor. Pelo mesmo motivo,
as cobras podem ganhar ou perder calor muito rapidamente em condições
extremas, e portanto, geralmente não
ocorrem em regiões com temperaturas
muito elevadas ou muito baixas, mas
32
and elongation of the body. Some organs that usually occur in pairs in
other vertebrates were lost or reduced
considerably in snakes. For example,
lungs need space to expand during
breathing. Possessing two lungs expanding each respiratory cycle could
be a problem for snakes, due to the
reduced internal space in their bodies. This problem was resolved with
the reduction or complete loss of the
left lung. To compensate this loss and
to ensure that gas exchange is carried
out with effectively, the right lung in
all snakes is large and well developed.
The gonads (testes and ovaries) generally occur in pairs, located on both
sides at the rear of the body cavity, but
in some fossorial snakes with a very
slender body, one of the gonads has
been lost, such as in Tantilla melanocephala, a species that can be found in
the Manaus region. Also adapted to the
cylindrical form and elongated body of
snakes, the stomach is a continuation
of the esophagus, and it is difficult to
distinguish them. The liver is elongated and bi-lobed. Snakes do not have a
urinary bladder, they excrete uric acid,
a substance more solid than urine. As
in other animals, this is an adaptation
against excessive loss of water.
The temperature of the environment is an important factor in the
lives of snakes, because they are ectotherms. This means that they cannot maintain high body temperatures
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
existem exceções. Muitas cobras, como
a víbora Bitis peringueyi, vivem em desertos escaldantes, e outras vivem em
ambientes muito frios, como a víbora
européia Vipera berus.
Em temperaturas muito baixas para
a termorregulação, as cobras procuram
abrigos e se mantêm em baixas temperaturas corporais até que as condições climáticas melhorem. Pouquíssimos mamíferos ou aves são capazes
de fazer isso, e a maioria das espécies
morreria se a temperatura corporal caísse tanto quanto as temperaturas experimentadas por cobras, inclusive nas
regiões tropicais.
Algumas estratégias para manter a
temperatura do corpo foram desenvolvidas pelas cobras, como enrodilhar
o corpo para reduzir a perda de calor
(Figura 7) ou usar a circulação sanguínea para concentrar a energia disponível para aquecer órgãos vitais es-
by means of internal chemical processes, starting with energy obtained
from food, as do mammals and birds. A
few species of pythons can raise their
body temperature by shivering, but
they generally only do this while incubating eggs. As with most other lizards, snakes are excellent thermoregulators. Thanks to their elongated body,
the surface area is large in relation to
body mass and they can quickly take
advantage of external sources of heat.
For the same reason, snakes can gain
or lose heat very quickly in extreme
conditions, and therefore usually do
not occur in regions with very high or
very low temperatures, but there are
exceptions. Many snakes, such as the
viper Bitis peringueyi, live in scorching
deserts, and there are snakes which
live in very cold environments, such as
the European viper Vipera berus.
| Figura 7 - Jararaca-pintada Bothriopsis
taeniata com o corpo enrodilhado. Essa
postura torna a cobra confundível com
uma folha caída, mas possivelmente
também ajuda a manter a temperatura
do corpo. Esta espécie possivelmente
não ocorre na região de Manaus.
Figure 7 - Speckled Forest Pit Viper
Bothriopsis taeniata with the body
coiled. This posture makes the snake
look like a fallen leaf, but probably also
helps to maintain body temperature.
This species probably does not occur in
the Manaus region.
33
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
pecíficos, o que permite com que elas
mantenham o calor que obtêm de fontes externas. As cobras usam eficientemente as fontes de calor disponíveis
no ambiente, e isso provavelmente explica os números maiores de espécies
e indivíduos em comparação aos mamíferos, em diversas partes do mundo.
A coluna vertebral das cobras é
consideravelmente maior do que a de
outros vertebrados, e tem a função de
suportar as costelas e os músculos,
que juntamente com a pele e a disposição das escamas, formam um complexo mecânico responsável pela locomoção. Apesar de não possuírem
patas, as cobras se movimentam rapidamente, e possuem adaptações para
escalar, cavar e nadar (Figura 8).
A maioria das cobras se desloca por
ondulações laterais do corpo, a par-
At very low temperatures for thermoregulation, snakes seek shelters
and remain at low body temperatures
until weather conditions improve. Very
few mammals or birds are able to do
this, and most birds and mammals
would die if their body temperature
fell to levels commonly experienced
by snakes, even in the tropics.
Snakes use behavioral strategies to
maintain body temperature, such as
coiling the body (Figure 7) or concentrating available energy to heat specific vital organs, which allow them to
retain the heat they obtain from external sources. Snakes efficiently use
external heat sources available in the
environment, and this probably explains the why they have higher numbers of species and individuals than
mammals in many parts of the world.
| Figura 8 - Apesar de não possuírem patas, as cobras se deslocam com muita habilidade,
mesmo por lugares pouco prováveis, como um galho mais fino que o seu próprio corpo.
Figure 8 - Although they have no legs, snakes move with great agility, even in
unlikely places, such as on twigs thinner than their own body.
34
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
tir de contrações de músculos dispostos em lados opostos da coluna vertebral. As contrações ocorrem em ciclos
que seguem a direção da porção anterior (cabeça) para a porção posterior
do corpo (cauda). Por apresentarem o
corpo relativamente mais robusto, algumas cobras como Jiboias (Boa constrictor) e Surucucus-pico-de-jaca (Lachesis muta) não conseguem realizar
essas ondulações laterais. Elas utilizam um movimento semelhante ao de
lagartas, com contrações na superfície
ventral do corpo, formando ondas regulares na pele. Essas ondas percorrem
todo o corpo na direção cabeça-cauda,
impulsionando o animal para frente ou
para cima.
A locomoção também sofreu adaptações interessantes em ambientes extremos. Por exemplo, para se locomoverem por sobre a areia escaldante de
desertos, algumas cobras conseguem
manter apenas dois pontos de apoio
entre o corpo e o substrato. Alternando pontos diferentes do corpo, elas
conseguem evitar contato prolongado com a areia, quente suficiente para
lhes causar ferimentos. O solo arenoso
do deserto não permite a manutenção
de túneis subterrâneos, mas algumas
cobras conseguem realizar movimentos semelhantes à natação por baixo
da areia, para evitar exposição excessiva ao calor extremo. Cobras marinhas
geralmente possuem a cauda achatada (comprimida lateralmente) e a uti-
The vertebral column is considerably
longer in snakes than other vertebrates,
and has the function of supporting the
ribs and muscles, which together with
the skin and an arrangement of scales,
form a mechanical complex responsible
for locomotion. Despite not possessing legs, snakes can move quickly, with
adaptations for climbing, digging and
swimming (Figure 8).
Most snakes move by lateral undulations of the body, with separate waves
of muscle contractions running down
opposite sides of the spine. The contractions occur in cycles which flow
from the head to the tail. Some snakes
with relatively thick bodies, such as Boa
constrictors (Boa constrictor) and Bushmasters (Lachesis muta) usually do not
use these lateral undulations, but move
with a technique similar to caterpillars.
Contractions of the ventral surface of
the body form regular waves in the skin
that move from head to tail and propel
the animal forward or upwards.
Locomotion has also undergone interesting adaptations in extreme environments. For example, for locomotion over scorching desert sands,
some snakes maintain only two points
of contact between the body and the
substrate. By alternating different
points of the body, they can avoid prolonged contact with the sand, which is
hot enough to cause injury. The sandy
soil does not allow the maintenance
of subterranean tunnels, but some
35
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
lizam como um leme de barco, para direcionar a natação.
O QUE AS COBRAS COMEM?
Existe uma grande variedade de ambientes ocupados por cobras, e sua dieta reflete essa diversidade. As cobras
se alimentam de uma grande variedade de presas, como lesmas e caracóis,
centopeias, escorpiões, gafanhotos,
besouros, larvas de libélulas, crustáceos (caranguejos), peixes, anfíbios, incluindo ovos e larvas (sapos, rãs, pererecas e cecílias), aves e seus ovos,
uma grande diversidade de mamíferos
(roedores, catitas, morcegos), jacarés,
tartarugas e seus ovos, lagartos e seus
ovos e até mesmo outras cobras e seus
ovos. Contudo, cada espécie geralmente se alimenta de uma pequena variedade de tipos de presas. A Mussurana
Clelia clelia pode caçar até mesmo cobras peçonhentas como Jararacas, pois
é imune ao veneno.
A mandíbula das cobras não é fusionada na região do queixo como na
maioria dos vertebrados, mas formada
por duas hemimandíbulas livres e independentes. Por serem independentes
entre si, as hemimandíbulas se movimentam alternadamente entre os lados
com ajuda dos dentes, para que o alimento alcance o esôfago.
Os dois grupos de cobras já mencionados, que diferem por sua capacidade de deslocar ossos da cabeça para
36
snakes can perform movements similar to swimming underneath the sand,
to avoid excessive exposure to extreme
heat. Sea snakes generally have a laterally flattened tail that they use as a
rudder when swimming.
WHAT DO SNAKES EAT?
There are many species of snakes in
many different environments, and their
diets reflect this diversity. Snakes as a
group eat a large variety of prey, such as
slugs and snails, centipedes, scorpions,
grasshoppers, beetles, dragonfly larva,
crustaceans (crabs), fish, amphibians,
including eggs and larvae (toads, frogs,
tree frogs and caecilians), birds and
their eggs, a large diversity of mammals (rodents, small marsupials, bats),
caimans, turtles and their eggs, lizards
and their eggs and even other snakes
and their eggs. However, each species
usually only takes a small range of prey
types. Many species, such as the Mussurana Clelia clelia, can hunt even venomous snakes such as Pit Vipers, since
they are immune to snake venom.
The mandible of snakes is not fused
in the chin region, as in the majority of
vertebrates, but is formed by two hemimandibles that are free and independent. Because they are independent of
each other, the hemi-mandibles can alternate movements so that food can be
pushed into the esophagus by alternating dragging movements of the teeth
on each side of the jaw.
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
ter maior abertura de boca, ocorrem na
região de Manaus. Scolecophidia é representado pelas famílias Typhlopidae,
Leptotyphlophidae e Anomalopididae,
cada uma com apenas uma espécie. Por
não conseguirem abrir a boca em ângulos maiores que 90°, consomem presas pequenas como formigas e cupins.
Alethinophidia é representado na região de Manaus pela maioria das cobras, com cerca de 60 espécies conhecidas. A capacidade de deslocar o osso
quadrado (conecta o maxilar às hemimandíbulas), a presença de costelas livres (não se fundem na região ventral)
e a pele elástica, possibilitam às cobras Alethinophidia o consumo de presas grandes, muitas vezes com diâmetro maior que o do seu próprio corpo.
Consumir presas grandes é uma ótima estratégia utilizada pelas cobras
para a absorção de grandes quantidades de nutrientes com apenas uma investida de caça. No entanto, essa estratégia pode ser arriscada. As cobras
engolem suas presas inteiras (Figura 9),
o que aumenta drasticamente o volume do seu corpo e diminui a capacidade locomotora, fatores que as tornam
demasiadamente lentas para fugir em
uma situação de risco. Algumas espécies regurgitam presas recentemente
ingeridas, se elas precisarem fugir rapidamente. As Sucuris (Eunectes murinus), presentes na região de Manaus,
são famosas por esse comportamento, por ingerirem regularmente presas
grandes como capivaras.
The two major groups of snakes,
which differ in their capacity to dislocate bones in the head in order to
enlarge the mouth opening, occur in
the region of Manaus. Scolecophidia
is represented by the families Typhlopidae, Leptotyphlophidae and Anomalopididae, each with only one species. Since they cannot open the mouth
to angles greater than 90°, they con-
| Figura 9 - Os dentes das cobras não
possuem função de mastigação, elas
engolem as presas inteiras. Engolir presas
muito grandes pode ser arriscado, embora
favorável para obtenção de nutrientes.
Falsa-coral Pseudoboa coronata engolindo
um Calango-verde Ameiva ameiva.
Figure 9 - The teeth of snakes are not
used to chew, they swallowing entire
prey. Swallow very large prey can be
risky, although favorable for nutrition.
False-coral Pseudoboa coronata
swallowing an Amazon Racerunner
Ameiva ameiva.
37
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
As cobras desenvolveram diferentes estratégias para capturar suas presas. Algumas espécies simplesmente as seguram com os dentes até que
não ofereçam resistência à ingestão.
As constritoras, como o boídeos e alguns colubrídeos, enrolam seu corpo ao redor da presa, formando alças.
Esse comportamento tem o objetivo de
reduzir o espaço disponível para a expansão da caixa torácica da presa para
a respiração, acarretando em morte
por asfixia e parada cardíaca. Geralmente, as cobras iniciam o processo
de ingestão somente após a morte da
presa (Figura 10).
Viperídeos adultos, como Jararacas
do gênero Bothrops e Surucucus Lachesis muta, caçam por espreita pequenos mamíferos, como roedores e
marsupiais (mucuras). A maioria das
espécies permanece enrodilhada à espera de uma presa que cruze o seu caminho a uma distância adequada para
o alcance do seu bote (movimento de
ataque surpresa), que pode chegar a
um terço do comprimento do seu próprio corpo, ou mais, no caso da Surucucu-pico-de-jaca (Lachesis muta).
Durante o bote o corpo da cobra é
projetado em direção à presa, para
que os dentes inoculadores de veneno possam alcançá-la. Após o envenenamento a presa é liberada, e geralmente consegue fugir por alguns
metros, até que o veneno cause paralisia de seus membros locomotores e
38
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
sume small prey, such as ants and termites. Alethinophidia is represented in
the Manuas region by many types of
snakes, with around 60 known species.
The capacity to dislocate the quadrate
bone connecting the upper and lower jaws, the presence of free ribs (not
fused in the ventral region) and elastic
skin, makes it possible for the Alethinophidia snakes to consume large prey,
often thicker than their own body.
Consumption of large prey is an excellent strategy to ingest large quantities of nutrients at a time. However,
this strategy can be risky. Snakes swallow their prey whole (Figure 9), drastically increasing their mass and diminishing their capacity to move, which
can make them slow to escape from a
dangerous situation. Some species regurgitate recently eaten prey if they
need to escape quickly, and Green Anacondas (Eunectes murinus), present
in the Manaus region, which regularly
eats large prey, such as capybaras, are
famous for this behavior.
Snakes have developed different
strategies for capturing their prey.
Some species simply hold the prey
with their teeth until it tires and does
not offer resistance to ingestion. The
constrictors, such as boids, and some
colubrids, wrap loops of their body
around the prey, to asphyxiate it or
stop its heart beating. The snake usually only swallows the prey after it is
dead (Figure 10).
| Figura 10 - Como seu próprio nome
sugere, a Jiboia Boa constrictor é uma
espécie constritora, que enrola seu corpo
ao redor da presa, matando-a por parada
respiratória e cardíaca.
Figure 10 - As the name suggests, the
Boa constrictor is a constrictor that
wraps its bodyaround its prey, killing by
asphixiation or stopping blood flow.
órgãos. Geralmente, durante a fuga a
presa deixa um rastro químico, que as
cobras utilizam para rastreá-la e posteriormente ingerí-la. Normalmente,
as cobras iniciam a ingestão da presa pelo lado da cabeça, uma vez que
as patas das presas podem dificultar o
processo ou machucar as cobras. Os filhotes de algumas espécies de Jararacas balançam a extremidade branca ou
amarelo-creme da cauda para simular
a movimentação de um verme ou larva, para atrair presas como anfíbios e
lagartos (Figura 11).
Adult vipers, such
as lanceheads of the
genera Bothrops and
Bushmasters Lachesis
muta, hunt by ambushing small mammals, such as rodents
and marsupials (small
opossums). Most of
the species remain
coiled waiting for
prey to cross their
path at a distance
adequate for a strike
and make a surprise attack. The strike
can be a third of their body length, or
more, as in the case of the Bushmaster
(Lachesis muta). During the strike, the
body of the snake is projected forward,
and in the case of vipers, the fangs
are swiveled forward in the direction
of the prey. After the snake injects its
venom, the prey is released, and generally manages to escape for a few meters, before the venom causes paralysis of its limbs and organs. During the
attempted escape the prey leaves a
scent trail that the snake uses to track
it. Normally, the snake begins swallowing the prey by the head, since the
legs of the prey can make the process
difficult or cause injury to the snake if
they do not fold along the body during
swallowing. Lancehead Pit Viper juveniles wave the tip of the creamish-yellow tail to make it look like a worm or
grub to lure prey, such as frogs and lizards (Figure 11).
39
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Tabela 1. Principais tipos de presas consumidas pelas cobras na região de
Manaus. [? = incerteza]
Table 1. Main types of prey consumed by snakes in the Manaus region.
[? = uncertainty]
Na Tabela 1 apresentamos os principais tipos de presas consumidas pelas
cobras na região de Manaus. Algumas
espécies possuem alimentação restrita
a um tipo de alimento, como a Falsa-coral Drepanoides anomalus, especialista em comer ovos de répteis. Outras
se alimentam de uma grande variedade
de presas, como a Sucuri Eunectes murinus, que pode comer anfíbios, répteis,
aves, peixes, e até jacarés e tartarugas.
40
In Table 1 we present the main
types of prey consumed by snakes in
the Manaus region. Some species have
eat a restricted arrange of food types,
such as the False-coral Drepanoides
anomalus, a specialist in eating reptile
eggs. Others feed on a wide variety of
prey, such as the Green Anaconda Eunectes murinus, which can eat amphibians, reptiles, birds, fish, and even alligators and turtles.
Leptotyphlopidae
Epictia tenella
Typhlopidae
Typhlops reticulatus
Jacarés Alligators
Tartarugas Turtles
Lesmas e caracóis Snails and slugs
Minhocas Earthworms
Centopéias Centipedes
Cupins e formigas (adultos e ovos) Termites and ants (adults and eggs)
Morcegos Bats
Mamíferos grandes Large mammals
Mamíferos pequenos Small mammals
Ovos de aves Eggs of birds
Ovos de répteis Eggs of reptiles
Aves Birds
Girinos Tadpoles
Peixes Fish
| Figura 11 - Filhotes de algumas espécies de Jararaca, como Bothrops atrox, utilizam a
cauda branca ou amarelada para atrair sapos e lagartos para dentro do espaço de bote
(engodo caudal).
Figure 11 - Juveniles of some species of Lancehead Pit Viper, such as Bothrops atrox,
use the white or yellow tail to attract frogs and lizards within striking distance
(caudal luring).
Sapos Frogs
Family / Species
Cobras Snakes
Família / Espécie
Lagartos e anfisbenas Lizards and amphisbaenians
Tipos de presas / Types of prey
X
X
Anomalepididae
Typhlophis squamosus
Aniiliidae
Anilius scytale
X
X
X
X
Boidae
Boa constrictor
Corallus caninus
Corallus hortulanus
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
41
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Epicrates cenchria
Eunectes murinus
X
X X
X
X
X
X
X
X
X
X
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
X
X
Colubridae (Colubrinae)
Chironius fuscus
Chironius multiventris
Chironius scurrulus
Dendrophidion dendrophis
Drymoluber dichrous
Mastigodryas boddaerti
Oxybelis aeneus
Oxybelis fulgidus
Pseustes poecilonotus
Pseustes sulphureus
Rhinobothryum
lentiginosum
Spilotes pullatus
Tantilla melanocephala
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Colubridae (Dipsadinae)
Apostolepis sp.
Atractus latifrons
Atractus major
Atractus schach
Atractus snethlageae
Atractus torquatus
Clelia clelia
Dipsas aff. catesbyi
Drepanoides anomalus
Erythrolamprus aesculapii
Helicops angulatus
Helicops hagmanni
Hydrodynastes gigas
Hydrops martii
Hydrops triangularis
Imantodes cenchoa
Leptodeira annulata
Leptophis ahaetulla
Liophis breviceps
Liophis reginae
Liophis typhlus
Liophis sp.
Oxyrhopus occipitalis
42
?
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X X X
X
X
X X
X
X
X
X X
X
X X
X
X
?
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Oxyrhopus vanidicus
Philodryas argentea
X
Philodryas viridissima
X
Pseudoboa coronata
Pseudoboa martinsi
Pseudoboa neuwiedii
Siphlophis cervinus
X
Siphlophis compressus
Taeniophallus brevirostris
X
Taeniophallus nicagus
X
Umbrivaga pygmaea
X
Xenodon rabdocephalus
X X
Xenopholis scalaris
X
Elapidae
Micrurus averyi
Micrurus hemprichii
Micrurus lemniscatus
X
Micrurus spixii
Micrurus surinamensis
Viperidae
Bothrops atrox
X
Lachesis muta
X
X
X
X
X
X X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
AS COBRAS TROCAM DE PELE
SNAKES SHED THEIR SKIN
Assim como outros lagartos, as cobras renovam sua pele em intervalos
que podem variar entre dias e meses,
dependendo de fatores como alimentação, temperatura do ambiente, saúde e
crescimento (Figura 12). Esse processo
é conhecido como ecdise, e nas cobras
ocorre pela liberação de uma peça única e inteira de pele, enquanto em outros lagartos a pele sai aos poucos, em
pedaços. A ecdise facilita o crescimento, remove ectoparasitas (como carrapatos), renova a pele danificada pela
locomoção e melhora a comunicação
química entre indivíduos.
As with other lizards, snakes shed
their skin at intervals that can vary
between days and months, depending
on factors such as food, temperature
of the environment, health and growth
(Figure 12). This process is known as
ecdysis, and in snakes the skin is shed
whole, while in most other lizards the
skin comes off gradually, in pieces. Ecdysis facilitates growth, removes ectoparasites, such as ticks, renews skin
damaged by movement and improves
chemical communication between individuals.
43
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
| Figura 12 - As cobras renovam a pele (ecdise) em uma peça única, em intervalos
de tempo variados. Esse indivíduo de Philodryas georgeboulengeri está no início do
processo de muda, e já se livrou de toda pele velha da cabeça.
Figure 12 - Snakes generally shed their skin (ecdysis) in one piece at variable time
intervals. This Philodryas georgeboulengeri has already pushed the old skin from its head.
44
Os olhos das cobras ganham aspecto opaco durante a ecdise (Figura 13),
devido ao acúmulo de fluídos entre a
velha e a nova camada de pele. Durante esse período as cobras têm a visão
prejudicada e ficam mais suscetíveis
a predadores, por isso geralmente se
mantém escondidas em abrigos.
The eyes of snakes become opaque
during ecdysis (Figure 13) because of
the accumulation of fluids between
the old and new layers of skin. During
this period, snakes have impaired vision and are more susceptible to predators, so they generally stay hidden
under cover.
ONDE VIVEM AS COBRAS?
WHERE DO SNAKES LIVE?
As cobras estão presentes em praticamente todo o mundo, com exceção
apenas dos polos. Elas podem estar
presentes em vários tipos de ambientes: sobre as árvores, sob troncos, sob
as folhas em decomposição, no solo,
dentro de buracos, em riachos e poças.
No entanto, encontrá-las na natureza
realmente não é uma tarefa fácil, porque geralmente possuem cores e for-
Snakes occur throughout almost
the whole world, with the exception of
the poles. They can be found in various types of environments, such as in
trees, under trunks, under decomposing
leaves, in the soil, inside holes, and in
streams. However, finding them in nature is not easy, because they generally
have colors and habits that make them
easily confused with the background.
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| Figura 13 - Durante a troca
de pele as cobras ficam
com os olhos opacos, pelo
acúmulo de líquido entre
as camadas de pele velha e
nova, como essa Cobra-cipó
Chironius fuscus.
Figure 13 - During skin
shedding, the eyes of
snakes become opaque
from the accumulation of
liquid between the layers
of old and new skin, as in
this Brown Sipo, Chironius
fuscus.
mas que as tornam facilmente confundíveis com o ambiente.
Ao longo de sua história as cobras
passaram a ocupar uma diversidade
fantástica de hábitats, e experimentaram adaptações igualmente diversas
aos novos hábitos de vida. Por exemplo, cobras arborícolas podem apresentar cauda preênsil, com uma musculatura bem desenvolvida, que as
permite sustentar o corpo inteiro em
um galho de árvore (Figura 14).
As cobras fossoriais (que vivem
abaixo da terra) geralmente são pequenas e possuem adaptações morfológicas para escavação, como fusão
de escamas da cabeça para diminuir o
atrito, e escamas no focinho especializadas para cavar. Cobras aquáticas geralmente possuem os olhos e as narinas posicionados em cima da cabeça,
para enxergarem e respirarem na lâmi-
Throughout their history, snakes have
come to occupy a fantastic diversity of
habitats, and experimented with equally
diverse adaptations to lifestyles. For example, arboreal snakes may have a prehensile tail, with well developed musculature, which allows the entire body to
be suspended from branch (Figure 14).
Fossorial snakes live below ground
and are generally small and have morphological adaptations for digging, such
as the fusion of scales on the head to
reduce friction, and scales on the snout
specialized for digging. Aquatic snakes
usually have the eyes and nostrils positioned on top of the head, to see and
breath at the surface without needing
to expose the rest of the head (Figure
15). Sea snakes have glands below the
tongue to excrete the excess salt they
ingest with sea water. Other marine
vertebrates also have glands with the
45
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| Figura 15 - Cobras aquáticas, como esta
Helicops angulatus, possuem olhos e
narinas posicionados na parte superior
da cabeça, o que permite a respiração e
visão sem retirar o corpo da água.
Figure 15 - Aquatic snakes, such as
this Helicops angulatus, have eyes and
nostrils positioned on the top of the head,
permitting respiration and vision without
having to lift the head out of the water.
| Figura 14 - A Periquitamboia
Corallus caninus possui cauda
preênsil com força suficiente
para suspender o corpo em um
galho.
Figure 14 - The Emerald Tree
Boa Corallus caninus has a strong
prehensile tail, which is able to
suspend the body from a branch.
na d´água sem precisarem expor o resto da cabeça (Figura
15). Cobras marinhas possuem
glândulas embaixo da língua,
que têm a função de eliminar
o excesso de sal proveniente da água do mar. Outros vertebrados possuem glândulas
em diferentes lugares do corpo que cumprem a mesma função, como aves marinhas, com
glândulas de sal nas narinas,
tartarugas, abaixo dos olhos,
e crocodilianos, na língua. As cobras
marinhas também possuem caudas lateralmente achatadas, que funcionam
como lemes de barcos, para direcionar
o sentido da natação.
As cobras que vivem em desertos
são mais resistentes a temperaturas
elevadas e à escassez de água do que
as que vivem em ambientes úmidos.
Elas podem se deslocar por baixo do
solo, graças a válvulas nasais que evitam a entrada de areia pelas narinas.
Características locais do ambiente,
como disponibilidade e tamanho dos
igarapés, podem influenciar o uso de
46
same function in different places, such
as seabirds with salt glands in the nostrils, turtles with glands under the eyes
and crocodilians with salt glands on the
tongue. Sea snakes also have laterally
flattened tails, which function like the
rudders on boats, to guide swimming
and aid in propulsion.
Snakes that live in deserts are more
resistant to high temperatures and
lack of water than those that live in
humid environments. They can move
underground without clogging the
nostril thanks to valves that prevent
sand from entering.
hábitats pelas cobras, de modo a favorecer a presença de algumas espécies e ausência de outras (Figura 16).
Então, algumas espécies são encontradas mais frequentemente em certos
tipos de ambientes em Manaus. Apesar de muitas cobras se movimentarem
muito, e frequentemente cruzarem diversos lugares dentro da floresta, elas
procuram por lugares adequados para
caçar, dormir ou regular a temperatura
do corpo (termorregulação). Algumas
Local characteristics, such as availability and size of the streams, can influence the distribution of snakes, so
that some species are favored and others excluded (Figure 16). Thus, some
species are found more frequently in
certain types of environments around
Manaus, such as near or in streams, in
tree falls or in places with many termite mounds. However, most snakes
move around a lot as they seek places to rest or feed, so most species can
be found in most places at some time
| Figura 16 - Características do ambiente,
como disponibilidade e tamanho dos
igarapés, podem influenciar o uso de
hábitats por cobras.
Figure 16 - Environmental factors, such
as availability and size of streams may
influence habitat use by snakes.
47
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
espécies utilizam lugares diferentes ao
longo do dia, por exemplo, as Cobras-cipó do gênero Chironius caçam no
chão durante o dia, mas escalam as árvores para dormir à noite. Na Tabela 2
apresentamos os tipos de hábitats onde
as cobras da região de Manaus têm sido
encontradas com mais frequência, e o
período do dia em que as espécies geralmente estão ativas, caçando ou se
movimentando.
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
or another. Some species use different
places throughout the day. For example, the Vine-snakes of the genus Chironius hunt on the ground during the day,
but climb into trees to sleep at night.
In Table 2 we present the types of habitats where the species of snakes of the
Manaus region have been found most
frequently, and time of day at which
species are usually found active, hunting or moving.
Tabela 2. Tipos de hábitats onde as cobras da região de Manaus são encontradas com mais frequência, e período do dia em que estão ativas, caçando
ou se movimentando. [M = movimentação, F = forrageio (caça), R = repouso, T = termorregulação]
Table 2. Types of habitat where snakes in the region of Manaus are found more
often, and the time of day in which they are active, hunting or moving. [M =
move, F = foraging (hunting), R = resting, T = thermoregulation]
Leptotyphlopidae
Epictia tenella
Typhlopidae
Typhlops reticulatus
48
M/F/R
M
M/F/R
M
X
Noturna Nocturnal
Água Water
Vegetação alta High vegetation
Vegetação baixa Low vegetation
Sobre solo / folhiço On the ground / leaf litter
Family / species
Subsolo Underground
Família / Espécie
Sob folhiço Under leaf litter
Hábitat / Habitat
Diurna Diurnal
Atividade /
Activity
Anomalepididae
Typhlophis squamosus
Aniiliidae
Anilius scytale
Boidae
Boa constrictor
Corallus caninus
Corallus hortulanus
Epicrates cenchria
Eunectes murinus
Colubridae (Colubrinae)
Chironius fuscus
Chironius multiventris
Chironius scurrulus
Dendrophidion dendrophis
Drymoluber dichrous
Mastigodryas boddaerti
Oxybelis aeneus
Oxybelis fulgidus
Pseustes poecilonotus
Pseustes sulphureus
Rhinobothryum lentiginosum
Spilotes pullatus
Tantilla melanocephala
Colubridae (Dipsadinae)
Apostolepis sp.
Atractus latifrons
Atractus major
Atractus schach
Atractus snethlageae
Atractus torquatus
Clelia clelia
Dipsas aff. catesbyi
Drepanoides anomalus
Erythrolamprus aesculapii
Helicops angulatus
Helicops hagmanni
Hydrodynastes gigas
Hydrops martii
Hydrops triangularis
Imantodes cenchoa
Leptodeira annulata
Leptophis ahaetulla
M/F/R
M/R
M/F
M/F
M/F/R
M/R
M/F
M/F M/F/R
M/F
M/F
M/F/T M/R/T
M/F/R
M/F/R
M/F/R
M/F/R
M/F/R
M/F/R
M/F/R
M
M
M
M
M
M
M/F
M/F
M/F
M/F
M/F
M/F
M/F
M/F
M/F
M/F
M/F
M/F
M/F
M
M
M
M
M
M
M/F/R
M/F
M/F
M/F
M
M/F
M
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R
R
R
R
M/F/R
M/F/R
M/F/R
M/F/R
M/F/R
M/F/R
M/F/R
M/R
M/F/R
M/F/R
X
X
M/F/R
R
R
R
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
?
X
X
X
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X
X
X
R
R
R
X
X
X
X
?
X
X
X
F
M/F/R
M/F/R
M/F/R
M/F/R
M/F/R
M/F/R
M/F/R
M/F/R
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
49
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Liophis breviceps
Liophis reginae
Liophis typhlus
Liophis sp.
Oxyrhopus occipitalis
Oxyrhopus vanidicus
Philodryas argentea
Philodryas viridissima
Pseudoboa coronata
Pseudoboa martinsi
Pseudoboa neuwiedii
Siphlophis cervinus
Siphlophis compressus
Taeniophallus brevirostris
Taeniophallus nicagus
Umbrivaga pygmaea
Xenodon rabdocephalus
Xenopholis scalaris
Elapidae
Micrurus averyi
Micrurus hemprichii
Micrurus lemniscatus
Micrurus spixii
Micrurus surinamensis
Viperidae
Bothrops atrox
Lachesis muta
50
M/F
M/F
M/F/R
M
M
M
M/F
M/R
M
M/F/R
M/F/R
M/F
M/F
M
M
M
M/F
M/F
M/F
M/F
M/F/R
M/F
M/F
M/F
M/F
M/F
R
M/F
R
M
M/F
M
M/F
M
M
M/F/R
M
M/F
M/F/R
M/F/R
M/F/R
M/F/R
M/F/R
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
M/F
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
M/F/R
M/F/R
X
X
X
X
M/F
M/F
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
M/F
M/R
X
X
X
COMO AS COBRAS PERCEBEM
O AMBIENTE?
HOW DO SNAKES SENSE THE
ENVIRONMENT?
Muitas cobras conseguem elevar a
porção anterior do corpo para um nível
mais alto que o substrato, especialmente espécies que utilizam a visão para
caçar. No entanto, as cobras passam a
maior parte do tempo com o corpo no
mesmo nível que o substrato, onde a
vegetação e outros obstáculos tornam a
visão e audição pouco eficazes para sua
Many snakes can elevate the front
of the body to a level higher than the
substrate, especially species that use
vision for hunting. However, snakes
spend most of the time with the body
at the same level as the substrate,
where the vegetation and other obstacles render vision and hearing inefficient for their orientation. To com-
orientação. Para compensar essa condição, elas possuem sistemas de percepção bastante complexos, provavelmente herdados de seus ancestrais que
viviam em túneis subterrâneos.
As cobras não possuem ouvidos externos, como a maioria dos lagartos
(essa é uma ótima maneira para diferenciar lagartos que parecem cobras
das cobras verdadeiras). No entanto, as cobras percebem sons de baixa
frequência, e são capazes de perceber
movimentos que passam muitas vezes
despercebidos por nós. Os sons conduzidos pelo substrato são transmitidos ao osso quadrado (que conecta a
maxila à mandíbula), que por sua vez
transmite a outros ossos localizados
em uma estrutura homóloga ao ouvido
médio de outros vertebrados.
Cobras possuem um sistema de percepção química formado pela ação conjunta entre a língua bífida (Figura 17) e
pensate for this, they have complex
systems of perception, probably inherited from their ancestors that lived in
underground tunnels.
Snakes do not have external ears,
as in the majority of lizards (this is an
easy way to differentiate lizards that
resemble snakes from true snakes).
However, snakes sense low frequency
sounds, and are capable of perceiving
movements that are often undetected
by us. The sounds conducted by the
substrate are transmitted to the quadrate bone (which connects the jaws),
which in turn transmits to other bones
located in an internal structure that
functions like the middle ear of other
vertebrates.
Snakes have a chemical-perception
system formed by the joint action of
the forked tongue (Figure 17) and Jacobson’s organ, a structure located at
the base of the brain, with internal
| Figura 17 - A língua bífida das
cobras capta micro-partículas do
ambiente, que são interpretadas
pelo órgão de Jacobson, de forma
muito semelhante aos cheiros
interpretados pelo nosso nariz.
Falsa-coral Siphlophis compressus.
Figure 17 - The forked tongues
of snakes capture micro-particles
from the environment, which
are interpreted by the Jacobson’s
organ in much the same way as
our nose interprets smells. Falsecoral Siphlophis compressus.
51
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
o órgão de Jacobson, que corresponde a
uma estrutura localizada na base do cérebro, com aberturas internas na região
superior da boca. A língua capta micropartículas presentes no ar e as conduz
ao órgão de Jacobson, que tem a função de interpretar as diferentes sensações de odor, como direção de parceiros
sexuais, presas e predadores. Por esta
razão as cobras estão sempre dardejando a língua, para perceberem quimicamente o ambiente. Mas esse não é um
sistema exclusivo das cobras, outros lagartos, que são parentes próximos das
cobras, possuem o mesmo sistema de
percepção química.
Graças a grande área de superfície do
corpo, atribuída ao seu formato alongado, bem como aos diversos receptores
espalhados pela pele, as cobras também são muito sensíveis ao toque.
As víboras neotropicais (família Viperidae, subfamília Crotalinae), representadas pelas Jararacas, Surucucus e
Cascavéis (a última não ocorre na região de Manaus), possuem um sistema
de percepção térmica constituído pelas fossetas loreais, localizadas entre
as narinas e os olhos (Figura 18A). Essas fossetas são estruturas muito sensíveis à radiação infravermelha emitida pela temperatura do corpo das
presas, quando é mais alta do que a
temperatura do ambiente. Esse sistema é uma poderosa ferramenta utilizada por víboras que caçam durante a
52
openings to the top of the mouth. The
tongue captures micro-particles (aromas) present in the air and brings them
to the Jacobson’s organ, which has the
function of interpreting the scents for
various purposes, such as location of
sexual partners, prey and predators. For
this reason, snakes are always flicking
the tongue, to chemically perceive the
environment. However, this is not a
system exclusive to snakes, and other lizards that are closely related to
snakes also have the same mechanism
for chemical perception.
Because of their enlongated form,
snakes have a large surface area, and
the many mechanical receptors dispersed through the skin make them
also sensitive to touch.
The Neotropical Pit Vipers (family
Viperidae, subfamily Crotalinae), represented by Lanceheads, Bushmasters
and Rattlesnakes (the later does not
occur in the Manaus region), have a
system of thermal perception in loreal pits located between the nostrils
and the eyes (Figure 18A). The sensors in these pits are sensitive to the
difference in infrared radiation when
the prey´s body temperature is higher
than the temperature of the surroundings. This system is a powerful tool for
snakes which hunt mammals and birds
at the night, such as the Lanceheads
and Bushmasters (species of the genera Bothrops and Lachesis).
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
noite, na região de Manaus representadas pelas Jararacas e Surucucus (gêneros Bothrops e Lachesis).
Alguns pitonídeos (Pítons, não ocorrem naturalmente no Brasil) e boídeos,
como as espécies do gênero Corallus
(Periquitamboia, Cobra-papagaio), possuem receptores térmicos localizados
ao longo da boca, entre as escamas labiais (Figura 18B). Essas fossetas são
utilizadas para perceber diferenças de
temperatura entre os corpos das presas
e o ambiente, mas possivelmente é um
sistema menos eficiente em comparação ao dos viperídeos.
Todas as cobras que possuem fossetas loreais localizadas entre os olhos
Some pythons, which do not occur naturally in Brazil, and boas, such
as species of the genera Corallus (tree
boas), have thermal receptors located
along the mouth, in pits between the
labial scales (Figure 18B). These pits are
used to perceive differences in temperature between the prey and the background, but the system is believed to
be less effective than that of the vipers.
All of the snakes with loreal pits located between the eyes and the nostrils are venomous, but the true coral snakes and some species with rear
fangs (see the topic “Snake bites”) are
venomous and do not have pits. Snakes
that have labial pits are not venomous.
| Figura 18 - Algumas cobras possuem órgãos capazes de perceber a presença
de outros animais por meio do calor emitido pelo corpo. Os crotalíneos, como a
Jararaca-verde Bothriopsis bilineata (A), possuem fossetas loreais, enquanto alguns
boídeos, como a Periquitamboia Corallus batesii (B), possuem fossetas labiais. Foto:
Sérgio A. A. Morato (18A).
Figure 18 - Some snakes have organs capable of sensing the presence of other
animals by means of the heat emitted from the body. Crotalins, such as the Green Pit
Viper Bothriopsis bilineata (A), have loreal pits, while some boids, such as the Emerald
Tree Boa Corallus batesii (B), have labial pits. Photo: Sérgio A. A. Morato (18A).
53
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
e as narinas são peçonhentas, mas as
Corais verdadeiras e algumas espécies
com dentição opistóglifa (veja o tópico “Mordidas de cobras”) são peçonhentas e não possuem fossetas. As
cobras que possuem fossetas labiais
não são peçonhentas.
Para localizar a superfície da água
nos oceanos, a cobra marinha Aipysurus laevis possui receptores de luz na
cauda, uma adaptação importante para
a sobrevivência da espécie no ambiente marinho, porque nem sempre é fácil
determinar o caminho para cima quando se está dentro da água. Muitos mergulhadores se arriscam aprendendo.
O QUE MATA AS COBRAS?
Espécies de grande porte como a
Sucuri (Eunectes murinus), a maior cobra do mundo em massa corpórea, são
eventualmente predadas por Jacarés-açus (Melanosuchus niger) e mais
frequentemente pelo homem. Mas, a
grande maioria das espécies de cobras
é predada por diversos grupos de vertebrados. Entre os predadores naturais,
as aves se destacam por localizarem
as cobras pela visão, como as corujas,
gaviões e garças. Entre os mamíferos
predadores de cobras na região de Manaus estão os felinos (Jaguatirica, Gato-maracajá), Quatis (Nasua nasua) e
cachorros selvagens (Speothos). Mucuras (Gambás) são imunes ao veneno de
cobras, e por isso as cobras constituem
um componente importante de sua die-
54
The sea snake Aipysurus laevis has
light receptors in the tail to locate the
surface of the sea, an important adaptation because it is not always easy to
determine which way is up when you
are underwater, as many scuba divers
have learned to their peril.
WHAT KILLS SNAKES?
Large snakes, such as the Green
Anaconda (Eunectes murinus), the
species that attains the largest body
mass of any snake in the world, are
sometimes preyed on by Black caiman
(Melanosuchus niger) and more frequently by man. However, most snake
species are preyed upon by many vertebrates. Birds, such as owls, hawks
and herons, are known for locating
snakes by sight. Mammalian predators of snakes in the Manaus region include cats (Ocelots, Margay cats), Coatimundis and wild dogs (Speothos).
Opossums are immune to the venom of
snakes, and snakes constitute an important component of their diet. Apparently, no mammal in the Manaus region is a specialist in hunting snakes
or uses them as the sole source of
food. In general, the mammalian predators of Manaus are generalists, consuming various types of prey, including snakes.
Ants constitute the largest animal biomass in the Amazon. Snakes
in Manaus have been found with severe consequences resulting from ant
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
ta. Aparentemente, nenhum mamífero
na região de Manaus é especialista em
caçar cobras ou utilizá-las como única
fonte de alimento. De modo geral, os
mamíferos predadores de Manaus são
generalistas, consomem vários tipos de
presas, dentre elas as cobras.
attacks, such as exposed bones in the
tail (Figure 19). Aquatic, fossorial and
arboreal snakes are better protected
from ant attacks than terrestrial species. Possibly for this reason, many
terrestrial snakes sleep on vegetation
rather than the ground.
As formigas constituem o grupo de
maior biomassa animal na Amazônia.
Em Manaus, cobras foram encontradas com severas sequelas decorrentes
do ataque por formigas, como ossos da
cauda expostos (Figura 19). As cobras
aquáticas, fossoriais e arborícolas estão
mais protegidas dos ataques por formigas em comparação a cobras terrestres.
Possivelmente por essa razão, muitas
cobras terrestres podem procurar abrigo
sobre a vegetação para dormir.
At least ten species of snakes which
occur in the Manaus area eat other
snakes (ophiophagy). Some are opportunists that occasionally eat other
snakes which cross their path, such as
the False Coral Snake Anilius scytale.
Others are adapted to capture, ingest
and digest long bodied animals, such
as true coral snakes of the genera Micrurus, the false coral Erythrolamprus
aesculapii and the Mussuranas (genera
Clelia and Pseudoboa). In rural communities, ophiophagus snakes may reduce the risk of snake bites, because
they eat venomous snakes.
Pelo menos dez espécies de cobras
que ocorrem na região de Manaus se
alimentam de outras cobras (ofiofa-
| Figura 19 - As formigas podem causar ferimentos graves em outros animais, como essa
Cobra-cipó Chironius multiventris, cujos ossos da cauda foram expostos após um ataque.
Figure 19 - Ants can cause serious injuries in other animals, such as this South
American Sipo Chironius multiventris, whose tail bones were exposed after an attack.
55
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
gia). Algumas são oportunistas que
eventualmente comem outras cobras
que cruzam o seu caminho, como a Falsa-coral Anilius scytale. Outras são anatomicamente adaptadas para capturar,
ingerir e digerir animais de corpo alongado, como as Cobras-corais verdadeiras do gênero Micrurus, a Falsa-coral
Erythrolamprus aesculapii e as Mussuranas (gêneros Clelia e Pseudoboa). Em
comunidades de zonas rurais as cobras
ofiófagas podem reduzir o risco de acidentes ofídicos, porque algumas espécies podem caçar cobras peçonhentas.
COMO AS COBRAS SE
DEFENDEM?
Estratégias de defesa podem definir o limite entre a vida e a morte,
considerando que a floresta está repleta de predadores à espreita, prontos para devorar suas presas. Não por
serem perversos, mas apenas por que
precisam se alimentar. Quanto maior a
capacidade de um animal se defender,
mais alta será a chance de sobrevivência a um ataque de predador.
Ao longo de sua história evolutiva,
as cobras desenvolveram muitas estratégias para evitar o ataque de predadores.
Muitas espécies podem utilizar diferentes estratégias comportamentais ou químicas, com o propósito de tentar convencer o predador a desistir do ataque.
Muitas espécies de cobras possuem
coloração bastante críptica, o que sig-
56
HOW DO SNAKES DEFEND
THEMSELVES?
Defense strategies make the difference between life and death, because
the forest is full of predators waiting
to devour their prey. Predators do not
do this because they are cruel, but because they need to feed to survive. The
greater the ability to defend itself, the
greater the chance of a potential prey
surviving a predator attack.
During their long evolutionary history, snakes have evolved many strategies to avoid predator attacks. Many
species use behavior or chemical defenses to try to convince a predator to
give up the attack.
Most snakes have cryptic coloration
that makes them hard to detect in
their usual haunts. If you have walked
through forest or field you surely have
passed by many snakes that you did
not see. Snakes that live on the forest
floor, such as this Toad-headed Pit Viper, Bothrocophias hyoprora, have colors and patterns that blend in with the
fallen leaves (Figure 20).
Some arboreal species, such as the
Brown Vine Snake Oxybelis aeneus (Figure 21), are very similar to branches,
and you need to look very carefully to
find them. Camouflage protects them
against attack by visually oriented
predators, such as birds, and also facilitates hunting, since prey also find
it more difficult to detect the snake.
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
nifica que podem se camuflar muito
bem no ambiente que ocupam. Se você
já caminhou por uma trilha dentro de
uma área de floresta, provavelmente passou por uma cobra e não a viu.
Espécies que utilizam principalmente
o solo, como a Jararaca-nariguda Bothrocophias hyoprora, possuem cores e
desenhos no corpo que as tornam facilmente confundíveis com folhas em
decomposição no chão da floresta (Figura 20).
Algumas espécies arborícolas, como
a Cobra-cipó Oxybelis aeneus, são muito semelhantes a galhos (Figura 21), é
preciso olhar com muito cuidado para
encontrá-las. Essa condição as protege contra o ataque de predadores que
se orientam visualmente, como aves, e
também facilita a caça, uma vez que
as presas terão mais dificuldade para
perceber a presença da cobra.
| Figura 20 - A Jararaca-nariguda
Bothrocophias hyoprora se camufla muito
bem sobre as folhas em decomposição
no solo da floresta.
Figure 20 - The Toadhead Pitviper
Bothrocophias hyoprora is well
camouflaged on the leaf litter on the
forest floor.
| Figura 21 - A
camuflagem é uma
estratégia de defesa
muito eficiente para as
cobras, como a Cobracipó Oxybelis aeneus que
é facilmente confundida
com galhos de árvores.
Figure 21 - Camouflage
is a very efficient defense
strategy for snakes, such
as the Brown Vine Snake,
which is easily confused
with the branches on
which it rests.
57
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Diferente da camuflagem, as espécies que utilizam mimetismo não evitam serem vistas. Mimetismo é uma
estratégia de defesa em que espécies
inofensivas se assemelham a espécies
venenosas ou tóxicas, na coloração,
padrões de desenhos do corpo, e em
alguns casos no comportamento defensivo. Aparentemente o mimetismo
é uma ótima estratégia defensiva, porque pode manter predadores afastados
ao identificarem uma presa como potencialmente perigosa. O exemplo mais
conhecido de relacionamento mimético
em cobras ocorre entre as Corais verdadeiras e falsas, onde espécies não
peçonhentas são beneficiadas pela semelhança com espécies peçonhentas.
A semelhança ocorre tanto na coloração e padrões de desenho do corpo (sequências de anéis pretos, vermelhos,
brancos e amarelos) como também
no comportamento. Esse padrão serve
para advertir os predadores de que se
trata de uma cobra peçonhenta (Figura 22). Na região de Manaus a maioria
das Cobras-corais verdadeiras e falsas é
ativa durante o dia e à noite. Mas para
espécies exclusivamente noturnas, não
sabemos exatamente como o mimetismo pode ser eficiente, porque embora
muitos predadores consigam identificar
os anéis coloridos como sinal de alerta, na escuridão isso não é possível.
Contudo, muitos predadores de cobras,
como Quatis, procuram presas noturnas
durante o dia, em abrigos como buracos ou sob folhas. Encontrar algo seme-
58
In contrast to from camouflage,
species that use mimicry often do not
avoid being seen. Mimicry is a defense
strategy in which harmless species resemble venomous or toxic species, in
coloration, design of the body patterns, and in some cases in defensive
behavior. Mimicry serves to keep predators away because the harmless snake
appears to be dangerous. A well known
example of mimicry in snakes involves
the true and false coral snakes, where
non-venomous species benefit by resembling venomous species. The resemblance occurs both in the coloration and pattern (sequences of black,
red, white and yellow rings) and behavior. The harmless snakes look like
venomous species (Figure 22). In the
Manaus region, most true and false
coral snakes are active during the day
and night. Color mimicry would not
appear to be effective for entirely
nocturnal species, because colors are
hard to distinguish at night. However,
many predators of snakes, such as Coatimundis, unearth nocturnal prey during the day, and digging up something
that looks like a Coral-snake probably
startles the predator long enough for
the snake to make its escape.
The main difference between true
and false Coral-snakes of interest to
humans is in the teeth. The true Coral-snakes have a pair of venom injecting fangs located in the front of the
mouth. Some false coral snakes, such
as Anilius scytale and Atractus latifrons,
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
lhante a uma Cobra-coral provavelmente assusta o predador, de modo que a
cobra tem tempo suficiente para fugir.
A principal diferença entre as Corais verdadeiras e falsas pode ser observada nos dentes. As Corais verdadeiras possuem um par de presas
inoculadoras de veneno localizadas na
região anterior da boca. Em algumas
Falsas-corais as presas inoculadoras de
veneno são ausentes, como em Anilius
scytale e Atractus latifrons, ou presentes na região posterior da boca, como
em espécies de Oxyrhopus e Erythrolamprus aesculapii. Mas as espécies
que possuem dentes de veneno geralmente são pouco agressivas, e o veneno geralmente é pouco eficiente em
humanos. Contudo, existem exceções,
como as cobras do gênero Philodryas
(não possuem padrão de coloração coral), que podem causar envenenamento grave em humanos, especialmente
em crianças. De qualquer forma, olhar
os dentes de uma Cobra-coral para
identificar se é verdadeira ou falsa
pode ser uma tarefa perigosa. Em diversos casos a diferenciação e identificação entre as espécies peçonhentas
e não peçonhentas não é fácil. Neste
| Figura 22 - No mimetismo espécies
inofensivas são muito semelhantes
a espécies peçonhentas ou tóxicas,
para evitar predadores. O exemplo
mais conhecido de mimetismo em
cobras ocorre entre as Cobras-corais
verdadeiras, como Micrurus albifrons (A),
e falsas, como Erythrolamprus aesculapii
(B). Fotos: Laurie Vitt.
Figure 22 - Harmless snakes may mimic
venomous species in order to avoid
predators. The best known example of
mimicry in snakes occurs between the
true Coral-Snakes, such as Micrurus
albifrons (A), and False Coral-Snakes,
such as Erythrolamprus aesculapii (B).
Photos: Laurie Vitt.
have no venomous fangs, but some,
such as species of Oxyrhopus and Erythrolamprus aesculapii, have rear fangs.
Although rear fangs can inject venom,
most species with rear fangs are not
very aggressive and the venom generally has little effective on humans.
However there are exceptions, such as
species of the genus Philodryas (Racer Snakes without distinctive colors),
that deliver bites with serious consequences for humans. In any case, looking at the teeth to determine whether
59
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
livro apresentaremos algumas diferenças específicas para Cobras-corais da
região de Manaus, que podem auxiliar
na identificação e diferenciação de espécies de Corais verdadeiras e falsas.
Mas, caso você encontre uma Cobra-coral e tenha alguma dúvida se é verdadeira ou falsa, a melhor coisa a fazer
é não mexer com ela.
Todas as espécies de cobras possuem
um par de glândulas na base da cauda, que liberam substâncias químicas
na presença de um predador. Em muitas espécies, como Dipsas aff. catesbyi,
Leptodeira annulata e Siphlophis compressus, essas substâncias são fétidas
de modo similar ao cheiro de animais
mortos em estado avançado de putrefação. Alguns predadores generalistas
devem evitar comer carniça, devido à
probabilidade de ingerirem bactérias
causadoras de doenças, mas não existem estudos que mostram que predadores sejam detidos por essas secreções.
De qualquer forma, algumas espécies
exibem um comportamento defensivo
em que se fingem de mortas, como a
Falsa-jararaca Xenodon rabdocephalus.
Outras espécies utilizam a intimidação como estratégia defensiva (Figura
23), especialmente se forem acuadas ou
ameaçadas. Inflar o corpo e ampliar a
cabeça para parecerem maiores, vibrar
agressivamente a cauda, emitir sons
agressivos (como a Jiboia, Boa constrictor), desferir botes e morder são comportamentos para intimidar o predador.
60
it is a true or false
Coral-snake can be
a dangerous task.
In many cases,
distinguishing between venomous
and non-venomous species is not
easy. In this book,
we outline differences between
true and false Coral-snakes in the
region of Manaus,
which can distinguish species that
are harmless and
dangerous to humans. However, if you find any snake
and have doubts as to whether it is venomous, the best thing is leave it alone.
All species of snakes have a pair of
glands at the base of the tail that release unpleasant chemicals to deter
predators. In many species, such as
Dipsas aff. catesbyi, Leptodeira annulata and Siphlophis compressus, these
secretions smell like a decomposing
body in advanced state of putrefaction. Some generalist predators may
avoid eating carrion, because of the
likelihood of bacteria that can cause
diseases, but there are no studies
showing what predators are deterred
by these secretions.
Other species use intimidation as a
defense strategy (Figure 23), especially
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| Figura 23 - Algumas espécies de cobras utilizam a intimidação
como uma estratégia de defesa, como esta Cobra-cipó Oxybelis
aeneus.
Figure 23 - Some snake species use intimidation as defensive
strategy, such this Brown Vine Snake Oxybelis aeneus.
Autotomia é um
comportamento
defensivo no qual
um animal perde
parte ou partes do
próprio corpo, geralmente a cauda.
Isso é bastante
comum em lagartos, mas raro em
cobras. No entanto, foi observado
em indivíduos das
Cobras-cipó Dendrophidion dendrophis e
Drymoluber dichrous. A parte amputada da cauda se movimenta por espasmos musculares durante alguns minutos após a ruptura. Esse comportamento
provavelmente atrai a atenção do predador enquanto a cobra tem oportunidade
de fugir. De forma diferente de muitos
grupos de lagartos, as cobras não regeneram a cauda amputada.
Na tabela 3 apresentamos os principais comportamentos defensivos exibidos pelas cobras na região de Manaus.
Alguns comportamentos são bastante
frequentes entre as espécies, como a liberação de uma secreção fétida pela cloaca, mas algumas espécies exibem comportamentos bastante especializados,
como a Falsa-jararaca Xenodon rabdocephalus, capaz de simular a própria morte.
if they are cornered or threatened. They
inflate the body and enlarge the head to
appear larger, aggressively vibrate the
tail, some, such as the Boa constrictor,
emit aggressive sounds and they strike
and bite to intimidate the predator. Some
species feign death, such as the False Ferde-lance Xenodon rabdocephalus.
Autotomy is a defensive behavior in which the animal loses part or
parts of its own body, usually the tail.
This is common in lizards, but rare in
snakes. However, the Racers Dendrophidion dendrophis and Drymoluber dichrous often break off the tail if it is
gripped by a predator. The amputated part of the tail moves with muscle
spasms for some time after the breakage. This behavior probably distracts
the predator’s attention and gives the
snake the opportunity to escape. Unlike many other lizards, snakes do not
regenerate broken tails.
In Table 3 we present the main defensive behaviors exhibited by snakes
in the Manaus region. Some behaviors are quite common among species,
such as the release of a fetid secretion by the cloaca, but some species
show very specialized behaviors, such
as the False Fer-de-Lance Xenodon rabdocephalus, capable of feigning death.
61
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Tabela 3. Comportamentos defensivos exibidos pelas cobras na região de
Manaus. [? = incerteza]
Table 3. Defensive behaviors exhibited by snakes in the Manaus region. [? = uncertainty]
Leptotyphlopidae
Epictia tenella
X
Typhlopidae
Typhlops reticulatus
Anomalepididae
Typhlophis
squamosus
Aniiliidae
Anilius scytale
X X
Boidae
Boa constrictor
X
Corallus caninus
X
Corallus hortulanus X
Epicrates cenchria X
Eunectes murinus
X
Colubridae (Colubrinae)
Chironius fuscus
X X X X X
62
X
X
X
X X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X X
X
X
X
X
X
X X
X X
X
X
X
X X
X
X
Exposição da língua Display of tongue
Eversão do hemipênis Hemipenis eversion
Vômito Regurgitation
Tanatose Thanatosis
Exposição da mucosa oral Display of oral mucosa
Rotação do corpo Rotation of the body
Emissão de ruídos Emission of noise
Constrição Constriction
Movimentos bruscos Sudden movements
Enrolar a cauda Coiling the tail
Simulação de esporão com a cauda Tail spur simulation
Autotomia de cauda Tail autotomy
Envenenamento Poisoning
Bote Strike
Mordida Bite
Ocultação da cabeça entre o corpo Hiding head between body
Debatimento Shake the body
Achatamento Flattening
Vibração de cauda Tail vibration
Family / Species
Expansão de partes do corpo Expansion in body parts
Família / Espécie
Secreção fétida Smelly secretion
Comportamento defensivo / Defensive behavior
Chironius multiventris X X
Chironius scurrulus X X
Dendrophidion
X
dendrophis
Drymoluber dichrous X
Mastigodryas
X
boddaerti
Oxybelis aeneus
X
Oxybelis fulgidus
X X
Pseustes poecilonotus X X
Pseustes sulphureus X X
Rhinobothryum
X
lentiginosum
Spilotes pullatus
X
Tantilla
melanocephala
Colubridae (Dipsadinae)
Apostolepis sp.
Atractus latifrons
Atractus major
Atractus schach
Atractus snethlageae
Atractus torquatus X
Clelia clelia
Dipsas aff. catesbyi X X
Drepanoides anomalus X
Erythrolamprus
aesculapii
Helicops angulatus
X
Helicops hagmanni
Hydrodynastes gigas
X
Hydrops martii
Hydrops triangularis
Imantodes cenchoa X
Leptodeira annulata X X
Leptophis ahaetulla
Liophis breviceps
Liophis reginae
X
Liophis typhlus
X
Liophis sp.
?
Oxyrhopus occipitalis
X X X
X X X
X X
X X
X X X
X
X
X
X
X X X
X X
X
X X X
X X
X
X
X
X
X X
X X
X X
X X
X
X
X
X
X X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X X
X
X X X
X
X
X X
X X
X X
X
X
X X X
X
X
X
X
X
X
X
X X
X
X X
X
X
X
X
?
X
X
X
X X
X
X
X
X
X
X
63
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Oxyrhopus vanidicus
Philodryas argentea
Philodryas viridissima
Pseudoboa coronata
Pseudoboa martinsi
Pseudoboa neuwiedii
Siphlophis cervinus
Siphlophis compressus
Taeniophallus
brevirostris
Taeniophallus nicagus
Umbrivaga pygmaea
Xenodon
rabdocephalus
Xenopholis scalaris
Elapidae
Micrurus averyi
Micrurus hemprichii
Micrurus lemniscatus
Micrurus spixii
Micrurus surinamensis
Viperidae
Bothrops atrox
Lachesis muta
X
X
X
X
X
X X
X X
X X
X X
X
X
X X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X X X
X X
COMO AS COBRAS REPRODUZEM? HOW DO SNAKES REPRODUCE?
As cobras evoluíram muitas estratégias reprodutivas. No Brasil, a maioria
das cobras tem reprodução ovípara, as
fêmeas depositam ovos com casca de
proteção (Figura 24). Possivelmente,
esse modo reprodutivo está relacionado ao clima quente, que fornece boas
condições para que os embriões se desenvolvam externamente ao corpo da
mãe. Em climas mais frios, muitas espécies de cobras são vivíparas, os embriões se desenvolvem internamente
64
Snakes have evolved many reproductive strategies. In Brazil, most
snake species lay eggs with protective shells (Figure 24). This reproductive mode is probably the most common because most of Brazil has a hot
climate that provides adequate temperatures for the embryos to develop
outside the mother’s body. Snakes in
cooler climates often show viviparity,
with the embryos developing within
the mother’s body. The babies are born
| Figura 24 - No Brasil a maioria das espécies de cobras tem reprodução ovípara, as
fêmeas depositam ovos com casca de proteção. Isso provavelmente ocorre devido ao
clima quente. Esse ovos foram depositados por uma Cobra-cipó Liophis typhlus.
Figure 24 - In Brazil most snakes are oviparous, and females lay eggs with protective
shells. This is probably due to the hot climate. These eggs were deposited by a
Swampsnake Liophis typhlus.
ao corpo da mãe. Os filhotes nascem
completamente formados, embora às
vezes permaneçam envoltos por uma
fina película transparente. Essa estratégia também é utilizada por algumas
espécies que ocorrem no Brasil, como
Jararacas (gêneros Bothrops, Bothriopsis e Bothrocophias), Jiboias e Sucuris (Boa constrictor, Epicrates, Eunectes and Corallus) e a Falsa-coral Anilius
scytale.
Os indivíduos machos de cobras, assim como outros lagartos, possuem órgãos sexuais pareados chamados he-
completely formed, though sometimes still encased in a thin transparent egg shell. This strategy is used by
some Brazilian species, such as Pit Vipers (species in the genera Bothrops,
Bothriopsis, Bothrocophias), Boas and
Anacondas (Boa constrictor, Epicrates,
Eunectes and Corallus), and the False
Coral-snake Anilius scytale.
Male snakes, as in other lizards,
have paired sexual organs called hemipenes. They remain inverted within the
base of the tail when not in use. Because of this, in many species, the tail
65
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
mipênis. Eles permanecem na base da
cauda, invertidos quando não estão
em uso. Por isso, em muitas espécies a
cauda dos machos é maior do que a das
fêmeas. Eles são evertidos no momento da cópula, pela ação de músculos e
elevação da pressão sanguínea. Após
a eversão, o hemipênis é introduzido
na cloaca (cavidade comum para excreção e reprodução) da fêmea, onde
adere às paredes internas graças a espinhos, espículas, pregas e papilas (Figura 25). O formato e disposição dessas estruturas, assim como o tamanho
do órgão inteiro, são características
importantes para diferenciar espécies,
e auxiliam pesquisadores a entender
as relações evolutivas entre diferentes
espécies de cobras.
of the males is longer than that of the
females. The hemipenes are engorged
by muscle action and increased blood
pressure at the time of copulation. After the erection, the hemipenis is inserted into the cloaca (common excretory and reproductive cavity) of the
female, where it adheres to the internal walls with spines, spikes, and papillary folds (Figure 25). The size, shape
and arrangement of these structures are
important characteristics to distinguish
species, and help researchers to understand the evolutionary relationships
between different species of snakes.
The females’ cloacal cavity is used
for eliminating metabolic products
(uric acid), to receive sperm, and as
an outlet to deposit eggs or live-born
| Figura 25 - Assim como em outros lagartos, os machos das cobras possuem
hemipênis, estruturas responsáveis pela cópula e condução de esperma. Os hemipênis
de diferentes espécies apresentam diferentes formas, ornamentações e cores, como o
da Caninana Drymarchon corais (A), o da Cobra-coral Micrurus surinamensis (B), e o
da Cobra-cipó Philodryas argentea (C).
Figure 25 - As in other lizards, male snakes have paired hemipenes for copulation
and sperm transfer. The hemipenes of different species have different shapes,
adornments and colors, such as these of the Yellow-Tailed Cribo Drymarchon corais
(A), Coral-Snake Micrurus surinamensis (B), and a Vine Snake Philodryas argentea (C).
66
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
A cloaca das fêmeas é uma cavidade
comum para eliminar os produtos do
seu metabolismo (ácido úrico), receber esperma e depositar ovos ou parir
filhotes. Após a introdução do hemipênis e adesão nas paredes da cloaca das
fêmeas, o sêmen escorre por canais externos, onde pode fecundar imediatamente os óvulos ou ser armazenado no
corpo da fêmea por até vários anos.
Após a cópula, um músculo retrator e a
redução da pressão sanguínea retraem
e invertem o hemipênis para dentro da
base da cauda do macho.
Em algumas espécies, as fêmeas podem ser fecundadas por vários machos,
e os espermatozoides competem pela
fecundação dos óvulos. Nesse caso,
os filhotes de uma única desova poderão ter pais diferentes. Essa é uma estratégia interessante para aumentar o
sucesso reprodutivo da fêmea, porque
aumenta a variabilidade genética e a
chance de que pelo menos alguns dos
filhotes cresçam, reproduzam e espalhem seus genes. No entanto, esta estratégia não é interessante do ponto de
vista do macho. Em algumas espécies,
após a cópula, os machos liberam uma
substância gelatinosa que fica aderida
à cavidade da cloaca e a mantém fechada, ou podem induzir torção na porção final do oviduto das fêmeas. Dessa
forma, o macho evita que as fêmeas sejam fecundadas por outros machos.
Os vertebrados evoluíram comportamentos reprodutivos bastante varia-
young. Semen can be used immediately to fertilize the eggs or can be
stored in the female’s body for several years. After copulation, a retractor
muscle and the reduction of the blood
pressure retracts and inverts the hemipenis into the base of the male’s tail.
In some species, females can receive semen from several males, and
the spermatozoa compete to fertilize
the eggs. In this case, the offspring
of a single clutch can have different
fathers. This is an interesting strategy for increasing the female’s reproductive success, because it increases
the genetic variability and the chance
that at least some of the offspring
will grow, reproduce and spread the
female’s genes. However, this is not
good for the male’s reproductive success. In some species, after copulation, the males release a gelatinous
substance, which adheres to the cavity of the cloaca and keeps it closed or
induces twisting of the end portion of
the oviducts of the females. This prevents the eggs of this female being
fertilized by other males before all the
ova have been fertilized.
Vertebrates have evolved many different courtship behaviors. In frogs,
males call to attract females (see Guide
to the Frogs of Reserva Ducke <http://
ppbio.inpa.gov.br>). Many lizards inflate the dewlap or become more colorful in the reproductive season (see
the Guide to the Lizards of Reserva
67
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
dos. Em sapos, os machos cantam para
atrair as fêmeas (veja o Guia de Sapos da Reserva Ducke <http://ppbio.
inpa.gov.br>). Muitos lagartos inflam
o papo ou se tornam mais coloridos
na estação reprodutiva (veja o Guia
de Lagartos da Reserva Ducke <http://
ppbio.inpa.gov.br>). Nas cobras, as
fêmeas liberam substâncias químicas
(feromônios) que atraem os machos.
Ocasionalmente, dois machos são atraídos pela mesma fêmea, e uma luta
entre eles pode ocorrer. O combate
geralmente não é violento, é mais semelhante a uma dança, em que os machos se entrelaçam e tentam manter
a cabeça mais elevada em relação ao
oponente. Esse comportamento perdura até que um deles seja subjugado e
desista da luta. É bastante comum em
Cobras-cipó do gênero Chironius e Cascavéis do gênero Crotalus.
Em muitos animais, especialmente
endotérmicos, que regulam a temperatura do corpo utilizando a energia obtida dos alimentos, como aves e mamíferos, os pais gastam tempo e energia
cuidando de sua prole. Esta é uma estratégia vantajosa quando o ambiente não fornece condições para o desenvolvimento dos ovos fora do corpo
da fêmea, ou quando a quantidade de
energia necessária para que o filhote
alcance a independência é maior do
que a energia que pode ser armazenada no ovo. Cuidado parental é comum
em jacarés, mas a maioria das cobras
deposita os seus ovos (ovíparas) ou
68
Ducke <http://ppbio.inpa.gov.br>). In
snakes, the females release chemical
substances (pheromones) which attract
the males. Occasionally, two males are
attracted to the same female, and a
fight may occur. The combat is generally not violent and looks like a dance
in which the males intertwine and try
to maintain their heads higher than
the opponent´s. This behavior lasts
until one of them tires and quits the
fight. This is commonly seen in Vine
Snakes of the genus Chironius and Rattlesnakes in the genus Crotalus.
In many animals, especially endotherms that regulate body temperature
using energy obtained from food, such
as birds and mammals, the parents
spend much time caring for their offspring. This is an advantageous strategy when the environment doesn’t provide conditions for the development
of the eggs outside the female’s body,
or when the quantity of energy needed for the offspring to reach independence is greater than the energy that
can be stored in the egg. Parental care
after hatching is common in Caimans,
but most snakes deposit their eggs
(oviparous species), or offspring (viviparous species) and give no further
care. The offspring are born capable of
fending for themselves, although they
may be more susceptible to predators
than are the adults.
The Asian King Cobra Ophiophagus
hannah is largest venomous snake in
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
pare seus filhotes (vivíparas) e depois
os abandonam à própria sorte. Os filhotes nascem aptos a se defenderem
sozinhos, embora possam ser mais vulneráveis ao ataque de predadores.
A Naja-real asiática Ophiophagus
hannah é a maior cobra peçonhenta do
mundo, chega a medir 5 m de comprimento. No período reprodutivo, a fêmea amontoa folhas com o corpo e a
cauda para construir um ninho, onde
deposita entre 20 e 40 ovos, aos quais
permanece cuidando por todo o período de incubação. Enrolando o corpo em
torno dos ovos, ela consegue manter a
temperatura sempre próxima a 28° C.
Se um predador se aproximar, a fêmea
se coloca em postura de defesa, erguendo o corpo e achatando o pescoço
(Figura 16). Uma estratégia semelhante é utilizada por Pítons australianos
(Pithonidae), que evoluíram a capacidade de evitar a perda de calor pelos
ovos usando contrações musculares.
the world, measuring up to 5 meters in
length. In the reproductive period, the
female pushes up piles of leaves with
the body and the tail to construct a
nest, where she lays between 20 and
40 eggs. She remains beside the nest
for the entire incubation period. By
coiling around the eggs, the female
is able to maintain the temperature
of the eggs always close to 28° C. If
a predator approaches, she raises her
body and flattens her neck in a threat
display (Figure 16). A similar strategy
to warm the eggs is used by Australian
Diamond Pythons (Pithonidae), which
evolved the capacity to increase the
temperature of the eggs by means of
muscular contractions of the body.
| Figura 26 - Naja-real asiática
Ophiophagus hannah em postura de
defesa. As fêmeas dessa espécie cuidam
dos ovos durante toda a incubação,
e podem ser bastante agressivas para
desencorajar predadores. Foto: Ruchira
Somaweera.
Figure 26 - Asiatic King Cobra
Ophiophagus hannah in a defense
posture. The females of this species
care for the eggs during the entire
incubation, and aggressively discourage
predators. Photo: Ruchira Somaweera.
69
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Na região de Manaus, aparentemente a única espécie de cobra que apresenta cuidado parental é a Surucucu-pico-de-jaca, Lachesis muta. As fêmeas
depositam os ovos em buracos no solo,
e os mantêm protegidos até a eclosão,
envolvendo-os com o próprio corpo.
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
In the Manaus region, the only species of snake that is known to show
parental care is the Bushmaster, Lachesis muta. The females deposit the
eggs in holes in the ground and coil
around them until hatching.
In Table 4 we present the reproductive modes and maximum known numbers of offspring generated by snakes
in the Manaus region. Some small species produce small litters, such as the
Blind-snake Epictia tenella, capable of
generating a maximum of three eggs at
a time. Large species can produce large
clutches, such as the Green Anaconda
Eunectes murinus, capable of generating up to 80 neonates at a time.
Na Tabela 4 apresentamos os modos
reprodutivos e números máximos de ovos
ou filhotes gerados pelas cobras na região de Manaus. Algumas espécies de pequeno porte geram ninhadas pequenas,
como a Cobra-cega Epictia tenella, capaz
de gerar no máximo três ovos. Espécies
de grande porte podem gerar ninhadas
grandes, como a Sucuri Eunectes murinus, capaz de produzir até 80 filhotes.
Tabela 4. Modos reprodutivos e numero máximo de filhotes gerados em
cada ninhada pelas cobras na região de Manaus. [? = incerteza]
Table 4. Reproductive modes and maximum number of offspring produced at a
time by snakes in the Manaus region. [? = uncertainty]
Modo de reprodução / Reproductive mode
Família / Espécie
Family / Species
Leptotyphlopidae
Epictia tenella
Typhlopidae
Typhlops reticulatus
Anomalepididae
Typhlophis squamosus
Aniiliidae
Anilius scytale
Boidae
Boa constrictor
Corallus caninus
Corallus hortulanus
Epicrates cenchria
Eunectes murinus
70
Ovípara
Oviparous
Vivípara
Viviparous
Número máximo de filhotes ou ovos
Maximum number of neonates or eggs
X
3
X
10
X
4
X
12
X
X
X
X
X
60
10
10
25
80
Colubridae (Colubrinae)
Chironius fuscus
Chironius multiventris
Chironius scurrulus
Dendrophidion dendrophis
Drymoluber dichrous
Mastigodryas boddaerti
Oxybelis aeneus
Oxybelis fulgidus
Pseustes poecilonotus
Pseustes sulphureus
Rhinobothryum lentiginosum
Spilotes pullatus
Tantilla melanocephala
Colubridae (Dipsadinae)
Apostolepis sp.
Atractus latifrons
Atractus major
Atractus schach
Atractus snethlageae
Atractus torquatus
Clelia clelia
Dipsas aff. catesbyi
Drepanoides anomalus
Erythrolamprus aesculapii
Helicops angulatus
Helicops hagmanni
Hydrodynastes gigas
Hydrops martii
Hydrops triangularis
Imantodes cenchoa
Leptodeira annulata
Leptophis ahaetulla
Liophis breviceps
Liophis reginae
Liophis typhlus
Liophis sp.
Oxyrhopus occipitalis
Oxyrhopus vanidicus
Philodryas argentea
Philodryas viridissima
Pseudoboa coronata
Pseudoboa martinsi
Pseudoboa neuwiedii
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
8
7
11
6
6
6
6
10
11
11
3(?)
12
3
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
?
3
12
5
9
8
20
?
3
2
20
20
30
?
?
5
7
6
?
5
5
?
17
12
8
13
5
?
9
71
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Siphlophis cervinus
Siphlophis compressus
Taeniophallus brevirostris
Taeniophallus nicagus
Umbrivaga pygmaea
Xenodon rabdocephalus
Xenopholis scalaris
Elapidae
Micrurus averyi
Micrurus hemprichii
Micrurus lemniscatus
Micrurus spixii
Micrurus surinamensis
Viperidae
Bothrops atrox
Lachesis muta
72
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
X
X
X
X
X
X
X
12
9
?
?
?
8
3
X
X
X
X
X
?
2
5
12
12
X
X
43
13
HUMANOS SÃO FASCINADOS
POR COBRAS
HUMANS ARE FASCINATED BY
SNAKES
Desde os primórdios da história, em
muitos povos ao redor do mundo, as
cobras têm causado sentimentos contraditórios em humanos, como medo e
repulsa, respeito e adoração. O medo e
a repulsa podem ter diversas origens.
O veneno produzido por algumas espécies possivelmente é a principal causa
das cobras serem consideradas criaturas perversas. Mas, no Brasil, menos de
14% das espécies têm potencial para
causar envenenamento grave em humanos. E essa porcentagem pode ser
ainda mais baixa, se considerarmos
que Cobras-corais verdadeiras, embora peçonhentas, raramente mordem.
O medo do veneno possivelmente tem
origem no fato de que a maioria das
pessoas nunca teve contato direto com
uma cobra e nunca recebeu orientação
correta sobre como diferenciar espé-
Since the beginning of history, in
many places around the world, snakes
have caused mixed emotions in humans, such as fear and repulsion, respect and adoration. The fear and repulsion can have different origins. The
venom produced by some species is
possibly a principal cause of snakes
being considered wicked creatures.
However, in Brazil, less than 14% of
the species are sufficiently venomous
to be a threat to humans. This percentage would be even lower if we consider that true Coral-snakes, although
venomous, rarely bite. The fear of the
venom possibly has origins in the fact
that the majority of the people have
never had direct contact with a snake
and never received proper guidance on
how to differentiate dangerous species from harmless species. Many ani-
cies perigosas de inofensivas. Muitos
animais instintivamente temem cobras,
mas em humanos, o medo possivelmente tem origem cultural ou religiosa.
No Brasil, atualmente a principal
religião é o cristianismo, onde uma
imagem negativa de uma cobra está
retratada nos jardins do Éden, como
responsável pela tentação que levou
Eva a desobedecer a uma ordem de
Deus. A cobra é associada a ações negativas que podem levar a humanidade
à sua própria ruína, como enganação,
traição e a culpa pelo pecado original.
Na Amazônia brasileira, muitos caboclos ribeirinhos sustentam lendas,
como a da cobra grande, com mais de
30 metros de comprimento, que engole canoas e pessoas. No entanto, índios amazônicos que mantêm seus
costumes tradicionais, podem não ver
cobras como criaturas malignas, mas
sim como símbolos de força e coragem
(Figura 27), reproduzidos em artesana-
mals instinctively fear snakes, but in
humans much of the fear results from
cultural or religious reasons.
In Brazil, presently, the main religion is Christianity, where a negative
imagine of a snake is portrayed in the
Garden of Eden, as responsible for the
temptation which led Eve to disobey
the Christian god’s command. The
snake is associated with negative actions which can lead humanity to their
own ruin, such as greediness, treachery and guilt for original sin.
In the Brazilian Amazon, many traditional cultures maintain legends,
such as that of the giant snake, more
than 30 meters (100 feet) in length,
which swallows canoes and people.
However, Amazonian Indians that
maintain their traditional customs do
not see snakes as malign creatures,
but as symbols of strength and courage (Figure 27), reproduced in artwork and body paintings. In the re-
| Figura 27 - Para muitos povos nativos na
Amazônia, as cobras não são consideradas
malignas, mas símbolos de força e
coragem. Índio Borari manuseando uma
Periquitamboia Corallus batesii.
Figure 27 - For many indigenous people
in the Amazon, snakes are not seen as
evil creatures, but as symbols of strength
and courage. Borari Indian handling a
Emerald Tree Boa Corallus batesii.
73
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
tos e pinturas corporais. Nas crenças
de alguns grupos indígenas, uma grande cobra passeou por sobre a floresta,
abrindo caminhos por onde correriam
as águas, e dessa forma seriam criados
os rios e igarapés. É fácil entender a
importância da cobra grande para esses índios, se considerarmos que eles
dependem dos rios e igarapés para sua
sobrevivência. Uma crença muito semelhante é encontrada entre povos
nativos da Austrália, como a lenda da
Serpente Arco-íris.
Em algumas culturas e religiões,
as cobras são admiradas e cultuadas
como deusas ou criaturas místicas. Os
antigos alquimistas em sua simbologia utilizavam uma cobra mordendo a
própria cauda, o Ouroboro (Figura 28),
para representar a eternidade, cuja definição pode estar relacionada à criação do universo. Segundo as lendas, o
Ouroboro se enrola em torno do mundo, e assim mantém seus pedaços uni-
ligion of some indigenous Amazonian
groups, a giant snake passed over the
forest, opening trails where the waters
run, and from this pattern created the
rivers and streams. It is easy to understand the importance of the giant
snake for these people, if we consider that they depend on the rivers and
streams for their survival. A similar belief is found among native Australian
people, with the legend of the Rainbow Serpent.
In some cultures and religions,
snakes are admired as gods or mystical creatures. The ancient alchemists in
their symbolism used a snake biting its
tail, the Ouroboro (Figure 28), to represent eternity, whose definition can
be related to the creation of the universe. According to legend, the Ouroboro wraps itself around the world and
so keeps the pieces together. Other religions, such as Hinduism and Shamanism, consider snakes as representatives
of healing and regeneration, where the
shedding of the skin symbolizes physical and spiritual renewal.
| Figura 28 - Uma cobra mordendo a
própria cauda é um símbolo alquimista,
denominado Ouroboro, que representa
a eternidade ou a própria criação do
universo.
Figure 28 - A snake biting its tail is an
alchemist symbol, called the Ouroboro,
which represents eternity or the
creation of the world.
74
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
dos. Outras religiões, como Hinduísmo e Xamanismo, consideravam cobras
como representantes da cura e regeneração, onde a troca de pele simbolizava renovação não apenas física, mas
também espiritual.
Os gregos antigos desenvolveram as
primeiras formas científicas de medicina, que ainda continham elementos
religiosos. As primeiras práticas científicas da medicina eram realizadas em
santuários construídos para o culto de
Esculápio, o Deus da cura. Segundo a
religião grega, Esculápio, filho de Apolo e Coronis, nasceu de um ovo, na forma de uma serpente. Esculápio é representado por um ancião com uma
serpente enrolada em seu cajado, chamado Caduceu, posteriormente, consagrado como símbolo universal da
medicina. Por influência da mitologia
grega, as cobras também estão presentes nos símbolos de diversas áreas da
saúde, como a veterinária, odontologia, psicologia e farmácia (Figura 29).
Outra sociedade humana que teve
uma relação fascinante e intrigante com cobras foram os egípcios. Eles
eram politeístas (cultuavam vários
deuses) e suas entidades divinas tinham origem principalmente em fenômenos naturais e animais, como
cachorros, falcões, escaravelhos e cobras. Provavelmente um resquício
comportamental dos nossos ancestrais
hominídeos, que não compreendiam
fenômenos naturais como raios, tro-
The ancient Greeks developed the
first forms of the scientific medicine,
which still contained religious elements. The first scientific practices of
medicine were performed at shrines
constructed for the worship of Asclepius, the god of healing. According to
Greek religion, Asclepius, son of Apollo and Coronis, was born from an egg,
in the form of a serpent. Asclepius is
represented as an old man with a serpent wrapped around his staff, called
Caduceus, subsequently consecrated
as the universal symbol of medicine.
Influenced by Greek mythology, snakes
are also present in the symbols of various areas of health, such as those of
veterinary science, dentistry, psychology, and pharmacy (Figure 29).
Another human society that had
an intriguing relationship with snakes
was that of the Egyptians. They were
polytheists (they worshipped many
gods) and their divine entities were
mainly related to natural phenomena
and animals, such as dogs, falcons,
beetles and snakes. This was probably
a remnant behavior of our hominid ancestors, who didn’t understand natural
phenomena such as lightning, thunder, sun and moon movements, and so
they worshipped magical entities, superior or supernatural, and created the
first forms of religion.
The mythological goddess Apophis
(or Apopis) of the Egyptians, was a giant evil snake. According to ancient
75
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
UTILIDADES PRÁTICAS DE
COBRAS
vões, movimentação do sol e da lua, e
por isso os cultuavam como entidades
mágicas, superiores ou sobrenaturais,
o que talvez tenha sido a primeira forma de religião.
Na religiosidade egípcia, Apófis
(ou Apópis) era uma serpente gigante maligna. De acordo com as lendas,
o grande Deus Rá, juntamente com outros deuses, como Seth e Kepri, vagavam todas as noites pelo submundo,
lutando contra Apófis. A grande serpente Apófis era considerada uma cobra maligna, mas a luta diária a qual
era submetida pelos Deuses mantinha
o equilíbrio do mundo terreno.
A deusa Uadite também era representada pelos egípcios com a figura de
uma cobra. Segundo as lendas, os faraós eram protegidos contra agressores por símbolos de Uadite presentes
em suas coroas, que emitiam fogo e
expulsavam qualquer um que tentasse
atacá-los.
76
| Figura 29 - Os gregos antigos
consideravam as cobras como
símbolos de sabedoria, e por isso as
representavam como símbolos universais
para áreas da saúde, como a medicina
(A), psicologia (B) e farmácia (C).
Figure 29 - The ancient Greeks
considered snakes as symbols of
wisdom and healing and snakes were
subsequently consecrated in the
symbols used in various areas of health
care, such as medicine (A), psychology
(B) and pharmacy (C).
legends, the great god Ra, along with
other gods such as Seth and Kepri
would wander through the underworld
every night bravely fighting Apophis.
The giant snake Apophis was evil, but
the daily fight that she was submitted
to by the gods maintained the equilibrium of the world.
The goddess Uadite was also represented by Egyptians with the figure
of a snake. According to legends, the
pharaohs were protected against ag-
Os chineses antigos colocavam cobras nos porões dos navios para exterminar ratos e evitar que eles transmitissem doenças fatais aos tripulantes.
Com menor freqüência, essa técnica
também é utilizada na Amazônia Brasileira, onde os rios são as principais vias
de trânsito de pessoas e mercadorias,
e Jiboias podem ser utilizadas para o
controle de ratos nos porões de barcos.
O veneno produzido por algumas espécies, como Jararacas, pode ter aplicações na medicina, é utilizado para a
produção de medicamentos contra doenças como a hipertensão. Ainda são
raras as pesquisas nessa área no Brasil, mas venenos de cobras possivelmente têm muitas propriedades medicinais ainda não descobertas.
Outro uso de cobras por humanos é
a criação em cativeiro para o comércio
de animais de estimação (Figura 30).
No Brasil, essa prática ainda é pouco difundida, mas nos Estados Unidos
milhões de dólares são movimentados
anualmente pela indústria pet, com o
comércio de cobras e material de apoio
técnico para criadores. É preciso lembrar que a criação e comércio de animais silvestres no Brasil precisam ser
autorizados e documentados pelos órgãos ambientais competentes. Caso
contrário caracteriza crime de tráfico e
pode levar o responsável à prisão.
gressors by symbols of Uadite present
in their crowns, which emitted fire and
cast out anyone who tried to attack
them.
PRACTICAL USES OF SNAKES
The ancient Chinese put snakes in
the holds of ships to exterminate rats
and prevent them from transmitting
fatal diseases to the crew. Less frequently, this technique is also used in
the Brazilian Amazon, where the rivers
are the principle routes of transit of
people and merchandise, and Boa constictors are used for the control of rats
in the holds of boats.
The venom produced by some species, such as Lancehead Pit Vipers,
can have medical applications, and is
used for the production of medicines
against such diseases as hypertension.
Though there is very little research
in this area in Brazil, snake venom is
strongly bio-active, and possibly has
many medicinal properties that remain
to be discovered.
Another function provided by
snakes is as pets (Figure 30). In Brazil,
this practice is still not widespread,
but in the United States millions of
dollars are involved in the pet industry, with the commerce of snakes and
technical-support material for breeders. Breeding and commerce of wild
animals in Brazil must be authorized
and documented by the environmental
77
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
| Figura 30 - Os humanos criam cobras
em cativeiro como animais de estimação,
ou até para apresentações perigosas. No
Brasil, essa prática deve ser autorizada
pelos órgãos ambientais competentes.
Esta é a Naja-real (Ophiophagus hannah),
a maior cobra peçonhenta do mundo.
Figure 30 - Humans keep snakes in
captivity as pets, or even for dangerous
performances. In Brazil, this practice
should be authorized by the competent
environmental agencies. This is the King
Cobra (Ophiophagus hannah), the largest
venomous snake in the world.
As cobras cumprem um papel importante para o equilíbrio de sistemas
naturais e agrícolas. Elas são exclusivamente carnívoras e, portanto, afetam as densidades de animais que consomem, além de servirem de alimento
para outros animais como aves, mamíferos e outras cobras.
MORDIDAS DE COBRAS
As cobras possuem os dentes organizados em diferentes arranjos, que resultam em uma classificação em quatro
categorias (Figura 31): áglifas, opistóglifas, solenóglifas (ou quinetóglifas) e proteróglifas. As cobras áglifas,
como Cobras-cipó (por exemplo, gêneros Chironius, Dendrophidion e Pseustes), Jiboias (Boa constrictor) e Sucuris (gênero Eunectes) não possuem
presas inoculadoras de veneno. Uma
mordida pode até machucar, mas sem
risco de envenenamento.
78
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
As cobras opistóglifas, como a Cobra-papagaio (Oxybelis fulgidus), Falsas-corais (gênero Oxyrhopus, Erythrolamprus aesculapii e outras) possuem
um par de presas na região posterior
da boca, com sulcos por onde escorre
o veneno. A mordida pode ter consequências leves a moderadas, como febre e inchaço local, ou graves, como
morte em crianças. Este é o caso das
cobras do gênero Philodryas.
envenomating their prey. A bite might
hurt, but without risk of envenomation.
The opistoglyphous snakes, such as
the Green Vine Snake (Oxybelis fulgidus), False Coral Snakes (genus Oxyrhopus, Erythrolamprus aesculapii and
others) have a pair of fangs in the
back of the mouth, with grooves where
venom flows. The bite can cause moderate symptoms with fever and local
swelling, or have serious consequenc-
agencies. Doing otherwise characterizes a crime of trafficking and may result
in a prison sentence.
Snakes may play an important role
for the equilibrium of natural and agricultural systems. They are exclusively
carnivores and therefore could affect
the densities of animals that they eat,
besides serving as food for other animals such as birds, mammals and other snakes.
SNAKE BITES
Snake dentition can be classified in
four categories (Figure 31): aglyphs,
opistoglyphs, solenoglyphs (or chinetoglyphs) and proteroglyphs. The aglyphous snakes, such as the Vine Snakes
(e.g. species of the genera Chironius, Dendrophidion and Pseustes), Boas
(Boa constrictor) and the Anaconda
(genus Eunectes) do not have fangs for
| Figura 31 - As cobras possuem quatro configurações de dentição: A) Áglifa, sem
presas inoculadoras de veneno (Chironius carinatus), B) Opistóglifa, com presas de
veneno na região posterior da boca (Xenodon merremi), C) Proteróglifa, com presas
fixas de veneno na região anterior da boca (Micrurus spixii) e D) Solenóglifa, com
presas móveis de veneno na região anterior da boca (Crotalus durissus). Fotos:
Fernanda Magalhães.
Figure31 - Snakes have four teeth configurations: A) Aglyph, without fangs
(Chironius carinatus), B) Opisthoglyphous, with fangs in the back of the mouth
(Xenodon merremi), C) Proterogliphous with unmovable small fangs in anterior region
of the mouth (Micrurus spixii) and D) Solenogliphous, with movable large fangs in the
anterior region of the mouth (Crotalus durissus). Photos: Fernanda Magalhães.
79
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
As cobras proteróglifas possuem
duas presas pequenas na região anterior da boca, sulcadas e imóveis. No
Brasil, esse é um tipo de dentição exclusivo das Cobras-corais dos gêneros
Micrurus e Leptomicrurus, que produzem veneno neurotóxico capaz de causar morte em humanos.
As cobras solenóglifas possuem
presas grandes, localizadas na região
anterior da boca, que se deslocam pela
movimentação do osso maxilar durante
um bote. Com a boca fechada as presas
ficam retraídas. No interior dessas presas existe um canal, como uma agulha
de injeção, por onde o veneno é escoado. Essas presas são encontradas em
cobras da família Viperidae, representada na região de Manaus pela Jararaca Bothrops atrox, e pela Surucucu-pico-de-jaca Lachesis muta.
Mordidas e picadas por cobras peçonhentas ocorrem regularmente com
seres humanos, especialmente em zonas rurais. Mas, certamente morrem
mais pessoas por acidentes de trânsito do que por picadas de cobra, mesmo
em zonas rurais. Em regiões mais remotas da Amazônia, o acesso a centros de
tratamento de saúde que disponibilizam soro antiofídico (medicamento que
combate a ação do veneno de cobras)
ainda é bastante difícil. Nesses locais,
acidentes ofídicos com consequências
graves que possam ocasionar morte são
mais frequentes. Contudo, esse quadro
poderia ser revertido se a população re-
80
es, such as death in children, as has
been reported for species in the genus
Philodryas.
The proteroglyphous snakes have two
small fangs in the front of the mouth
that are hollow and unmovable. In Brazil, this type of dentition is only found
in the Coral snakes of the genus Micrurus and Leptomicrurus, which produce
neurotoxic venom that can kill humans.
The solenoglyphous snakes have large
fangs, located in the front of the mouth,
which can be swung forward with the
movement of the maxillary bone during
a strike. The fangs remain out of the way
along the roof of the mouth when it is
mouth is closed. These fangs have an internal canal, like a hypodermic needle,
where the venom flows. Solenoglyphous
fangs are found in snakes of the family
Viperidae, represented in the Manaus region by the Common Lancehead Pit Viper Bothrops atrox, and by the Bushmaster Lachesis muta.
Humans are bitten by venomous
snakes regularly, especially in rural areas. However, many more people die
from traffic accidents than by snake
bites, even in rural areas. In more remote regions of the Amazon, access to
healthcare centers that have antivenom (medicine that combats the action of the snake venom, also called
antivenin or antivenene) is still difficult. In these locations, snake bites
with serious consequences that can result in death are more frequent. How-
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
cebesse orientação adequada sobre medidas preventivas (Figura 32).
A melhor forma de combater picadas de cobras é evitá-las. O uso de
equipamentos de proteção individual, como botas de borracha e luvas de
couro é uma medida barata e simples,
que diminui consideravelmente o risco
de picada de cobras. Para moradores da
zona rural é importante manter limpa
a área em volta das casas ou da comunidade, sem acúmulo de entulhos.
Cobras podem utilizar entulhos para
se abrigar ou caçar animais abrigados,
como ratos e sapos. As trilhas mais
utilizadas também devem ser mantidas limpas, porque se houver uma cobra por perto, ela será mais facilmente avistada. Avistar uma cobra antes
de passar próximo a ela praticamente
anula a chance de uma picada ocorrer.
A melhor coisa a se fazer no caso de
picada de cobra é levá-la juntamente
com a vítima ao posto de saúde mais
ever, many bites could be avoided if
the population received adequate instructions about preventative measures (Figure 32).
The best way to prevent snake bite
is to avoid snakes. The use of personal protective equipment, such as rubber boots and leather gloves is a cheap
and simple measure, which considerably reduces the risk of snake bites.
For residents of rural areas, it is important to maintain the area around the
house or the community clean, without accumulation of debris. Snakes often use debris for shelter or to hunt
animals that shelter there, such as rats
and frogs. Frequently used trails also
need to be maintained clean, because
if there is a snake close by, it will be
seen more easily. Seeing a snake before passing close to it practically
eliminates the chance of being bitten.
The best thing to do in case of snake
bite is to take it along with the victim
| Figure 32 - Algumas cobras podem causar
ferimentos graves ou mesmo morte em
pessoas, como essa Jararaca Bothrops
atrox. Mas algumas medidas simples e
baratas podem reduzir o risco de picadas,
como o uso de botas e luvas de couro, e a
limpeza de trilhas e áreas comunitárias.
Figure 32 - Some snakes can cause
serious injury or even death to people,
such this Amazon Pitviper Bothrops atrox.
However some cheap and simple measures
can reduce the risk of bites, such as the
use of boots and leather gloves, and
cleaning of trails and communal areas.
81
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
próximo, para identificação. Isso é importante, porque o soro que combate
a ação do veneno (antiofídico) é específico para cada grupo de cobras. O
soro antibotrópico é utilizado no caso
de picadas por Jararacas (gênero Bothrops); soro antielapídico para picadas
por Cobras-corais (família Elapidae);
soro antilaquético para picadas por Surucucu-pico-de-jaca (Lachesis muta); e
soro anticrotálico para picadas por Cascavéis (gênero Crotalus). O soro polivalente pode ser administrado quando
não se sabe o tipo de cobra envolvida
no acidente, mas geralmente ele é menos eficiente. Torniquetes e remédios
caseiros podem piorar o ferimento, por
isso devem ser evitados. Pessoas que
vivem em áreas de difícil acesso devem procurar orientações sobre os cuidados em caso de picadas de cobras, e
planejar com antecedência a remoção
de vítimas para um local onde poderá
ser aplicado o soro antiofídico e outros
procedimentos médicos.
SERPENTE OU COBRA?
VENENOSO OU PEÇONHENTO?
Em alguns países de língua inglesa, o termo “cobra” é utilizado apenas
em referência às Najas, que ocorrem na
África e Ásia. Mas no Brasil, não existe diferença alguma entre serpente e
cobra. Nesse livro, utilizamos o termo
cobra, por ser mais tradicionalmente
utilizado pela população brasileira.
82
to the closest health clinic, for identification. This is important, because
the serum which combats the action
of the venom (antivenom) is specific
for each group of snakes. The bothrops
antivenom is used in the case of bites
by Lanceheads Pit Vipers (Genus Bothrops); elapid antivenom for Coralsnake bites (family Elapidae); Lachesis
serum for Bushmaster (Lachesis muta)
bites; and the Ratttlesnake serum for
Rattlesnake (genus Crotalus) bites.
Polyvalent serum can be administered
when you don’t know the type of snake
involved in the accident, but it is less
effective. Tourniquets and home remedies can worsen the injury and should
be avoided. People who live in areas
that are difficult to reach should seek
guidance about treatment in case of a
snake bite, and have efficient plans for
removing a victim to a location where
antivenom and other medical procedures can be administered.
SERPENT OR SNAKE? VENOMOUS
OR POISONOUS?
In some English speaking countries, the term “cobra” is used only
in reference to Elapid snakes that can
flatten their heads and display when
attacked. These occur in Africa and
Asia, but in Brazil serpent and cobra
are synonyms. In this book, we utilize
the term snake, because it is applies
to all species.
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
A diferença entre animal venenoso e peçonhento está principalmente
na presença ou ausência de estruturas inoculadoras de toxina, como dentes ou ferrões. Os animais denominados
venenosos são aqueles em que o veneno entra em funcionamento se o animal
foi ingerido ou absorvido passivamente
através da pele ou superfícies mucosas.
Algumas espécies de sapos são venenosas, mas envenenamentos são improváveis porque pessoas não têm o hábito
de ingerir a maioria dos sapos. O sapo
Rhaebo guttatus (Bufonidae) é capaz
de comprimir as glândulas de veneno,
expelindo-o a distâncias relativamente longas, embora não exista nenhuma
estrutura para injetar veneno (Figura
33). Os animais peçonhentos são aqueles que possuem estruturas adaptadas
para injetar ativamente a toxina, como
as aranhas com suas quelíceras, os escorpiões com seu aguilhão e as cobras
que usam as presas ou dentes.
The difference between venomous
and poisonous is principally in the
presence or not of a structure for injecting toxin, such as teeth or stingers. The animals referred to as poisonous are those in which the poison
functions when the animal is ingested or the toxin is absorbed passively
through the skin or mucosal surfaces. Some species of frogs are poisonous, but poisoning is improbable because people don’t have the habit
of eating most frogs. The Amazonian toad Rhaebo guttatus (Bufonidae)
is capable of compressing its poison
glands, and squirting the poison relatively long distances, but it has no
structure for injecting poison (Figure 33). Venomous animals are those
with structures used for actively injecting toxin, such as spiders that
use fangs, scorpions that use stingers, and snakes that use teeth.
| Figura 33 - Alguns animais venenosos
não possuem estruturas para injetar
veneno, mas o sapo Rhaebo guttatus
pode se colocar em postura de defesa e
comprimir suas glândulas para lançar
veneno a distâncias relativamente longas.
Figure 33 - Some poisonous animals do
not have structures to inject venom, but
the Spotted Toad Rhaebo guttatus can
stand in defense posture and compress
its glands to release the poison over
relatively long distances.
83
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
RESERVA DUCKE
RESERVA DUCKE
Neste livro apresentamos as cobras
da região de Manaus, estado do Amazonas, mas a maioria das espécies aqui
presentes foi encontrada durante nossos estudos na Reserva Ducke, localizada na periferia norte do município
(Figura 34). A reserva foi criada em
1963, e é administrada pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
(INPA), com uma área total de pouco
mais de 100 km2. Inicialmente foi utilizada para experimentos de silvicultura em cerca de 2% de seu território,
mas em 1972 foi declarada reserva biológica e sua cobertura vegetal foi mantida intacta.
In this book we present the snakes
of the region of Manaus, Amazonas
State, but the majority of species presented here were found during our
studies in the Reserva Ducke, located on the northern outskirts of the
city (Figure 34). The reserve was created in 1963, and is administered by
the Instituto Nacional de Pesquisas da
Amazônia (INPA) and has a total area
of a little more than 100 km2. Initially, it was used for forestry experiments in about 2% of the area near
the northeast corner, but in 1972 it
was declared a biological reserve and
the vegetation over most of the area
was maintained intact.
A cobertura vegetal predominante
da Reserva Ducke é de floresta de terra firme, o que significa que não está
sujeita a inundações por longos períodos, como florestas de várzea e igapó,
próximas aos grandes rios. Em uma visão geral, a floresta de terra firme presente na Reserva aparenta ser bastante homogênea com relação à estrutura
física, com pouca variação no solo e
vegetação, principalmente relacionada
à altitude. No entanto, estudos recentes têm demonstrado que diferenças
muitos sutis entre locais no interior
da reserva podem fazer muita diferença para alguns organismos, como por
exemplo, as cobras. O que parece superficialmente semelhante para humanos, pode ser um mosaico de lugares
bons e ruins para outras espécies.
84
The predominant vegetation of the
Reserva Ducke is upland (terra firme)
forest that it is not subject to flooding for long periods of time, as are the
ígapó and várzea forests, near major
rivers. Superficially, the terra firme forest in the reserve appears structurally homogenous, with little variation in
the soil and vegetation, which is principally related to altitude. However,
recent studies have demonstrated that
very subtle differences between locations in the interior of the reserve can
make big differences for some organisms, such as snakes. What looks superficially the same to a human can be
a mosaic of good and bad places for
other species.
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| Figura 34 - A Reserva Ducke está localizada ao norte do município de Manaus.
A cidade, representada pela coloração rosa, avança em direção à Reserva, e ela
possivelmente será convertida em um grande parque urbano.
Figure 34 - Reserva Ducke is located to the north of the city of Manaus. The city,
shown by shades of pink, is advancing around the reserve, and it will soon be a huge
urban park.
Um grande platô central divide a
Reserva Ducke no sentido norte-sul,
separando duas bacias hidrográficas.
Na porção oeste, encontram-se igarapés de água preta, que deságuam em
tributários do Rio Negro, e na porção
leste estão presentes igarapés de água
cristalina, que alimentam tributários
do Rio Amazonas. Como a maioria das
nascentes dos igarapés está no interior
da Reserva, eles geralmente não são
poluídos. No entanto, a cidade está
avançando rapidamente em direção às
fronteiras da Reserva, e possivelmente
o destino da Reserva Ducke é ser convertida em um grande parque urbano,
e algumas formas de poluição deverão
atingir o seu interior.
A large central plateau divides the
Reserva Ducke in the north-south direction, separating two watersheds.
The eastern watershed has streams
with black water that flow into tributaries of the Negro river. The streams
in the eastern watershed have clear
water and drain into tributaries of the
Amazon river. As most of the headwaters of the streams are in the interior of the Reserve, they are generally unpolluted. However, the city is
rapidly advancing around the Reserve
and it will soon become a large urban
park, and other types of pollution may
spread into the forest.
Many studies have been conducted in the Reserva Ducke over the
85
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Muitos estudos têm sido conduzidos na Reserva Ducke ao longo de
anos, especialmente após ter sido inserida como sítio de pesquisa em alguns importantes programas, como o
PELD – Pesquisas Ecológicas de Longa Duração, do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o PPBio – Programa de
Pesquisa em Biodiversidade, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). De fato, a Reserva Ducke é
um ótimo local para pesquisa, porque
apresenta extensa área de floresta bem
conservada e é muito próxima do centro urbano de Manaus. Se por um lado
a proximidade da Reserva com a cidade
representa um risco para a conservação
da floresta e de todas as espécies que
a habitam, por outro lado facilita muito a logística de pesquisas científicas.
A Reserva Ducke tem uma ótima infraestrutura, com trilhas bem definidas
e demarcadas com piquetes, acampamentos em locais estratégicos e uma
base com alojamentos, estação de rádio, sala de aula e laboratório. A Reserva também é utilizada como uma
grande sala de aula a céu aberto. Professores de ensino fundamental, médio e superior podem levar seus alunos ao Jardim Botânico localizado na
borda sul da Reserva, o qual também é
aberto ao público em geral.
A Reserva também foi privilegiada
com trabalhos de campo para duas teses sobre comunidades de cobras (Mar-
86
years, especially after being included as a research site in some important programs, such as PELD - Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (Long
Term Ecological Research), of the Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq) (National Counsel for Scientific and technological Development), and PPBio
– Programa de Pesquisa em Biodiversidade (Research Program in Biodiversity), of the Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) (Ministry of
Science, Technology and Innovation).
In fact, the Reserva Ducke is a great
place for research, because it represents a large area of well preserved forest and is very close to the urban center
of Manaus. On one hand the closeness
of the reserve to the city represents a
risk for the conservation of the forest
and all the species that live there, but
on the other hand it greatly facilitates
the logistics of scientific study.
The Reserva Ducke has excellent research infrastructure, with well defined
trails marked with pickets, strategically located camps, and a base station
with accommodations, classroom and
laboratory. The reserve is also utilized
as a large open-air classroom. Many
university courses are taught in the
reserve, and primary and secondary
teachers take their students to the Botanic Garden on the southern edge of
the reserve, which is also open to the
general public.
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
tins, 1994; Fraga, 2009), bem como
para outros estudos em nível de populações. Por causa da dificuldade de detecção de cobras, e do grande número
de espécies, apenas esforços contínuos e cooperativos podem revelar a sua
incrível diversidade.
COMO UTILIZAR ESTE GUIA
Este guia enfoca principalmente as
cobras que ocorrem na Reserva Ducke,
mas inclui algumas espécies que, embora não tenham sido registradas no
interior da Reserva, são conhecidas
para a região de Manaus. Novas espécies continuam a ser registradas, então algumas espécies conhecidas para
a região de Manaus possivelmente
ocorrem na Reserva.
| Figura 35 - A Reserva Ducke está
inserida em importantes programas
federais de pesquisa, e por isso tem ótima
estrutura para receber pesquisadores.
Este mapa mostra parte do sistema de
trilhas do Programa de Pesquisas em
Biodiversidade – PPBio, em forma de uma
grade de 25 km2. Os círculos amarelos
são parcelas permanentes para coletas de
dados em estudos de animais, plantas e
características da paisagem, como solo e
água subterrânea.
Figure 35 - Reserva Ducke is included
in important federal research programs,
and has many facilities for researchers.
This map shows the part of the trail
system of the Program for Research
in Biodiversity - PPBio, in the form of
a 25 km2 grid. The yellow circles are
permanent plots for studies of animals,
plants and landscape features, such as
soil and underground water.
The reserve is also privileged in
that field work for two theses about
snake assemblages (Martins, 1994;
Fraga, 2009), as well as many individual studies. Due to the difficulty of detecting snakes, and the large number
of species, only sustained and cooperative efforts can reveal their incredible diversity.
HOW TO USE THIS GUIDE
This guide principally focuses on
snakes known to occur in the Reserva
Ducke, but includes some species that,
although they have not been regis-
87
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
A maneira mais fácil de utilizar este
guia é olhar cuidadosamente as fotos a
procura de espécies semelhantes a que
você viu, e checar outras espécies no
tópico “Espécies semelhantes”. A contagem de escamas ao longo do corpo
tem sido a principal ferramenta utilizada pelos pesquisadores para diferenciar espécies (Figura 36), mas é difícil fazer isso em campo, e impossível
sem manusear a cobra. Para facilitar a
identificação de espécies, procuramos
na medida do possível, fornecer características mais fáceis de serem observadas, com detalhes fotográficos para
cada espécie.
Caso reste alguma dúvida, você pode
utilizar a chave de campo para identi-
tered in the Reserve, are known from
the Manaus region. Records of new
species continue to be made in the
Reserve and most the species known
from the Manaus region will probably
eventually be found there.
The easiest way to use the guide
is to scan the plates for a species
that looks like the one you saw and
check the other species listed under
the heading “Similar species”. Counting scales along the body has been the
principle tool used by researchers to
distinguish species (Figure 36), but it
is hard to use in the field, and impossible without handling the snake. To
facilitate the identification of species
as much as possible, we provide more
| Figura 36 - Conhecer nomes, posições e contagem de escamas de cobras pode ser
bastante útil para diferenciar espécies. Mas requer experiência, além de captura e
manuseio do animal.
Figure 36 - Knowing names, positions and scale counts of snakes can be very useful to
distinguish species, but it requires experience, as well as having the animal in hand.
88
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
ficação de espécies, por meio de cores
e formas. Se você deseja detalhes técnicos e identificação taxonômica mais
apurada, pode ainda utilizar a chave
morfológica, mas para isso é necessário ter a cobra em mãos e familiaridade
com nomes e posições de escamas.
Apresentamos um mapa da distribuição geográfica atualmente conhecida para cada espécie, mas alertamos
para o fato de que as amplitudes de
distribuição podem ser maiores do que
as apresentadas. O fato de uma espécie não ter sido encontrada por pesquisadores em determinada região,
não significa necessariamente que ela
esteja ausente. Diversas espécies de
cobras são relativamente difíceis de
serem encontradas, devido à camuflagem eficiente ou hábitos crípticos de
vida. E muitos lugares ainda não foram
cientificamente explorados, especialmente na Amazônia.
Fornecemos descrições das espécies
com ênfase em características úteis
para diferenciar espécies semelhantes, e informações gerais sobre hábitos de vida, alimentação, reprodução e
comportamento defensivo. Essas informações foram compiladas a partir dos
principais artigos científicos disponíveis para o tema, além de observações
em campo. Se você deseja aprofundamento técnico sobre cobras da região
de Manaus e uma relação bibliográfica
mais completa, sugerimos a leitura de
Martins e Oliveira (1999).
easily observed characteristics, with
detailed photographs of each species.
In case any doubt remains, you can
utilize the dichotomous key for identification of the species, by means of
colors and shapes. If you want technical details and more accurate identification, you can use the morphological
key, but for this it is necessary to have
the snake in hand and familiarity with
the names and positions of scales.
We show a map of the currently
known geographic distribution of each
species, but we stress that the actual
range may be larger than that shown.
The fact that a species has not been
found by researchers in a particular region does not necessarily mean that
it does not occur there. Many species
of snakes are difficult to find, due to
efficient camouflage or cryptic habits,
and many places still have not been
surveyed scientifically, especially in
the Amazon.
We provide descriptions of the species with emphasis on useful characteristics to distinguish similar species,
and general information about habits,
feeding, reproduction, and defense behavior. This information was compiled
from leading scientific articles on the
topic, plus some field observations. If
you want more in-depth technical articles about snakes in the region of
Manaus and a more complete bibliography, we recommend the monograph
by Martins and Oliveira (1999).
89
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Encontrar cobras na natureza pode
ser uma tarefa difícil e por isso algumas espécies são pouco conhecidas em
relação a sua biologia e história natural. Algumas informações que apresentamos neste guia podem estar incompletas ou mesmo erradas, sobretudo
para as espécies menos frequentemente encontradas por pesquisadores. Esse
conhecimento pode ser refinado apenas com o progresso da ciência, mas
isso pode levar anos, décadas, ou até
mesmo séculos.
O principal objetivo deste guia é
apresentar as cobras da região de Manaus a um público bastante variado,
formado por biólogos, pesquisadores, estudantes, professores, turistas e
qualquer pessoa interessada. Por isso
evitamos na medida do possível a utilização de termos técnicos. Alertamos
que cobras são animais silvestres, e,
portanto, protegidos pela legislação
ambiental brasileira. Qualquer atividade envolvendo captura deve ser informada ao Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade (ICMBio) para obtenção das licenças pertinentes. Caso você deseja observar
ou coletar cobras em áreas protegidas,
deverá ainda consultar o órgão ou instituição gestora da reserva. No caso da
Reserva Ducke, deverá solicitar autorização ao INPA.
90
As finding snakes in the wild can
be difficult, there is little known
about the biology and natural history
of many species. Some of the information we present in this guide may be
incomplete or even wrong, especially
for the species less frequently encountered by researchers. This knowledge
can be refined only with the progress
of science, but this can take years, decades, or even centuries.
The principle objective of this guide
is to present the snakes in the Manaus
region to the general public, made up
of biologists, researchers, students,
teachers, tourists, and any interested
person. Because of this, to the extent
possible, we avoid the use of technical terms. Snakes are wild animals and
thus protected by Brazilian environmental law. Any activity involving capture must be reported to the Instituto
Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) to obtain the appropriate license. In cases where you
want to observe or collect snakes in
protected areas, you must also consult
the organization responsible for the
reserve. In the case of Reserva Ducke,
you have to obtain authorization from
INPA.
Leptotyphlopidae
A família Leptotyphlopidae atualmente é representada por 12 gêneros, dos
quais três ocorrem no Brasil, e aproximadamente 115 espécies, das quais
18 ocorrem no Brasil. Estão distribuídas do sudeste dos Estados Unidos
até a Argentina, exceto nos Andes. No
Velho Mundo são conhecidas para o
Oriente Médio e norte da África. Esta
família está inserida na infraordem
Scolecophidia, um agrupamento formado por cobras que não conseguem
deslocar os ossos da estrutura mandibular e por isso se alimentam apenas de presas pequenas, como cupins
e formigas. As espécies dessa família
são consideradas as menores cobras
do mundo, em geral medem menos de
30 cm. Têm corpo cilíndrico, escamas
brilhantes e lisas, e os olhos reduzidos cobertos por uma escama ocular
fundida com as escamas supralabiais.
A extremidade da cauda possui uma
escama enrolada e pontiaguda, que é
frequentemente utilizada em um com-
92
The family Leptotyphlopidae is currently represented by 12 genera, of
which three occur in Brazil, and approximately 115 species, of which
18 occur in Brazil. They are distributed from southeast United States to
Argentina, excluding the Andes. In
the Old World, they are known from
the Middle East and the north of Africa. This family is included in the
infraorder Scolecophidia, a group
formed by snakes which cannot dislocate the jaw bones and so eat only
small prey, such as termites and ants.
The species of this family are considered the smallest snakes in the world.
In general, they measure less than
30 cm, have a cylindrical body, shiny
and smooth scales, and reduced eyes
covered by an ocular scale fused with
the supralabial scales. The tip of the
tail has a rolled and pointed scale
that is frequently used in defensive
behavior in which small snakes simulate a sting. From this comes the
portamento defensivo no qual
as pequenas cobras simulam um
ferrão. Por isso a
lenda de que elas
“picam” com a
cauda é bastante difundida no
Brasil. Os membros dessa família
vivem em túneis
subterrâneos, e
são mais frequentemente avistados após chuvas
fortes, quando
os túneis ficam
inundados. Na região de Manaus
apenas uma espécie é conhecida,
Epictia tenella, facilmente reconhecida pelas manchas amarelas na cabeça
e na ponta da cauda.
legend that
they “sting”
with the tail
that is widespread in Brazil. The members of this
family live in
subterranean
tunnels, and
are more frequently seen
after heavy
rains, when
the tunnels
flood. Only
one species is
known from
the Manaus
region, Epictia tenella, easily recognized by yellow spots on the head and the tip of
the tail.
93
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
A
| LEPTOTYPHLOPIDAE
Epictia tenella
(Klauber, 1939)
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 20 cm,
é umas das menores cobras do mundo. A coloração dorsal é formada por
linhas amarelas em zigue-zague, separadas por linhas marrom-escuras, com
uma mancha amarela na cabeça e outra
na ponta da cauda (A e B). A mancha
amarela da cabeça se estende da ponta do focinho até a parte de cima da
cabeça (A e C). Lateralmente, a cabeça é marrom-escura e amarela abaixo
dos olhos (A). O ventre é semelhante
ao dorso, mais amarelo na porção anterior do corpo (E). A ponta da cauda
é amarela com uma escama pontiaguda
que lembra um esporão (D). Os olhos
são escuros e relativamente grandes
(A), mas pouco desenvolvidos.
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Diferencia
de Typhlophis squamosus e Typhlops reticulatus por estas não possuírem manchas amarelas na cabeça e na cauda.
› DESCRIPTION - Length up to 20 cm,
it is one of the smallest snakes in the
world. The dorsal coloration consist of
zigzag yellow lines, separated by dark
brown lines, with a yellow spot on the
head and another on the tip of the tail
(A and B). The yellow spot on the head
extends from the tip of the snout to
top the of the head (A and C). Laterally, the head is dark brown and yellow
below the eyes (A). The abdomen is similar to the back, with more yellow in
the rear of the body (E). The tip of the
tail is yellow with a pointed scale which resembles a spur (D). The eyes are
dark and relatively large (A), but poorly developed.
B
› SIMILAR SPECIES - It differs from
Typhlophis squamosus and Typhlops reticulatus in that they do not have yellow
spots on the head and the tail.
C
REFERÊNCIAS/REFERENCES: DUELLMAN & SALLAS, 1991; STARACE, 1998; MARTINS & OLIVEIRA, 1999.
94
D
E
Typhlopidae
A família Typhlopidae (infraordem
Scolecophidia) é representada por 11
gêneros e 264 espécies, distribuídas
nas regiões tropicais do Novo Mundo (Américas) e Velho Mundo (África, Madagascar, Ásia, Oriente Médio e
Austrália), incluindo ilhas oceânicas
como as Filipinas. Apenas um gênero, Typhlops, é conhecido para o Brasil, atualmente representado por seis
espécies. As espécies dessa família
possuem corpo cilíndrico de diâmetro uniforme ao longo de toda sua extensão. As escamas ao redor do corpo
são brilhantes, lisas e de tamanhos
96
The family Typhlopidae (infraorder
Scolecophidia) is represented by 11
genera and 264 species, distributed in
the tropical regions of the New World
(Americas) and the Old World (Africa, Madagascar, Asia, Middle East,
and Australia), including oceanic islands, such as the Philippines. Only
one genus, Typhlops, is known in Brazil, currently represented by six species. The species of this family have
a cylindrical body with a uniform diameter throughout the total length of
the body. The body scales are shiny,
smooth and similar size on the back
semelhantes no dorso e no ventre. A
cabeça é curta, não destacada do corpo, e a cauda é reduzida a uma escama enrolada pontiaguda, que lembra
um esporão. Esta escama é frequentemente utilizada em um comportamento defensivo em que as cobras simulam um ferrão. Os membros dessa
família vivem em túneis subterrâneos
e por isso possuem olhos atrofiados,
quase imperceptíveis. Na região de
Manaus, apenas uma espécie, Typhlops
reticulatus, foi registrada.
and underside. The head is short,
with no distinct neck, and the tail
is reduced to a folded pointed scale,
which resembles a spine. This scale
is frequently used in a defensive behavior in which the snake simulates a
sting. The members of this family live
in subterranean tunnels and so have
atrophied, barely perceptible eyes.
Only one species, Typhlops reticulatus,
has been registered from the Manaus
region.
97
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
A
| TYPHLOPIDAE
Typhlops reticulatus
(Wagler, 1824)
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 52 cm.
› DESCRIPTION - Length up to 52 cm.
O dorso é marrom-escuro a negro (B e
C), com uma mancha branca que pode
estar na porção anterior da cabeça, sobre a cauda (A e B) ou em outras regiões do corpo (C). O ventre é creme (B)
ou branco (C). A extremidade da cauda
é pontiaguda, lembra um ferrão (B). Os
olhos são pouco desenvolvidos, pretos
circundados por um anel branco (A).
The back is dark-brown to black (B and
C), with a white spot which can be on
the back of the head, on top of the tail
(A and B) or on other regions of the
body (C). The underside is cream (B) or
white (C). The tip of the tail is pointed,
resembling a stinger. The eyes are poorly developed, black and surrounded
by a white ring (A).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Difere de
› SIMILAR SPECIES - It differs from
Epictia tenella por não possuir manchas
amarelas na cabeça e na cauda, além
de possuir o corpo mais robusto. Difere
de Typhlophis squamosus por ter placas
grandes sobre a cabeça, maiores que as
escamas do corpo.
Epictia tenella by not having yellow
spots on the head and the tail, as well
as having a more robust body. It differs from Typhlophis squamosus in having large plates on the head that are
larger than the body scales.
› COMENTÁRIOS - Esta espécie vive em
› COMMENTS - This species lives in tun-
galerias subterrâneas construídas por
formigas e cupins.
B
nels built by ants and termites.
C
REFERÊNCIAS/REFERENCES: BEEBE, 1946; CUNHA & NASCIMENTO, 1978; MARTINS & OLIVEIRA, 1999.
FOTOS/PHOTOS: RICARDO A. KAWASHITA RIBEIRO (A, B); CHRISTINE STRÜSSMANN (C)
98
Anomalepididae
A família Anomalepididae (Scolecophidia) é representada por quatro gêneros e 18 espécies, distribuídos pela
América do Sul e Central. No Brasil,
estão presentes dois gêneros e sete
espécies. São semelhantes aos membros das famílias Leptoyphlopidae e
Typhlopidae, mas diferem por possuírem um único dente no osso dentário
e cabeça coberta por escamas pequenas, não diferenciadas das escamas do
resto do corpo. São cobras pequenas,
com comprimento máximo em torno
100
The family Anomalepididae (Scolecophidia) is represented by four genera
and 18 species, distributed throughout South and Central America. In
Brazil, it is represented by four genera and six species. They are similar
to the members of the families Leptoyphlopidae and Typhlopidae, but
differ by having a single tooth in the
dentary bone and head covered by
small scales, not differentiated from
the scales of the rest of the body.
They are small snakes, with maximum
de 30 cm. Possuem escamas lisas, não
diferenciadas entre o dorso e o ventre, e os olhos são quase imperceptíveis. Vivem em túneis subterrâneos dos quais geralmente saem apenas
por ocasião de chuvas fortes. Apenas
uma espécie, Typhlophis squamosus,
foi registrada na região de Manaus até
o momento.
length of about 30 cm. They have
smooth scales, not differentiated between the back and the underside,
and the eyes are almost imperceptible. They live in subterranean tunnels
that they generally only leave during
heavy rains. Only one species, Typhlophis squamosus, has been registered
from the Manaus region at this time.
101
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
A
| ANOMALEPIDIDAE
Typhlophis squamosus
(Schlegel, 1839)
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 26 cm
› DESCRIPTION - Length up to 26 cm in
em machos e fêmeas. A coloração tanto
no dorso como no ventre é formada por
escamas negras ou marrom-escuras sobre a pele esbranquiçada, formando um
desenho que lembra uma rede de pesca
(A, B e D). A cabeça se destaca do restante do corpo pela cor branco-rosada
(A e C). Os olhos são vestigiais, quase
imperceptíveis (A e C).
males and females. Plenty of coloration
on the back as well as the underside
which is formed by black or dark brown
scales on pale skin, forming a design
which resembles a fishing net (A, B and
D). The head stands out from the rest
of the body because of its white-pink
color (A and C). The eyes are vestigial,
almost imperceptible (A and C).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Difere de
› SIMILAR SPECIES - It differs from
Typhlops reticulatus por não possuir
placas grandes sobre a cabeça, maiores que as escamas do corpo. Epicita tenella digere por possuir duas manchas
amarelas, uma na cabeça e outra na
ponta da cauda.
Typhlops reticulatus in not having large
plates on the head that are larger than
the body scales. Epicita tenella differs
by having two yellow spots, one on the
head and another on the tip of the tail.
› COMENTÁRIOS - Esta espécie pode vi-
B
› COMMENTS - This species usually lives
in ant nests and termite mounds.
ver associada à formigueiros e cupinzeiros.
C
REFERÊNCIAS/REFERENCES: CUNHA & NASCIMENTO, 1978; STARACE, 1998; MARTINS & OLIVEIRA, 1999.
102
D
Aniliidae
Esta família possui apenas um gênero
(Anilius) e uma espécie (Anilius scytale), com pelo menos dois morfotipos
conhecidos, com distribuição restrita à região Neotropical. O morfotipo que ocorre na região de Manaus
é amplamente distribuído pela bacia
Amazônica, e pode ser encontrado no
leste do Peru e Equador, norte da Bolívia, sul da Colômbia, norte do Brasil,
Guiana Francesa e Venezuela. Um outro morfotipo é atualmente conhecido
apenas para o leste e sul da Venezuela. A diferença entre os dois morfotipos está no número de escamas
ventrais, (o morfotipo que ocorre em
Manaus possui mais de 225 e o que
ocorre na Venezuela, menos de 225) e
na largura das faixas vermelhas e pretas (no morfotipo que ocorre Manaus
as faixas vermelhas são mais largas
que as pretas, no morfotipo da Venezuela as faixas negras são mais largas). Devido a esse padrão de coloração, Anilius scytale é conhecida como
cobra-coral, mas não é peçonhenta.
O corpo é cilíndrico, com diâmetro
104
This family only has only one genus (Anilius) and one species (Anilius scytale), with at least two morphotypes known, all restricted to
the Neotropical region. The morphotype which occurs in Manaus region
is widely distributed throughout the
Amazon basin, and found in eastern
Peru and Ecuador, northern Bolivia,
southern Colombia, northern Brazil,
French Guiana and Venezuela. Another morphotype is currently known
only from the east and south of Venezuela. The difference between the
two morphotypes is in the number of
ventral scales (the morphotype that
occurs in Manaus has more than 225,
the one which occurs in Venezuela
has less than 225) and the width of
the red and black bands (the morphotype that occurs in Manaus has red
bands that are larger than the black
bands and the black bands are larger
in the Venezuelan morphotype). Due
to this color pattern, Anilius scytale
is known as a coral snake, but it is
not venomous. The body is cylindri-
uniforme, e as escamas são brilhantes e lisas. As escamas ventrais são
ligeiramente maiores do que as escamas dorsais. A cabeça não é destacada do pescoço e os olhos
são pequenos,
inseridos no
centro de uma
escama de formato hexagonal. Na região
de Manaus, A.
scytale é frequentemente avistada na
estação chuvosa, quando as galerias
subterrâneas
que habita ficam alagadas,
forçando-a a
se movimentar
pela superfície
do solo.
cal, with a uniform diameter, and the
scales are shiny and smooth. The ventral scales are slightly larger than the
dorsal scales. The head is not distinguished from
the neck and
the eyes are
small, inserted
in the center
of a hexagonshaped scale.
In the Manaus
region, A. scytale is frequently seen
in the rainy
season, when
the subterranean galleries
they inhabit
are flooded,
forcing them
to move to
the surface.
105
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
A
| ANILIIDAE
Anilius scytale
(Linnaeus, 1758)
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 81 cm
› DESCRIPTION - Length up to 81 cm for
em machos e 1,2 m em fêmeas. A coloração dorsal é formada por faixas vermelho-alaranjadas e pretas (B). As escamas
dorsais são ligeiramente maiores que as
escamas ventrais, e têm formato hexagonal. A cabeça é vermelho-alaranjada com
um anel preto na altura dos olhos (A e C).
Os olhos são pequenos em relação à cabeça e as pupilas redondas (A). No ventre a coloração é amarelo-creme, com faixas pretas. Algumas dessas faixas podem
se fusionar, formando anéis (D). As escamas ventrais não ocupam toda a largura do ventre. A cauda é curta e possui
a mesma coloração do restante do corpo
na superfície superior, enquanto as escamas subcaudais (região ventral da cauda)
apresentam manchas vermelho-alaranjadas, sendo a extremidade da cauda totalmente vermelho-alaranjada (D).
males and 1.2 m for females. The dorsal
coloration is formed by orange-red and
black bands (B). The dorsal scales are
slightly larger than the ventral scales
and have a hexagon shape. The head
is red-orange with a black ring at the
level of the eyes (A and C). The eyes
are small in relation to the head and
the pupils round (A). The underside is
yellow-cream, with black bands. Some
of these bands may meet at the midline, forming rings around the body (D).
The ventral scales do not occupy the
total width of the underside. The tail
is short and the same color as the rest
of the body on the upper surface, while
the subcaudal scales (region under the
tail) have a red-orange spot, with the
end of the tail red-orange (D).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Pode ser
confundida com Cobras-corais verdadeiras do gênero Micrurus, mas é facilmente diferenciada pela coloração ventral
amarelo-creme. Além disso, as escamas
ventrais das Corais verdadeiras ocupam
toda a largura do ventre. Nenhuma Coral
verdadeira na região de Manaus possui
apenas faixas pretas e vermelhas.
› SIMILAR SPECIES - It can be confused with true coral snakes of the genus Micrurus, but is easily differentiated by ventral yellow-cream coloration.
Moreover, the ventral scales of the true
coral snakes cover the entire width of
the underside. No true Coral-snake in
the Manaus region has only black and
red bands.
REFERÊNCIAS/REFERENCES: BEEBE, 1946; CUNHA & NASCIMENTO, 1978; DIXON & SOINI, 1986;
DUELLMAN, 1978; MARTINS & OLIVEIRA, 1999
106
B
C
D
Boidae
A família Boidae possui cinco subfamílias: Boinae, com quatro gêneros e 28 espécies distribuídas pelas
Américas; Candoiinae, com apenas
um gênero (Candoia) e cinco espécies distribuidas no sudeste da Ásia
e ilhas oceânicas entre Ásia e Oceania; Erycinae, com um gênero (Eryx) e
12 espécies distribuídas pela África,
sul da Europa e sul da Ásia; Sanziniinae, com dois gêneros e três espécies
de distribuição restrita à ilhas oceânicas no sudeste da África; e Ungaliophiinae, com quatro gêneros e cinco
espécies distribuídas do Panamá aos
Estados Unidos. No Brasil estão presentes apenas espécies da subfamília Boinae, com o registro de quatro
gêneros e 13 espécies. Os membros
desta subfamília apresentam médio
(Jiboias e Salamantas, gêneros Corallus e Epicrates) a grande porte (sucuri Eunectes murinus, maior espécie
de cobra do mundo em volume corpóreo). Possuem caracteres bastante antigos, como vestígios ósseos da
cintura pélvica e de patas posteriores,
108
The family Boidae has five subfamilies: Boinae, with four genera and 28
species, distributed throughout the
Americas; Candoiinae, with only one
genus (Candoia) and five species distributed throughout Asia and oceanic islands between Asia and Oceania; Erycinae, with one genus (Eryx)
and 12 species distributed throughout Africa, southern Asia and southern Europe; Sanziniinae, with two
genera and two species for which
distributions are restricted to islands in southeastern Africa, and Ungaliophiinae, with four genera and
five species distributed from Panama
to Mexico. In Brazil, only the species
of the subfamily Boinae are present,
with four genera and 13 species registered. The members of this subfamily are represented by medium (Boa
Constrictors and Rainbow boas of the
genera Corallus and Epicrates) to large
species (Anaconda Eunectes murinus,
the snake species with the largest
body mass). They have ancient characters, such as vestigial pelvic bones
muito semelhantes a esporões localizados próximos à cauda, geralmente
mais evidentes em machos. A mandíbula e o crânio são extremamente móveis, possibilitam a ingestão de
presas muito grandes. São cobras exclusivamente constritoras, que utilizam a força muscular para imobilizar
e matar presas por parada cardiorrespiratória. A cabeça é triangular e coberta por escamas pequenas, irregularmente distribuídas. Os boíneos são
vivíparos, os filhotes se desenvolvem
no interior do corpo da mãe e nascem completamente formados. Espécies dos gêneros Corallus e Epicrates
possuem fossetas labiais, estruturas
de percepção térmica, localizadas nos
lábios. Na região de Manaus ocorrem
quatro gêneros da subfamília Boinae,
representados pelas seguintes espécies: Boa constrictor, Corallus caninus,
Corallus hortulanus, Epicrates cenchria
e Eunectes murinus.
and back legs that look like spines located near the tail that are generally
more evident in males. The jaws and
the head are extremely extensible, enabling them to eat large prey. These
snakes are exclusively constrictors,
which use muscular force to immobilize and kill prey by stopping blood
circulation and breathing. The head is
triangular and covered by irregularly
distributed small scales. The subfamily Boinae contains viviparous species,
in which the young develop inside
the mother’s body and are born completely formed. Species of the genera
Corallus and Epicrates have labial pits
with thermal detectors, located in the
lip scales. Four genera of the subfamily Boinae are found in the Manaus
region, and they are represented by
the following species: Boa constrictor, Corallus caninus, Corallus hortulanus, Epicrates cenchria and Eunectes
murinus.
109
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
A
| BOIDAE
Boa constrictor
(Linnaeus, 1758)
› DESCRIÇÃO - Machos e fêmeas podem
› DESCRIPTION - Males and females can
alcançar mais de quatro metros de comprimento. A coloração dorsal é predominantemente cinza nos jovens (B) e
castanha nos adultos (C). Manchas em
forma de silhuetas de morcego ou borboletas, marrons ou marrom-avermelhadas, estão presentes ao longo de todo o
dorso (D). Nas laterais do corpo as manchas são ovais (C). A cauda possui manchas avermelhadas arredondadas e bordejadas de preto, tanto na região dorsal,
quanto ventral (B, C e F). Uma faixa marrom, estreita na região dos olhos, começa no focinho, passa pela íris e termina
na região do pescoço (A, B e C). A cabeça é triangular, coberta por escamas pequenas e irregulares (E). A região ventral
da cabeça é creme com pontos pretos e
manchas acinzentadas bordejadas de
preto (F). O ventre é creme com muitos
pontos pretos de diversos tamanhos (F).
Vestígios de membros posteriores (patas) estão presentes próximos à cauda,
como dois pequenos esporões curvados.
attain more than four meters in length. The dorsal coloration is predominately grey in juveniles (B) and brown in
adults (C). Patches in the pattern of silhouettes of bats or butterflies, brown
or maroon are present the entire length of the back (D). On the sides of the
body the spots are oval (C). The tail
has round reddish spots with black boarders, on the top and underside (B, C
and F). A brown band, narrow in the
eye region, begins on the snout, passes through the iris and ends in the
neck region (A, B and C). The head is
triangular, covered by small and irregular scales (E). The under surface of
the head is cream with black dots and
grayish spots bordered with black. The
underside is cream with many black
dots of various sizes (F). Vestiges of
legs are present the near the tail as two
small curved spines.
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Visitantes
na Amazônia podem confundir com Corallus hortulanus, mas esta difere por ter
o corpo mais delgado, não possuir manchas em forma de silhuetas de morcego.
› SIMILAR SPECIES - Visitors in the
Amazon may be confused with Corallus
hortulanus, but this species differs by
having more slender body, and absence of patches in the pattern of silhouettes of bats.
REFERÊNCIAS/ REFERENCES: CUNHA & NASCIMENTO, 1978; DIXON & SOINI, 1986; HENDERSON ET
AL., 1995; MARTINS & OLIVEIRA, 1999
110
B
C
D
E
F
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Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
A
| BOIDAE
Corallus caninus
(Linnaeus, 1758)
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 1,2 m
em machos e 2 m em fêmeas. Adultos apresentam dorso verde, com faixas
transversais brancas que lembram raios
ou bumerangues irregulares (B). Nos jovens a coloração do dorso pode ser laranja, salmão ou vermelha (C). Adultos
possuem uma faixa longitudinal amarelada, que se estende lateralmente da
cabeça até o meio do corpo (B). As escamas labiais têm fossetas para percepção térmica, que dão um aspecto franjado à boca (A). As escamas de cima
da cabeça são pequenas e irregulares,
com exceção da região do focinho (D).
O ventre é branco, da cabeça à cauda
(E). Vestígios de patas estão presentes
em cada lado da cloaca, semelhantes a
dois esporões. Os olhos são dourados,
com diminutos pontos pretos e as pupilas são verticais (A e D). À noite, sob a
luz de uma lanterna, os olhos refletem
um brilho forte.
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Jovens
podem ser confundidos com Corallus
hortulanus, mas diferenciam pelas faixas brancas dorsais em forma de raios
ou bumerangues.
› DESCRIPTION - Length up to 1.2 m in
males and 2 m in females. Adults have
a green back, with white transverse
stripes which resemble lightnings or irregular boomerangs (B). The coloration
of the back of juveniles can be orange,
salmon or red (C). Adults have a longitudinal yellow stripe, which extends
laterally from the head to the middle
of the body (B). The labial scales have
pits for thermal perception, which gives a fringed appearance to the mouth
(A). The scales on top of the head are
small and irregular, with the exception
of the snout region (D). The underside
is white from head to tail (E). Vestigial
legs are present on each side of the
cloaca in the form of two spines. The
eyes are gold, with tiny black dots and
the pupils are vertical (A and D). At night, the eyes reflect strongly in the light of a flashlight.
C
D
E
› SIMILAR SPECIES - Juveniles can be
confused with Corallus hortulanus, but
can be distinguished by the white dorsal stripes in the shape of lightnings or
boomerangs.
REFERÊNCIAS/REFERENCES: BEEBE, 1946; CUNHA & NASCIMENTO, 1978; DUELLMAN, 1978; DIXON &
SOINI, 1986; HENDERSON, 1993; HENDERSON ET AL., 1995; MARTINS & OLIVEIRA, 1998; HENDERSON
ET AL., 2009
FOTO/PHOTO: SÉRGIO A. A. MORATO (C)
112
B
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
A
| BOIDAE
Corallus hortulanus
(Linnaeus, 1758)
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 1,6 m
› DESCRIPTION - Length up to 1.6 m for
em machos e 1,7 m em fêmeas. O dorso apresenta combinações de cores: manchas marrom-escuras sobre fundo castanho (B); manchas pretas e laranjas sobre
fundo cinza-azulado (C); e manchas amarelo-escuras sobre fundo amarelo (D).
Com exceção do ventre, o corpo apresenta um emaranhado de linhas brancas, que
lembram uma malha de renda (A, B, C,
D e E). A coloração do ventre pode ser
branca, creme ou acinzentada, e as manchas escuras se estendem transversalmente (F). A cauda é preênsil. A cabeça é
bem destacada do pescoço, com formato
triangular e escamas pequenas irregulares
na região superior (E). Um par de faixas
longitudinais se estende do focinho até
o final da cabeça, sendo interrompidas
pelos olhos (A). A boca é franjada, devido à presença de fossetas labiais (A). As
íris são amarelas ou marrom-escuras, com
bordas douradas e as pupilas são verticais
(A, B, C e D). À noite, sob a luz de uma
lanterna, os olhos refletem um brilho forte. Os membros locomotores posteriores
(patas) vestigiais estão presentes em forma de dois esporões na região da cloaca,
sendo mais evidentes nos machos.
males and 1.7 m for females. The back
displays combinations of colors: dark
brown spots on a brown background
(B); black and orange spots on a bluish
grey background (C); dark yellow spots
on a yellow background (D). With the
exception of the underside, the body
displays a tangle of white lines, which
resemble a mesh of lacework (A, B, C, D
and E). The coloration of the underside can be white, cream or grayish, and
dark spots that extend transversally,
occupying almost all the width of the
scales (F). The tail is prehensile. The
head is distinct from the neck, with
a triangular shape and small irregular
scales on the top (E). A pair of longitudinal bands extends from the snout
to the back of the head are interrupted by the eyes (A). The mouth is fringed, due to the presence of loreal pits
(A). The irises are yellow or dark brown, with gold boarders and the pupils
are vertical (A, B, C and D). At night,
the eyes reflect strongly in the light of
a flashlight. Vestigial legs are present
in the form of two spines in the cloacal
region, and are more evident in males.
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Pode ser
› SIMILAR SPECIES - May be confused
confundida com Bothrops atrox, mas difere pela boca franjada e por não possuir fossetas loreais.
with Bothrops atrox, but differs by having
fringed mouth and loreal pits absent.
REFERÊNCIAS/REFERENCES: BEEBE, 1946; CUNHA & NASCIMENTO, 1978; DIXON & SOINI, 1986;
DIXON ET AL., 1993; DUELLMAN, 1978; HENDERSON, 1993; STAFFORD & HENDERSON, 1996;
MARTINS & OLIVEIRA, 1999
114
B
C
D
F
E
G
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A
| BOIDAE
Epicrates cenchria
(Linnaeus, 1758)
› DESCRIÇÃO - Machos e fêmeas podem
› DESRIPTION - Males and females can
medir até dois metros de comprimento.
O dorso é marrom-avermelhado e iridescente (B). Uma série de círculos pretos está distribuída ao longo de todo o
corpo. Lateralmente a coloração é acinzentada, com uma série de manchas circulares que parecem olhos (B). As escamas labiais possuem fossetas, que dão
um aspecto franjado à boca (A). A cabeça é triangular e bem destacada do
pescoço, tendo na superfície superior
três linhas longitudinais pretas: duas
que partem por de trás dos olhos e uma
central que segue das narinas ao pescoço (C). As escamas do ventre são brancas sem manchas (D). A íris é escura,
com pequenos pontos dourados e as pupilas verticais (A e C). Patas vestigiais
estão presentes em forma de esporões
próximos à cauda, sendo mais evidentes em machos.
reach two meters in length. The back is
red-brown and iridescent (B). A series
of black circles are distributed along
the length of the body. Laterally, the
coloration is grayish, with a series of
circular spots that resemble eyes (B).
The labial scales have pits, which give
a fringed aspect to the mouth (A). The
head is triangular and clearly separated
from the neck; the upper surface has
three black longitudinal lines, two of
which start behind the eyes and a central line that runs from the nose to the
neck (C). The ventral scales are white
without spots (D). The iris is dark, with
small gold points and a vertical pupil
(A and C). Vestigial limbs are present
in the form of spines near the tail that
are more evident in males.
› ESPÉCIES SEMELHANTES - O padrão
de coloração avermelhado iridescente,
com manchas que parecem olhos nas laterais do corpo pode distinguir E. cenchria de qualquer outra cobra na região
de Manaus.
› SIMILAR SPECIES - The pattern of reddish iridescence with spots which resemble eyes on the sides of the body
distinguish E. cenchria from any other
snake in the Manaus region.
REFERÊNCIAS/REFERENCES: BEEBE, 1946; CUNHA & NASCIMENTO, 1978; DIXON & SOINI, 1986;
DUELLMAN, 1978; HENDERSON, ET AL., 1995; STARACE, 1998; MARTINS & OLIVEIRA, 1999
116
B
C
D
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
A
| BOIDAE
Eunectes murinus
(Linnaeus, 1758)
› DESCRIÇÃO - A sucuri é a maior co-
› DESCRIPTION - The Anaconda is the
bra do mundo em volume corpóreo,
mas não em comprimento. Pode chegar
a medir oito metros de comprimento.
A coloração dorsal é marrom-chocolate
com manchas pretas em forma de círculos distribuídas alternadamente ao longo do corpo (B). As laterais do corpo
mudam gradativamente em direção ao
ventre de marrom-claro até creme com
círculos pretos (B). As laterais da cabeça possuem um par de faixas negras
que se estende da região dos olhos até
a porção final da cabeça. Vista de cima,
a cabeça apresenta uma mancha pentagonal marrom-escura (C). Os olhos e
narinas se localizam em posições superiores em relação à cabeça, característica de animais aquáticos (D). O ventre
é salpicado de pontos pretos sobre um
fundo creme (E). As pupilas são verticais (A). Um par de pequenos esporões
curvados, que são vestígios de patas,
está localizado perto da cauda.
largest snake in the world in terms of
body mass, but not length. It can grow
up to 8 meters in length. The dorsal coloration is chocolate brown with black
spots in the shape of circles alternately
distributed the length of the body (B).
Toward the underside, the sides of the
body gradually change from light brown to cream with black circles (B). The
sides of the head have a pair of black
bands which extend from the eye region to the back of the head. The top
of the head has a dark brown pentagonal spot (C). The eyes and nose are
located on top of the head, a characteristic of aquatic animals (D). The underside is speckled with black dots on
a cream background (E). The pupils are
vertical (A). A pair of small curved spines, which are vestigial limbs, are located near the tail.
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Sucuris jovens podem ser confundidas com indivíduos de Helicops hagmanni, mas estes
possuem coloração vermelha no ventre
e escamas dorsais quilhadas.
› SIMILAR SPECIES - Young Anacondas
can be confused with Helicops hagmanni, but differ by not having red coloration on the underside and keeled dorsal scales.
REFERÊNCIAS/REFERENCES: BEEBE, 1946; BELLUOMINI & HOGE, 1958; BELLUOMINI ET AL., 1977;
CUNHA & NASCIMENTO, 1978; DIXON & SOINI, 1986; DUELLMAN, 1978; MURPHY, 1997;
MARTINS & OLIVEIRA, 1999
118
B
C
D E
| BOIDAE
Boa constrictor
(Linnaeus, 1758)
Colubridae
Muitos autores têm chamado a atenção para o fato de que Colubridae é
um agrupamento não-natural de espécies. Com base em genética molecular a subfamília Dipsadinae foi elevada ao nível de família por Zaher et
al. (2009), e posteriormente, também com base molecular, reintegrada
à subfamília por Pyron et al. (2011).
Considerando a atual falta de consenso
taxonômico, optamos por utilizar a definição mais atual, proposta por Pyron
et al. (2013), que considera Colubridae
como uma grande família que abriga
sete subfamílias: Natricinae, Calamariinae, Grayiinae, Pseudoxenodontinae,
Sibynophiinae, Dipsadinae e Colubrinae. Natricinae possui 33 gêneros e
210 espécies, amplamente distribuídas pelas Américas Central e do Norte
(do México ao Canadá), Europa, África
sub-Saara, leste e sudeste da Ásia; Calamariinae está representada por oito
gêneros e 87 espécies distribuídas pelo
sudeste da Ásia; Grayiinae possui apenas um gênero (Grayia) e quatro espécies, distribuídas pela África sub-Saara; Pseudoxenodontinae possui dois
120
Many authors have called attention
to the fact that Colubridae is an unnatural grouping of species. Based
on molecular genetics, the subfamily
Dipsadinae was elevated to the level
of Family by Zaher et al. (2009), and
subsequently, also based on molecular genetics, reinstated to subfamily
by Pyron et al. (2011). Considering
the current lack of taxonomic consensus, we decided to use the current
classification, proposed by Pyron et
al. (2013), which considers Colubridae as a large family which includes
seven subfamilies: Natricinae, Calamariinae, Grayiinae, Pseudoxenodontinae, Sibynophiinae, Dipsadinae and
Colubrinae. Natricinae has 33 genera
and 210 species, amply distributed
throughout Central and North America
(Mexico to Canada), Europe, sub-Saharan Africa, East and Southeastern
Asia; Calamariinae is represented by
eight genera and 87 species, distributed throughout southwestern Asia;
Grayiinae has only one genus (Grayia)
and four species, distributed throughout sub-Saharan Africa; Pseudoxen-
gêneros e 11 espécies distribuídas pelo
sul e sudeste da Ásia; Sibynophiinae
está representada por dois gêneros e
11 espécies, distribuídas pela América
Central, do Panamá ao México; Dipsadinae abriga 101 gêneros e 732 espécies distribuídas pelo Novo Mundo, nas
Américas, do Uruguai ao Canadá; e finalmente Colubrinae, com 100 gêneros
e 701 espécies amplamente distribuídas pelo Novo Mundo, nas Américas e
Velho Mundo, no sul da Europa, África
e Ásia. Colubrinae e Dipsadinae são as
únicas subfamílias de Colubridae presentes no Brasil e em toda a Amazônia. A diferenciação entre elas não é
fácil, porque a classificação é baseada em DNA e morfologia de hemipênis,
e ambos só podem ser observados em
laboratório. A família Colubridae, pela
definição de Pyron et al. (2013), agrupa por volta de 57 % de todas as espécies de cobras. As espécies são caracterizadas por uma grande variedade de
tamanhos, cores, formas, hábitos, escamações, anatomias e comportamentos. Por essa razão iremos apresentar
as espécies agrupadas em subfamílias.
odontinae has two genera and 11 species distributed through south and
southwestern Asia; Sibynophiinae is
represented by two genera and 11
species, distributed from Panama
to Mexico; Dipsadinae contains 101
genera and 732 species distributed
throughout the New World from Uruguay to Canada; and Colubrinae, with
100 genera and 701 species widely
distributed through the New and Old
Worlds, in southern Europe, Africa
and Asia. Dipsadinae and Colubrinae
are present in Brazil and in the entire Amazon. Distinguishing between
them is not easy because the classification is based on DNA and morphology of the hemipenes, and both can
only be observed in the laboratory.
The family Colubridae, in the definition of Pyron et al. (2013), includes
approximately 57 % of all species of
snakes. The species are characterized by a large variety of sizes, colors,
shapes, habits, scalation, anatomies,
and behaviors. For this reason we will
present the species grouped in subfamilies.
121
| COLUBRIDAE
Colubrinae
A subfamília Colubrinae está representada na região de Manaus por nove
gêneros e 13 espécies de cobras muito ágeis, que podem fugir em alta velocidade de uma situação de perigo.
Algumas espécies se defendem vigorosamente, como as Caninanas Spilotes pullatus e Pseustes sulphureus,
que frequentemente elevam o corpo,
inflam a região do pescoço, vibram a
cauda e desferem botes. Mas não causam sintomas graves em humanos,
porque não possuem dentes inoculadores de veneno. As duas espécies do
gênero Oxybelis presentes na região
de Manaus, no entanto, possuem dentição opistóglifa, e produzem veneno capaz de causar inchaço, febre e
sudorese excessiva. Quase todas as
espécies de Colubrinae na região de
Manaus são arborícolas, mas frequentemente se deslocam pelo solo. A exceção é Tantilla melanocephala, a menor espécie de Colubrinae presente na
região, com cerca de 40 cm, que vive
entre as camadas de folhiço no solo
da floresta.
122
The subfamily Colubrinae is represented in the Manaus region by nine
genera and 13 species of very agile
snakes, that can escape at high speed
from a dangerous situation. Some
species defend themselves vigorously, such as the Tiger Rat Snake Spilotes pullatus and Yellow-bellied Puffing Snake Pseustes sulphureus, which
frequently raise the body, inflate
the neck region, vibrate the tail and
strike. But they do not cause serious
symptons in humans, because they do
not have venomous fangs. However,
the two species of the genus Oxybelis
present in the Manaus area have rear
fangs, and the venom can cause swelling, fever and excessive sweating. Almost all the species in the Manaus region are arboreal, but frequently move
on the ground. An exception is Tantilla melanocephala, the smallest species
of Colubrinae present in the region,
which lives in leaf litter on the forest
floor.
123
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
A
| COLUBRIDAE › Colubrinae
Chironius fuscus
(Linnaeus, 1758)
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 1,6 m
› DESCRIPTION - Length up to 1.6 m for
em machos e 1,5 m em fêmeas. A coloração das escamas na maior parte do
dorso é marrom, mais avermelhada na
região do pescoço (A e F). Duas faixas
pretas estão presentes ao longo da região vertebral (B). As escamas vizinhas
à coluna vertebral possuem quilhas bastante evidentes, que formam uma saliência longitudinal do pescoço à região
da cloaca (E). A região ventral da cabeça é branca, e escurece gradativamente
até se tornar preta na região da cauda
(C). As margens das escamas ventrais
podem ser avermelhadas. A região dorsal da cabeça é marrom (C) e as laterais
são avermelhadas, com duas faixas pretas na região posterior dos olhos, mais
evidentes em adultos (A e C). As íris
são douradas a marrom-escuras e as pupilas são redondas. Quando ameaçada,
esta espécie costuma inflar a região do
pescoço (F).
males and 1.5 m for females. The coloration of the scales on most of the back
is brown, more reddish in the neck region (A and F). Two black stripes are
present in the center of vertebral column (B). The scales adjacent to the vertebrate column have distinct keels from
the neck to the cloaca (E). The underside of the head is white, and gradually
darkens until it turns black in the tail
region (C). The edges of the belly scales can be reddish. The top of the head
is brown (C) and sides are reddish, with
two black stripes in the region behind
the eyes, more evident in adults (A and
C). The irises are gold to dark brown
and the pupils are round. When threatened, this species tends to inflate the
neck region (F).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Jovens
podem ser confundidos com Dendrophidion dendrophis, mas diferem pela
combinação dos seguintes caracteres:
cor avermelhada na região do pescoço,
duas faixas pretas sobre a linha vertebral, e ventre escurecendo gradativamente da cabeça até a cauda.
C
D
E
› SIMILAR SPECIES - Juveniles can be
confused with Dendrophidion dendrophis, but differ by the combination of
the following characteristics: reddish
color in the neck region, two black stripes along the back and the underside
gradually darkening from the head until the tail.
REFERÊNCIAS/REFERENCES: CUNHA & NASCIMENTO, 1978; DIXON & SOINI, 1986; DIXON ET AL.,
1993; MARTINS & OLIVEIRA, 1999
124
B
F
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A
| COLUBRIDAE › Colubrinae
Chironius multiventris
Schmidt & Walker, 1943
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 2,6 m
› DESCRIPTION - Length up to 2.6 m for
em machos e 2,3 m em fêmeas. A coloração dorsal é verde-oliva na maior
parte do corpo, marrom na cabeça e na
cauda (A, B e D). Os jovens são marrom-esverdeados (C). O ventre é amarelo na cabeça e na cauda e esverdeado
ao longo do corpo (E). A região dorsal da cabeça é marrom-escura e as laterais são amarelas (A). Os olhos são
grandes em relação à cabeça (A). As íris
são marrons, delimitadas por dois círculos dourados, sendo um na extremidade exterior e o outro na interior (A).
As pupilas são pretas e redondas (A).
males and 2.3 m for females. The dorsal
coloration is olive green in most of the
body, brown on the head and the tail
(A, B and D).The young are greenish
brown the length of the body (C). The
underside is yellow in the head and tail
regions and greenish along the length
of the body (E). The underside of the
head is dark brown and the sides are
yellow (A). The eyes are large in relation to the head (A). The irises are brown, surrounded by two golden circles,
one on the outer edge and the other in
the interior (A). The pupils are black
and round (A).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Adultos
de Pseustes poecilonotus e jovens de
Chironius fuscus diferem porque em ambas as espécies a coloração ventral escurece gradativamente da cabeça até a
cauda.
C
D
E
› SIMILAR SPECIES - Adults of Pseustes poecilonotus and young of Chironius
fuscus differ because in both species
ventral color gradually darkens towards the tail.
REFERÊNCIAS/REFERENCES: CUNHA & NASCIMENTO, 1978; DIXON ET AL., 1993; DUELLMAN, 1978;
MARTINS & OLIVEIRA, 1999
126
B
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A
| COLUBRIDAE › Colubrinae
Chironius scurrulus
(Wagler, 1824)
Descrição: Comprimento até 2,3 m
em machos e 2,4 m em fêmeas. Os jovens são verdes, tanto no dorso como
no ventre (C), e gradativamente se tornam vermelhos na medida em que crescem (D). Quando eles atingem cerca de
70 cm de comprimento, as escamas desenvolvem manchas avermelhadas que
gradativamente se tornam mais densas
ao longo do corpo (D). Os adultos têm
coloração dorsal marrom-avermelhada,
com escamas levemente manchadas de
preto na parte de cima do pescoço e da
cabeça (A). O ventre é vermelho-alaranjado mais claro que o dorso (E). As
íris têm uma sombra escura sobre um
fundo dourado, resultando em um aspecto acinzentado (A). As pupilas são
pretas e redondas (A).
Description: Length up to 2.3 m
for males and 2.4 m for females. The
young have similar shades of green
on the back and undersides (C), and
gradually become red as they grow
(D). When they reach about 70 cm
in length, the scales develop reddish
spots which gradually become denser along the length of the body (D).
Adults have a reddish brown dorsal
coloration, with scales lightly spotted
with black on the top of the neck and
head (A and B). The underside is reddish orange, but lighter than the back
(E). The iris has a dark shadow on a
gold background, resulting in a grayish appearance (A and D). The pupils
are black and round (A and D).
B
C
D
E
Similar species: Young individuals
Espécies semelhantes: Indivídu- can be confused with Philodryas viridios jovens podem ser confundidos com ssima, but differ by not having reddish
Philodryas viridissima, mas esta espé- eyes.
cie possui olhos avermelhados.
REFERÊNCIAS/REFERENCES: CUNHA & NASCIMENTO, 1982; DIXON & SOINI, 1986; DIXON ET AL.,
1993; DUELLMAN, 1978; GASC & RODRIGUES, 1980; MARTINS & OLIVEIRA, 1999
FOTOS/ PHOTOS: VINÍCIUS T. DE CARVALHO (A, B)
128
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A
| COLUBRIDAE › Colubrinae
Dendrophidion dendrophis
(Schlegel, 1837)
› DESCRIÇÃO - Machos e fêmeas podem
› DESCRIPTION - Males and females can
medir até aproximadamente um metro.
Em vista dorsal a coloração de fundo
muda gradativamente de marrom-clara
na cabeça e pescoço, marrom-chocolate
na região mediana e marrom-escura na
cauda (B). Sobre a coloração de fundo
está presente uma série de faixas transversais, formadas no terço anterior do
corpo por escamas creme com bordas
pretas e no terço posterior por escamas
pretas com bordas creme (B). A pele entre as escamas dorsais é amarela (B). O
ventre é branco na região da cabeça e
pescoço, e se torna gradativamente amarelo em direção à cauda (D). Os olhos são
grandes em relação ao tamanho da cabeça (A e C). As íris são marrom-escuras
com uma faixa dourada na parte superior
e as pupilas são redondas (A).
measure up to approximately one meter. The dorsal background coloration
gradually changes from light brown
on the head and neck, chocolate brown in the mid regions and dark brown
on the tail (B). Superimposed on the
background color is a series of transversal bands, formed in the front third
of the body by cream scales with black
boarders and in the rear third by black scales with cream boarders (B). The
skin between the scales is yellow (B).
The underside is white on the head and
neck, and gradually turns yellow towards the tail (D). The eyes are large
in relation to the size of the head (A
and C). The irises are dark brown with
a gold band at the top, and the pupils
are round (A).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Pode ser
› SIMILAR SPECIES - It can be confused
confundida com algumas espécies de
Liophis, mas essas não possuem faixas transversais creme com bordas pretas ou pretas com bordas creme, e nem
pele amarela entre as escamas dorsais.
Difere de jovens de Chironius fuscus por
não possuir coloração vermelha no pescoço, duas faixas pretas sobre a coluna
vertebral e ventre escurecendo gradativamente da cabeça à cauda.
with some species of Liophis, but these don’t have cream bands with black
boarders, black bands with cream colored boarders and yellow skin between
the dorsal scales. It differs from juveniles of Chironius fuscus by not having
a combination of reddish color on the
neck region, two black stripes along
the back and the underside gradually
darkening from the head until the tail.
REFERÊNCIAS/ REFERENCES: CUNHA & NASCIMENTO, 1978; DIXON & SOINI, 1986; DUELLMAN,
1978; MARTINS & OLIVEIRA, 1999
130
B
C
D
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A
| COLUBRIDAE › Colubrinae
Drymoluber dichrous
(Peters, 1863)
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 1,3 m
em machos e 1 m em fêmeas. Em adultos a coloração dorsal é verde-escura ou
marrom (B). As escamas labiais são brancas (A e B). No ventre, a coloração muda
gradativamente de branca na região da
cabeça para amarela em direção à cauda
(E). A coloração dorsal em juvenis muda
com a idade. Nascem com o dorso de cor
vermelha-escura com bandas transversais
castanhas ou brancas, circundadas por algumas escamas mais escuras, e a cabeça é
manchada de marrom-avermelhada, intercalada com manchas acinzentadas (C). Os
jovens apresentam coloração escura com
bandas creme distribuídas por todo o dorso e cabeça manchada de marrom-escuro, intercalada com manchas acinzentadas
(D). Em ambos os padrões as escamas supralabiais e do pescoço são brancas (C e
D). A cor do ventre dos jovens é branca
na região anterior e mais escura na região
posterior (F). As íris são douradas na parte
superior e marrom-avermelhadas na parte inferior, com um círculo interior vermelho. As pupilas são pretas e redondas (A).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Adultos podem ser semelhantes a adultos de Clelia
clelia, mas esta possui coloração dorsal
preta brilhante uniforme e ventre branco.
Juvenis podem ser confundidos com juvenis de Mastigodryas boddaerti, mas esta
se diferencia por apresentar bandas transversais marrom-escuras irregulares sobre
o dorso, e ventre todo branco.
132
› DESCRIPTION - Length up to 1.3 m for
males and 1 m for females. In adults, the
back is uniform dark green or brown (B).
The labial scales are white (A and B). On
the underside, the coloration changes
gradually from white in the head region
to yellow towards the tail (E). The dorsal
coloration in juveniles changes with age.
They are born with a dark red background
color and brown or white transversal bands, surrounded by some darker scales, and
the head is spotted with red brown, interspersed with grayish spots (C). The
young have dark coloration with cream
colored bands distributed along all of the
back and head spotted with dark brown
interspersed with grayish spots (D). In
both patterns, the supralabial scales and
neck scales are white (C and D). The color
of the underside of the young is white to
the front and darker towards the tail (F).
The iris is golden on the top and red brown on the bottom, with a red circular interior. The pupils are round and black (A).
B
C
D
› SIMILAR SPECIES - Adults can be confused with Clelia clelia adults, but differ because C. clelia has a uniform shiny black
dorsal coloration and a white underside.
Juveniles can be confused with Mastigodryas boddaerti juveniles, but they differ
by the irregular dark brown bands over the
back and a completely white underside.
REFERÊNCIAS/REFERENCES: CUNHA & NASCIMENTO,
1978; DUELLMAN, 1978; DIXON & SOINI,
1986; NASCIMENTO ET AL., 1988; MARTINS &
OLIVEIRA, 1999
E
F
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A
| COLUBRIDAE › Colubrinae
Mastigodryas boddaerti
(Sentzen, 1796)
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 1,2 m
› DESCRIPTION - Length up to 1.2 m
em machos e 1,5 m em fêmeas. Os adultos possuem coloração marrom da cabeça até o final da cauda, com uma linha
longitudinal mais clara em cada lado do
dorso (B). O ventre é todo branco, da
cabeça ao final da cauda (D e F). Juvenis possuem faixas marrom-claras e
marrom-escuras intercaladas por todo o
dorso, e a região dorsal da cabeça marrom (C). A região ventral da cabeça é
branca com manchas escuras em juvenis (E). A íris é cinza com uma faixa
dourada na região superior, e a pupila
é redonda (A).
for males and 1.5 m for females. The
adults have brown coloration from the
head to the end of the tail, with lighter
longitudinal lines on each side of the
body (B). The underside is completely
white from the head to the end of the
tail (D and F). Juveniles have light brown and dark brown bands interspersed
over the entire body, and the top of
the head is brown (C). The underside of
the head is white with dark spots in juveniles (E). The iris is grey with a gold
stripe in the upper part, and the pupil
is round (A).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Jovens po-
› SIMILAR SPECIES - Juveniles can be
dem ser confundidos com jovens de Drymoluber dichrous, mas esta possui faixas marrom-claras estreitas e uniformes
intercaladas por faixas marrom-escuras
ou marrom-avermelhadas. Além disso, a
região ventral da cabeça é branca imaculada em D. dichrous, branca manchada de preto em M. boddaerti.
C
D
F
confused with juveniles of Drymoluber
dichrous, but differ because D. dichrous
has narrow and uniform light brown
bands interspersed with dark brown or
red brown bands. Moreover, the underside of the head is immaculate in D. dichrous, white spotted with black in M.
boddaerti.
REFERÊNCIAS/ REFERENCES: ÁVILA-PIRES, 1995; BEEBE, 1946; CUNHA & NASCIMENTO, 1978;
MARTINS & OLIVEIRA, 1999
134
B
E
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| COLUBRIDAE › Colubrinae
Oxybelis aeneus
Wagler, 1824)
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 1,4 m
› DESCRIPTION - Length 1.4 m in males
em machos e 2 m em fêmeas. O dorso é
castanho a acinzentado, com escamas
manchadas de preto ou marrom-escuro nas extremidades, lembra galhos de
plantas (B). A cabeça é marrom na parte de cima e nas laterais, com uma linha preta fina acima das escamas labiais (A e C). As escamas labiais e a
região inferior do pescoço são brancas (A). O ventre é castanho, com pontos pretos irregulares no primeiro terço
do corpo, no restante é marrom-escuro
(D). Os olhos são brancos, com manchas esverdeadas nas bordas laterais e
um anel amarelado ao redor das pupilas
redondas (A e C). Quando ameaçada,
esta espécie costuma mostrar a parte
interna da boca, de coloração azul-escura (C).
and 2 m for females. The back is brown
to grayish, with scales spotted black or
dark brown on the edges, resembling
branches of plants (B). The head is brown on the top and sides, with a thin
black line above the labial scales (A
and C). The labial scales and the lower
region of the neck are white (A). The
underside is brown with irregular black
dots on the first third of the body, and
the rest is dark brown (D). The eyes are
white with greenish spots on the edges
and a yellowish ring around round pupils (A and C). When threatened, this
species often exposes the inside of the
mouth, which is dark blue (C).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Pode ser
B
› SIMILAR SPECIES - It can be confused with Philodryas argentea, but differs by not having green longitudinal
stripes along the length of the body.
confundida com Philodryas argentea,
mas esta apresenta linhas verdes longitudinais ao longo do corpo.
C
REFERÊNCIAS/ REFERENCES: BEEBE, 1946; FITCH, 1970; CUNHA & NASCIMENTO, 1978; DIXON &
SOINI, 1986; ÁVILA-PIRES, 1995; SASA & SOLÓRZANO, 1995; MARTINS & OLIVEIRA, 1999
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D
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| COLUBRIDAE › Colubrinae
Oxybelis fulgidus
(Daudin, 1803)
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 1,6 m
› DESCRIPTION - Length up to 1.6 m for
em machos e 2 m em fêmeas. A coloração dorsal é verde-escura, da cabeça até a cauda (A e B). O ventre é verde-claro ou amarelado da cabeça até a
extremidade da cauda, com um par de
linhas longitudinais brancas ou amareladas na borda das escamas (A e D). A
cabeça é comprida, com o focinho bastante proeminente (A e C). As íris são
douradas com manchas escuras, e as
pupilas são redondas (A).
males and 2 m for females. The dorsal coloration is dark green from the
head to the tail (A and B). The underside is light green or yellowish from the
head to the end of the tail, with a pair
of longitudinal white or yellow lines
along the edge of the ventral scales (A
and D). The head is long with a prominent snout (A and C). The irises are
golden with dark spots, and the pupils
are round (A).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Devido ao
› SIMILAR SPECIES - Due to the pre-
focinho proeminente, pode ser confundida com Philodryas argentea, mas difere por não possuir linhas longitudinais verdes.
sence of a prominent snout, it can be
confused with Philodryas argentea, but
that species has three longitudinal lines on the back in shades of olive green to brown, which are absent in O. fulgidus.
B
C
REFERÊNCIAS/REFERENCES: BEEBE, 1946; FITCH, 1970; CUNHA & NASCIMENTO, 1978; DIXON &
SOINI, 1986; ÁVILA-PIRES, 1995; SASA & SOLÓRZANO, 1995; MARTINS & OLIVEIRA, 1999
138
D
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| COLUBRIDAE › Colubrinae
Pseustes poecilonotus
(Günther, 1858)
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 1,5
m em machos e 1,8 m em fêmeas. Em
adultos o dorso é castanho a marrom-esverdeado (A e B). As escamas da
boca são amarelo-creme (A e E). O ventre tem a mesma coloração que o dorso, com as extremidades das escamas
ventrais formando ângulos quase retos
(B). Os olhos são marrom-escuros (A).
Em juvenis o dorso é marrom-claro, com
manchas avermelhadas e algumas escamas pretas distribuídas ao longo do
corpo (C). A cabeça é marrom-clara na
região dorsal, com manchas avermelhadas e pretas (F). Lateralmente a cabeça
possui uma mancha grande avermelhada na altura dos olhos, do focinho ao final da boca. Ainda em juvenis, a região
ventral da cabeça é branca, com poucas
manchas pequenas avermelhadas na região da boca (C). O ventre é branco e
escurece gradativamente em direção à
cauda, até ficar preto com muitos pontos brancos distribuídos irregularmente.
Manchas quadradas pretas e brancas se
distribuem nas laterais (D). Os olhos são
marrom-claros, com manchas marrom-escuras nas laterais (C). As pupilas são
pretas e redondas nos adultos e jovens.
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Pode ser
confundida com Pseustes sulphureus,
mas difere por não possuir manchas
transversais escuras ao longo do dorso.
› DESCRIPTION - Length up to 1.5 m
in males and 1.8 m in females. In the
adults, the dorsal coloration is brown to
greenish brown (A and B). The lip scales are yellow-cream (A and E). The underside has the same coloration as the
back, with a pair of lateral lines on the
edges of the ventral scales which form
angles of about 90 degrees (B). The eyes
are dark brown (A). In the juveniles, the
back is light brown, with reddish spots
and some black scales distributed along
the body (C). The head is light brown
on top, with greenish and red spots (F).
There is a large reddish spot on the side
of the head, at the eye level, from the
snout to the end of the mouth. The underside of the head of juveniles is white, with a few small reddish spots in the
region of the mouth (C and D). The belly
is white and gradually darkens towards the tail, until it becomes black with
many irregularly distributed white dots.
Square black and white spots are distributed on the sides (D). The eyes are light brown with dark brown spots on the
sides (C). The pupils are black and round
in adults and young.
C
D
› SIMILAR SPECIES - It can be confused
with Pseustes sulphureus, but differs by
not having dark transversal spots the
length of the body.
REFERÊNCIAS: BEEBE, 1946; CUNHA & NASCIMENTO, 1978; DIXON & SOINI, 1986; STARACE,
1998; MARTINS & OLIVEIRA, 1999
140
B
E
F
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| COLUBRIDAE › Colubrinae
Pseustes sulphureus
(Wagler, 1824)
› DESCRIÇÃO - Machos e fêmeas podem
› DESCRIPTION - Males and females can
ter mais de 2 m de comprimento. O dorso é verde-amarelado a marrom-esverdeado (A e B), com manchas escuras
transversais que se distribuem ao longo do corpo, e se tornam mais largas e
mais próximas entre si a partir da metade posterior do corpo (B). As escamas do dorso são fortemente quilhadas
e possuem manchas pretas nas extremidades (B e C). A pele entre as escamas
é amarela (D). O ventre é amarelo-esverdeado (D). A cabeça é esverdeada,
mais escura na região dorsal e mais clara nas escamas labiais (A e C). Os olhos
são escuros e as pupilas redondas (A).
Quando ameaçada eleva o corpo e infla
a região do pescoço (D).
grow to more than 2 m in length. The
back is green-yellow to greenish brown
(A and B), with dark transverse spots
distributed along the body that become
wider and closer together on the rear
half of the body (B). The dorsal scales
are heavily keeled and have black spots
on the edges (B and C). The skin between the scales is yellow (D). The
underside is greenish-yellow (D). The
head is greenish, but dark on the dorsal
region and lighter on the labial scales
(A and C). The eyes are dark and the pupils round (A). When threatened individuals elevate the body and inflate the
neck region (D).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Diferencia
› SIMILAR SPECIES - It differs from
de Spilotes pullatus por não possuir faixas pretas no ventre e possuir escamas
fortemente quilhadas. Pseustes poecilonotus não possui manchas escuras transversais ao longo do dorso.
Spilotes pullatus by not having black
bars on the underside and by having
heavily keeled scales. Pseustes poecilonotus does not have dark transversal
spots the length of the body.
B
C
REFERÊNCIAS/REFERENCES: BEEBE, 1946; DUELLMAN, 1978; CUNHA & NASCIMENTO, 1978;
MURPHY, 1997; DIXON & SOINI, 1986; MARTINS & OLIVEIRA, 1999
142
D
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
A
| COLUBRIDAE › Colubrinae
Rhinobothryum lentiginosum
(Scopoli, 1785)
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 1,3 m
› DESCRIPTION - Length up to 1.3 m in
em machos e 1,6 m em fêmeas. A coloração no dorso e ventre é formada por
anéis pretos e brancos. Os anéis brancos sobre o dorso possuem em seu interior uma faixa vermelha com escamas
de bordas pretas (A, B e D). A cabeça possui escamas pretas com bordas
brancas, manchas levemente avermelhadas na região posterior, e um colar
nucal branco. Os olhos são escuros e as
pupilas pouco evidentes (A e C).
males and 1.6 for females. The coloration of the back and underside consist
of black and white rings. The white rings over the back have a red band inside with black-bordered scales (A, B
and D). The head has black scales with
white borders, light reddish spots to
the rear, and a white nuchal collar. The
eyes are dark and the pupils noticeably
small (A and C).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Pode ser
confundida com Cobras-corais verdadeiras do gênero Micrurus, mas nenhuma Coral-verdadeira na região de Manaus possui anéis brancos com manchas
avermelhadas no centro.
› SIMILAR SPECIES - It can be confused with true Coral-snakes of the genus Micrurus, but none of the true Coral-snakes in Manaus have white bands
with reddish rings in their center.
B
C
REFERÊNCIAS/ REFERENCES: CUNHA & NASCIMENTO, 1978; CUNHA ET AL., 1985; STARACE, 1998;
MARTINS & OLIVEIRA, 1999
144
D
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
A
| COLUBRIDAE › Colubrinae
Spilotes pullatus
(Linnaeus, 1758)
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 2,5 m.
› DESCRIPTION - Up to 2.5 m in leng-
O dorso apresenta uma coloração rajada
de amarelo e preto, da cabeça (A, C e
D) até o meio do corpo ou até o final da
cauda (B). Alguns indivíduos possuem
coloração preta dominante em relação
à amarela, com a cauda toda preta. As
escamas dorsais são lisas. O ventre é
amarelo, com faixas pretas que ocupam
toda a largura das escamas (E). Em indivíduos mais claros (coloração amarela
dominante), a região ventral da cauda
é preta com pequenas faixas amarelas.
Em indivíduos mais escuros (coloração
preta dominante) a região ventral da
cauda é inteira preta. Os olhos são pretos e grandes em relação à cabeça (A
e C). Quando ameaçada, esta espécie
pode inflar a parte de baixo do pescoço (C).
th. The back has a smattering of yellow
and black coloration from the head (A,
C and D) to the middle of the body or
to the end of the tail (B). In some individuals, the black coloration may dominate the yellow, with the tail completely black. The dorsal scales are
smooth. The underside is yellow, with
black bands occupying the whole width
of the scales (E). In lighter individuals
with yellow as the dominate color, the
ventral region of the tail is black with
thin yellow bands. In darker individuals with black as the dominate color,
the ventral region of the tail is entirely
black. The eyes are black and large in
relation to the head (A and C). When
threatened, this species can inflate the
neck region (C).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Pode ser
› SIMILAR SPECIES - It can be confu-
confundida com Pseustes sulphureus,
mas difere por apresentar o corpo rajado com tons fortes de amarelo e preto
no dorso e ventre, e pelas escamas dorsais lisas (quilhadas em P. sulphureus).
Além disso, o ventre em P. sulphureus é
amarelo-esverdeado, sem faixas pretas.
sed with Pseustes sulphureus, but can
be differentiated by the strong yellow
and black tones on the back and underside and by having smooth dorsal scales (keeled in P. sulphureus). Moreover,
the underside of P. sulphureus is greenish yellow, without black bands.
REFERÊNCIAS/REFERENCES: BEEBE, 1946; CUNHA & NASCIMENTO, 1978; DIXON & SOINI, 1986;
MURPHY, 1997; STARACE, 1998; MARTINS & OLIVEIRA, 1999
146
B
C
D
E
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Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
A
| COLUBRIDAE › Colubrinae
Tantilla melanocephala
(Linnaeus, 1758)
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 43 cm
› DESCRIPTION - Length up to 43 cm for
em machos e 40 cm em fêmeas. O dorso
é marrom-claro ou cinza, com uma ou
até cinco linhas marrom-escuras longitudinais que se estendem do pescoço
até a cauda (B). A cabeça e o pescoço são marrom-escuros ou pretos, com
machas brancas no focinho, atrás dos
olhos, e sobre a nuca (A e C). O ventre é inteiramente creme (D). As pupilas são redondas (A).
males and 40 cm for females. The back
is light brown or gray, with one to five
dark brown longitudinal lines that extend from the neck to the tail (B). The
head and neck are dark brown or black,
with white spots on the snout, behind
the eyes, and over the nape of the neck
(A and C). The underside is entirely cream (D). The pupils are round (A).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Apostolepis sp. é muito semelhante, mas possui
a porção final da cauda com coloração
mais escura que o corpo (mesma cor em
T. melanocephala).
› SIMILAR SPECIES - Apostolepis sp. is
similar, but has the end of its tail darker in color than the body (same color as the body and tail in T. melanocephala).
B
C
REFERÊNCIAS/REFERENCES: BEEBE, 1946; CUNHA & NASCIMENTO, 1978; DUELLMAN, 1978; DIXON
& SOINI, 1986; STARACE, 1998; MARTINS & OLIVEIRA, 1999
148
D
| COLUBRIDAE
Dipsadinae
A subfamília Dipsadinae está representada na região de Manaus por 21
gêneros e 36 espécies, com ampla variedade de cores, tamanhos e hábitos de vida. Algumas espécies arborícolas frequentemente se deslocam
pelo solo, como Philodryas argentea e
Leptodeira annulata, outras raramente descem das árvores, como Philodryas viridissima, que habita o dossel da floresta e por isso raramente
é avistada na região de Manaus. Esta
subfamília também abriga espécies
estritamente aquáticas (gêneros Helicops e Hydrops), e espécies que passam muito tempo entre a camada de
folhiço no solo (gêneros Taeniophallus
e Apostolepis). A maioria das espécies é inofensiva a humanos, mesmo as opistóglifas, como espécies de
Oxyrhopus e Pseudoboa. A Mussurana
Clelia clelia é opistóglifa, no entanto pode ser útil para as pessoas, pois
se alimenta de cobras peçonhentas,
como Jararacas. As cobras opistóglifas do gênero Philodryas se defendem
vigorosamente quando ameaçadas e
produzem veneno relativamente tóxico, capaz de causar sintomas leves a
moderados em humanos, como febre
e inchaço, e raramente consequências
mais graves, como um caso confirmado de morte em criança por Philodryas
olfersii no sul do Brasil.
150
The subfamily Dipsadinae is represented in the Manaus region by 21
genera and 36 species, with a large
variety of colors, sizes and lifestyles.
Some arboreal species frequently
move on the ground, such as Philodryas argentea and Leptodeira annulata,
but others, such as Philodryas viridissima, rarely come down from the
trees. Because they inhabit the forest canopy they are rarely seen in the
Manaus region. This subfamily also
harbors strictly aquatic species (genera Helicops and Hydrops), and species which spend a lot of time in the
leaf litter (genera Taeniophallus and
Apostolepis). The majority of the species are inoffensive to humans, even
those with rear-fangs, such as species of Oxyrhopus and Pseudoboa. The
Mussarana Clelia clelia has rear fangs,
but it can be useful for people because it feeds on venomous snakes,
such as Lancehead Pit Vipers. However, the rear-fanged snakes of the
genus Philodryas, defend themselves
vigorously when threatened and produce relatively toxic venom, capable
of causing mild to moderate symptoms in humans, such as fever and
swelling, and rarely serious consequences, as one confirmed case of
child death by Philodryas olfersii in
southern Brazil.
151
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
A
| COLUBRIDAE › Dipsadinae
Apostolepis sp.
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 40 cm
› DESCRIPTION - Length up to 40 cm in
em machos e fêmeas. A coloração do
dorso é composta por cinco linhas longitudinais marrom-escuras, que se estendem do pescoço até quase o final da
cauda, sobre fundo marrom-claro: uma
central sobre a coluna vertebral, duas
laterais mais suaves, e duas mais largas, posicionadas perto da região ventral (A e B). O final da cauda é preto,
com a ponta amarela ou creme, tanto
no dorso como no ventre (B e D). A
cabeça é marrom-escura, coberta por
escamas manchadas irregularmente de
marrom-escuro e marrom-claro, e o focinho possui escamas marrom-claras
bordejadas de preto (C). Possui duas
manchas brancas circulares, uma abaixo dos olhos e a outra na região do pescoço (A e D). O ventre é amarelo-creme
(E). Os olhos são pretos e as pupilas
quase invisíveis (A).
males and females. The dorsal color is
composed of five longitudinal stripes,
which extend from the neck almost to
the end of the tail, on a light-brown
background (A and B): a central stripe
over the vertebral column, two smoother stripes on the sides of the body,
and two wider stripes, positioned near
the underside (A and B). The end of
the tail is black with a yellow or cream
tip (B and D). The head is dark-brown,
covered with irregularly spotted scales
of light and dark-brown, and the snout
has light-brown scales with black edges
(C). There are two circular white spots,
one below the eyes and the other on
the neck region (A and C). The underside is yellow (D). The eyes are black and
the pupils are almost invisible (A).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Pode ser
confundida com Tantilla melanocephala, mas difere por ter cauda em coloração mais escura que o corpo (mesma
cor em T. melanocephala).
› SIMILAR SPECIES - It can be confused
with Tantilla melanocephala, but differs
by having darker tail than body (same
color in T. melanocephala).
› COMMENTS - Little is known about feeding and reproduction in this species.
› COMENTÁRIOS - Esta espécie é pouco
conhecida em relação à alimentação e
reprodução.
REFERÊNCIAS/ REFERENCES: MARTINS & OLIVEIRA, 1999
152
B
C
D
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A
| COLUBRIDAE › Dipsadinae
Atractus latifrons
(Günther, 1868)
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 51 cm
› DESCRIPTION - Lenght up to 51 cm for
em machos e 61 cm em fêmeas. Os desenhos do corpo variam muito, mas são
sempre semelhantes às Cobras-corais.
Pelo menos três padrões são conhecidos, mas não sabemos se todos ocorrem
na região de Manaus: #1 – Sequências
de duas faixas pretas separadas internamente por uma faixa branca e externamente por uma faixa vermelha (B e
E). Uma faixa vermelha está presente
no pescoço (A). #2 - Corpo predominantemente vermelho, com faixas pretas acompanhadas por manchas brancas
distribuídas irregularmente por todo o
corpo (C). #3 - Corpo preto com linhas
brancas que formam anéis estreitos (D).
Os olhos são sempre escuros e as pupilas redondas (A). Quando ameaçada
pode se comportar como Cobras-corais
verdadeiras, achata o corpo e eleva a
cauda (E).
males and 61 cm for females. The designs on the body vary widely, but are
always similar to the Coral-snakes. At
least three patterns are known, but we
do not know if all occur in the region
of Manaus: # 1 - Sequences of two black bands separated internally by a white band and externally by a red band
(B and E). A red band is present on the
neck (A). # 2 - Body predominantly red
colored, with black bands accompanied
by white spots irregularly distributed
throughout the body (C). # 3 - Black
body with white lines that form narrow
rings (D). The eyes are always dark and
pupils are round (A). When threatened
it can behaves like Coral-snakes, flattens the body and raises the tail (E).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Difere das
Cobras-corais verdadeiras na região de
Manaus por não apresentar anéis regulares circulando o corpo, ou sequências
de três anéis pretos separados por anéis
brancos e vermelhos.
C
D
E
› SIMILAR SPECIES - It differs from true
Coral-snakes in the Manaus region by
not having regular rings circulating the
body, or sequences of three black rings
separated by white and red rings.
REFERÊNCIAS/ REFERENCES: CUNHA & NASCIMENTO, 1978; DIXON & SOINI, 1986; MARTINS &
OLIVEIRA, 1999
FOTOS/PHOTOS: SAYMON ALBUQUERQUE (A, B, E); LAURIE VITT (D)
154
B
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
A
| COLUBRIDAE › Dipsadinae
Atractus major
(Boulenger, 1894)
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 60 cm
› DESCRIPTION - Length up to 60 cm for
em machos e 62 cm em fêmeas. O dorso é coberto por escamas de coloração
predominantemente creme sobre um
fundo negro, que resulta em um tom
acinzentado (B). Ao longo de todo o
corpo estão presentes manchas negras
transversais e irregulares (B). A região
dorsal da cabeça é marrom-avermelhada e as escamas laterais são creme (A e
C). O ventre é amarelo-creme, com diminutos pontos pretos no centro das
escamas. Os pontos aumentam em tamanho e número em direção à cauda
(D). Os olhos são avermelhados e as pupilas arredondadas (A e C)
males and 62 cm for females. The back
is covered by scales of predominately cream coloration over a black background, which results in a grayish tone
(B). There are irregular black transversal patches along the length of the
body (B). The dorsal region of the head
is red-brown and the scales on the sides are cream (A and C). The underside
is yellow-cream, with tiny black dots in
the center of the scales. The dots increase in size and number in the direction
of the tail (D). The eyes are reddish and
the pupils round (A and C).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Em Atractus snethlageae o dorso e a cabeça são
marrom-escuros, com finas manchas
transversais avermelhadas, e o ventre
é creme com inúmeros pontos negros.
Atractus schach possui a cabeça de cor
escura e o dorso predominantemente
marrom-alaranjado com manchas negras.
› SIMILAR SPECIES - The back and the
head in Atractus snethlageae are dark
brown, with thin reddish transversal patches, and the underside is cream with numerous black dots. Atractus
schach has a dark colored head and the
back predominantly orange-brown with
black spots.
REFERÊNCIAS/REFERENCES: DUELLMAN, 1978; MARTINS & OLIVEIRA, 1999
156
B
C
D
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A
| COLUBRIDAE › Dipsadinae
Atractus schach
Cope, 1861
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 36 cm
› DESCRIPTION - Length up to 36 cm in
em machos e 42 cm em fêmeas. A coloração dorsal varia de marrom a marrom-alaranjada com manchas marrom-escuras de diferentes tamanhos e formatos,
distribuídas irregularmente do pescoço até o final da cauda (A, B e C). Jovens tem coloração dorsal alaranjada
com manchas escuras irregularmente
distribuídas ao longo de todo o corpo,
e uma linha escura da cabeça à região
do pescoço (C). Adultos podem ter uma
mancha marrom-escura sobre a nuca e
duas manchas claras triangulares na região dorsal da cabeça (D). As escamas
labiais são creme, com algumas manchas marrom-escuras abaixo dos olhos
e na região do focinho (A). O ventre é
branco, com pequenas manchas escuras
mais concentradas na região da cabeça
e na cauda (E). Os olhos são avermelhados e as pupilas redondas (A).
males and 42 cm in females. The dorsal
coloration varies from brown to orange
brown with dark brown spots of different sizes and shapes, distributed irregularly from the neck to the end of the
tail (A, B and C). Young have orange
dorsal coloration with dark spots irregularly distributed all along the body,
and a dark line from the head to the
neck region (C). Adults can have a dark
brown spot on the nape and two light triangular spots on the dorsal region of the head (D). The labial scales
are cream, with some dark spots below
the eyes and on the snout region (A).
The underside is white, with small dark
spots more concentrated in the head
region and on the tail (E). The eyes are
reddish and the pupils round (A).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Pode ser
confundida com Xenopholis scalaris,
mas difere por não possuir faixas laterais em degradê de marrom-chocolate
a amarelo.
C
D
E
› SIMILAR SPECIES - It can be confused with Xenopholis scalaris, but differs
by not having bands on the side of the
body grading from chocolate-brown to
yellow.
REFERÊNCIAS/REFERENCES: CUNHA & NASCIMENTO, 1978; HOOGMOED, 1980; STARACE, 1998;
MARTINS & OLIVEIRA, 1999
FOTO/ PHOTO: MARINUS HOOGMOED (C)
158
B
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A
| COLUBRIDAE › Dipsadinae
Atractus snethlageae
Cunha & Nascimento, 1983
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 45 cm
› DESCRIPTION - Length up to 45 cm in
em machos e 47 cm em fêmeas. A região dorsal do corpo, da cabeça à cauda, é marrom escura, com faixas transversais avermelhadas (B). Em cada lado
da cabeça está presente uma mancha
amarelo-creme localizada na região
atrás dos olhos (A e C). A íris é avermelhada e as pupilas redondas (A). O
ventre é formado por escamas de fundo
creme com pontos pretos que aumentam em número em direção a cauda e
cobrem quase todas as escamas ventrais no terço final do corpo (D).
males and 47 cm in females. The dorsal region of the body, head and tail
is dark brown with reddish transversal bands (B). There is a yellow-cream
spot located on each side of the head
behind the eyes (A and C). The iris is
reddish and the pupils are round (A).
The underside belly scales have a cream background with black dots which
increase in number towards the tail and
cover almost all the ventral scales in
the last third of the body (D).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Atractus
schach difere por possuir uma faixa escura longitudinal presente na linha vertebral. Atractus torquatus e Atractus major não apresentam faixas avermelhadas
na região dorsal do corpo, e possuem o
ventre quase todo creme (com pontos
pretos em A. snethlageae).
B
› SIMILAR SPECIES - Atractus schach
differs by having a dark longitudinal
stripe along the vertebral line. Atractus torquatus and Atractus major do not
have reddish stripes in the dorsal region of the body and the underside is
almost all cream (black dotted in A.
snethlageae).
C
REFERÊNCIAS/REFERENCES:: CUNHA & NASCIMENTO, 1978; CUNHA & NASCIMENTO, 1983; MARTINS
& OLIVEIRA, 1999
160
D
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A
| COLUBRIDAE › Dipsadinae
Atractus torquatus
(Duméril, Bibron & Duméril, 1854)
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 63 cm
› DESCRIPTION - Length up to 63 cm for
em machos e 75 cm em fêmeas. A coloração dorsal varia em diversas tonalidades de marrons: marrom-escura (A),
marrom-avermelhada (B) ou marrom-esverdeada (C). Podem estar presentes
pequenas manchas dorsais pretas bem
visíveis, distribuídas ao longo do corpo
(B) ou podem ser menos evidentes ou
ausentes (C e D). Apresenta um colar
nucal preto bem evidente (E), menos
perceptível em exemplares com coloração mais escura (A e D). Lateralmente,
a cabeça é amarela ou creme (A e B),
e em vista dorsal estão presentes manchas pretas na altura dos olhos (E). O
ventre é creme, e ode ser mais escuro
nas regiões da cabeça e da cauda (F). A
íris é levemente avermelhada e as pupilas arredondadas (A).
males and 75 cm for females. The dorsal coloration can be dark brown (A),
reddish brown (B) or greenish brown
(C). It may have distinct small black
dorsal spots, distributed all along the
body (B) or they can be less evident or
absent (C and D). It has a distinct black
neck collar (E), less perceptible in individuals with darker coloration (A and
D). Laterally, the head is yellow or cream (A or B), and there are black dorsal
spots at the level of the eyes (E). The
underside is cream, and can be darker
in the regions of the head and of the
tail (F). The iris is light reddish and the
pupil round (A).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Padrões
mais escuros de coloração podem ser
confundidos com Clelia clelia, mas podem ser diferenciados pelas manchas
na cabeça (ausência de manchas amarelas ou creme nas laterais em C. clelia,
presentes em A. torquatus).
› SIMILAR SPECIES - Patterns of darker
B
E
C
coloration can be confused with Clelia clelia, but can be differentiated by
the spots on the head (yellow or cream
spots are absent on the sides of C. clelia and present in A. torquatus).
F
D
REFERÊNCIAS/REFENCES: CUNHA & NASCIMENTO, 1978; CUNHA & NASCIMENTO, 1983; MARTINS &
OLIVEIRA, 1999
FOTO/PHOTO: RODOLFO PAES (D)
162
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A
| COLUBRIDAE › Dipsadinae
Clelia clelia
(Daudin, 1803)
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 2,3 m
› DESCRIPTION: LENGTH up to 2.3 m in
em machos e fêmeas. Em adultos o dorso é preto brilhante uniforme da cabeça
à cauda (A e B), com escamas labiais e
ventrais brancas (A, D e F). As escamas
na região ventral da cauda possuem as
bordas levemente manchadas de preto (F). Em juvenis as escamas do dorso são vermelhas, sem manchas pretas
em suas extremidades (C); a cabeça e o
pescoço tem coloração preta, interrompida por uma faixa branca larga (C e E).
Os olhos são pretos em adultos e juvenis, e as pupilas semi-elípticas, mas
pouco perceptíveis (A).
males and females. In adults, the back
is uniform shiny black from the head
to the tail (A and B), with white labial
scales and underside (A, D and F). The
scales under the tail have edges lightly
spotted black (F). In juveniles, the dorsal scales are red without black spots
on their edges (C); the head and neck
have black coloration, interrupted by a
broad white band (C and E). The eyes
are black in adults and juveniles, and
the pupils are semi-elliptical, but barely perceptible (A).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Os juvenis são muito semelhantes a Drepanoides anomalus e jovens de Pseudoboa
coronata. Drepanoides anomalus difere
por apresentar bordas pretas nas escamas dorsais vermelhas; enquanto P. coronata difere porque a faixa branca no
pescoço é mais estreita, e as escamas
subcaudais são simples (pareadas em C.
clelia).
C
D
F
› SIMILAR SPECIES: Juveniles are very
similar to Drepanoides anomalus and
the young of Pseudoboa coronata. Drepanoides anomalus differs by having
black edges in red dorsal scales; while P. coronata differs because the band
on the neck is narrower, and subcaudal scales are simple (paired in Clelia
clelia).
REFERÊNCIAS/REFERENCES: CUNHA & NASCIMENTO, 1978; DUELLMAN, 1978; DIXON & SOINI,
1986; MURPHY, 1997; MARTINS & OLIVEIRA, 1999; MARQUES ET AL., 2005
FOTOS/PHOTOS: LAURIE VITT (A, B, C, D, E)
164
B
E
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Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
A
| COLUBRIDAE › Dipsadinae
Dipsas aff. catesbyi
› DESCRIÇÃO - Comprimento estimado
em até 70 cm. A coloração do dorso iniciando no focinho é formada por faixas
transversais irregulares pretas intercaladas por faixas castanhas (B). Nas laterais, próximo às escamas ventrais, as
bordas das faixas castanhas são brancas
(A e C), mais evidentes na região do pescoço (B e C). Um colar castanho-alaranjado em forma de ferradura está presente na região nucal (B e C). As escamas
abaixo dos olhos são pretas (A). O ventre é branco, com faixas pretas intercaladas nas laterais e algumas faixas distribuídas irregularmente (D). Os olhos são
pretos e as pupilas elípticas são pouco
aparentes (A e C).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Imantodes cenchoa difere por possuir olhos
grandes, saltados e castanho-claros,
além de possuir manchas marrom-escuras sobre um fundo castanho na região
dorsal da cabeça. Leptodeira annulata
difere por apresentar olhos vermelhos
e manchas pretas que se fundem, formando uma linha dorsal em zigue-zague na região vertebral.
› COMENTÁRIOS - Essa espécie foi tratada como Dipsas pavonina em Martins
& Oliveira (1999) e Dipsas catesbyi em
Fraga et al. (2011).
› DESCRIPTION - Length estimated to
reach up to 70 cm. The dorsal coloration starting at the snout is formed by
irregular black transversal bands interspersed by brown bands (B). On the sides, next to the ventral scales, the edges of the brown bands are white (A
and C), being more evident in the neck
region (B and C). A brown-orange collar
in the form of a horseshoe is present
on the back of the neck (B and C). The
scales below the eyes are black (A). The
underside is white with black patches
which are a continuation of the dorsal pattern, plus some irregularly distributed black polygons (D). The eyes are
black and the elliptical pupils are barely visible (A and C).
› SIMILAR SPECIES - Imantodes cenchoa
differs by having large, protruding, light
brown eyes, as well as having dark brown
spots on a brown background in the dorsal region of the head. Leptodeira annulata differs by having red eyes and black spots which merge, forming a zigzag
dorsal line along the vertebral column.
› COMMENTS - Species named as Dipsas
pavonina in Martins & Oliveira (1999)
and Dipsas catesbyi in Fraga et al.
(2011).
REFERÊNCIAS/REFERENCES: MARTINS & OLIVEIRA, 1999; FRAGA ET AL., 2011
FOTOS/PHOTOS: ANDRÉ L. F. DA SILVA (A, C, D)
166
B
C
D
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Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
A
| COLUBRIDAE › Dipsadinae
Drepanoides anomalus
(Jan, 1863)
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 51 cm
› DESCRIPTION - Length up to 51 cm in
em machos e 83 cm em fêmeas. A coloração dorsal é formada por escamas
vermelhas com as extremidades pretas, exceto na cabeça e pescoço, onde
as escamas são completamente pretas
(A, B e D). Nos adultos, a região lateral posterior da cabeça pode ser branca (A e D) ou apresentar um colar nucal branco. Os jovens possuem cabeça
e pescoço brancos e focinho preto (E).
Em adultos e jovens o ventre é branco
(C). As pupilas são redondas, mas pouco evidentes porque a íris é preta (A,
B, D e E).
males and 83 cm in females. The dorsal coloration is formed by red scales
with black edges, except on the head
and neck, where the scales are completely black (A, B and D). In adults,
the back and side of the head can be
white (A and D) or appear as a white
nuchal collar. The young have a white
head and neck, and black snout (E). In
young and adults, the underside is white (C). The pupils are round, but barely
distinguishable because the irises are
black (A, B, D and E).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Jovens
de Clelia clelia e adultos de Pseudoboa
coronata podem ser diferenciados pela
ausência de extremidades pretas nas
escamas vermelhas. Pseudoboa coronata e Pseudoboa neuwiedii diferem ainda
por apresentarem escamas subcaudais
simples (pareadas em D. anomalus).
C
D
E
› SIMILAR SPECIES - Young of Clelia
clelia and adults of Pseudoboa coronata
can be differentiated by the absence of
red scales with black edges. Pseudoboa
coronata and Pseudoboa neuwiedii also
differ by having simple subcaudal scales (paired in D. anomalus).
REFERÊNCIAS/REFERENCES: CUNHA & NASCIMENTO, 1978; DIXON & SOINI, 1986; STARACE,
1998; MARTINS & OLIVEIRA, 1999
168
B
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
A
| COLUBRIDAE › Dipsadinae
Erythrolamprus aesculapii
(Linnaeus, 1766)
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 77 cm
› DESCRIPTION - Length up to 77 cm
em machos e 93 cm em fêmeas. Os desenhos do corpo variam muito, mas sempre lembram as Cobras-corais. Apresentamos três padrões, mas não sabemos
se todos ocorrem na região de Manaus:
#1 - Dois anéis pretos separados por um
branco no centro. Cada grupo de anéis
é separado por um anel vermelho (B e
C). #2 - Dorso vermelho, com estreitos
anéis pretos de bordas creme (D). #3 Primeira metade do corpo vermelha, e a
partir da segunda metade se distribuem
sequências de dois anéis pretos com um
branco no centro, separados por anéis
vermelhos (E). O focinho é branco (B,
D e E) ou amarelo-dourado (A e C) nos
três padrões. Os anéis podem ser incompletos ou irregulares no ventre. Uma
faixa dourada pode estar presente acima das pupilas redondas (A).
in males and 93 cm in females. The
designs on the body vary widely, but
Always resemble the Coral Snakes. We
presente three patterns, but we do not
know if all occur in the Manaus region:
#1 - Two black rings separated by a white ring. Each group of black and white
rings is separated by a red ring (B and
C). #2 - Red back, with narrow black
rings with cream edges (D). #3 - First
half of the body red and sequences of
two black rings with a white ring in the
center, separated by red rings distributed along the rear half of the body (E).
The snout is white (B, D and E) or golden yellow (A and C) in the three patterns. The rings may be incomplete or
irregular in the ventral region. A gold
stripe may be presente above the round
pupils (A).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Nenhu-
› SIMILAR SPECIES: No true Coral-snake
ma Coral verdadeira do gênero Micrurus
em Manaus possui o focinho branco ou
amarelo-dourado. Atractus latifrons difere por possuir o focinho preto.
in Manaus has white or Golden yellow
snout. Atractus latifrons differs by having black snout.
REFERÊNCIAS / REFERENCES: BEEBE, 1946; CUNHA & NASCIMENTO, 1978; DUELLMAN, 1978;
DIXON & SOINI, 1986; STARACE, 1998; MARTINS & OLIVEIRA, 1999
FOTOS / PHOTOS: RICARDO A. KAWASHITA RIBEIRO (A, C); LAURIE VITT (B, E)
170
B
C
D
E
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
A
| COLUBRIDAE › Dipsadinae
Helicops angulatus
(Linnaeus, 1758)
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 69 cm › DESCRIPTION - Length up to 69 cm in
em machos e 73 cm em fêmeas. As escamas dorsais são fortemente quilhadas. A coloração sobre o dorso é formada por manchas marrom-escuras largas,
que continuam na lateral do corpo formando faixas mais finas. Estas manchas
escuras são intercaladas por faixas estreitas marrom-claras, que são continuações de manchas largas marrom-claras
da lateral do corpo (B). A região dorsal
da cabeça é marrom-clara (C) e a região
ventral é branca (D). Os olhos e as narinas estão em posição superior em relação à cabeça, característica de cobras
aquáticas (A e C). As íris são avermelhadas e as pupilas redondas, às vezes
quase elípticas (A e C). A superfície do
ventre é laranja-avermelhado em indivíduos jovens (D) e creme em adultos
(E), com faixas ou manchas quadradas
pretas. Na parte anterior do ventre as
manchas quadradas formam um aspecto
xadrez (D e E).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Difere de
males and 73 cm in females. The dorsal scales are heavily keeled. The dorsal
coloration is made up of large dark brown spots, which continue on the side
of the body forming finer bands. The
dark spots are interspersed with narrow
light brown bands, which are a continuation of the large light brown spots
from the side of the body (B). The dorsal region of the head is light brown
(C) and the underside is white (D). The
eyes and the nostrils are high on the
head, a characteristic of aquatic snakes
(A and C). The irises are reddish and
the pupils round, but sometimes almost
elliptical (A and C). The underside is
red-orange in juveniles (D) and cream
in adults (E), with bands or square black spots. Square spots form a checkerboard appearance on the anterior portion of the underside (D and E).
C
› SIMILAR SPECIES - It differs from Helicops Hagmanni in not having circular
spots on the back.
Helicops hagmanni por não possuir manchas circulares no dorso.
REFERÊNCIAS/REFERENCES: BEEBE, 1946; CUNHA & NASCIMENTO, 1978; GASC & RODRIGUES,
1980; DIXON & SOINI, 1986; HENDERSON ET AL., 1995; MARTINS & OLIVEIRA, 1999
172
B
D
E
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
A
| COLUBRIDAE › Dipsadinae
Helicops hagmanni
Roux, 1910
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 62 cm
em machos e 94 cm em fêmeas. A coloração dorsal é marrom-acinzentada ou
creme, com manchas pretas ou marrons
em forma de círculos (A e B). As escamas dorsais apresentam quilhas bem
definidas (E). O ventre tem coloração
de fundo avermelhada, com bandas
pretas retangulares que partem da região ventro-lateral (D). A região dorsal
da cabeça é marrom ou creme, com um
conjunto de manchas marrom-avermelhadas (A e C), formando um desenho
que lembra uma seta (C). Os olhos e as
narinas são localizados em posições superiores em relação à cabeça, característica de animais aquáticos (A e C). As
íris são douradas com faixas pretas radiais e as pupilas são redondas (A e C).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Podem ser
confundidas com filhotes de Sucuris Eunectes murinus, mas são facilmente diferenciadas pela coloração vermelha do
ventre (amarelo-creme em sucuris) e
presença de escamas dorsais quilhadas
(lisas em sucuris).
› DESCRIPTION: LENGTH up to 62 cm in
males and 94 cm in females. The dorsal coloration is grayish brown or cream, with black or brown spots in the
form of circles (A and B). The dorsal
scales are strongly keeled (E). The underside has a reddish background color with rectangular black bands which
start at near the belly (D). The dorsal
region of the head is brown or cream,
with a group of reddish brown spots (A
and C), forming a design resembling an
arrow (C). The eyes and nostrils are located high on the head, a characteristic of aquatic animals (A and C). The
irises are golden with black radial stripes and the pupils are round (A and C).
C
D
E
› SIMILAR SPECIES: They can be confused with juvenile Anacondas Eunectes murinus, but easily differentiated
by the red coloration on the underside
(yellow-cream in Anacondas) and the
presence of keeled dorsal scales (smooth in Anacondas).
REFERÊNCIAS/REFERENCES: CUNHA & NASCIMENTO, 1978; CUNHA & NASCIMENTO, 1981; MARTINS
& OLIVEIRA, 1999
174
B
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
A
| COLUBRIDAE › Dipsadinae
Hydrodynastes gigas
(Duméril, 1853)
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 2,5 em
› DESCRIPTION - Length up to 2.5 m for
machos e fêmeas. Em geral o dorso é
marrom, com faixas irregulares negras
na região posterior do corpo (A e B).
A coloração marrom pode variar entre
tons mais esverdeados. Na porção anterior do corpo está presente uma faixa
preta dos olhos até a altura do pescoço
(A). A cabeça é castanho-escura, com
faixas pretas laterais e escamas infralabiais de coloração creme (A). O ventre
é creme, com séries de três manchas
arredondadas pretas em cada escama
no primeiro terço do corpo; no segundo
terço do corpo, o ventre creme apresenta duas manchas pretas nas extremidades de cada escama, e manchas pretas
menores no centro de cada escama; no
terceiro terço do corpo, o ventre creme
apresenta manchas pretas apenas nas
extremidades de cada escama (C). A região ventral da cauda é preta, com pequenas manchas creme irregularmente
distribuídas (C). Os olhos são pretos e
as pupilas redondas (A).
males and females. Generally the back
is brown, with irregular black bands on
the rear of the body (A and B). The brown coloration can vary and have greener tones. There is a black stripe from
the eyes to the top of the neck (A).
The head is dark brown with black lateral stripes and the infralabial scales
are cream colored (A). The underside
is cream with three round black spots
on each scale on the first third of the
body. On the middle third of the body,
the underside has cream-colored scales with two black spots on the edge
of each scale and smaller black spots
in the center of each scale. On the last
third of the body, the cream underside has black spots only on the edges
of each scale (C). The ventral region of
the tail is black, with small cream irregularly distributed spots (C). The eyes
are black and the pupils are round (A).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Algumas
pessoas em comunidades ribeirinhas
da Amazônia podem confundir essa espécie com a Surucucu-pico-de-jaca Lachesis muta, mas difere por não possuir
fossetas loreais nem escamas dorsais
pontiagudas.
› SIMILAR SPECIES - Some people in
riverside communities in the Amazon
confuse this species with the Bushmaster Lachesis muta, but it can be easily
be distinguished from that species by
not having loreal pits nor rough dorsal scales.
REFERÊNCIAS/REFERENCES: STARACE, 1998. FOTOS/PHOTOS: VINÍCIUS T. DE CARVALHO (A, B)
176
B
C
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
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A
| COLUBRIDAE › Dipsadinae
Hydrops martii
(Wagler, 1824)
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 60
cm em machos e fêmeas. A coloração
tem um padrão que lembra ao de uma
Cobra-coral, formado por anéis de cor
bege com escamas centrais de pontas
laranja, intercalados por anéis de cor
preta com as pontas das escamas brancas. Essas pontas brancas das escamas
dorsais formam círculos descontínuos em cada lada dos anéis pretos (A e
B). O padrão de desenho do ventre é
quase uma extensão do dorso, mas sem
as escamas com extremidades laranja
(D). A cabeça é levemente triangular,
bege, com a região do focinho preta seguida por uma faixa amarela ou bege,
uma pequena mancha branca com borda amarela abaixo dos olhos e uma faixa branca nas laterais do pescoço (A e
C). As narinas são posicionadas na região superior do focinho, característica
de cobras aquáticas (A e C). Os olhos
são pequenos, pretos e as pupilas redondas (A).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Difere das
Cobras-corais verdadeiras Micrurus lemniscatus, Micrurus spixii e Micrurus surinamensis por não possuir padrão de coloração em tríades.
REFERÊNCIAS/REFERENCES: STARACE, 1998
FOTOS/PHOTOS: VINÍCIUS T. DE CARVALHO (A, B)
178
› DESCRIPTION - Length up to 60 cm in
both males and females. The coloration
has a pattern which resembles that of
a Coral-snake, formed by beige colored
scales with orange tipped central scales, interspersed with black colored rings with the tips of the scales white.
The white tips of the dorsal scales form
discontinuous circles on each side of
the black rings (A and B). The pattern
on the underside is almost an extension of the back, but without the scales
with orange edges. The head is slightly
triangular, with a black snout region,
followed by a yellow or beige band, and
a small white spot with a yellow boarder below the eyes and a white stripe
on the sides of the neck (A). The nostrils are positioned on the top region
of the snout, a characteristic of aquatic
snakes (A). The eyes are small and black, and the pupils are round (A).
B
› SIMILAR SPECIES - It differs from the
true Coral-snakes Micrurus lemniscatus, Micrurus spixii and Micrurus surinamensis by not having a color pattern
in triads.
C
D
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Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
A
| COLUBRIDAE › Dipsadinae
Hydrops triangularis
(Wagler, 1824)
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 70 cm
› DESCRIPTION - Length up to 70 cm in
em machos e fêmeas. O corpo é coberto por manchas quadradas pretas que
se fundem no dorso e no ventre (B e
C). No dorso, essas manchas são separadas por manchas castanho-claras na
região da coluna vertebral, avermelhadas nas laterais (A, B e D). Na região
dorsal da cauda, os espaços entre as
manchas pretas são bem vermelhos (B).
No ventre, as manchas pretas quadradas são separadas por manchas quadradas irregularmente fundidas ou formando faixas brancas (C). Na região ventral
da cauda, as manchas quadradas brancas são avermelhadas nas extremidades
(C). A cabeça é triangular, marrom-escura com manchas avermelhadas difusas na região dorsal (D) e um anel branco ou creme-amarelado que circula todo
o corpo no pescoço (A e D). O focinho
pode ser manchado de castanho-claro
(A). A boca possui manchas avermelhadas e amareladas (A). As íris são vermelhas, e as pupilas redondas (A).
males and females. The body is covered
by black square spots merging on the
back and belly (B and C). On the back,
these spots are separated by light brown spots on the region of the spine,
reddish on the flanks (A, B and D). On
the dorsal side of the tail, the spaces
between the black spots are red (B).
On the belly, the square black spots are
separated by square patches irregularly fused or forming white bands (C). In
the ventral region of the tail, the square white spots are reddish on the edges
(C). The head is triangular, dark brown
with reddish diffuse spots on the dorsal region (D), and a yellowish-white or
cream ring that circles the body on the
neck (A and D). The snout can be stained light brown (A). The mouth has reddish and yellowish spots (A). The irises are red, and pupils round (A).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Hydrops
martii difere por não possuir anel completo na região do pescoço, e possuir
coloração vermelha ao longo de toda a
região ventral.
REFERÊNCIAS/REFERENCES: STARACE, 1998
180
B
› SIMILAR SPECIES - Hydrops martii
differs by not having complete ring
around the neck, and having red coloration throughout the ventral region.
D
C
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A
| COLUBRIDAE › Dipsadinae
Imantodes cenchoa
(Linnaeus, 1758)
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 1,2 m
› DESCRIPTION - Length up to 1.2 m in
em machos e fêmeas. Corpo delgado
e olhos saltados (A, B e C). A coloração dorsal é castanho-clara, com manchas marrom-escuras ao longo de todo
o corpo (A, B e C). Na região dorsal da
cabeça estão presentes manchas marrom-escuras sobre um fundo creme, que
formam desenhos geométricos únicos
em cada individuo da espécie (A e B).
O ventre é creme-claro com inúmeros
pontos marrom-escuros, mais concentrados na região da cauda (D). Os olhos
são grandes e destacam-se em relação
à cabeça (A, B e C). As íris possuem coloração castanho-clara e as pupilas são
verticais a elípticas (A).
males and females. Slender body and
bulging eyes (A, B and C). The dorsal
coloration is light brown, with dark
brown spots along the length of the
body (A, B and C). The dorsal region
of the head has dark brown spots on
a cream background, which forms geometric designs unique in each individual (A and B). The underside is light
cream with numerous dark brown spots,
more concentrated in the tail region
(D). The eyes are large and stand out in
relation to the head (A, B and C). The
irises have a light brown color and the
pupils are vertically elliptical (A).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - O corpo
delgado e os olhos saltados são características peculiares de I. cenchoa, mas
pode ser confundida com Leptodeira annulata, pois esta espécie também tem o
dorso marrom-claro com manchas marrom-escuras. As manchas dorsais formam um zigue-zague em L. annulata,
mas não em I. cenchoa.
C
› SIMILAR SPECIES - The slender body
and bulging eyes are peculiar characteristics of I. cenchoa, but may be confused with Leptodeira annulata, since this
species also has a light brown dorsum
with dark brown spots. The dorsal spots
form a zigzag in L. annulata, but not in
I. cenchoa.
REFERÊNCIAS/REFERENCES: BEEBE, 1946; CUNHA & NASCIMENTO, 1978; DUELLMAN, 1978; DIXON
& SOINI, 1986; MARTINS & OLIVEIRA, 1999
182
B
D
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A
| COLUBRIDAE › Dipsadinae
Leptodeira annulata
(Linnaeus, 1758)
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 80 cm
› DESCRIPTION - Length up to 80 cm
em machos e 83 cm em fêmeas. A coloração dorsal é marrom-clara, com uma
série de manchas circulares ou semicirculares pretas que podem se fundir,
formando uma linha vertebral em forma
de zigue-zague (B). O ventre é creme,
com pontos pretos na região da cauda
(C). A cabeça é triangular e bem destacada do corpo, com um colar nucal em
forma de “V” cujas extremidades estão
atrás dos olhos. Este colar nucal é de
cor branca em jovens e torna-se gradativamente mais escuro à medida que
o animal cresce, até se tornar marrom
escuro, quase da mesma cor da cabeça
na fase adulta (D, E e F). Lateralmente,
a cabeça possui faixas pretas dos olhos
às escamas supralabiais, mais evidentes em jovens (A). Os olhos são vermelhos e as pupilas verticais (A).
for males and 83 cm for females. The
dorsal coloration is light brown, with
a series of circular or semicircular black spots which can be fused, forming a
zigzag vertebral line (B). The underside is cream, with black dots on the tail
region (C). The head is triangular and
distinct from the body, with a V-shaped
neck collar, from behind the eyes. The
neck collar is white in young and gradually turns darker as the animal grows, until it turns dark brown, almost
the same color as the head when adult
(D, E and F). The head has lateral black stripes from the eyes to the supralabial scales, which are more evident in
young (A). The eyes are red and the pupils are vertical (A).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - A faixa
dorsal em forma de zigue-zague e o colar nucal em forma de “V” distinguem
facilmente esta espécie de Imantodes
cenchoa, única espécie em Manaus que
possui padrão de coloração semelhante.
C
› SIMILAR SPECIES - The dorsal stripe
in the form of a zigzag and the neck
collar in the form of a “V” easily distinguish this species from Imantodes cenchoa, the only species in Manaus that
has a similar color pattern.
REFERÊNCIAS/REFERENCES: CUNHA & NASCIMENTO, 1978; DUELLMAN, 1978; DIXON & SOINI,
1986; DUELLMAN & SALAS, 1991; SASA & SOLÓRZANO, 1995; VITT, 1996; MURPHY, 1997;
STARACE, 1998; MARTINS & OLIVEIRA, 1999
184
B
D
E
F
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Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
A
| COLUBRIDAE › Dipsadinae
Leptophis ahaetulla
(Linnaeus, 1758)
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 1,5 m
› DESCRIPTION - Length up to 1.5 m in
em machos e 1 m em fêmeas. O corpo
é longo e delgado, muito semelhante
a um cipó (A, B e D). A região dorsal
é verde-metálica, com uma faixa lateral amarelo-ouro, desde a cabeça até o
terço anterior do corpo (B). No restante do corpo a região dorsal é verde e se
torna gradativamente marrom em direção à cauda. A região ventral é branca
no terço anterior, e se torna gradativamente mais escura em direção à cauda
(D). A cabeça é bem destacada do pescoço, de cor verde na região dorsal (C),
branca nas laterais e nas escamas supralabiais (A e B). Sobre essas escamas,
está presente um par de faixas pretas
que se estendem para região posterior,
na altura dos olhos (A e B). Os olhos
são grandes e as íris são amarelas, com
duas manchas escuras nas extremidades. As pupilas são pretas e redondas
(A e B). Quando ameaçada, esta espécie pode mostrar a mucosa bucal (B) e
expandir os ossos da cabeça (C).
males and 1 m in females. The body is
long and slender, very similar to a vine
(A, B and D). The dorsal region of the
body is metallic green, with a yellow
gold stripe on the side of the body from
the head along the front third of the
body (B). The rest of the dorsal region
is green and gradually changes brown
towards the tail. The underside is white
on the front third and gradually turns
darker towards the tail (D). The head is
distinct from the neck, green dorsally
(C) and white on the side and the supralabial scales (A and B). Above these
scales is a pair of black stripes, which
extend to the eye (A and B). The eyes
are large and the irises are yellow with
two dark spots on the edges. The pupils
are round and black (A and B). When
threatened, this species can show the
inside of the mouth (B) and expand the
bones of the head (C).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - O corpo
delgado e verde-metálico, com faixa
amarelo-ouro distingue essa espécie de
todas as outras que ocorrem em Manaus.
› SIMILAR SPECIES - The slender and
metallic green body, with yellow gold
stripe distinguishes this species from
all others in the Manaus region.
REFERÊNCIAS/REFERENCES: BEEBE, 1946; CUNHA & NASCIMENTO, 1978; DUELLMAN, 1978; DIXON
& SOINI, 1986; MURPHY, 1997; STARACE, 1998; MARTINS & OLIVEIRA, 1999
186
B
C
D
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A
| COLUBRIDAE › Dipsadinae
Liophis breviceps
Cope, 1861
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 58 cm
› DESCRIPTION - Length up to 58 cm in
em machos e 60 cm em fêmeas. A coloração dorsal é marrom-avermelhada,
com uma série de manchas triangulares
acinzentadas ao longo de todo corpo,
mais evidentes na região do pescoço (A
e B). O ventre é de cor laranja, com
bandas pretas intercaladas nas extremidades laterais, que às vezes se fundem na região dorsal. A região ventral
da cauda é branca, com manchas pretas
(C). Os olhos são vermelhos e as pupilas redondas (A).
males and 60 cm in females. The dorsal coloration is reddish brown, with a
series of grayish triangular spots the
length of the body, most evident in the
neck region (A and B). The underside is
orange in color, with interspersed black bands on the side, which sometimes
join on the dorsal region. The underside of the tail is white, with black spots
(C). The eyes are red and the pupils
round (A).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - O dorso
marrom, ventre laranja e região ventral
da cauda branca com manchas pretas,
formam uma combinação exclusiva dessa espécie em Manaus.
› SIMILAR SPECIES - The brown back,
B
orange underside and white ventral region of the tail with black spots are a
combination exclusive to this species
in the Manaus region.
C
REFERÊNCIAS/REFERENCES: BEEBE, 1946; STARACE, 1998; MARTINS & OLIVEIRA, 1999
FOTOS/PHOTOS: DANIEL ROSENBERG (A, B, C)
188
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
A
| COLUBRIDAE › Dipsadinae
Liophis reginae
(Linnaeus, 1758)
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 76 cm
› DESCRIPTION - Length up to 76 cm in
em machos e 81 cm em fêmeas. Região
dorsal do corpo marrom e laterais esverdeadas no primeiro terço, com algumas escamas manchadas de preto (A
e B). A cabeça é marrom, com as escamas labiais creme (A, B e C). Uma linha
preta se estende do focinho até o pescoço, em ambos os lados (A). O ventre
é amarelo, mais claro na região da cabeça (D). Uma faixa dourada se destaca na parte superior da íris e as pupilas
são redondas (A).
males and 81 cm in females. The dorsal
region is brown and the sides are greenish on the first third, with some black
spotted scales (A and B). The head is
brown with cream-colored lip scales (A,
B and C). A black line extends from the
snout to the neck, on both sides (A).
The underside is yellow, lighter in the
head region (D). A gold stripe stands
out in the top part of the iris and the
pupils are round (A).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Taeniophallus nicagus difere por não possuir
coloração verde no primeiro terço do
corpo.
› SIMILAR SPECIES - Taeniophallus nica-
B
gus differs by not having green coloration on the first third of the body.
C
REFERÊNCIAS/ REFERENCES: CUNHA & NASCIMENTO, 1978; DUELLMAN, 1978; ÁVILA-PIRES,
1995; MARTINS & OLIVEIRA, 1999
190
D
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
A
| COLUBRIDAE › Dipsadinae
Liophis typhlus
(Linnaeus, 1758)
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 74 cm
› DESCRIPTION - Length up to 74 cm
em machos e 85 cm em fêmeas. Na região de Manaus ocorrem pelo menos
três padrões de coloração dorsal: verde
(A), marrom-avermelhado (B) e cinza-azulado (C). A pele entre as escamas
do dorso é branca, com linhas pretas
que resultam em um aspecto rajado (A,
B e C). No padrão verde, o ventre na
região da cabeça e no primeiro terço
do corpo é esverdeado (E), amarelado
na região da cauda. No padrão marrom-avermelhado, o ventre é alaranjado,
com manchas laranja na região posterior do corpo (F). No padrão cinza-azulado o ventre é branco, com poucos pontos escuros distribuídos (G). As
escamas labiais são esbranquiçadas (A,
B e C). As íris são avermelhadas, com
uma faixa dourada na parte superior,
e as pupilas são redondas (A). Quando
ameaçada, esta espécie pode comprimir
o corpo dorso-ventralmente (D).
in males and 85 cm in females. In Manaus, there are at least three dorsal coloration patterns: green (A), red-brown
(B) and blue-gray (C). The skin between the dorsal scales is white, with black
lines which result in a streaked appearance (A, B and C). In the green pattern, the underside of the head and the
first third of the body are greenish (E),
and more yellow in the tail region. In
the red brown-pattern, the underside is
orange, with orange spots on the rear
of the body (F). In the blue-gray pattern, the underside is white with a few
dark dots (G). The labial scales are whitish (A, B and C). The irises are reddish,
with a gold stripe on the upper part,
and the pupils are round (A). When
threatened, this species flattens the
body (D).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Liophis reginae difere por possuir coloração marrom na cabeça e nos dois terços finais
do corpo, sendo o primeiro terço verde
ou verde-amarelado. Philodryas viridissima não possui linhas pretas na pele
entre as escamas, e possui o ventre verde claro.
C
› SIMILAR SPECIES - Liophis reginae differs by having brown coloration on the
head and on the last two thirds of the
body, with the first third being green
or yellow-green. Philodryas viridissima
does not have black lines on the skin
between the scales, and has a light
green underside.
REFERÊNCIAS/REFERENCES: BEEBE, 1946; CUNHA & NASCIMENTO, 1978; MICHAUD & DIXON,
1989; MARTINS & OLIVEIRA, 1999
192
B
D
E
F
G
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| COLUBRIDAE › Dipsadinae
Liophis sp.
› DESCRIÇÃO - O dorso é marrom-es-
› DESCRIPTION - The dorsum is dark
curo, com duas linhas laterais amarelas que se estendem até a cauda (B).
Nas laterais, próximo ao ventre, as escamas dorsais são amarelas com bordas
marrom-escuras (B). O ventre é creme
com faixas pretas transversais entre as
escamas (D). A cabeça é marrom-escura uniforme, com as escamas labiais de
cor creme (A e B). Uma faixa amarelo-ouro está presente no pescoço (C) e a
mesma coloração se estende pelas laterais da região anterior do corpo (B).
As íris são vermelhas e as pupilas redondas (A).
brown with two yellow lateral lines that
extend to the tail (B). On the sides,
near the belly, dorsal scales are yellow
with dark brown margins (B). The belly
is cream with black transverse stripes
on the edges of the scales (D). The
head is uniformly dark brown and labial scales are cream-colored (A and
B). A gold-yellow band is present on
the neck (C) and the same color extends along the sides of the anterior body
(B). Irises are red and pupils round (A).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Dificilmente confundida com outras espécies
na região de Manaus, devido à combinação entre olhos vermelhos e faixa
amarela no pescoço.
B
› SIMILAR SPECIES - Usually not confused with other species in the Manaus
region, due to the combination of red
eyes and yellow band on the neck.
C
194
D
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| COLUBRIDAE › Dipsadinae
Oxyrhopus occipitalis
(Wied-Neuwied, 1824)
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 82 cm
› DESCRIPTION - Length up to 82 cm in
em machos e 1 m em fêmeas. Em adultos, o dorso é vermelho-alaranjado,
com as extremidades das escamas escuras. Ao longo de todo o corpo, está
presente uma sombra escura sobre parte das escamas vermelhas, formando
faixas escuras (B). O ventre é branco
ao longo do corpo, amarelo na região
da cabeça e vermelho-alaranjado com
anéis mais escuros na cauda (C). A região do pescoço e a parte posterior da
cabeça são escuras, quase pretas (D).
A região da ponta do focinho até os
olhos e as escamas labiais são amarelas (A e D). Os jovens são brancos com
anéis pretos e a cabeça laranja, com o
focinho mais claro. Em jovens e adultos
as íris são laranja e as pupilas elípticas
(A e D).
males and 1 m in females. In adults,
the back is red-orange, with dark edges
on the scales. A dark shadow is present over the red scales, forming dark
bands along the whole body (B). The
underside of the body is white, yellow
in the head region and orange-red with
darker rings on the tail (C). The neck
region and back of the head are dark,
almost black (D). The region from the
tip of the snout to the eyes and the labial scales are yellow (A and D). The
young are white with black rings and
an orange head, with a lighter snout.
In both juveniles and adults, the irises are orange and the pupils elliptical
(A and D).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Em Manaus, coloração dorsal vermelha, cabeça escura e focinho amarelo formam
uma combinação exclusiva de O. occipitalis.
B
› SIMILAR SPECIES - In Manaus, the red
dorsal coloration and dark head with
yellow snout is a combination exclusive to O. occipitalis.
D
REFERÊNCIAS/REFERENCES: BEEBE, 1946; CUNHA & NASCIMENTO, 1978; DUELLMAN, 1978;
STARACE, 1998; MARTINS & OLIVEIRA, 1999
196
C
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| COLUBRIDAE › Dipsadinae
Oxyrhopus vanidicus
(Lynch, 2009)
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 81 cm
› DESCRIPTION - Length up to 81 cm in
em machos e 1 m em fêmeas. O padrão
dorsal é formado por sequências irregulares de faixas pretas, separadas por
faixas brancas. Nas extremidades anterior e posterior dessas sequencias estão
presentes faixas amarelas, de larguras
variadas (B). O ventre é branco, com
discretas manchas pretas e amarelas,
que se tornam mais regulares no terço posterior do corpo, e podem formar
anéis na região da cauda (D, E e F). A
coloração do focinho e da região dorsal
da cabeça é preta, com uma faixa amarelo-alaranjada em forma de “V”, que se
estende até as laterais (A e C). Os olhos
são grandes e pretos e as pupilas elípticas, mas pouco evidentes (A e C).
males and 1 m in females. The patterns
on the back form irregular sequences of
black bands separated by white bands.
On the front and back edges of these
sequences, are yellow bands in varying
widths. The underside is white with
subtle black and yellow spots, which
become more regular in the rear third
of the body, and can form rings in the
tail region (D, E and F). The coloration
of the snout and the top of the head
are black, with a yellow-orange V-shaped stripe, which extends to the sides
(A and C). The eyes are large and black and the pupils are slightly elliptical
(A and C).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Em vista
dorsal é semelhante à Cobra-coral verdadeira Micrurus hemprichii, mas pode
ser facilmente diferenciada pelo ventre
branco sem anéis bem definidos.
C
D
E
› SIMILAR SPECIES - From a dorsal view
it is similar to the true coral snake Micrurus hemprichii, but can be easily differentiated by the white underside
with no well-defined rings.
REFERÊNCIAS/ REFERENCES: DUELLMAN, 1978; DUELLMAN & SALAS, 1991; STARACE, 1998;
MARTINS & OLIVEIRA, 1999; LYNCH, 2009
198
B
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| COLUBRIDAE › Dipsadinae
Philodryas argentea
(Daudin, 1803)
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 1,3
› DESCRIPTION - Length up to 1.3 m
m em machos e fêmeas. Espécie com
o focinho proeminente e pontiagudo
(A, B e C). A região dorsal do corpo e
da cauda é creme-amarelada, com três
faixas longitudinais verde-oliva, sendo
duas laterais e uma sobre a coluna vertebral (B). As faixas laterais se estendem até a ponta do focinho onde se
tornam mais largas atrás dos olhos e na
região do pescoço (A, B e C). O ventre
é verde-amarelado na região da cabeça
e da cauda. No restante, estão presentes faixas verde-oliva, sendo duas mais
largas nas extremidades e uma central
mais estreita, intercaladas por duas faixas creme (D). As íris são douradas na
região superior e inferior dos olhos, e
nas regiões anterior e posterior, a coloração é a continuação das faixas laterais verde-oliva (C). As pupilas são redondas (A e C).
for males and females. This species has
a prominent and pointed snout (A, B
and C). The dorsal region of the body
and tail is yellowish cream, with three
longitudinal olive-green stripes, one
over the vertebrate column and one on
each side (B). The lateral stripes extend to the tip of the snout and become wider behind the eyes and in the
neck region (A, B and C). The underside
is yellow-green in the head and tail regions. Under the rest of the body there are olive-green lines, two large ones
on the edges and a narrower one in the
center, interspersed by two cream stripes (D). The upper and lower parts of
the irises are gold, and the color pattern of the front and back is a continuation of the olive-green lateral lines
(C). The pupils are round (A and C).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Oxybelis
fulgidus também possui focinho pontiagudo, mas difere pela coloração uniformemente verde, e ausência de faixas
longitudinais ao longo do corpo.
› SIMILAR SPECIES - Oxybelis fulgidus
also has a pointed snout, but differs by
the uniform green coloration and the
lack of the longitudinal lines the length of the body.
REFERÊNCIAS/REFERENCES: CUNHA & NASCIMENTO,1978; DUELLMAN, 1978; DIXON & SOINI
1986; MARTINS & OLIVEIRA, 1999
200
B
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| COLUBRIDAE › Dipsadinae
Philodryas viridissima
(Linnaeus, 1758)
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 65 cm
› DESCRIPTION - Length up to 65 cm
em machos e 83 cm em fêmeas. Adultos são totalmente verdes, com uma tonalidade de verde-folha na região dorsal do corpo e da cabeça (B e D), mais
clara no ventre (E). A região ventral da
cabeça é branca (A e E). As íris são vermelho-alaranjadas e as pupilas são redondas (A).
in males and 83 cm in females. Adults
have green bodies, with a leaf-green
tone on the dorsal region of the body
and head (B and D), and lighter underside (E). The underside of the head is
white (A and E). The irises are orange-red and the pupils are round (A).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Jovens de
Chironius scurrulus são muito semelhantes, mas possuem íris amareladas. O padrão verde de Liophis typhlus difere por
apresentar linhas pretas entre as escamas dorsais e o ventre amarelado.
› COMENTÁRIOS - Quando ameaçada,
esta espécie abre a boca (C), retrai o
pescoço em forma de “S” (A), expande
os ossos da cabeça (D) e desfere botes.
Embora possa ser considerada não peçonhenta, possui dentição opistóglifa
(C) e o veneno pode ser bastante tóxico a humanos, especialmente crianças.
› SIMILAR SPECIES - Young Chironius
scurrulus are very similar, but have
yellow irises. The green morphotype of
Liophis typhlus is distinguished by the
presence of black lines between the
dorsal scales and a yellowish underside.
C
D
E
› COMMENTS - This species opens the
mouth when threatened (C), curves the
neck in an “S” shape (A), expands the
bones of the head (D) and strikes. It
has rear fangs (C) and the venom can
be quite toxic to humans, especially
children.
REFERÊNCIAS/ REFERENCES: BEEBE, 1946; DIXON & SOINI, 1977; CUNHA & NASCIMENTO, 1978;
DIXON & SOINI, 1986; DUELLMAN & SALAS, 1991; STARACE, 1998; MARTINS & OLIVEIRA, 1999
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| COLUBRIDAE › Dipsadinae
Pseudoboa coronata
Schneider, 1801
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 1 m
› DESCRIPTION - Length up to 1 m in
em machos e fêmeas. A região dorsal
do corpo é vermelha e a cabeça é preta
(A e B). Na região da boca, as escamas
infralabiais são brancas e as supralabiais são pretas (A). O ventre é branco,
mais acinzentado na região da cabeça
(D). As escamas subcaudais são simples, e não divididas como na maioria
das espécies encontradas na região de
Manaus (E). Jovens possuem um colar
nucal branco (C). As íris são pretas e as
pupilas pouco evidentes (A e C).
males and females. The dorsal region of
the body is red and the head is black
(A and B). The infralabial scales around
the mouth are white and the supralabials are black (A). The underside is
white and more grayish under the head
region (D). The subcaudal scales are
single and not divided as in the majority of the species found in Manaus region (E). Young may have a white nuchal collar (C). The irises are black and
the pupils not very evident (A and C).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Muito se-
› SIMILAR SPECIES - It is very simi-
melhante a Pseudoboa neuwiedii, frequentemente pode ser diferenciada
apenas pela contagem de escamas (P.
coronata possui 17 fileiras de escamas
dorsais no meio do corpo e P. neuwiedii
possui 19). Drepanoides anomalus difere por possuir escamas dorsais vermelhas com extremidades manchadas de
preto. Juvenis de Clelia clelia diferem
por possuírem uma faixa branca larga
na cabeça, que se estende dos olhos
até o pescoço e escamas subcaudais
pareadas.
lar to Pseudoboa neuwiedii, from which it often can only be differentiated
by counting scales (P. coronata has 17
rows of dorsal scales on the middle of
the body and P. neuwiedii has 19). Drepanoides anomalus differs by having
red dorsal scales with black spotted
edges. Young Clelia clelia have a white
band on the head, which extends from
the eyes to the neck and paired subcaudal scales.
REFERÊNCIAS/REFERENCES: BEEBE, 1946; CUNHA & NASCIMENTO, 1978; DUELLMAN, 1978;
CUNHA & NASCIMENTO, 1983; DIXON & SOINI, 1986; MARTINS & OLIVEIRA, 1999
204
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| COLUBRIDAE › Dipsadinae
Pseudoboa martinsi
Zaher, Oliveira & Franco, 2008
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 1 m
› DESCRIPTION - Length up to 1 m in
em machos e 1,1 m em fêmeas. Região
dorsal formada por uma faixa longitudinal preta sobre a coluna vertebral, e
duas faixas longitudinais de coloração
laranja nas laterais (A e B). A região
anterior da cabeça é preta, a região
posterior da cabeça e pescoço são laranja nos (C) adultos e creme ou brancos nos jovens (D). A região ventral é
branca, mas pode variar entre tons de
creme (E). As escamas subcaudais são
simples e não divididas como na maioria das outras cobras em Manaus (F). Os
olhos são vermelhos e as pupilas elípticas (A).
males and 1.1 m in females. The dorsal region has a black longitudinal stripe over the vertebral column, and an
orange longitudinal stripe on each side
(A and B). The front of the head is black, the back of the head and neck are
orange in adults (C) and cream or white in young (D). The underside is white, or variable tones of cream (E). The
subcaudal scales are simple and not divided as in the majority of the other
snakes in the Manaus region (F). The
eyes are red and the pupils are elliptical (A).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - A combinação entre faixa longitudinal preta sobre a coluna vertebral e duas faixas laterais laranja diferenciam esta espécie
de qualquer outra na região de Manaus.
› SIMILAR SPECIES - The combination
of black longitudinal stripe over the
vertebral column and the two orange
side stripes differentiates this species
from any other species in the Manaus
region.
REFERÊNCIAS/REFERENCES: MARTINS & OLIVEIRA, 1999; ZAHER ET AL., 2008
206
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| COLUBRIDAE › Dipsadinae
Pseudoboa neuwiedii
(Duméril, Bibron & Duméril, 1854)
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 1 m
› DESCRIPTION - Length up to 1 m in
em machos e 1,2 m em fêmeas. Nos
adultos a região dorsal é preta da cabeça até atrás do pescoço, e é gradativamente substituída por vermelho, formando um degradê que vai até o meio
do corpo (A e B). Do meio do corpo até
o final da cauda a cor predominante é
vermelha, com as extremidades das escamas dorsais de cor cinza, o que lhe
confere um aspecto de vermelho-acinzentado. As escamas labiais são brancas (A). Nos juvenis a região dorsal do
corpo é vermelha, com exceção da cabeça que é preta na extremidade anterior, branca na posterior e preta no
pescoço (C). A região ventral é creme,
e as escamas subcaudais são simples.
males and 1.2 m in females. In adults,
the dorsal region is black from the head
to behind the neck, and the black is
gradually replaced by red, forming a
gradient that goes to the middle of the
body (A and B). From the middle of the
body to the end of the tail the color is
predominantly red, with gray edges on
the dorsal scales, which gives them a
grayish red appearance. The labial scales are white (A). In juveniles, the dorsal region is red, with the exception of
the head, which is black at the front,
white to the rear, and black on the
neck (C). The underside is cream and
the subcaudal scales are simple.
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Muito semelhante a Pseudoboa coronata, frequentemente pode ser diferenciada
apenas pela contagem de escamas (P.
coronata possui 17 fileiras de escamas
dorsais no meio do corpo e P. neuwiedii
possui 19). Difere de Drepanoides anomalus por esta apresentar as escamas
dorsais manchadas de preto. Pode ser
diferenciada dos juvenis de Clelia clelia
por estes apresentarem escamas subcaudais divididas.
› SIMILAR SPECIES - Very similar to
Pseudoboa coronata, from which it often can only be differentiated by counting scales (P. coronata has 17 rows of
dorsal scales on the middle of the body
and P. neuwiedii has 19). It can be differentiated from Drepanoides anomalus as it has black spotted dorsal scales.
It can be differentiated from juvenile
Clelia clelia because they have paired
subcaudal scales.
REFERÊNCIAS/REFERENCES: STARACE, 1998; MARTINS & OLIVEIRA, 1999
FOTOS/PHOTOS: LAURIE VITT (A, B, C)
208
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| COLUBRIDAE › Dipsadinae
Siphlophis cervinus
(Laurenti, 1768)
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 76 cm
› DESCRIPTION - Length up to 76 cm in
em machos e 1 m em fêmeas. Em jovens
e adultos a coloração dorsal é formada
por escamas amarelas, pretas e laranjas, que resultam em um padrão reticulado. As escamas laranja estão distribuídas ao longo da linha vertebral, e
as escamas amarelas ou brancas e pretas estão dispostas em bandas irregulares, nas laterais do corpo (A, B e C).
As escamas amarelas gradativamente se
tornam brancas na região posterior do
dorso (B). O ventre é branco na porção
anterior, com manchas pretas irregulares e pontos laranja na região posterior
(E). Em adultos, as escamas dorsais da
cabeça são creme, com bordas esbranquiçadas e centros pontuados de preto (A e D). Os jovens possuem a cabeça preta (C). Os olhos são grandes, as
íris avermelhadas e as pupilas elípticas
(A e C).
males and 1 m in females. In juveniles
and adults, the dorsal coloration is formed by yellow, black and orange scales, which results in a reticulated pattern. The orange scales are distributed
all along the vertebral line, and the
black and yellow or white scales are arranged in irregular bands on the sides
of the body (A, B and C). The yellow
scales change to white in at the rear
of the body (B). The underside is white
at the front, with irregular black spots
and some orange dots to the rear (E).
In adults, the dorsal scales of the head
are cream, with whitish edges and centers spotted in black (A nad D). Juveniles have black head (C). The eyes are
very large, the irises are reddish and
the pupils are elliptical (A and C).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Siphlophis
cervinus é a única espécie na região de
Manaus com padrão reticulado de preto
e amarelo, e linha laranja sobre a coluna vertebral.
B
› SIMILAR SPECIES - Siphlophis cervinus
is the only species in the Manaus region with a reticulated pattern of black
and yellow (or white) with an orange
line over the vertebral column.
E
D
REFERÊNCIAS/REFERENCES: CUNHA & NASCIMENTO, 1978; DUELLMAN, 1978; DIXON & SOINI,
1986; NASCIMENTO ET AL. 1987; MURPHY, 1997; PRUDENTE ET AL., 1998; STARACE, 1998;
MARTINS & OLIVEIRA, 1999
210
C
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A
| COLUBRIDAE › Dipsadinae
Siphlophis compressus
(Daudin, 1803)
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 1 m
› DESCRIPTION - Length up to 1 m in
em machos e 1,4 m em fêmeas. Região
dorsal do corpo vermelho-rosada, com
uma série de faixas escuras transversais
nas laterais do corpo (A, B e C). Na região do pescoço está presente uma faixa larga, que cobre todo o dorso (A,
B e C). O ventre é branco (F). A cabeça triangular é vermelho-alaranjada nos
adultos (A e D). Nos jovens está presente um colar nucal branco (C e E). Os
olhos são vermelhos e as pupilas verticais (A).
males and 1.4 m in females. The dorsal region of the body is pinkish-red,
with a series of dark transverse bands
on the sides of the body (A, B and C).
The neck region has a wide band that
covers the whole dorsal surface (A, B
and C). The underside is white (F). The
triangular head is orange-red in adults
(A and D). The young have a white neck
collar (C and E). The eyes are red and
the pupils vertical (A).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - A combinação entre coloração avermelhada sobre o dorso e cabeça, e faixas pretas
transversais é bastante peculiar e exclusiva desta espécie na região de Manaus, sendo dificilmente confundida
com outra espécie.
› SIMILAR SPECIES - The combination
C
D
F
of reddish coloration over the back and
head, with black bands is peculiar to
this species in the Manaus region and
difficult to confuse with other species.
REFERÊNCIAS/REFERENCES: CUNHA & NASCIMENTO, 1978; DUELMANN, 1978; DIXON & SOINI,
1986; MURPHY, 1997; ZAHER & PRUDENTE, 1998; MARTINS & OLIVEIRA, 1999
212
B
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A
| COLUBRIDAE › Dipsadinae
Taeniophallus brevirostris
(Peters, 1863)
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 48 cm
› DESCRIPTION - Length up to 48 cm in
em machos e 35 cm em fêmeas. O focinho é curto, característica que originou o nome da espécie (A). A coloração
dorsal e da cabeça é marrom-escura,
com duas faixas longitudinais castanho-claras, que gradativamente se tornam acinzentadas em direção à cauda.
As bordas das escamas dessas faixas
têm pontos dourados, dando impressão
de que as faixas estão situadas sobre o
fundo marrom escuro (B). Lateralmente, as escamas do pescoço e da cabeça
possuem pontos brancos, mais concentrados na região labial (A e C). A região
ventral da cabeça é preta, branca em
todo o resto do corpo (D). As íris são
reticuladas de marrom-escuro e dourado, e as pupilas são redondas (A).
males and 35 cm in females. The snout
is short, a characteristic which gave
the species its name. The dorsal coloration of the head is dark brown, with
two light brown longitudinal stripes,
which gradually turn grayish towards
the tail. The edges of the scales in these stripes have golden dots, giving the
impression that they are located on a
dark brown background (B). Laterally,
the scales of the neck and head have
white dots, more concentrated on the
labial region (A and C). The underside
of the head is black and the underside of the rest of the body is white (D).
The irises are reticulated dark brown
and gold, and the pupils are round (A).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Taeniophallus nicagus difere por possuir pares
de manchas castanho-claras na região
do pescoço, ventre amarelo na maior
parte do corpo, e branco com pontos
pretos na região da cabeça.
› SIMILAR SPECIES - Taeniophallus nicagus differs by having pairs of light brown spots on the neck region, underside yellow on the majority of the body,
and white with black dots on the head
region.
REFERÊNCIAS/REFERENCES: STARACE, 1998; MARTINS & OLIVEIRA, 1999
214
B
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| COLUBRIDAE › Dipsadinae
Taeniophallus nicagus
(Cope, 1895)
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 46 cm
› DESCRIPTION - Length up to 46 cm in
em machos e fêmeas. O dorso tem coloração castanha na porção anterior do
corpo e se torna gradativamente marrom-avermelhado em direção à cauda
(A e B). Ao longo da região vertebral
está presente uma faixa preta de bordas em zigue-zague (B). Pares de manchas arredondadas de coloração castanho-clara se distribuem lateralmente,
iniciando no pescoço e desaparecendo gradativamente em direção à cauda (A e B). O ventre é amarelo, exceto
na região da cabeça e pescoço, onde
é esbranquiçado com manchas amarelas e pontos pretos distribuídos irregularmente (E). A cabeça é marrom, com
uma faixa preta triangular na região da
nuca (C) e as escamas labiais são brancas (D). As íris possuem uma faixa dourada em posição superior, e as pupilas
são redondas (A e D).
both males and females. The back has
brown coloration on the front of the
body which gradually turns reddish-brown in the direction of the tail (A
and B). There is a black stripe with zigzag edges along the vertebral region
(B). Pairs of round, light brown spots
are distributed laterally, starting on
the neck and gradually disappearing
in the direction of the tail (A and B).
The underside is yellow, except under
the head and neck region, where it is
whitish with irregularly distributed black dots and spots (E). The head is brown, with a triangular black mark on the
neck (C) and the labial scales are white
(D). The irises have a gold stripe positioned on the top, and the pupils are
round (A and D).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Taeniophallus brevirostris difere por não possuir pares de manchas castanho-claras
na região do pescoço, e possui o ventre
branco na maior parte do corpo e preto na região da cabeça. Liophis reginae
possui coloração verde no primeiro terço do dorso e não possui pares de manchas castanho-claras.
› SIMILAR SPECIES - Taeniophallus brevirostris differs in not having pairs of
light brown marks on the neck, and in
having ventral coloration that is black
under the head and white elsewhere.
Liophis reginae has green coloration on
the first third of the dorsum and does
not have light brown marks.
REFERÊNCIAS/REFERENCES: STARACE, 1998; MARTINS & OLIVEIRA, 1999
216
B
C
D
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| COLUBRIDAE › Dipsadinae
Umbrivaga pygmaea
(Cope, 1868)
› DESCRIÇÃO - Comprimento do cor-
› DESCRIPTION - Body length up to 23
po até 23 cm em machos e 25 cm em
fêmeas. Região dorsal predominantemente marrom-escura, mais avermelhada na região anterior, sobre a qual se
encontram duas faixas marrom-escuras
em forma de “V”: uma sobre o pescoço
e a outra posteriormente próxima. Nas
laterais do corpo estão presentes duas
linhas de escamas pretas, que iniciam
na região da cabeça e terminam na cauda (A e B). A pele entre as escamas é
branca (B), sendo mais evidente quando assume postura de defesa. A cabeça
é marrom-avermelhada e as escamas labiais creme (A e C). O ventre é alaranjado, sem manchas (D). Os olhos são
avermelhados, com uma faixa dourada
sobre as pupilas redondas (A).
cm in males and 25 cm in females. The
dorsal region is predominantly dark
brown, more reddish to the front of the
body, on which there are two dark brown stripes in the form of a “V”, one on
the neck and the other close behind.
There are two lines of black on the sides of the body, which begin on the
head and end at the tail (A and B). The
skin between the scales is white (B),
being more evident when the snake assumes a defensive posture. The head is
reddish brown and the labial scales are
cream (A and C). The underside is orange, without spots (D). The eyes are reddish, with gold stripes over the round
pupils (A).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Pode ser
confundida com jovens de Liophis, mas
pode ser diferenciada pelo ventre laranja sem manchas pretas.
B
› SIMILAR SPECIES - It can be confused
with juveniles of Liophis, but can be differentiated by the orange color on the
underside without black spots.
C
REFERÊNCIAS/REFERENCES: MARTINS & OLIVEIRA, 1999; KAWASHITA-RIBEIRO ET AL., 2011
FOTOS/PHOTOS: VINÍCIUS T. DE CARVALHO (A, B, C); RICARDO A. KAWASHITA RIBEIRO (D)
218
D
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
A
| COLUBRIDAE › Dipsadinae
Xenodon rabdocephalus
(Wied, 1824)
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 75 cm
› DESCRIPTION - Length up to 75 cm for
em machos e 87 cm em fêmeas. A coloração dorsal é formada por combinações de diferentes tons de marrom, que
se distribuem ao longo do corpo em faixas irregulares (B) ou em formato de “X”
(C). Geralmente as faixas marrons de
tons mais escuros estão separadas por
faixas ou linhas marrom-claras ou creme
(B e C). As escamas dorsais são lisas. A
região dorsal da cabeça é marrom-escura, e uma faixa lateral creme está presente acima dos olhos. Esta faixa pode
ser delimitada por linhas pretas (A e B).
O ventre é creme, com desenhos pretos que variam entre pontos irregulares,
manchas que podem se unir formando
faixas irregulares e linhas estreitas entre as escamas (E). Jovens podem ser levemente avermelhados (D). As íris são
douradas com pontos pretos, e as pupilas são redondas (A e B).
males and 87 cm for females. The dorsal
coloration is formed by a combination
of different tones of brown, which are
distributed in wide irregular bands (B)
or in the shape of an “X” (C). Usually
the bands of darker brown tones are separated by light brown or cream bands
or lines (B and C). The dorsal scales are
smooth. The head is dark brown on the
dorsal region, and it has a cream colored lateral stripe above each eye. This
stripe may or may not be bounded by
black lines (A and B). The underside is
cream, with black markings which can
vary from tiny irregular dots, spots that
may unite forming irregular bands, or
narrow lines present on the base of the
scales, which can occupy the entire width of the ventral scales (E). Juveniles
can be reddish (D). The irises are gold
with tiny black dots and the pupils are
round (A and B).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Difere de
Bothrops atrox pelas escamas dorsais lisas (quilhadas em B. atrox), pupilas redondas (elípticas em B. atrox) e ausência de fossetas loreais.
C
D
E
› SIMILAR SPECIES - Differs from Bothrops atrox by having smooth dorsal
scales (keeled in B. atrox), round pupils (elliptical in B. atrox) and the absence of loreal pits.
REFERÊNCIAS/REFERENCES: BEEBE, 1946; CUNHA & NASCIMENTO, 1978; DIXON & SOINI, 1986;
STARACE, 1998. MARTINS & OLIVEIRA, 1999
FOTOS/PHOTOS: VINÍCIUS T. DE CARVALHO (A, B, D); LAURIE VITT (C)
220
B
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
A
| COLUBRIDAE › Dipsadinae
Xenopholis scalaris
(Wucherer, 1861)
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 33 cm
› DESCRIPTION - Length up to 33 cm
em machos e 35 cm em fêmeas. Três
faixas longitudinais estão presentes no
dorso, uma marrom-escura sobre a coluna vertebral, uma marrom-chocolate
disposta lateralmente no corpo e uma
marrom-alaranjada, mais próxima ao
ventre (B). As duas faixas laterais do
corpo formam um degrade de marrom-chocolate na parte superior, lateralmente marrom-alaranjado, amarelo ou
creme próximo ao ventre (A e B). Sobre
a faixa marrom-chocolate estão presentes bandas pretas transversais, distribuídas ao longo de todo o corpo (B). O
ventre é branco, levemente rosado na
região da cabeça, e levemente laranja na região da cauda (D). A cabeça é
marrom-avermelhada no dorso, com as
escamas labiais brancas (A e C). As íris
são avermelhadas, e as pupilas redondas (A e C).
in males and 35 cm in females. Three
longitudinal stripes are present on the
back, one dark brown over the vertebral column, one chocolate-brown located laterally on the body and an
orange-brown stripe close to the underside (B). The two side stripes form
a gradient of chocolate brown on the
top, brown-orange laterally, and yellow
or cream close to the underside (A and
B). Over the chocolate brown stripe are
black transversal bands, distributed all
along the body (B). The underside is
white, lightly pink under the head region and slightly orange under the tail
region (D). The head is reddish-brown
on top, with white labial scales (A and
C). The irises are reddish, and the pupils are round (A and C).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Pode ser
confundida com Atractus schach, mas
esta não possui faixas longitudinais
ao longo da região lateral do corpo em
tons de marrom-chocolate a amarelo.
› SIMILAR SPECIES - It can be confused with Atractus schach, but that species does not have longitudinal stripes
along the lateral region of the body in
tones of chocolate brown to yellow.
REFERÊNCIAS/REFERENCES: CUNHA & NASCIMENTO, 1978; DUELLMAN, 1978; DIXON & SOINI,
1986; MARTINS & OLIVEIRA, 1999
222
B
C
D
| BOIDAE
Boa constrictor
(Linnaeus, 1758)
Elapidae
A família Elapidae inclui as espécies
de cobras mais venenosas do mundo, como as Mambas, Corais, Najas e
Cobras marinhas. A família é subdividida em três subfamílias amplamente distribuídas. As subfamílias Hydrophiinae e Laticaudinae são marinhas
e apresentam 20 gêneros, distribuídos em águas tropicais da costa oeste das Américas (gênero Pelamis),
sudeste da Ásia, costa leste da África e arquipélago Indo-Australiano.
A subfamíilia Elapinae (Najas, Mambas e Cobras-corais) possui 43 gêneros e 295 espécies, distribuídas pelas
Américas, África, Ásia e Oceania. Os
elapídeos produzem neurotoxinas que
são inoculadas por meio de dois dentes (ou presas) fixos, localizados na
região anterior da boca. A maior cobra peçonhenta do mundo, a Naja-real
Ophiophagus hannah, que pode medir
mais de 5 m de comprimento, é um
elapídeo. No Brasil, a família Elapidae
é exclusivamente representada pelas
Cobras-corais verdadeiras, distribuídas
224
The family Elapidae includes the
world’s most venomous snakes, such
as Mambas, Coral-snakes, Cobras and
Sea snakes. The family is subdivided
into three widely distributed subfamilies. The subfamilies Hydrophiinae
and Laticaudinae are marine and include 20 genera, distributed in tropical waters of the west coast of the
Americas (genus Pelamis), Southeast
Asia, west coast of Africa and the Indo-Australian archipelago. The subfamily Elapinae (Cobras, Mambas and
Coral-snakes) has 43 genera and 295
species, distributed throughout the
Americas, Africa, Asia and Oceania.
Most Elapids produce strong neurotoxins which are injected by means
of two fixed teeth (fangs), located
in the front of the mouth. The largest venomous snake in the world,
the King Cobra Ophiophagus hannah, which can measure more than
5 m in length, is an elapid. In Brazil, the family Elapidae is represented
exclusively by the true coral snakes,
nos gêneros Leptomicrurus e Micrurus.
Estas cobras geralmente possuem cores chamativas e contrastantes, como
preto, branco, vermelho ou amarelo,
que formam anéis
distribuídos ao longo de todo o corpo,
mas algumas espécies possuem coloração mais críptica.
Geralmente são calmas, e raramente
mordem humanos.
Ocorre apenas o
gênero Micrurus na
região de Manaus,
representado por
cinco espécies: Micrurus averyi, Micrurus hemprichii, Micrurus lemniscatus,
Micrurus spixii e Micrurus surinamensis. Estas espécies possuem padrão de
coloração do corpo típico de Corais,
com anéis pretos, vermelhos e brancos, exceto M. hemprichii, que não
possui anéis vermelhos.
distributed in the genera Leptomicrurus and Micrurus. These snakes usually have contrasting bright colors,
such as black,
red, white or yellow, which form
rings distributed
along the entire
body, but some
species are more
cryptically colored. They are
placid and rarely
bite humans. Only
the genus Micrurus occurs in the
Manaus region,
with five species:
Micrurus averyi,
Micrurus hemprichii, Micrurus lemniscatus, Micrurus spixii and Micrurus surinamensis.
These species have the color pattern
typical of coral snakes, with black,
red and white rings, except M. hemprichii, which does not have red rings.
225
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
A
| ELAPIDAE
Micrurus averyi
Schmidt, 1939
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 66 cm
› DESCRIPTION - Length up to 66 cm in
em machos e 71 cm em fêmeas. A coloração dorsal e ventral é vermelha, com
estreitos anéis pretos delimitados por
anéis brancos, distribuídos regularmente ao longo de todo o corpo (B e D). A
cauda é preta, com anéis brancos estreitos (B e D). A cabeça é preta, com
manchas brancas atrás e abaixo dos
olhos (A e C). Os olhos são pequenos
em relação à cabeça (A e C).
males and 71 cm in females. The dorsal and ventral coloration is red with
narrow black rings bordered with white rings, evenly distributed along the
body (B and D). The tail is black, with
narrow white rings (B and D). The head
is black, with white spots behind and
below the eyes (A and C). The eyes are
small in relation to the head (A and C).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Pode ser
confundida com a Falsa-coral Erythrolamprus aesculapii, mas difere por não
apresentar focinho branco ou amarelo-dourado, olhos grandes e pupilas evidentes. Atractus latifrons difere por não
possuir cauda e corpo em cores diferentes.
› SIMILAR SPECIES - It can be confused
B
with the false Coral-snake Erythrolamprus aesculapii, but differs by not having a white or yellow-gold snout, large eyes in relation to the head and very
evident pupils. Atractus latifrons differs
by not having tail and body in different colors.
C
REFERÊNCIAS/REFERENCES: ZIMMERMANN & RODRIGUES, 1990; ROZE, 1996; MARTINS &
OLIVEIRA, 1999
226
D
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
A
| ELAPIDAE
Micrurus hemprichii
(Jan, 1858)
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 88 cm
› DESCRIPTION - Length up to 88 cm in
em machos e 76 cm em fêmeas. A coloração dorsal e ventral é formada por
tríades de anéis pretos, separados internamente por dois anéis brancos estreitos, e externamente por anéis amarelos mais largos que os anéis brancos
(B e D). As escamas dos anéis amarelos
sobre o dorso e a cabeça apresentam
as bordas pretas (A, B e C). A cabeça é
preta, com um colar nucal amarelo (A e
C). Os olhos são pequenos em relação à
cabeça (A, B e C). Apesar de não possuir coloração vermelha é uma Cobra-coral verdadeira. Quando ameaçada,
esta espécie pode enrolar e levantar a
cauda (E).
males and 76 cm in females. The dorsal and ventral coloration is formed by
triads of black rings, separated internally by two thin white rings and externally by yellow rings which are wider than the white rings (B and D).
The scales in the yellow rings over the
back and the head have black edges
(A, B and C). The head is black, with a
yellow neck collar (A and C). The eyes
are small in relation to the head (A,
B and C). Although it does not have
red coloration, it is a true Coral-snake.
When threatened, this species will coil
the tail (E).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Facilmente confundida com a espécie não-peçonhenta Oxyrhopus vanidicus, mas nesta
espécie os anéis coloridos frequentemente não circulam todo o corpo. Além
disso, M. hemprichii possui manchas
pretas nas bordas das escamas amarelas da cabeça, ausentes em O. vanidicus.
› SIMILAR SPECIES - Easily confused
with the nonvenomous species Oxyrhopus vanidicus, but in that species the
colored rings frequently do not totally
circle the body. Also, M. hemprichii has
black spots on the edges of the yellow
scales on the head, absent in O. vanidicus.
REFERÊNCIAS/REFERENCES: GREENE, 1973; CUNHA & NASCIMENTO, 1978; DIXON & SOINI, 1986;
JORGE DA SILVA, 1993; ROZE, 1996; MARTINS & OLIVEIRA, 1999
228
B
C
D
E
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
A
| ELAPIDAE
Micrurus lemniscatus
(Linnaeus, 1758)
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 1,3 m
› DESCRIPTION - Length up to 1.3 m in
em machos e 1,1 m em fêmeas. Tríades
circulam o corpo, formadas por séries de
três anéis pretos separados internamente por dois anéis brancos mais estreitos.
Nas extremidades anterior e posterior da
série de anéis pretos estão presentes os
anéis vermelhos (A e D). Nos anéis brancos e vermelhos muitas escamas dorsais possuem a extremidade manchada
de preto (A e B). A cabeça é arredondada, com um anel preto no focinho,
uma faixa branca na altura das narinas,
uma preta na altura dos olhos e um anel
vermelho que estende até a extremidade posterior da cabeça (C). Os olhos
são pequenos em relação à cabeça, pretos e com pupilas pouco evidentes (A e
C). Quando ameaçada, esta espécie pode
enrolar e levantar a cauda (E).
males and 1.1 m in females. Triads circling the whole body are formed by series of three black rings separated internally by two narrower white rings.
Triads are separated by red rings (A and
D). Many of the white and red dorsal
scales have black spotted edges (A and
B). The head is rounded, with a black
ring on the snout, a white stripe at the
level of the nostrils, a black stripe at
eye level and a red ring which extends until the posterior edge of the head
(C). The eyes are small in relation to
the head, black and with barely evident
pupils (A and C). When threatened, this
species will curl the tail (E).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Assemelha-se à falsa-coral Erythrolamprus aesculapii, mas difere por não apresentar
focinho branco ou amarelo-dourado,
olhos relativamente grandes e pupilas
bem evidentes. Semelhante a Micrurus
spixii, mas nesta espécie os anéis brancos são da mesma largura ou mais largos
que os anéis pretos, todas as escamas
dos anéis vermelhos e brancos apresentam extremidades pretas, e a região dorsal da cabeça é preta. Micrurus surinamensis possui a cabeça vermelha rajada
com linhas pretas entre as escamas.
230
B
› SIMILAR SPECIES - It resembles the
false coral snake Erythrolamprus aesculapii, but differs by not having a white or
yellow-gold snout, relatively large eyes
and distinct pupils. It is similar to Micrurus spixii, but in that species the white
rings are the same width or wider than
the black rings, all the scales in the red
and white rings have black edges, and
the dorsal region of the head is black.
Micrurus surinamensis has a red head,
with black lines between the scales.
REFERÊNCIAS/REFERENCES: BEEBE, 1946;
GREENE, 1973; DUELLMAN, 1978; CUNHA &
NASCIMENTO, 1982; DIXON & SOINI, 1986;
MURPHY, 1997; STARACE, 1998; MARTINS &
OLIVEIRA, 1999
C
D
E
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
A
| ELAPIDAE
Micrurus spixii
(Wagler, 1824)
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 1,5 m
› DESCRIPTION - Length up to 1.5 m in
em machos e 94 cm em fêmeas. Padrão
de coloração em tríades, com seqüências de três anéis pretos intercalados
internamente por dois anéis brancos.
Dois anéis vermelhos separam as tríades (B). Todos os anéis são de tamanhos semelhantes, e as tríades estão
distribuídas ao longo do corpo, da cabeça à cauda. Os anéis brancos e vermelhos apresentam manchas pretas nas
extremidades das escamas (A, B e C). A
coloração do ventre é semelhante a do
dorso. Lateralmente, a cabeça é branca e vermelha, com algumas escamas
manchadas de preto (A). Os olhos são
pretos, pequenos em relação à cabeça,
e as pupilas pouco evidentes (A).
males and 94 cm in females. Color pattern in triads, with sequences of three
black rings separated internally by two
white rings. Two red rings separate the
triads (B). All the rings are of similar size and the triads are distributed
along the body, head and tail. There
are black spots present on the edges
of the scales in the white and red rings (A, B and C). The coloration of the
underside is similar to the dorsum. Laterally, the head is white and red, with
some black spotted scales (A). The eyes
are black, small in relation to the head,
and the pupils are barely visible (A).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Facilmente diferenciada de Micrurus lemniscatus
pela presença de um colar nucal, que
pode ser preto ou branco, enquanto
que em M. lemniscatus esse colar é vermelho. Difere de Micrurus surinamensis
por esta espécie apresentar cabeça vermelha rajada com linhas pretas entre
as escamas.
› SIMILAR SPECIES - Easily distinguished from Micrurus lemniscatus by the
neck collar, which can be black or white, while in M. lemniscatus this collar
is red. It is distinguished from Micrurus
surinamensis because that species has
red head streaked with black lines between the scales.
REFERÊNCIAS/REFERENCES: BEEBE, 1946; CUNHA & NASCIMENTO, 1978; DIXON & SOINI, 1986;
ROZE, 1996; MARTINS & OLIVEIRA, 1999
FOTOS/PHOTOS: VINÍCIUS T. DE CARVALHO (A, B, C)
232
B
C
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
A
| ELAPIDAE
Micrurus surinamensis
(Cuvier, 1817)
› DESCRIÇÃO - Comprimento 1,6 m em
› DESCRIPTION - Length 1.6 for males
machos e fêmeas. Corpo coberto com
séries de três anéis pretos (tríades),
sendo o anel central mais largo, separado internamente por anéis brancos (A
e B). Cada série é separada por anéis
vermelhos (B). Quase todas as escamas
vermelhas e algumas brancas possuem
as extremidades pretas (A e B). O ventre possui o mesmo padrão de coloração que o dorso, mas os anéis vermelhos e brancos não são manchados de
preto (D). A região dorsal da cabeça é
vermelha, com faixas pretas nas linhas
entre as escamas. Estas linhas também
podem ser vistas lateralmente (A e C).
Os olhos e as narinas estão localizados
em posição superior em relação à cabeça (A e C).
and females. Body covered by series
of three black rings (triads), the central ring being wider, separated internally by white rings (A and B). The series of three black and two white rings
are separated by red rings (B). Almost
all the red scales and some white scales have black spotted edges (A and B).
The ventral region has the same color
pattern as the dorsum, but the red and
white scales are not black spotted (D).
The dorsal region of the head is predominantly red, with black lines between
the scales that can also be seen laterally (A and C). The eyes and the nostrils are located on the top of the head
(A and C).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Micrurus
lemniscatus difere por apresentar um
anel preto sobre o focinho, seguido por
uma faixa branca e outra preta. Erythrolamprus aesculapii difere por possuir
séries de apenas dois anéis pretos. Micrurus spixii difere por possuir a cabeça
preta em vista dorsal.
› SIMILAR SPECIES - Micrurus lemniscatus differs by having a black ring over
the snout, followed by a white band
and another black one. Erythrolamprus
aesculapii differs by having series of
only two black rings. Micrurus spixii differs by having a black head in dorsal
view.
REFERÊNCIAS/REFERENCES: CUNHA & NASCIMENTO, 1978; DUELLMAN, 1978; CUNHA &
NASCIMENTO, 1982; STARACE, 1998; MARTINS & OLIVEIRA, 1999
234
B
C
D
Viperidae
A família Viperidae inclui três subfamílias: Azemiopinae, com apenas uma
espécie, a Víbora asiática Azemiops
feae; Viperinae, com 12 gêneros e
95 espécies distribuídas pela Europa, África e Ásia; e Crotalinae, com
23 gêneros e 220 espécies distribuídas pelas Américas e Ásia, incluindo
algumas ilhas oceânicas, como as Filipinas. Apenas a subfamília Crotalinae ocorre no Brasil, representada por
seis gêneros e 28 espécies de Jararacas, Cascavéis e Surucucus. Caracterizam-se principalmente pela presença
de dois dentes grandes e curvos, inoculadores de veneno, que se movem
com o osso maxilar, quando a boca é
aberta ou fechada. Estão presentes
duas cavidades grandes situadas entre
os olhos e as narinas, chamadas fossetas loreais, conectadas à um órgão
de percepção infravermelha, utilizado para detectar presas pela radiação
emitida pelo corpo. Todas as espécies
de Crotalinae possuem as escamas
dorsais quilhadas e a cabeça triangu-
236
The family Viperidae includes three
subfamilies: Azemiopinae, with only
one species, the Asiatic viper Azemiops feae; Viperinae, with 12 genera
and 95 species distributed throughout
Europe, Africa and Asia, and Crotalinae, with 23 genera and 220 species
distributed throughout the Americas and Asia, including oceanic islands, such as the Philippines. Only
the subfamily Crotalinae occurs in
Brazil, represented by six genera and
28 species of Lancehead Pit Vipers,
Rattlesnakes and Bushmasters. They
are characterized principally by the
presence of two large curved venomous fangs, which swivel forward and
back with the maxillary bone as the
mouth is opened and closed. They
also have two large cavities situated
between the eyes and nostrils, called
loreal pits, connected to an infrared
detection organ, used to detect prey
by heat emitted from their body. All
the species of Crotalinae have keeled
dorsal scales and a triangular head,
lar, com escamas pequenas e irregularmente distribuídas. Na região de
Manaus ocorrem
duas espécies
de crotalíneos:
a Jararaca-da-Amazônia Bothrops atrox, espécie com maior
frequência de registro em diversos estudos na
Amazônia central, e possivelmente responsável pela maioria
dos acidentes
ofídicos na região, e a Surucucu-pico-de-jaca
Lachesis muta,
espécie de grande porte cuja frequência de registros é relativamente baixa
na região de Manaus.
with small and irregularly distributed
scales. In the Manaus region, there
are two species
of crotalids: the
Common Lancehead Pit Viper
Bothrops atrox,
the species of
snake most frequently registered in various studies in
central Amazonia, and possibly responsible
for the majority of snake bite
injuries in the
region, and the
Bushmaster Lachesis muta, the
largest species, but one that is much
less frequently encountered near
Manaus.
237
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
A
| VIPERIDAE
Bothrops atrox
(Linnaeus, 1758)
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 1 m em
› DESCRIPTION - Length up to 1 m in
machos e 2,1 m em fêmeas. As escamas dorsais são imbricadas e quilhadas
(B e C). A coloração dorsal é altamente variável, com tonalidades entre castanho, marrom e cinza, e a presença de
manchas escuras que formam desenhos
triangulares. Essas manchas geralmente
apresentam as bordas mais claras (A, B e
C). Indivíduos jovens podem ter um padrão mais manchado, e a ponta da cauda é branca (D). A região dorsal da cabeça possui a mesma coloração do corpo,
e as escamas labiais podem ser brancas,
amarelas ou manchadas de marrom-escuro em jovens (A, B, C e D). Uma faixa
transversal mais escura que a coloração
predominante se estende da região dos
olhos até o fim da cabeça. Estão presentes dois orifícios grandes, as fossetas loreais, localizadas entre os olhos e as narinas (A, B, C e D). A coloração do ventre
também varia muito, pode ser amarela
com poucas (E) ou muitas manchas escuras (F), branca com manchas escuras
difusas (G) ou bem demarcadas (H), ou
ainda cinza com manchas brancas (I).
Os olhos são castanhos, com muitos
pontos escuros diminutos, e as pupilas
são elípticas (A).
males and 2.1 m in females. The dorsal scales are overlapping and keeled
(B and C). The dorsal coloration is highly variable, with tones of tan, brown
and grey, and dark spots which form
triangular designs. The spots usually
have lighter borders (A, B and C). Some
juveniles have a more spotted pattern
and a white tail tip (D). The dorsal region of the head has the same coloration as the body, and the labial scales
can be white, yellow or spotted dark
brown in juveniles (A, B, C and D). A
transverse stripe darker than the predominant color extends from the eye to
the end of the head. Two large openings, the loreal pits, are located between the eyes and nostrils (A, B, C and
D). The coloration of the underside is
variable and may be yellow with few
(E) or many dark spots (F), white with
diffused (G) or well-defined (H) dark
spots, or gray with white spots (I). The
eyes are brown with many minute dark
dots and the pupils are elliptical (A).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Pode ser
confundida Xenodon rabdocephalus,
mas esta não possui fossetas loreais, e
possui pupilas redondas.
238
› SIMILAR SPECIES - It can be confused
with Xenodon rabdocephalus, but that
species does not have loreal pits and
its pupils are round.
REFERÊNCIAS/REFERENCE: DUELLMAN, 1978;
DIXON & SOINI, 1986; DUELLMAN &
MENDELSON III, 1995; STARACE, 1998;
MARTINS & OLIVEIRA, 1999
D
B
E
F
G
C
H
I
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
A
| VIPERIDAE
Lachesis muta
(Linnaeus, 1766)
› DESCRIÇÃO - Comprimento até 2,2 m
› DESCRIPTION - Length up to 2.2 m in
em machos e 2,9 m em fêmeas. A coloração dorsal é composta de manchas
pretas em forma de losangos, sobre um
fundo castanho-claro ou castanho-escuro (B e C). Nos adultos as escamas dorsais são pontiagudas, lembram cascas
de jaca (B), sendo um pouco mais lisas
em juvenis (C). A região dorsal da cabeça é de cor castanha, com manchas
pretas (D). Possui um par de faixas pretas laterais que se estendem dos olhos
até o final da boca (A). Estão presentes
dois grandes orifícios, as fossetas loreais, entre os olhos e as narinas. Estas
estruturas são utilizadas para percepção
térmica (A). O ventre é branco ou creme,
com manchas castanhas na região da
cauda (E). A ponta da cauda possui escamas eriçadas e uma escama enrolada
na extremidade, que lembra um pequeno esporão (F). Os olhos são castanho-avermelhados e as pupilas verticais (A).
males and 2.9 m in females. The dorsal
coloration is composed of black spots
in the form of diamonds, over a light
brown background (B and C). In adults,
the dorsal scales are pointed, resembling jackfruit peels (B), being a little
smoother in juveniles (C). The dorsal
region of the head is brown with black
spots (D). There is a pair of black lateral stripes which extend from the mouth to the eyes (A). There are two large orifices, the loreal pits, between the
eyes and nostrils that are used for heat
perception (A). The underside is white or cream, with brown spots in the
tail region (E). The tip of the tail has
bristled scales and a curled scale at the
end, which resembles a small spur (F).
The eyes are reddish brown and the pupils are elliptical (A).
› ESPÉCIES SEMELHANTES - Pode ser
confundida com Bothrops atrox, mas as
manchas dorsais em forma de losangos
e as escamas pontiagudas a diferencia
facilmente.
› COMENTÁRIOS - Esta espécie é a úni-
C
D
E
› SIMILAR SPECIES - It can be confused
with Bothrops atrox, but the diamond
shaped dorsal spots and pointed scales
easily distinguish it. This species is the
only oviparous pitviper in Brazil.
› COMMENTS - This species is the only
oviparous pitviper occurring in Brazil.
ca víbora ovípara no Brasil.
REFERÊNCIAS/REFERENCES: BEEBE, 1946; CUNHA & NASCIMENTO, 1978; DUELLMAN, 1978; DIXON
& SOINI, 1986; MARTINS & OLIVEIRA, 1999
FOTO/PHOTO: PAULO S. BERNARDE (B)
240
B
F
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Chaves de campo para
identificação de espécies de
cobras da região de Manaus
Worm-like Blind snakes
Cobras-cegas vermiformes
Linhas amarelas em zigue-zague, intercaladas com
linhas marrons; manchas amarelas no focinho e ponta
da cauda
1
Epictia
tenella
Comprimento
máximo 20 cm
Sem linhas amarelas em zigue-zague
Dorso marrom-escuro, com manchas brancas de
tamanhos e formatos irregulares
Dorso marrom uniforme, mais claro na região da cabeça
Yellow zigzag lines, interspersed with brown lines;
yellow spots on snout and tail tip
Epictia
tenella
Maximum length
20 cm
1
Yellow zigzag lines absent
2
2
Dark brown back with white spots in irregular shapes
and sizes
Typhlops
reticulatus
Comprimento
máximo 52 cm
2
Field keys for
identification of snake species
in the Manaus region
Typhlops
reticulatus
Maximum length
52 cm
2
Back uniform brown, lighter on the head
Typhlophis
squamosus
Typhlophis
squamosus
Maximum length
26 cm
Comprimento
máximo 26 cm
Brown, black and yellow snakes
Cobras marrons, pretas e amarelas
1
242
Focinho pontudo
2
Focinho não pontudo
3
1
Pointed snout
2
Snout not pointed
3
243
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Corpo semelhante a um galho seco, interior da boca
azul-escuro
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Body like a dry twig; dark blue color inside the
mouth
Oxybelis
aeneus
Comprimento máximo
2m
2
Três faixas longitudinais verdes no dorso e no ventre
Maximum length 2 m
2
Philodryas
argentea
Three longitudinal green stripes on the back and
belly
Comprimento máximo
1,3 m
3
Dorso com coloração uniforme, sem manchas ou
faixas
4
Dorso com linhas ou faixas
6
Dorso com manchas de formatos variados
25
Dorso e cabeça de cor preta
Clelia clelia
Comprimento máximo
2,3 m
Dorso marrom
Dorso marrom-claro, escuro ou esverdeado; cabeça
lateralmente amarela ou creme
3
Back with uniform color, without spots, lines or
stripes
4
Back with lines ou stripes
6
Back with spots in varied shapes
25
Black back and head
Corpo marrom-esverdeado, com a região da boca
amarelada
Clelia clelia
(adult)
4
Maximum length 2.3 m
5
Brown back
Atractus
torquatus
Light brown, dark brown or greenish back; head
laterally yellow or cream
Comprimento máximo
75 cm
5
Philodryas
argentea
Maximum length 1.3 m
(adulto)
4
Oxybelis
aeneus
Pseustes
poecilonotus
Comprimento máximo
1,8 m
5
Atractus
torquatus
Maximum length
75 cm
5
Greenish brown body, yellow lips
Pseustes
poecilonotus
Maximum length 1.8 m
244
245
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Corpo com linhas ou faixas longitudinais
Body covered with longitudinal lines or bands
7
6
7
Corpo com faixas transversais, que podem ter
diferentes formatos
Cabeça mais escura que o corpo
7
6
10
8
Cabeça da mesma cor que o corpo
9
Linhas marrom-claras e marrom-escuras intercaladas;
ponta da cauda marrom-escura
Apostolepis sp.
7
Comprimento máximo
40 cm
8
Uma ou mais linhas finas escuras sobre o corpo
marrom-claro; cauda da mesma cor que o corpo
Tantilla
melanocephala
Body covered by transverse stripes or bands, which
can have different shapes
Head color darker than the body
8
Head with the same color as the body
9
Light brown and dark brown lines interspersed; tip
of tail dark brown
Apostolepis sp.
Maximum length
40 cm
8
One or more dark narrow lines on light-brown body;
tail the same color as the body
Comprimento máximo
43 cm
Corpo marrom-claro com duas faixas mais claras;
região da boca branca
Light brown body with two lighter bands; white lips
Mastigodryas
boddaerti
(adulta)
9
Corpo marrom-escuro com duas faixas marrom-claras
(adult)
Maximum length 1.5 m
9
Dark brown body with two light brown bands
Taeniophallus
brevirostris
10
11
246
11
Faixas mais escuras que a cor de fundo
19
Faixas claras com bordas pretas
12
Faixas claras sem bordas pretas
13
Taeniophallus
brevirostris
Maximum length
48 cm
Comprimento máximo
48 cm
Faixas mais claras que a cor de fundo
Tantilla
melanocephala
Maximum length
43 cm
Mastigodryas
boddaerti
Comprimento máximo
1,5 m
10
10
11
Stripes lighter than the background color
11
Stripes darker than the background color
19
Light stripes with black borders
12
Light stripes without black borders
13
247
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Faixas castanho-claras
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Dendrophidion
dendrophis
Light tan bands
Comprimento máximo
1m
12
Faixas marrom-avermelhadas
Liophis
breviceps
Maximum length 1 m
12
Reddish brown bands
Comprimento máximo
1,3 m
Parte de cima da cabeça de coloração uniforme, sem
manchas
Dark spots on the head
Drymoluber
dichrous
(jovem)
13
Maximum length 1.3 m
Top of the head uniform in color, without spots
14
Chironius
fuscus
14
Maximum length 1.6 m
Transverse light stripes clearly visible
Faixas claras transversais bem visíveis
Manchas claras arredondadas nas laterais da cabeça
18
18
Faixas escuras nas laterais da cabeça; faixas brancas
na região da boca
Mastigodryas
boddaerti
(jovem)
Comprimento máximo
1,5 m
248
Rounded cream spots on the sides of the head
Atractus
snethlageae
Comprimento máximo
47 cm
14
Transverse light stripes barely visible
Faixas claras transversais pouco visíveis
Comprimento máximo
1,6 m
Drymoluber
dichrous
(juvenile)
13
14
Chironius
fuscus
Liophis
breviceps
Maximum length
60 cm
Comprimento máximo
60 cm
Parte de cima da cabeça com manchas escuras
Dendrophidion
dendrophis
18
Atractus
snethlageae
Maximum length
47 cm
18
Dark bands on the sides of the head, white bands in
the region of the mouth
Mastigodryas
boddaerti
(juvenile)
Maximum length 1.5 m
249
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Faixas transversais escuras bem visíveis apenas na
região do pescoço
Umbrivaga
pygmaea
Comprimento máximo
25 cm
19
Faixas transversais bem visíveis ao longo de todo o
corpo
Degradé de marrom-chocolate na parte de cima do
corpo a marrom-alaranjado nas laterais
20
21
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Xenopholis
scalaris
Sem degradê
21
Olhos nas laterais da cabeça
22
Olhos na parte superior da cabeça (hábito aquático)
24
Imantodes
cenchoa
Comprimento máximo
1,2 m
22
Largura dos olhos menor que 30 % do comprimento
da cabeça
Corpo marrom-acinzentado, cabeça marromavermelhada
19
Gradient from chocolate-brown on the vertebral
region, to orange-brown on the sides
20
21
23
21
Eyes on the sides of the head
22
Eyes on top of head (aquatic habit)
24
Imantodes
cenchoa
Maximum length 1.2 m
Greyish-brown body, reddish-brown head
23
Atractus major
Maximum length
62 cm
Atractus major
Comprimento máximo
70 cm
250
Without brown gradient
Eyes width is less than 30 % of the head lenght
Dipsas aff.
catesbyi
Xenopholis
scalaris
Maximum length
35 cm
22
23
Corpo castanho-claro, com manchas marrom-escuras;
colar amarelo no pescoço
20
Eyes width is equivalent to 30 % of the head length,
slender body
Comprimento máximo
62 cm
23
Umbrivaga
pygmaea
Maximum length
25 cm
Transverse stripes clearly visible along entire body
20
Comprimento máximo
35 cm
Largura dos olhos equivalente a 30% do comprimento
da cabeça, corpo delgado
Dark transverse stripes, more clearly visible on the
neck
Light tan body with dark brown spots; yellow collar
on the neck
Dipsas aff.
catesbyi
Maximum length
70 cm
251
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Corpo marrom-claro com faixas marrom-escuras
avermelhadas; ventre creme em adultos, alaranjado
em jovens, ambos com manchas pretas quadradas
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Light brown body with dark brown stripes; cream
belly in adults, orange in juveniles, both with black
square spots
Helicops
angulatus
Comprimento máximo
73 cm
24
Corpo marrom-claro na parte de cima, avermelhado
lateralmente, com faixas pretas; cabeça manchada de
marrom e vermelho, com faixa creme ou amarelada no
pescoço
Maximum length
73 cm
24
Hydrops
triangularis
Light-brown body on the dorsal region, reddish
laterally; head spotted with brown and red, and
cream or yellowish band on the neck
Reddish spots shaped as silhouettes of bats
Manchas avermelhadas em formato de silhuetas de
morcegos
Boa constrictor
Comprimento máximo
4m
Boa constrictor
Maximum length 4 m
25
Spots in other shapes
Manchas em outros formatos
Hydrops
triangularis
Maximum length
70 cm
Comprimento máximo
70 cm
25
Helicops
angulatus
26
26
Diamond shaped spots
Manchas em formato de losangos
Lachesis muta
Lachesis muta
Comprimento máximo
2,9 m
26
252
Manchas em formato de triângulos
27
Manchas em outros formatos
28
Maximum length 2.9 m
26
Triangle shaped spots
27
Spots in other shapes
28
253
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Faixas escuras nas laterais da cabeça; pupilas elípticas;
fossetas loreais presentes (orifícios entre olhos e
narinas)
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Dark stripes on the sides of the head; elliptical
pupils; loreal pits present (holes between eyes and
nostrils)
Bothrops atrox
Comprimento máximo
2,1 m
27
Faixas claras com bordas escuras nas laterais da
cabeça; pupilas redondas; fossetas loreais ausentes
Maximum length 2.1 m
27
Light stripes with dark borders at the sides of the
head; round pupils; loreal pits absent
Xenodon
rabdocephalus
Comprimento máximo
87 cm
28
Manchas redondas
29
Manchas em outros formatos
32
Manchas redondas apenas no primeiro terço do corpo
Taeniophallus
nicagus
29
Comprimento máximo
46 cm
Manchas redondas por todo o corpo
Manchas em formato de olhos nas laterais do corpo
Manchas redondas ao longo do corpo, sem formato de
olhos
Manchas redondas pretas; faixas pretas nas laterais da
cabeça bem evidentes
31
Manchas redondas marrom-avermelhadas; laterais da
cabeça sem faixas bem evidentes
29
Spots in other shapes
32
Round spots only on the first third of body
Taeniophallus
nicagus
Maximum length
46 cm
Round spots along entire body
28
Eye-shaped spots on the sides of the body
Epicrates
cenchria
30
Maximum length 2 m
Round spots along the body, not eye-shaped
Black round spots; black stripes at the sides of the
head clearly visible
Eunectes
murinus
Helicops
hagmmani
Round spots
29
31
Comprimento máximo
94 cm
254
28
Epicrates
cenchria
Comprimento máximo
8m
Xenodon
rabdocephalus
Maximum length
87 cm
28
Comprimento máximo
2m
30
Bothrops atrox
31
Eunectes
murinus
Maximum length 8 m
31
Reddish-brown round spots; sides of the head
without clearly visible stripes
Helicops
hagmmani
Maximum length
94 cm
255
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Dorso marrom com poucas manchas, verde no
primeiro terço do corpo
32
33
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Green back with few spots on the first third of the
body, brown without spots on the rest
Liophis
reginae
Comprimento máximo
81 cm
Maximum length
81 cm
32
Dorso todo manchado
34
Spots along entire body
34
Corpo com coloração amarela ou amarelo-esverdeada
36
Yellow or greenish-yellow body
36
Corpo com outras tonalidades de cor
35
Body in other colors
35
Manchas amarelas e pretas intercaladas, aspecto
rajado, como um padrão de tigre
Spilotes
pullatus
33
Yellow and black stripes interspersed, like a tiger´s
pattern
Comprimento máximo
2,5 m
34
Corpo amarelo-esverdeado com extremidades de
algumas escamas pretas, formando faixas transversais
pouco visíveis
Pseustes
sulphureus
Corpo marrom-avermelhado ou acinzentado, com linhas
pretas entre as escamas, que resultam em aspecto rajado
35
34
Greenish-yellow back, black on the tips of some
scales, forming barely visible transverse bands
Não como anterior
Manchas circulares na região dorsal, que podem se
fundir formando uma faixa em zigue-zague; jovens
possuem colar branco no pescoço
36
Não como anterior
Reddish- or greyish-brown body, with black
lines between the scales, resulting in a striped
appearance
Not as previous
Circular spots on the dorsal region, which may merge
forming a zigzag band; young have white neck collar
Leptodeira
annulata
37
Liophis typhlus
Maximum length
85 cm
35
36
Comprimento máximo
83 cm
Pseustes
sulphureus
Maximum length 2 m
Liophis
typhlus
Comprimento máximo
85 cm
Spilotes
pullatus
Maximum length 2.5 m
Comprimento máximo
2m
256
Liophis reginae
36
36
Leptodeira
annulata
Maximum length
83 cm
Not as previous
37
257
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Escamas amarelas e pretas intercaladas, linha dorsal
de escamas laranja, formam um mosaico de cores
37
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Comprimento máximo
1m
Não como anterior
Manchas pretas irregulares espalhadas pelo corpo,
mais concentradas na região da cauda
38
37
Hydrodynastes
gigas
Irregular black spots throughout the body, more
concentrated on the tail
38
258
Diversas manchas escuras espalhadas pelo corpo, de
tamanhos e formatos variados; duas manchas claras
triangulares sobre a cabeça
Hydrodynastes
gigas
Maximum length 2.5 m
Not as previous
40
Corallus
hortulanus
Comprimento máximo
1,7 m
Liophis sp.
Not as previous
40
Body color can vary between various shades
of brown, such as gray or yellowish, scattered
with irregular patches of darker color than the
background color; the lips appear fringed
Corallus
hortulanus
Maximum length 1.7 m
40
Atractus
schach
39
Dark brown body, scales become gradually lighter
towards the belly; yellow neck colar
39
Cloração do corpo pode variar entre diversas
tonalidades de marrom, como acinzentado ou
amarelado, com manchas irregulares espalhadas, de
coloração mais escura que a cor de fundo; os lábios
têm aspecto franjado
38
39
Liophis sp.
Não como anterior
40
Maximum length 1 m
Not as previous
Corpo marrom-escuro, as escamas se tornam
gradativamente mais claras em direção ao ventre;
colar amarelo no pescoço
39
Siphlophis
cervinus
38
Comprimento máximo
2,5 m
Não como anterior
Interspersed yellow and black scales, dorsal line
formed by orange scales, resulting in a mosaic of
colors
Siphlophis
cervinus
Several dark patches around the body, in various
sizes and shapes; two bright triangular spots on the
head
Atractus
schach
Maximum length
42 cm
259
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Cobras verdes
1
Focinho pontudo
Green snakes
2
Focinho não pontudo
3
Coloração verde-escura no dorso e verde-claro no ventre
Oxybelis
fulgidus
1
Pointed snout
2
Snout not pointed
3
Dark green back, light green belly
Oxybelis fulgidus
Maximum length 2 m
Comprimento máximo
2m
2
Coloração marrom-esverdeada no dorso, ventre com três
faixas longitudinais verdes
Philodryas
argentea
2
Greenish-brown back, belly with three longitudinal
green stripes
Philodryas
argentea
Comprimento máximo
1,3 m
3
Coloração verde no dorso e no ventre
4
Ventre de outras cores
6
Íris amareladas
Chironius
scurrulus (jovem)
4
5
Comprimento máximo
2,4 m
3
Green color on back and belly
4
Belly not green
6
Yellowish iris
Chironius
scurrulus
4
(juvenile)
Maximum length 2.4 m
Íris avermelhadas
5
Reddish iris
Região ventral da cabeça e boca brancas
Philodryas
viridissima
White color in ventral region of the head and lips
Comprimento máximo
83 cm
Região ventral da cabeça verde
Liophis typhlus
Comprimento máximo
85 cm
260
Maximum length 1.3 m
5
Philodryas
viridissima
Maximum length 83 cm
5
Ventral region of the head green color
Liophis typhlus
Maximum length 85 cm
261
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
White and brown belly
Ventre branco e marrom
Leptophis
ahaetulla
6
Comprimento máximo
1m
Ventre amarelado
7
Boca franjada
Corallus
caninus
7
Comprimento máximo
2m
A boca não é franjada
6
Maximum length 1 m
Yellowish belly
Corallus caninus
Maximum length 2 m
7
Mouth not fringed
Pseustes
sulphureus
Maximum length 2 m
Comprimento máximo
2m
Chironius
multiventris
8
Ventral region of the head gold-yellow color
8
Ventral region of the head white color
Drymoluber
dichrous
1
262
Corpo marrom-avermelhado ou laranja
2
Corpo vermelho
3
Drymoluber
dichrous
Maximum length 1.3 m
Comprimento máximo
1,3 cm
Cobras vermelhas sem bandas distintas
Chironius
multiventris
Maximum length 2.6 m
Comprimento máximo
2,6 cm
Região ventral da cabeça branca
8
Yellowish-green belly, slightly spotted in black
Pseustes
sulphureus
Região ventral da cabeça amarelo-ouro
7
Fringed mouth
8
Ventre verde-amarelado levemente manchado de preto
Leptophis
ahaetulla
Red snakes without distinct bands
1
Reddish- or orange-brown body
2
Red body
3
263
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Corpo marrom avermelhado, com linhas pretas
entre as escamas
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Reddish-brown body, with black lines between
scales
Liophis typhlus
Maximum length 85 cm
Comprimento máximo 85 cm
2
3
Corpo vermelho-alaranjado, com faixas brancas em
formato de raios ou bumerangues sobre o dorso
2
Corallus caninus
Orange red body, with white lightning or
boomerang shaped spots on the back
(juvenile)
Comprimento máximo 2 m
Maximum length 2 m
Corpo vermelho com faixas
4
Corpo vermelho sem faixas
5
3
Red body with stripes
4
Red body without stripes
5
Transverse black stripes; red eyes; young have a
white nuchal collar
Siphlophis
compressus
Siphlophis
compressus
Comprimento máximo 1,4m
Maximum length 1.4 m
4
4
Corpo vermelho-alaranjado com uma faixa preta
longitudinal preta
Orange red body with a longitudinal black band
Pseudoboa
martinsi
Corpo com escamas vermelhas de pontas pretas
6
Corpo com escamas vermelhas sem pontas pretas
7
Focinho amarelo
Oxyrhopus
occipitalis
Comprimento máximo 1m
Focinho preto; jovens com cabeça e pescoço brancos
Drepanoides
anomalus
Pseudoboa
martinsi
Maximum length 1.1 m
Comprimento máximo 1,1m
6
Corallus caninus
(jovem)
Corpo vermelho com faixas pretas transversais;
olhos vermelhos; jovens possuem colar nucal branco
5
Liophis typhlus
5
Red scales with black tips
6
No black tips on red scales
7
Yellow snout
Oxyrhopus
occipitalis
Maximum length 1 m
6
Black snout; young have white head and neck
Drepanoides
anomalus
Maximum length 83 cm
Comprimento máximo 83cm
264
265
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Cabeça vermelha
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
(adulta)
7
Red head
Chironius
scurrulus
Comprimento máximo 47cm
(adult)
7
Maximum length 2.4 m
Cabeça preta, com ou sem colar branco
8
Black head, with or without white collar
8
Com colar branco estreito (máximo 30 % do
comprimento da cabeça)
Pseudoboa
coronata (jovem)
With narrow white collar (maximum 30 % of the
length of the head)
Pseudoboa
coronata (juvenile)
Comprimento máximo 1m
8
Com colar branco largo (maior que 30 % do
comprimento da cabeça)
Sem colar branco
Com colar branco largo, escamas simples na
região ventral da cauda
Maximum length 1 m
8
With broad white collar (more than 30 % of the
length of the head)
9
10
Without white collar
10
Pseudoboa
neuwiedii (jovem)
Broad white collar, single scales on ventral surface
of tail.
9
Comprimento máximo 1,2m
9
Chironius
scurrulus
Com colar branco largo, escamas divididas na
região ventral da cauda
Clelia clelia (jovem)
Maximum length 1.2 m
9
Comprimento máximo 2,3m
Coloração preta da cabeça somente até o pescoço;
17 fileiras de escamas dorsais no meio do corpo
Pseudoboa
neuwiedii (juvenile)
Broad white collar, paired scales on ventral surface
of tail.
Black head to the neck only; 17 rows of dorsal
scales at midbody
Pseudoboa
coronata (adulta)
Comprimento máximo 1 m
Clelia clelia
(juvenile)
Maximum length 2.3 m
Pseudoboa
coronata (adult)
Maximum length 1 m
10
Coloração preta da cabeça se estende ao longo do
primeiro terço do corpo; 19 fileiras de escamas
dorsais ao longo do corpo
10
Pseudoboa
neuwiedii (adulta)
Comprimento máximo 1,2m
266
Black coloration on the head extends to the first third
of the body; 19 rows of dorsal scales at mid-body
Pseudoboa
neuwiedii (adult)
Maximum length 1.2 m
267
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Cobras vermelhas com bandas distintas
Red snakes with distinct bands
Coloração marrom presente; cabeça triangular
Brown color present; triangular head
Hydrops martii
Comprimento máximo 60cm
1
2
Coloração marrom ausente
2
Coloração vermelha ausente
3
Coloração vermelha presente
4
Anéis coloridos sempre circulam o corpo inteiro;
escamas amarelas da cabeça manchadas de preto
Hydrops martii
Maximum length 60 cm
1
2
Brown color absent
2
Red color absent
3
Red color present
4
Colored rings always circulate the body;
yellow scales on the head stained black
Micrurus
hemprichii
Maximum length 88 cm
Comprimento máximo 88cm
3
Anéis coloridos frequentemente não circulam o
corpo; sem manchas pretas nas escamas amarelas
3
Oxryrhopus
vanidicus
Colored rings often do not circulate the
body; without black spots on yellow scales
Back exclusively with alternating red and
black bands
Anilius scytale
Comprimento máximo 1,2m
4
Sequencias de duas faixas pretas separadas por
uma faixa creme, entre duas faixas vermelhas;
todas as escamas com pontas pretas
5
White rings or bands present
Sequences of two black bands separated by
a cream band between two red bands; all
scales with black tips
Atractus latifrons
Comprimento máximo 61cm
5
5
Atractus latifrons
Maximum length 61 cm
Dorso com anéis ou faixas vermelhas e pretas,
intercaladas com anéis ou faixas brancas, que
podem ser amarelo-creme.
268
Anilius scytale
Maximum length 1.2 m
4
Anéis ou faixas brancas presentes
Oxryrhopus
vanidicus
Maximum length 1 m
Comprimento máximo 1m
Dorso exclusivamente com faixas vermelhas e
pretas alternadas
Micrurus hemprichii
5
6
Back with red and black rings or bands
interspersed with white rings or bands or
yellowish-cream
6
269
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Sequências de três anéis pretos (tríades),
separados por dois anéis brancos ou creme, entre
dois anéis vermelhos
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
7
6
7
Rings do not form triads
9
6
Anéis não formam tríades
Cabeça vermelha rajada de preto entre as escamas,
olhos e narinas em posição superior em relação à
cabeça; corpo com padrão coral em tríades
7
9
Micrurus
surinamensis
Comprimento máximo 1,6m
Cabeça não vermelha rajada de preto, olhos
laterais em relação à cabeça
Focinho preto, seguido por uma faixa branca,
uma faixa preta na altura dos olhos que lembra
uma máscara, e um grande anel vermelho que se
estende até quase o final da cabeça; corpo com
padrão coral em tríades
8
Sequences of three black rings (triads),
separated by two white or cream rings,
between two red rings
Cabeça preta, desde o focinho até o pescoço;
manchas vermelhas nas laterais da cabeça; corpo com
anéis brancos iguais ou mais largos que os pretos e
vermelhos; corpo com padrão coral em tríades
Red head with black lines between the
scales; eyes and nostrils on the top the
head
7
8
Micrurus
lemniscatus
Comprimento máximo
1,3cm
Maximum length 1.6 m
Head is not red with black lines; eyes on
side of head
8
Black snout, followed by a white stripe, a
black band around the eye that resembles
a mask, and a wide red ring that extends
almost to the end of the head; body with
coral pattern in triads
Micrurus
lemniscatus
Maximum length 1.3 m
8
Micrurus spixii
Black head, from snout to the neck; red
spots on the sides of the head; white rings
of equal width or wider than the black and
red rings; body with coral pattern in triads
Comprimento máximo 1,5m
9
270
Ponta do focinho branca ou amarelo-dourada,
sequencias de duas faixas pretas separadas por
uma faixa branca ou amarelada, entre duas faixas
vermelhas, ou faixas pretas com bordas brancas
separadas por grandes faixas vermelhas
Erythrolamprus
aesculapii
Ponta do focinho não é branca
10
Comprimento máximo 93cm
Micrurus
surinamensis
Micrurus spixii
Maximum length 1.5 m
9
Tip of the snout white or golden yellow;
sequences of two black bands separated by
a white or yellowish band between two red
stripes, or black bands with white borders
separated by large red bands
Erythrolamprus
aesculapii
Tip of the snout is not white
10
Maximum length 93 cm
271
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
10
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Anéis (circulam o corpo) ou faixas (não circulam o
corpo) vermelhas largas
11
Anéis ou faixas pretas largas
12
Anéis pretos estreitos, com bordas pontilhadas
brancas bem definidas
10
Micrurus averyi
Atractus latifrons
Faixas pretas, com pequenas manchas brancas,
ambas irregulares
Atractus latifrons
Rhinobothryum
lentiginosum
Famílias
272
Atractus latifrons
Maximum length 61 cm
Atractus latifrons
Maximum length 61 cm
Anéis pretos largos separados por anéis brancos
com manchas vermelhas no centro, salpicadas de
preto
CHAVES HERPETOLÓGICAS PARA IDENTIFICAÇÃO DE ESPÉCIES
DE COBRAS DA REGIÃO DE MANAUS
2
Micrurus averyi
Maximum length 71 cm
Black bands separated by lines of white
scales
12
Comprimento máximo
1,6cm
1
12
Irregular black bands with small irregular
white spots
Comprimento máximo 61cm
12
Black stripes or rings are wider than the
bands of other colors
11
Comprimento máximo 61cm
Faixas pretas largas separadas por linhas de
escamas brancas
11
Narrow black rings with well defined white
dotted edges
Comprimento máximo 71cm
11
Red stripes (not circulate the body) or
rings (circulate the body) are wider than
the bands of other colors
Wide black rings separated by white rings
with red spots in the center and black dots
Rhinobothryum
lentiginosum
Maximum length 1.6 m
HERPETOLOGICAL KEYS FOR IDENTIFICATION OF SNAKE SPECIES
IN THE MANAUS REGION
Families
Olhos reduzidos, escamas do corpo não
diferenciadas entre a região ventral e dorsal
2
Olhos não reduzidos, cobertos por lentes; escamas
diferenciadas entre as regiões ventral e dorsal
4
Corpo coberto por escamas tamanho igual, tanto
no dorso quanto no ventre; menos de 24 fileiras
de escamas dorsais; coloração do corpo uniforme,
nunca formando anéis vermelhos e negros
3
Escamas ventrais ligeiramente maiores que as
dorsais; 21 fileiras de dorsais; dorso vermelho
com anéis negros
Aniliidae
(Anilius scytale)
1
2
Eyes reduced, body scales not differentiated
between the ventral and dorsal surfaces
2
Eyes not reduced, covered by lenses; scales
differentiated between the ventral and dorsal
surfaces
4
Dorsal and ventral scales the same width; less
than 24 rows of dorsal scales; uniform body
color, never forming red and black rings
3
Ventral scales slightly wider than dorsal scales; 21
rows of dorsal scales; red back with black rings
Aniliidae
(Anilius scytale)
273
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
3
4
5
6
7
8
274
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
14 or less rows of dorsal scales; body with five
dark brown longitudinal lines
Leptotyphlopidade
(Epicita tenella)
4
16 or more rows of dorsal scales
4
Anomalepididae
(Typhlophis squamosus)
Head covered with regular scales that are
smaller than body scales; body with 24 rows
of scales; jawbone with one tooth; body color
dark brown, lighter at the tip of the scales,
but without forming a reticulate pattern
Anomalepididae
(Typhlophis squamosus)
Head covered with larger scales than the
scales of the body; body with 20-20-20 or 2020-18 rows of scales; no maxillary tooth; body
design in reticulated pattern; rostral scale and
tail light brown or black, with cream-yellow or
white irregular spots
Typhlopidae
(Typhlops reticulatus)
Presence of loreal pit (hole between the eyes
and nostrils)
Viperidae
Absence of loreal pit
6
Head covered with tiny scales; more than 40
rows of dorsal scales at the midbody; large
scales present or not on the snout
Boidae
14 ou menos fileiras de escamas dorsais; corpo
com cinco linhas longitudinais marrom-escuras
Leptotyphlopidade
(Epictia tenella)
16 ou mais fileiras de escamas dorsais
Cabeça coberta por escamas pequenas e
regulares, menores que as escamas do corpo;
corpo com 24 fileiras de escamas; maxilar com
um dente; padrão de coloração marrom-escuro,
mais claro na ponta das escamas, mas sem
formar padrão reticulado
3
4
Cabeça coberta por escamas maiores que as
escamas do corpo; corpo com 20-20-20 ou 2020-18 fileiras de escamas; maxilar desprovido de
dente; padrão de coloração do corpo reticulado;
escama rostral clara e cauda marrom ou negra,
com manchas creme-amareladas irregulares
Typhlopidae
(Typhlops reticulatus)
Presença de fosseta loreal (orifício entre o olho
e a narina)
Viperidae
Ausência de fosseta loreal
6
Cabeça coberta por escamas minúsculas; mais
de 40 fileiras de escamas no meio do corpo;
escamas grandes presentes ou não sobre o
focinho
Boidae
Cabeça coberta por placas grandes; menos de 30
fileiras ao redor do corpo
7
Head covered with large plates; less than 30
rows of dorsal scales around the body
7
Presas maxilares anteriores fixas e sulcadas,
seguida por 1 ou 3 dentes menores
Elapidae
Stationary and grooved anterior fangs,
followed by 1 or 3 smaller teeth
Elapidae
Ausência de presas maxilares anteriores fixas e
sulcadas, utilizadas para inoculação de veneno
8
No fangs for inoculation of venom
8
Hemipênis distintamente bilobado, sulco
espermático simples
Colubridae
(Colubrinae)
Sharply bilobated hemipenes; simple spermatic
groove
Colubridae
(Colubrinae)
Hemipênis unilobado ou bilobação reduzida;
hemipênis unicapitado; sulco espermático
dividido distalmente
Colubridae
(Dipsadinae)
Unilobated or slightly bilobated hemipenes;
unicapitated hemipenes; spermatic groove
divided distally
Colubridae
(Dipsadinae)
5
6
7
8
275
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Boidae
1
2
3
4
Boidae
Presença de fossetas entre as escamas
supralabiais e infralabiais
2
Ausência de fossetas entre as supralabiais e
infralabiais
4
5 escamas entre os olhos
Epicrates cenchria
10 escamas ou mais entre os olhos
3
Corpo vermelho, laranja ou amarelo nos jovens e
verde nos adultos; fossetas presentes em todas
as supralabiais; mais de 50 fileiras de dorsais;
quatro loreais; dois ou três pré-oculares; 90
subcaudais ou menos
Coloração marrom, cinza ou amarela com
desenhos escuros em forma de sela; fossetas
ausentes nas primeiras supralabiais; menos de 55
fileiras de dorsais; dois ou três loreais; uma préocular; 100 subcaudais ou menos
Escamas do focinho pequenas, do mesmo
tamanho que as escamas da cabeça; mais de
20 escamas entre os olhos; escamas nasais não
estão em contato; faixa longitudinal escura sobre
a cabeça
Escamas sobre o focinho reduzidas a um par de
internasais grandes; 4 escamas entre os olhos;
escamas nasais em contato; faixa pós-ocular
escura; olhos e narinas deslocadas para a posição
superior da cabeça
Presence of pits between the supralabial and
infralabial scales
2
Absence of pits between the supralabial and
infralabial scales
4
5 scales between the eyes
Epicrates cenchria
10 or more scales between the eyes
3
Red, orange or yellow juvenile body, green in
adults; pits present in all supralabial scales;
more than 50 rows of dorsal scales; 4 loreal
scales, 2 or 3 preocular; subcaudal scales 90 or
less
Corallus caninus
Corallus
hortulanus
Brown, gray or yellow body, with saddle shaped
dark spots; no pits in the first supralabials; less
than 55 rows of dorsal scales; 2 or 3 loreals; 1
preocular; 100 or less subcaudals
Corallus hortulanus
Boa constrictor
Boa constrictor
Small scales on the snout, the same size as the
scales on the head; over 20 scales between
the eyes; nasal scales are not in contact; dark
longitudinal stripe on the head
Scales on the snout reduced to a pair of large
internasals; 4 scales between the eyes; nasal
scales in contact; dark postocular stripe; eyes
and nostrils on top of head
Eunectes murinus
1
2
Corallus caninus
3
4
Eunectes murinus
Viperidae
Viperidae
1
276
Subcaudais posteriores pareadas; final da cauda
com subcaudais eriçadas
Lachesis muta
Todas as subcaudais pareadas; faixa pós-ocular
escura e bem definida
Bothrops atrox
1
Only posterior subcaudal scales paired; spiny
scales along the body and tail
Lachesis muta
All subcaudal scales paired; well defined dark
postocular stripe
Bothrops atrox
277
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Elapidae
1
2
3
4
Elapidae
Corpo coberto por anéis que não formam
tríades; dorso vermelho, com anéis pretos
bordejados de branco; anéis vermelhos são 6-9
vezes maiores que anéis pretos; cabeça negra,
com faixas brancas que partem das escamas
supralabiais e se estendem posteriormente
aos olhos; cauda preta com anéis brancos
estreitos; 190 a 220 escamas ventrais
Micrurus averyi
Corpo coberto por anéis
2
Anal inteira; coloração dorsal
predominantemente preta, com dois anéis
brancos estreitos, dispostos entre dois anéis
amarelos mais largos; cabeça preta com um
colar nucal amarelo
Micrurus hemprichii
Anal dividida
3
Somente uma supralabial (quarta) em contato
com a órbita
Micrurus surinamensis
Duas supralabiais (3 e 4) em contato com a
órbita
4
Ventrais mais de 200; mais de 25 subcaudais;
12 ou menos tríades
Micrurus lemniscatus
Ventrais menos de 200; menos de 25
subcaudais; primeira tríade incompleta
Micrurus spixii
2
278
2
3
4
Micrurus averyi
Body covered by rings that form triads
2
Anal scale not divided; back predominantly
black, with two narrow white rings between
two wider yellow rings; black head with a
yellow nuchal collar
Micrurus hemprichii
Anal divided
3
Only one supralabial (fourth) in contact
with the orbit
Micrurus surinamensis
Two supralabials (3 and 4) in contact with
the orbit
4
Ventral scales more than 200; more than
25 subcaudal scales; 12 or less triads along
the body
Micrurus lemniscatus
Ventral scales less than 200; subcaudals
less than 25; first triad incomplete
Micrurus spixii
Colubridae (Colubrinae)
Colubridae (Colubrinae)
1
1
Body covered by rings that do not form
triads; red back, with black rings bordered
in white; red rings are 6-9 times wider than
black rings; black head with white stripes
that run down the supralabial scales and
later extend to the eyes; black tail with
narrow white rings; 190-220 ventrals
Escamas dorsais em número par de fileiras
2
Escamas dorsais em número ímpar de fileiras
5
14 fileiras de dorsais
Spilotes
pullatus
10 a 12 fileiras de dorsais
3
1
2
Dorsal scales in even number of rows
2
Dorsal scales in odd number of rows
5
14 rows of dorsal scales
Spilotes
pullatus
10-12 rows of dorsal scales
3
279
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
3
4
5
6
7
8
9
10
12 fileiras de dorsais, anal dividida, fileira de escamas
paravertebrais lisas; ventrais 180-194; 170-176 pares
de subcaudais; adulto marrom a verde oliva, com as
extremidades das escamas negras
Chironius
multiventris
10 fileiras de dorsais; anal inteira
12 rows of dorsal scales; anal plate divided;
paravertebral row of scales smooth; ventrals 180194; paired subcaudals 170-176; adult body color
brown to olive green with black edges of scales
Chironius
multiventris
4
10 rows of dorsal scales; anal entire
4
Fileiras paravertebrais quilhadas; dorso marromacinzentado com manchas transversais marrom-claras
Chironius
fuscus
Paravertebral rows of scales keeled; grayish-brown
back, with light brown transverse bands
Chironius
fuscus
Fileiras paravertebrais lisas; ventrais 153-159; 107115 pares de subcaudais; jovens verdes no dorso e
ventre; adulto marrom-avermelhado
Chironius
scurrulus
Paravertebral rows of scales smooth; ventrals 153159, paired subcaudal 107-115; young green on
the back and belly, adults red
Chironius
scurrulus
17 ou menos fileiras de dorsais
6
17 or less rows of dorsal scales
6
19 or more rows of dorsal scales
12
15 rows of dorsal scales
7
17 rows of dorsal scales
9
Anal entire; loreal scale present
Drymoluber
dichrous
19 ou mais fileiras de dorsais
12
15 fileiras de dorsais
7
17 fileiras de dorsais
9
Anal inteira; loreal presente
Drymoluber
dichrous
3
4
5
6
7
Anal dividida; loreal ausente
8
Anal divided; loreal scale absent
8
Dorsais sem redução; corpo marrom, com uma linha
longitudinal escura ao longo da região vertebral
Tantilla
melanocephala
Dorsal scales without reduction counting along the
body; brown body, with a dark longitudinal line
along the vertebral region
Tantilla
melanocephala
Dorsais com redução de 15 fileiras para 11; corpo
verde metálico, com escamas bordejadas de negro
Leptophis
ahaetulla
Dorsal with a reduction from 15 to 11 rows;
metallic green body, with scales bordered in black
Leptophis
ahaetulla
Anal inteira
Dendrophidion
dendrophis
Anal entire
Dendrophidion
dendrophis
Anal dividida
10
Anal divided
Dorsais com redução de 17 para 15 fileiras; focinho
não pontiagudo; menos de 130 subcaudais; corpo
marrom, com uma linha longitudinal mais clara nas
laterais; faixa dourada se destaca na região superior
da íris
10
Mastigodryas
boddaerti
Dorsal scales with a reduction from 17 to 15 rows;
snout not pointed; subcaudals less than 130;
brown body with a longitudinal lighter line on the
sides; gold band in the upper region of the iris
Mastigodryas
boddaerti
Dorsal scales with a reduction from 17 to 13 rows,
pointed snout; more than 130 subcaudals
11
Dorsais com redução de 17 para 13 fileiras; focinho
pontiagudo; mais de 130 subcaudais
280
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
11
8
9
10
281
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
11
12
13
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Gray body with irregular spots
Oxybelis aeneus
Head and body uniform green
Oxybelis
fulgidus
Dorsal scales in 19 rows at midbody
Pseustes
sulphureus
13
Dorsal scales in 21 rows at midbody
13
Corpo coberto por anéis vermelhos e negros completos
Rhinobothryum
lentiginosum
Body covered with red and black rings
Rhinobothryum
lentiginosum
Ausência de anéis vermelhos e pretos no corpo; corpo e
cabeça de coloração verde-oliva ou marrom-avermelhada
Pseustes
poecilonotus
Absence of red and black rings on the body; head
and body olive green or reddish-brown
Pseustes
poecilonotus
Coloração cinza com manchas irregulares no corpo
Oxybelis aeneus
Coloração da cabeça e corpo verde uniforme
Oxybelis
fulgidus
Dorsais em 19 fileiras no meio do corpo
Pseustes
sulphureus
Dorsais em 21 fileiras no meio do corpo
2
5
282
13
1 internasal
2
2 internasals
5
Dorsal scales in 19 rows or more
3
Dorsal scales in 15 or 17 rows
4
Dorsals in 19 rows; temporal scales keeled; ventrals
less than 121; reddish body
Helicops
angulatus
Dorsal scales in 27 or more rows
Helicops
hagmanni
15 rows of dorsal scales
Hydrops
triangularis
Hydrops martii
17 rows of dorsal scales
Hydrops martii
Presença de subocular
Hydrodynastes
gigas
Subocular scales present
Hydrodynastes
gigas
Ausência de subocular
6
Subocular scales absent
6
Uma internasal
2
Duas internasais
5
Dorsais em 19 fileiras ou mais
3
Dorsais em 15 ou 17 fileiras
4
Dorsais em 19 fileiras; temporais carenadas; menos
de 121 ventrais; coloração do corpo avermelhada
Helicops
angulatus
Dorsais em 27 fileiras ou mais
Helicops
hagmanni
Dorsal em 15 fileiras
Hydrops
triangularis
Dorsal em 17 fileiras
3
4
12
Colubridae (Dipsadinae)
Colubridae (Dipsadinae)
1
11
1
2
3
4
5
283
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
6
7
8
9
10
11
12
284
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Um par de mentais
7
Dois pares de mentais
11
6
One pair of mental scales
7
Two pairs of mental scales
11
Loreal scale short; preocular 1, supralabials 6, 2 in
contact with loreal; 4 infralabials touching anterior
mentals; body color tends to melanism, with black
rings on the body, separated by red spaces with
black tips of scales
Atractus
latifrons
Loreal curta; 1 preocular; 6 supralabiais, 2 tocando
a loreal; 4 infralabiais tocam as mentais anteriores;
colorido do corpo tende ao melanismo com anéis
pretos no corpo, separados por espaços vermelhos
com ápice negro nas escamas
Atractus
latifrons
Loreal longa; sem anéis vermelhos e negros ao longo
do corpo
8
Loreal scale long; without red and black rings along
the body
8
Dorso marrom-escuro ou claro, com pequenas faixas
amarelas transversais, dispostas irregularmente; uma
faixa escura intermitente no meio da região ventral
Atractus
snethlageae
Dorso marrom, vermelho ou cinza, sem manchas
claras
9
Dark or light brown back, with small yellow
irregularly disposed transverse bands; dark
intermittent band at the middle of the ventral
region
Atractus
snethlageae
Brown, red or gray back, without bright spots
9
Brown back with irregular dark spots, confluent or
alternate, almost all connected by a thin brownish
vertebral groove; belly with dark spots, forming a
longitudinal line and dark center
Atractus schach
Back without dark spots; immaculate belly
10
6 maxillary teeth; brown to reddish brown back with
dark brown transverse spots; margins of the scales
internally dark, externally light brown
Atractus major
8 maxillary teeth; brown back, gray or red with
small patches distributed in bands sometimes
oblique or transverse
Atractus
torquatus
Larger scales in vertebral row; body laterally
compressed
12
Vertebral row of scales of the same size as the rest
of the back; body not laterally compressed
16
Dorsal scales in 13 rows at midbody
Dipsas aff.
catesbyi
Dorsal scales in 15 rows or more at midbody
13
Dorso marrom com manchas escuras irregulares,
confluentes ou alternadas, quase todas interligadas
por uma fina estria pardacenta vertebral; ventre com
manchas escuras, formando uma linha longitudinal e
central escura
Atractus
schach
Dorso sem manchas escuras; ventre imaculado
10
6 dentes maxilares; dorso marrom a marromavermelhado com manchas transversais marromescuras; margens internas das escamas escuras e
externas marrom-claras
Atractus major
8 dentes maxilares; dorso marrom, cinza ou vermelho
com pequenas manchas, algumas vezes distribuídas
em bandas oblíquas ou transversais
Atractus
torquatus
Escamas maiores na fileira vertebral; corpo
lateralmente comprimido
12
Fileira vertebral de escamas de mesmo tamanho
que as do restante do dorso; corpo não comprimido
lateralmente
16
Dorsais em 13 fileiras no meio do corpo
Dipsas aff.
catesbyi
Dorsais em 15 fileiras ou mais no meio do corpo
13
7
8
9
10
11
12
285
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
13
14
15
16
17
18
19
20
286
Escamas dorsais em 17 fileiras no meio do corpo
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Imantodes
cenchoa
13
Dorsal scales in 17 rows at midbody
Imantodes
cenchoa
Escamas dorsais em 19 fileiras no meio do corpo
14
Dorsal scales in 19 rows at midbody
14
Anal dividida; uma temporal anterior
Leptodeira
annulata
Anal divided, 1 anterior temporal
Leptodeira
annulata
14
Anal inteira; duas temporais anteriores
15
Anal entire, 2 anterior temporals
15
Corpo com uma série de manchas transversais
escuras, unidas ou não no dorso, intercaladas por
manchas claras que estendem até o ventre; linha
laranja-avermelhada ao longo da região vertebral
Siphlophis
cervinus
Body with a series of transverse dark spots, fused or
not on the back, interspersed by light spots which
extend onto the belly; reddish-orange line along the
vertebral region
Siphlophis
cervinus
Corpo vermelho, com 28-47 faixas escuras, sendo a
primeira mais extensa (18-20 escamas dorsais) que
as demais; ventre claro e sem manchas
Siphlophis
compressus
Red body, with 28-47 dark bands, the first being
wider (18-20 dorsal scales) than the others; light
belly, without spots
Siphlophis
compressus
Dorsais em 15 fileiras no meio do corpo
17
Dorsal in 15 rows at midbody
17
Dorsal 17 or more rows at midbody
19
Loreal scale present; body color forming red, black
and white rings
Erythrolamprus
aesculapii
Absence of loreal scale; red body without rings
18
Red body and tail, with black tips on dorsal scales;
black head; white nuchal ring, followed by a black
band that covers 8 rows of dorsals on the neck
Drepanoides
anomalus
Reddish brown body and tail, with five dark lines
that extend from the neck to the end of the tail;
head irregularly spotted in dark and light brown,
with two white circular spots, one below the eyes
and the other on the neck
Apostolepis sp.
Dorsal in 17 rows at midbody
20
Dorsal in 19 rows at midbody
31
Anal scale entire
21
Anal scale divided
25
15
Dorsais em 17 ou mais fileiras no meio do corpo
19
Presença de escama loreal; colorido do corpo
formando anéis vermelhos, pretos e brancos
Erythrolamprus
aesculapii
Ausência de loreal ; corpo vermelho, sem anéis
18
Corpo e cauda vermelhos, com o ápice preto nas
escamas dorsais; cabeça preta; anel nucal branco,
seguido por uma faixa negra que cobre até o espaço
de 8 escamas dorsais do pescoço
Drepanoides
anomalus
Corpo e cauda marrom-avermelhados, com cinco
linhas escuras que estendem do pescoço até o
final da cauda; cabeça manchada irregularmente de
marrom-escuro e marrom-claro, com duas manchas
brancas circulares, uma abaixo dos olhos e a outra
na região do pescoço
Apostolepis sp.
Dorsais em 17 fileiras no meio do corpo
20
Dorsais em 19 fileiras no meio do corpo
31
Anal inteira
21
Anal dividida
25
16
17
18
19
20
287
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
21
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26
27
28
288
Prefrontais fusionadas em uma escama
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Xenopholis
scalaris
Prefrontais não fusionadas
22
Subcaudais inteiras
23
21
22
Prefrontals fused forming one scale
Xenopholis
scalaris
Prefrontals not fused
22
Subcaudal scales entire
23
Subcaudal scales divided
24
Anterior region of the head black; red dorsal region
with black tip of the scales
Pseudoboa
coronata
Black head, with a white nuchal collar in juveniles,
orange in adults; black back with two orange
longitudinal stripes on the sides; cream belly;
reddish eyes with elliptical pupils
Pseudoboa
martinsi
Dorsal region of the head black, yellow on the
snout and mouth region, white in juveniles; body
covered by black and red bands or rings
Oxyrhopus
occipitalis
Black head; yellow and black bands along the body
Oxyrhopus
vanidicus
Pointed snout; ventral more than 185, subcaudals
130
Philodryas
argentea
Subcaudais divididas
24
Região anterior da cabeça preta; corpo vermelho no
dorso, com a ponta das escamas pretas
Pseudoboa
coronata
Cabeça preta, com um colar nucal branco nos jovens
e laranja em adultos; dorso preto, com duas faixas
laranja longitudinais nas laterais; ventre creme; olho
avermelhado e pupilas elípticas
Pseudoboa
martinsi
Região dorsal da cabeça preta, amarela no focinho e
região da boca, branca em jovens; corpo com anéis
ou bandas negras e vermelhas
Oxyrhopus
occipitalis
Cabeça preta; bandas amarelas e pretas ao longo do
corpo
Oxyrhopus
vanidicus
Focinho pontiagudo; mais de 185 ventrais e mais de
130 subcaudais
Philodryas
argentea
Focinho redondo; menos de 175 ventrais e menos de
80 subcaudais
26
Rounded snout; ventrals less than 175, subcaudals
less than 80
26
Menos de 38 subcaudais
Umbrivaga
pygmaea
Less than 38 subcaudal scales
Umbrivaga
pygmaea
More than 38 subcaudal scales
27
1 anterior temporal
28
2 anterior temporals
30
Brown back, green neck; black line extending from
the snout to the neck; yellow belly with dark spots
Liophis reginae
Neck region the same color as the remainder of the
back
29
Mais de 38 subcaudais
27
Uma temporal anterior
28
Duas temporais anteriores
30
Dorso marrom, com exceção da região do pescoço,
de cor verde; linha preta se estende do focinho até o
pescoço; ventre amarelo com manchas escuras
Liophis reginae
Região do pescoço com a mesma coloração do
restante do dorso
29
23
24
25
26
27
28
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Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Dorso marrom-escuro, com duas linhas longitudinais
amarelas nas laterais que se estendem até a cauda;
ventre creme, com faixas pretas transversais entre as
escamas
29
30
31
32
290
Liophis sp.
29
Dorso marrom-avermelhado, com manchas
triangulares acinzentadas ao longo de todo o corpo;
ventre laranja com bandas pretas nas laterais que se
fundem no centro; região ventral da cauda branca
com manchas pretas
Liophis
breviceps
Ausência de manchas castanho-claras na região do
pescoço, ventre branco, escamas labiais manchadas
de preto e região ventral da cabeça preta; dorso com
5 fileiras de escamas marrom-escuras; ventre creme
uniforme
Taeniophalus
brevirostris
Presença de manchas castanho-claras na região do
pescoço, ventre amarelo, escamas labiais brancas e
região ventral da cabeça branca com pontos pretos
Taeniophallus
nicagus
Anal simples
32
Anal dividida
34
Dorsais em fileiras diagonais
33
Dorsais em fileiras oblíquas
Xenodon
rabdocephalus
30
31
32
Dark brown back, with two longitudinal yellow lines
on the sides that extend to the tail; cream belly,
with black transverse bands between the scales
Liophis sp.
Reddish brown back with gray triangular spots
along the body; orange belly with black bands on
the sides, fused at the center; ventral side of the
tail white with black black spots
Liophis
breviceps
Absence of light brown spots on the neck; white
belly; black spotted labial scales; ventral side of the
head black; body with 5 rows of dark brown dorsal
scales; uniform cream belly
Taeniophalus
brevirostris
Presence of light brown spots on the neck; yellow
belly, white labial scales; ventral region of the head
white with black spots
Taeniophallus
nicagus
Anal scale not divided
32
Anal scale divided
34
Dorsal scales in diagonal rows
33
Dorsal scales in oblique rows
Xenodon
rabdocephalus
Black back and white belly in adults; red back with
white nuchal collar in juveniles
Clelia clelia
33
Dorso preto e ventre branco nos adultos; dorso
vermelho com colar nucal branco em filhotes
Clelia clelia
Red back, black head and white nuchal collar
Pseudoboa
neuwiedii
Dorso vermelho, cabeça negra e colar nucal branco
Pseudoboa
neuwiedii
Green back and belly; ventrals more than 200;
subcaudals more than 100
Philodryas
viridissima
Dorso e ventre verdes; mais de 200 ventrais; mais de
100 subcaudais
Philodryas
viridissima
Liophis typhlus
Padrões de coloração corpórea em tons de verde,
cinza-azulado e marrom-avermelhado, com linhas
pretas e brancas na pele entre as escamas dorsais;
menos de 180 ventrais; menos que 70 subcaudais
Body colors in shades of green, blue-gray and
reddish-brown, with black and white lines on the
skin between the dorsal scales; fewer than 180
ventrals; less than 70 subcaudals
Liophis typhlus
33
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Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
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Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Autores | Authors
Rafael de Fraga é estudante de
doutorado em Ecologia no INPA, e
estuda serpentes amazônicas há
sete anos.
Rafael de Fraga is a doctoral student
in Ecology at INPA, and has studied
snakes in the Amazon for seven years.
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Ana Lúcia da Costa Prudente é
pesquisadora titular do Museu
Paraense Emílio Goeldi e professora
do Programa de Pós-graduação em
Zoologia, MPEG/UFPA. Trabalha
há mais de 15 anos com serpentes
amazônicas, com ênfase em
sistemática.
Ana Lúcia da Costa Prudente is a
researcher with the Museu Paraense
Emílio Goeldi and professor in the
Graduate Program in Zoology, MPEG
/ UFPA. She has studied Amazonian
snakes for more than 15 years, with
an emphasis on systematics.
Albertina Pimentel Lima é
pesquisadora da Coordenação
de Biodiversidade e professora
do Curso de Pós-Graduação em
Ecologia do INPA. Trabalha há mais
de 30 anos com Herpetofauna na
Amazônia.
William E. Magnusson é pesquisador
da Coordenação de Biodiversidade e
professor do Curso de PósGraduação em Ecologia do INPA.
Trabalha há mais de 30 anos com
Herpetofauna na Amazônia.
Albertina Pimentel Lima is a biologist
with the Biodiversity Department
of INPA. He has studied Amazonian
Herpetology for more than 30 years.
William E. Magnusson is a biologist
with the Biodiversity Department
of INPA. He has studied Amazonian
Herpetology for more than 30 years.
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