UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
INSTITUTO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ENGENHARIA ELÉTRICA
Breno Ramos Pantoja
Sistema embarcado para monitoramento de harpia
(Harpia harpyja)
DM 11/2012
Orientador:
Prof. Dr. Aldebaro Barreto da Rocha Klautau Junior
Co- Orientador:
Prof. Dr. José Eduardo Mantovani
Belém, PA
2012
Breno Ramos Pantoja
Sistema embarcado para monitoramento de harpia
(Harpia harpyja)
DM 11/2012
Dissertação
de
Mestrado
apresentada
ao
Programa de Pós-Graduação em Engenharia
Elétrica da Universidade Federal do Pará, como
um dos pré-requisitos para a obtenção do título
de Mestre em Engenharia Elétrica, ênfase em
Computação Aplicada.
Belém, PA
2012
Divisão de Serviços Técnicos
Catalogação da Publicação na Fonte. UFPA
___________________________________________________________
Pantoja, Breno Ramos
Sistema embarcado para monitoramento de harpia (Harpia
harpyja) / Breno Ramos Pantoja; orientador, Aldebaro Barreto da Rocha
Klautau Junior. – 2012.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Pará, Instituto
de Tecnologia, Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Elétrica,
Belém, 2012.
1. Sistemas embutidos de computador. 2. Sensoriamento remoto.
3. Programação Java. I. Orientador. II. Título.
CDD 22. ed. 004.16
____________________________________________________________
Breno Ramos Pantoja
Sistema embarcado para monitoramento de harpia (Harpia
harpyja)
Dissertação submetida ao corpo docente da Universidade Federal do Pará, como parte dos
requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Engenharia Elétrica.
Data de aprovação: ____/____/______
.................................................................................................
Prof. Dr. Aldebaro Barreto da Rocha Klautau Junior (ORIENTADOR - UFPA)
.................................................................................................
Prof. Dr. José Eduardo Mantovani (CO-ORIENTADOR - INPE)
.................................................................................................
Prof. Dr Johelden Campos Bezerra (MEMBRO – IFPA/IESAM)
.................................................................................................
Prof. Dr. Adalbery Rodrigues Castro (MEMBRO - UFPA)
VISTO:
.................................................................................................
Prof. Dr. Marcus Vínicios Alves Nunes
COORDENADOR DO PPGEE/ITEC/UFPA
Belém – PA
2012
v
Dedico esta dissertação aos meus
pais, que sempre me apoiaram em tudo que
faço na vida e aos meu amigos que também
contribuíram
concluído.
para
este
trabalho
ser
vi
AGRADECIMENTOS
Gostaria de deixar meus sinceros agradecimentos em primeiro lugar a Deus e para
todas as pessoas que fizeram parte desse processo para o meu desenvolvimento que no
decorrer dessa trajetória me deram o apoio necessário e pela oportunidade de estar na
Universidade Federal do Pará aperfeiçoando o meu conhecimento, aprendendo cada vez
mais com aquilo que faço, projetar sistemas embarcados, ser um engenheiro projetista.
Aos meus pais que nesta jornada sempre me deram apoio para concluir meu
mestrado, dedico essa dissertação a eles, pois se não fossem eles, eu não estaria onde
estou. Também deixo meu obrigado para as pessoas citadas abaixo:
Ao professor Aldebaro Klautau pela amizade, principalmente pelos conselhos, as
palavras sábias mesmo pela internet, e-mails recebidos e respondidos em tempo real me
ajudando quando precisei. E quero dizer obrigado pela oportunidade, pelo tema proposto e
por ter me aceito como orientando, principalmente para trabalhar com tecnologias
espaciais, uma novidade para mim e era uma utopia anos atrás quando estudei em minha
graduação em engenharia, aliás deixo o agradecimento ao Professor Antônio Marcos de
Lima Araújo por ter indicado o mesmo como orientador, se não fosse o Professor
Aldebaro, não conseguiria concluir este trabalho.
Ao professor José Eduardo Mantovani, quero deixar meu obrigado pelo contato e
pela oportunidade também de conhecer a área espacial a fundo, assim eu puder apreender
a fundo como o sistema do INPE funciona e como o mesmo realiza o monitoramento dos
dados e retransmissão para estações. Apesar de que tive somente um contato com o
Professor Mantovani pessoalmente no começo deste ano, na qual foi de grande
contribuição quando tive dúvidas por email e sempre foi atencioso em respondê-las,
demonstrando espírito de presteza e retidão e que não gostaria de perder o contato.
Ao espaço cedido do Laboratório de Sensores e Sistemas Embarcados - LASSE,
na Universidade Federal do Pará (UFPA) onde tive espaço e equipamentos apropriados
para desenvolvimento deste trabalho.
Ao Instituto Nacional de Pesquisas Espacial – INPE em conjunto com a parceira
do LASSE na UFPA, foi de grande ajuda para crescer cada vez mais como engenheiro
projetista, este conhecimento adquirido foi um salto na minha carreira, principalmente na
área de sistemas embarcados e na área de Sistemas de Satélites, sem contar outras
tecnologias de engenharia que eu tive contato.
Aos mesmos colegas de engenharia ou de outras áreas que fizemos disciplinas da
Pós-Graduação em Engenharia Elétrica (PPGEE), horas de estudos compartilhamos
como: o Thiago Abreu que está fazendo seu doutorado na França atualmente, a Helene
está no doutorado, Jocileia Rocha espero que volte para terminar sua tese, ao Christiano
colega de graduação também quero que termine sua tese e tudo de bom para a sua família.
Ao Anderson que está em Recife fazendo o seu doutorado, ao Warley Murici hoje está
como professor da UFPA, sucesso a você e outros colegas que deixei de citar.
Aos meus colegas de Laboratório: a Lilian Freitas que está nos Estados Unidos
fazendo a metade do seu doutorado, eu desejo que dê tudo certo na sua carreira, ao Marcel
Cabral, eu espero que termine o seu doutorado e tenha sucesso na carreira, ao Adalbery
Castro é uma pessoa extraordinária, és merecedor em tudo que conquistou, tudo de bom te
desejo, ao Leonardo Lira, o engenheiro da Petrobrás e futuro mestre em engenharia
elétrica, também é outro merecedor, parabéns, sucesso.
Aos futuros engenheiros escrevo: Pedro vai ser um grande engenheiro, continuem
assim, vais longe na carreira e deixo meu agradecimento, ao Fabricio Gomes outra pessoa
que contribuiu muito comigo ao longo deste projeto, vai ter bastante sucesso, ao Claudio
Coutinho obrigado também eu digo e aos demais colegas de engenharia do LASSE.
Aos professores da Pós-graduação em Engenharia Elétrica (PPGEE), eu quero
agradecer o conhecimento, principalmente pela paciência quando tive necessidade de
procurá-los, assim como quando tive dúvidas ou qualquer outro motivo.
Aos Professores que assinaram a minha carta de recomendação para fazer o
Mestrado na UFPA, não deixarei de citar os Professores: Elionai Sobrinho, José Felipe de
Almeida e o Marcus Brandão.
Todos tiveram participação até este momento, antigamente dizia que amigo,
somente meus pais, mas às vezes encontramos pessoas que querem que você cresça em
todos os sentidos da vida, querem o seu bem, vou guardar vocês na minha mente, repito o
meu obrigado.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES
agradeço pelo apoio financeiro para conclusão deste trabalho.
viii
― Desistir é uma primeira opção aos fracos
de espírito, insistir é uma opção aos
guerreiros de espírito forte, mesmo sabendo
que este caminho é difícil, mas no final
sempre vencem estes obstáculos, guerreiro
até o fim.
Minha autoria.
ix
RESUMO
Esta dissertação consiste no projeto e implementação parcial de um sistema integrado de
monitoramento da ave Harpia (Harpia harpyja), espécie encontrada na Amazônia,
Cerrado e Mata Atlântica. O sistema de monitoramento é estruturado em três etapas:
coleta, armazenamento e transmissão de dados. A primeira etapa consiste na coleta de
dados a partir de sensores, podendo detectar a presença de pássaros no ninho, também o
sistema conta com o auxílio de uma câmera responsável pela captura de vídeo e áudio. A
segunda etapa destina-se ao pré-processamento e armazenamento de todas as informações
coletadas. A terceira etapa é responsável pela transmissão dos dados através de satélite,
utilizando o Sistema Brasileiro de Coleta de Dados Ambientais (SBCDA). Além disso, foi
realizado o desenvolvimento de um protótipo utilizado para o monitoramento. Técnicas de
sistemas embarcados são expostas para o leitor e o processo de detecção desta espécie é
avaliado.
Palavras-chave: Sistemas Embarcados, monitoramento, gavião real, sensores, gravação de
vídeo e áudio, transmissão via Satélite.
x
ABSTRACT
This Master Thesis consists of an integrated monitoring system for tracking the Harpy
Eagle (Harpia harpyja), a species found in Amazon Rainforest, Cerrado and Atlantic
Forest. This monitoring system can be divided in three stages: collection, storage and data
transmission. The first stage embraces that collection sensors that aim at detecting the
presence of birds in the nest, with the support of a camera for video capturing. The second
stage executes the data pre-processing and storage. In the third stage, data transmission is
performed via the Brazilian System of Ambient Data Collection (SBCDA). This work
implemented some of the designed modules, building an incomplete prototype for
monitoring. Techniques for embedded systems are also analyzed and the developed
detector is evaluated.
Keywords: Embedded systems, monitoring, gavião real, image capture sensors, satellite
transmitter.
SUMÁRIO
RESUMO
IX
ABSTRACT
X
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
VIX
LISTA DE TABELAS E QUADROS
XVI
LISTA DE SIGLAS, ACRÔNIMOS E ABREVIAÇÕES
XVII
CAPÍTULO 1 ..................................................................................................................... 1
Introdução .......................................................................................................................... 1
1.1 Contexto do Trabalho ....................................................................................... 1
1.2 Objetivos ........................................................................................................... 2
1.3 Trabalhos Relacionados .................................................................................... 3
1.4 Contribuições .................................................................................................... 8
1.5 Estrutura do Trabalho ...................................................................................... 8
CAPÍTULO 2 ..................................................................................................................... 9
Sistema de monitoramento ................................................................................................ 9
2.1 Introdução......................................................................................................... 9
2.2 Considerações Iniciais ...................................................................................... 9
2.3 Visão Geral...................................................................................................... 10
2.5 A Evolução dos Sistemas de Satélites ............................................................. 13
2.6 Sistema Brasileiro de Coleta de Dados Ambientais (SBCDA) ...................... 16
2.7 Conclusão ........................................................................................................ 18
CAPÍTULO 3 ................................................................................................................... 19
Proposta de Sistema Embarcado para Monitoramento da Harpia................................ 19
3.1 Introdução....................................................................................................... 19
3.2 Software .......................................................................................................... 20
3.2.1 Banco de Dados MySQL .................................................................. 20
3.2.2 MD5 .................................................................................................. 22
3.2.3 Java Media Frameworks (JMF) ..................................................... 23
3.2.4 Sistema de Armazenamento de Dados (SAD).................................. 24
3.2.5 Ireport ............................................................................................... 27
3.2.6 Linguagem C .................................................................................... 28
3.3 Hardware ........................................................................................................ 29
3.3.1 Unidade de Armazenamento de Dados e Vídeo (UAVD) ................ 29
3.3.2 Sistema de Coleta de Dados dos Sensores (SCDS) .......................... 30
3.3.2.1 Comunicação USB com o Microcontrolador 18F4550 ..... 33
3.3.2.2 Sensores e eletrônica do SCDS .......................................... 36
3.3.3 Transmissor Hal2 ............................................................................. 41
3.3.4 Bateria ............................................................................................. 43
3.4 Conclusão ....................................................................................................... 44
CAPÍTULO 4 ................................................................................................................... 46
Resultados ........................................................................................................................ 46
4.1 Introdução....................................................................................................... 46
4.2 Testes com Transmissor HAL2 em ambiente Outdoor e dados recebidos pelo
SINDA ................................................................................................................... 47
4.3 Testes em ambiente indoor para estimativa da detecção das aves................. 50
4.4 Conclusão ........................................................................................................ 54
CAPÍTULO 5 ................................................................................................................... 55
Conclusões ........................................................................................................................ 55
5.1 Considerações Finais ...................................................................................... 55
5.2 Trabalhos Futuros ........................................................................................ 57
PUBLICAÇÕES DO AUTOR 6 ...................................................................................... 58
6.1 Publicações ...................................................................................................... 58
6.2 Publicações anteriores .................................................................................... 58
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 59
ANEXOS 8 ....................................................................................................................... 64
8.1 Arquivos Raw.................................................................................................. 64
8.2 Dados de Respostas do Experimento ............................................................. 65
VIX
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 2.1 Fluxograma do sistema de monitoramento........................................................ 10
Figura 2.2 Ilustração do Sistema. ...................................................................................... 11
Figura 2.3 O diagrama de bloco do sistema de monitoramento. ......................................... 12
Figura 2.4 Os satélites do SBCDA atualmente em operação [46]....................................... 17
Figura 2.5 Localização das PCDs do sistema SCD-1 [46].................................................. 17
Figura 3.1 A base de dados do Sistema de Monitoramento instalada no UAVD, ilustrando a
tabela de Login. ................................................................................................................. 21
Figura 3.2 A base de dados mostrando a Tabela Sensores. ................................................. 22
Figura 3.3 Login e senha. .................................................................................................. 25
Figura 3.4 Interface do SAD com Gravação com JMF. ...................................................... 25
Figura 3.5 Comunicação USB vinda dos circuitos. ............................................................ 26
Figura 3.6 Sistema de relatório com Ireport, ilustrando dados coletados. ........................... 28
Figura 3.7 Teste outdoor com Hal2 na UFPA, caixa e isolamento (visão frontal). .............. 30
Figura 3.8 Esquemático do circuito, com 18F4550, sensores, RTC e saída para câmera de
vídeo. ................................................................................................................................. 31
Figura 3.9 Simulação de todo o circuito no Software Proteus de todo o circuito. ............... 32
Figura 3.10 O sistema de Coleta de Dados de Sensores (SCDS) e com a câmera ............... 40
Figura 3.11 Dimensões do Hal2 [41] ................................................................................. 43
Figura 4.1 Teste com HAL2 em funcionamento outdoor na UFPA. ................................... 47
Figura 4.2 Exemplo de mensagem enviada para os satélites do SBCDA de acordo com Silva
[45]. ................................................................................................................................... 49
Figura 4.3 O ninho em coordenados x e y, simulando Harpia e seu filhote......................... 50
Figura 4.4 Histograma dos Acertos e Erros do detectores (1º Amostra)............................. 53
Figura 4.5 Histograma dos Acertos e Erros do detectores (2º Amostra)............................. 53
Figura 8.1 Informações interpretadas em cada campo........................................................ 64
XVI
LISTA DE TABELAS E QUADROS
Tabela 1.1 Resumo de trabalhos correlatos referenciados nesta dissertação:......................... 3
Tabela 2.1 A Evolução do lançamento de satélites no espaço de acordo com [37]: ............. 14
Tabela 2.2 Frequências e Banda utilizada em satélites [37] [38] [39]: ................................ 15
Tabela 3.1 Pinos de conectores USB.................................................................................. 35
Tabela 3.2 Bibliotecas USB ............................................................................................... 36
Tabela 3.3 Pinos dos sensores no amplificador e no 18F4550: ........................................... 38
Tabela 4.1 Resultados da Transmissão do Hal2 para os Satélites do SBCDA: .................... 49
Tabela 4.2 Resultados das observações em um ambiente de testes indoor, com mudança de
posições: ............................................................................................................................ 52
Tabela 4.3 Resultados Acertos e Erros dos detectores em um único Experimento: ............. 52
Tabela 8.1 Resultados dos Acertos e de Erros: ................................................................... 65
XVII
LISTA DE SIGLAS, ACRÔNIMOS E ABREVIAÇÕES
ARGOS
- Advanced Research and Global Observation Satellite
BSS
- Broadcastings Satellite Service
BPSK
- Binary Phase-Shift Keying
CBERS
- China Brazil Earth Resourses Satellite
CMCD
- Centro de Missão de Coleta de Dados
CNES
- Centre National d'Etudes Spatiales
DPSK
- Differential Phase-shift keying
FDM/FM
- Frequency-Division-Multiplexed/Frequency-Modulated
FSK
- Frequency-Shift Keying
FSS
- Fixed Satellites Service
ETR
- Estação Terrena de Recepção
GMT
- Greenwich Mean Time
GPS
- Global Position Systems
INPE
- Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
ISS
- Inter-Satellite Service
ITU
- International Telecommunication Union
JDBC
- Java DataBase Connectivity
J2SE
- Java 2 Standard Edition
JMF
- Java Media Framework
LASSE
- Laboratório de Sensores e Sistemas Embarcados
MSS
- Meteorological Satellite Services
NASA
- National Aeronautics and Space Administration
NOAA
- National Oceanic & Atmospheric Administration
NSS
- Navigational Satellites Services
PCD
- Plataformas de Coleta de Dados
PTT
- Platform Transmitter Terminal
PPGEE
- Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica
SAD
- Sistema de Armazenamento de Dados
SCDBA
- Sistema de Coleta de Dados Ambientais
SCDS
- Sistema de Coleta de Dados e Sensores
SINDA
Sistema Nacional de Dados Ambientais
SGBD
- Sistemas de Gerenciamento de Banco de Dados
SQL
- Structured Query Language
RTP
- Real-Time Protocol
UAVD
- Unidade de Armazenamento de Vídeos e Dados
UFPA
- Universidade Federal do Pará
UHF
- Ultra High Frequency
QAM
- Quadrature Amplitude Modulation
CAPÍTULO 1
Introdução
Este capítulo inicialmente se preocupa em contextualizar o trabalho, apresentando a
preocupação com a preservação dos recursos naturais e o controle das espécies de animais
nas florestas brasileiras. Na próxima seção, é apresentado o objetivo, contendo um modelo
de sistema para monitoramento da maior ave de rapina do mundo (Harpia harpyja). A seguir,
as seções descrevem algumas referências baseadas em trabalhos correlatos; como também o
estado da arte e por último, a contribuição do trabalho e a estrutura organizacional.
1.1 Contexto do Trabalho
O Brasil é um país de grandes proporções territoriais e rico em recursos naturais. A
vasta diversidade de sua fauna e flora reflete uma necessidade no desenvolvimento de
técnicas para proteção das espécies, sobretudo as que já se encontram em processo de
extinção.
Visando ao monitoramento destes recursos naturais, o Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (INPE) criou o Sistema Brasileiro de Coleta de Dados Ambientais
(SBCDA) [1]. O SBCDA é uma rede de satélites de baixa órbita, que tem como objetivo
receber e retransmitir dados ambientais obtidos em diversos pontos do Brasil. Na maioria
das vezes, estas coletas de dados, são feitas por Plataformas de Coletas de Dados (PCDs)
localizadas em pontos estratégicos, para capturar dados e posteriormente enviá-los para a
rede de satélites CBERS: China Brazil Earth Resourses Satellite (CBERS-1, CBERS-2 e
CBERS-2B) distribuídos em todo o território nacional, coletando dados diariamente [2]. As
PCDs (Plataformas de Coleta de Dados) após adquirirem os dados, os enviam para os
satélites do INPE e retransmitem para outras estações terrenas, como em Cuiabá-Mato
grosso e Alcântara-Maranhão. Logo em seguida, tais dados são inseridos na internet, para
viabilizar seu acesso aos pesquisadores.
Com o aumento das taxas de espécies ameaçadas de extinção, devi à ação do
homem, principalmente como os desmatamentos, se fazem necessárias intervenções no
ambiente natural para proteger tais espécies, contribuindo com a sua preservação através do
levantamento de informações como: hábitos comuns; práticas de sobrevivência; tipos de
1
alimentos; entre outros, ou seja, monitorando seu habitat natural [5]. São comuns estudos
científicos de espécies ameaçadas de extinção, tais pesquisas propõem alternativas de
proteção das mesmas. Como visto na tese de doutorado de Pereira, R. J. G. [7] na qual faz o
estudo de reprodução em cativeiro de espécies “rapinantes sul-americanas”, os Falcões
QUIRI-QUIRI (Falco sparverius) buscou-se uma alternativa para salvar esta espécie.
Neste contexto, estudos foram feitos sobre a maior ave de rapina do mundo, a
Harpia, no intuito de monitora-la. No Brasil, ela é encontrada na Mata Atlântica e nos
estados do Amazonas, Roraima, Rondônia, Pará e Matogrosso. O seu crescente
desaparecimento a colocou na lista de animais em extinção de 1984 a 2000, causado em
grande parte pelo desmatamento, exploração de madeira e o turismo comercial,
contribuindo para a destruição do ninho destas aves. O habitat natural da Harpia é
localizado em extrema altitude, como nas árvores que passam dos 10 metros de altura; um
ninho de Harpia já foi encontrado em uma árvore de 48 metros na Vila da Amazônia, no
município de Parintins estado do Amazonas. É muito comum também encontra-las em
Castanheiras, como em países sul-americanos como no Peru, de acordo com a dissertação
de mestrado Luz, B. B. da [6], que identifica as espécies de árvores onde a Harpia, costuma
estabelecer seu ninho. Diariamente a Harpia deixa o ninho para buscar alimentos para os
filhotes, por vezes não retornando por algum outro motivo, fator também que contribui para
o aumento na taxa de extinção de aves de rapina. Contudo no caso da Harpia, o estudo é
complexo, pois os ninhos são de difícil acesso para os pesquisadores e torna a tarefa de
monitoramento desta espécie desafiadora.
1.2 Objetivos
O trabalho se propõe no desenvolvimento de um projeto de sistema embarcado para
o monitoramento da Harpia (Harpia harpyja), a maior ave de rapina do mundo, também
conhecido na Amazônia como Gavião Real. Devido à caça indiscriminada, esta espécie
que se encontra ameaçada de extinção, o que torna um dos maiores incentivos pela busca
de novas alternativas para sua preservação. Outro objetivo para este trabalho foi detectar se
ave deixou ou retornou do seu ninho, na qual exige que o sistema distingue, os pais dos
filhos e o momento da alimentação dos filhotes.
Também foi desenvolvido um sistema que está organizado em três partes: a
primeira, a coleta de dados é feita através de sensores de temperatura, umidade e detecção
de presença; a segunda parte consiste na obtenção de vídeos e imagens através de um
2
computador pessoal devidamente protegido de sol e chuva, localizado próximo ao ninho,
efetuando a coleta de dados, através de uma biblioteca desenvolvida em Java - Java Media
Frameworks (JMF), provido de interface gráfica e armazenando as informações em uma
base de dados. E por fim, dados dos sensores como a temperatura, umidade do ninho e um
alerta contendo data e hora de possíveis de evento ocorrido no ninho são monitorados e
enviados na forma de mensagem para o Sistema Brasileiro de Coletas de Dados Ambientais
(SBCDA), visando à transmissão das informações através dos satélites do INPE para uma
estação base. Estes dados, serão tratados pelo Sistema Nacional de Dados Ambientais
(SINDA), onde será decidido o resgate da ave para cativeiro, caso seja identificado o
abandono dos pais no ninho. Um aspecto importante neste trabalho, foi a diferenciação das
aves através dos sensores de presença, da Harpia mãe e de seu filhote, os resultados são
ilustrados para o leitor.
Este estudo é feito através de um protótipo desenvolvido para coleta de dados dos
sensores, em um ambiente de testes indoor. Para um classificador ideal, os erros e acertos
dos sensores de presenças são realizados.
1.3 Trabalhos Relacionados
No meio acadêmico, na área monitoramento, sistemas embarcados, telemetria,
transmissão de dados via satélite, existem consideráveis literaturas e não há dificuldade em
encontrar tais trabalhos e observar suas contribuições.
Na Tabela 1.1 são apresentados alguns trabalhos correlatos:
Tabela 1.1: Resumo de trabalhos correlatos referenciados nesta dissertação:
Ref.
Título
[8]
Bird
Tracking
Motion
and
Flapping
Recognition
for
Autor (es)
Área
Maruyama, K.,Saitoh, T.,
Processamento
R. Konishi.
Monitoramento
de
Imagem/
Monitoring System
[9]
White-napped Canes Migratory
Jianwe, M,
Roads Tracking and Surface
Xue,
Condition Change Monitoring By
Hongliang, G
Q,
Qin, D.,
Heaose,
B.,
Monitoramento/
Imagens
de
Satélites/Sensoriamento
Satellite And Weather data
[10]
A
Grouped
Network
Video
Conference System Based on
Zeng, P., Hao, Y., Song,
Java Media Frameworks (JMF)
Y., Liu, Y.
através por IP
JMF in Collaborative Design
Enviroment
3
[11]
Development of Mobile Phone
Nahar, B., Ali, L. Md.
Monitoramento de câmera de
Based Surveillance System
vídeo
(JMF)/Sistemas
Embarcados
[12]
Mapaci: A Real Time e-Health
Bobadilla, J., Gomez, P.,
Área
Medica/
JMF/Vozes
Application to Assist Throat
Godino, J.I.
Patológicas/ Inteligência Artificial
Zhu, W., Georganas, D.
Stream
Complaint Patients
[13]
JQOS: A QOS-Based internet
vídeo conferencing system using
the
Java
Media
de
Video(JMF)
por
videoconferência pela web/QOS
Framework
(JMF)
[14]
VideoChat: Uma ferramenta de
Lopes, C. O. da Silva
JMF/Videoconferência/
Videoconferência Pessoal
[15]
Um
Sistema
de Multimídia
Confiável
Elkind, M.
JMF/
Distribuição de Mídia
[16]
Sistema
QoS/
Inteligência
Artificial(Rede Neuro Fuzzy)
Telemetria Convencional e via
Mantovani, J. E.
Monitoramento/ Telemetria
Costa, H., J., B., da,
Simulação/ Identificação de um
Satélite na determinação da área
de vida de três espécies de
carnívoros da região nordeste do
estado de São Paulo
[17]
Modelagem em SystemC-AMS
de uma Plataforma Compatível
Sistemas de Coletas de dados
com o Sistema de Coleta de
Dados Brasileiro
[18]
Current and Emerging Satellite
T. C. Wilson Jr.
Transmissores
Technologies: Implications for
via
Satélites/
Monitoramento
Drifting Buoy Design
[19]
Wireless Sensor Networks for
Othman,A.K.,
Swift Bird Farms Monitoring
.M.,
Zen, H.,
Lee, K
Zainal,
Monitoramento/
Sensores/
Labview
W.A.Wan, Sabri, M.F. M
[20]
Extracting Java Library Subsets
Rayside,
D.,
Sistemas Embarcados/ Bibliotecas
for Deployment on Embedded
Kontogiannis, K.
em Java
with
Wang, M. –Y, Su, C.-T.,
Criptografia/ Sistemas
Integrated SHA- 1 and MD5
Huang, C.-T., Wu, Wen,
Algorithms
C.-W.
The Research and Application of
Z. Fangxia, Z.Renjin.
Systems
[21]
[22]
An
HMAC
JasperReports
Processor
in
Project
Sistemas
em
Java/
Ireport
Relatórios
Management System
4
[23]
Design and Implementation of
Xue, M., Zhu, C.
Sistemas em Java/Ireport
Ultrasonic Arrays for Localized
Caicedo,
Sensoriamento
Presence Sensing
D.,Pandharipande, A.
Detecção/Algoritmo/ Cadeias de
the Hibernate Persistence Layer
Data Report System Based on
J2EE
[24]
de
sensores/
Markov
Maruyama, K., Saitoh, T., R. Konishi [8] descrevem um sistema de monitoramento
de aves através da detecção por processamento de imagens de câmeras de vídeo, ilustrando
suas técnicas de reconhecimento e detecção de objetos.
Os autores Jianwe, M., Qin, D., Xue, Q, Heaose, B., Hongliang, G [9] ilustram o
monitoramento de aves por satélites captando imagens, dados de temperatura e
rastreamento são abordados para o estudo migratório de pássaros, principalmente em áreas
de reprodução de espécies. Transmissores foram implantados nos animais, afim de fazer
telemetria de dados.
Os Autores Zeng, P., Hao, Y., Song, Y., Liu, Y [10] no seu artigo descrevem a
tecnologia Java Media Frameworks (JMF) visando sua utilização para streaming de áudio e
vídeo, encontrando soluções para conferências via internet utilizando IPs.
Nahar, B., Ali, L. Md. [11] deixa sua contribuição no desenvolvimento de um
sistema embarcado, composto por câmeras para captura de imagens em tempo real e
armazenando dados de stream de vídeo em um servidor local. Este servidor possui um
sistema de hardware para movimentação da câmera via internet.
Os autores Bobadilla, J., Gomez, P., Godino, J.I.[12] descrevem um sistema
desenvolvido para área médica onde o especialista (um otorrinolaringologista por exemplo)
utiliza dados em tempo real, fornecidos através de um applet capaz de capturar vozes
patológicas, e em seguida é armazenando em uma base de dados, para detecção de vozes
não saudáveis. Para a detecção de possíveis vozes não saudáveis, o paciente acessa via web
em um sistema de vídeo, gravando amostras de sua voz e salvando em seguida no servidor.
E por fim, um algoritmo de inteligência artificial analisa os dados e estima as melhores
performances. Além disso, uma rede neural foi criada para ter a melhor exatidão do
sistema.
Zhu, W., Georganas, D., N. [13] propõem um código capaz de estabilizar,
reproduzir vídeo e áudio pela internet. Comprimindo-o, separando-o por canais RTP (RealTime Protocol), revelando um possível controle de Qualidade de Serviço (QoS) com JMF.
5
Na dissertação de Lopes, C. O., da Silva [14] são descritos conceitos relacionando a
tecnologia de videoconferência com Java Media Frameworks (JMF).
Na dissertação de Elkind, M.[15] é descrito um projeto de pesquisa da Marinha do
Brasil, envolvendo um sistema desenvolvido em Java e com JMF, monitorando ambientes
por stream de vídeo, visando o controle de QoS através de implementação de inteligência
artificial (neuro- fuzzy). São analisadas as perdas através de uma rede por IP onde vídeos e
áudios trasfegam entre vários nós dentro de uma rede. A modelagem matemática avalia online a qualidade de stream de vídeo na rede, através de um “Emulador Paramétrico”, os
dados observados.
Mantovani, J. E. [16] em sua tese de doutorado realiza um estudo para
monitoramento de animais na região nordeste do estado de São Paulo. A análise durou mais
de 29 meses onde foram monitoradas espécies em extinção através de rádio telemetria e
pelo sistema de satélite Argos (utilizando coleiras com transmissores de UHF de 401 MHz
para rastreamento via satélite).
Costa, H., J., B., da [17] em sua dissertação de mestrado propõe a simulação de uma
plataforma compatível com o Sistemas Brasileiro de Coleta de Dados, do Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (INPE), modelados em classes C++ no SystemC-MAS.
O autor T. C. Wilson Jr.[18] em seu trabalho, faz uso de sensores em
monitoramento em mares através de boias. Tais transmissores têm a finalidade de enviar
dados como temperatura, umidade e níveis de acidez, etc. As informações são enviadas
para os satélites para serem analisados.
Na área de sistemas embarcados os autores Othman, A.K., Lee, K.M., Zen, H.,
Zainal, W., A., Wan, Sabri, M.F. M [19] fazem o monitoramento por sensores sem fio de
um habitat de aves em fazendas. O sistema possui uma GUI desenvolvida no software
Labview, sendo este um sistema supervisório, capaz de realizar a aquisição de dados de
sensores de temperatura e umidade. Por último, armazena em uma base de dados para
monitoramento do hábitat via internet.
Os autores Rayside, D., Kontogiannis, K. [20] descrevem um conjunto de
bibliotecas em Java disponíveis para serem utilizadas em sistemas embarcados. No mesmo
artigo, argumentam que essas bibliotecas, são aplicadas no mercado tecnológico de
embarcados e que seu faturamento passou para mais de um bilhão de dólares em 2001,
contabilizados entre dispositivos móveis e algumas aplicações; terminais bancários;
sistemas de controle em casas inteligentes ou na indústria.
6
Wang, M. –Y, Su, C.-T., Huang, C.-T., Wu, Wen, C.-W. [21] descrevem a
importância no meio de comunicação e computação, o uso de um algoritmo de criptografia;
as SHA-1 e MD5 e suas características.
.
Os autores Z. Fangxia, Z.Renjin [22] realizam em seu artigo, o estudo de uma
biblioteca de código aberto desenvolvida em Java: o JasperReport, um framework criado
para gerar relatórios em diversos formatos como PDF, RTF, HTML, XLS, coletando dados
de uma base de dados como o MySQL.
Em Xue, M., Zhu, C. [23] é descrito um sistema financeiro com gerenciamento
realizado na plataforma do J2EE, reportando dados com o JasperReport em conjunto com a
tecnologia Hibernate, nas quais as principais vantagens deste sistema são mecanismos de
estudos dos autores.
Os autores D. Caicedo e A. Pandharipande [24] desenvolvem um sistema com
sensores de ultrassons em ambientes indoor em um escritório. Este sistema embarcado é
capaz de detectar a presença de pessoas com precisão. O sinal do sensor é processado por
um algoritmo, distinguindo objetos estáticos e de pessoas em movimento. Depois das
etapas anteriores, o Modelo de Markov é utilizado para calcular a distribuição de
probabilidade, visando o aprimoramento da detecção.
7
1.4 Contribuições
As principais contribuições desta dissertação são:
•
Estudo de técnicas de sistemas embarcados para o monitoramento, com foco na
diferenciação da mãe Harpia e de seus filhotes, através de sensores e a captura de
áudio e vídeo;
•
Desenvolvimento de um protótipo, consistindo em um sistema embarcado para
monitorar a ave Harpia [5] [6] [7] [36];
•
Estudo preliminar de uso de sensor de presença PIR (Passive Infrared Sensor) e
piroelétrico para detecção de presença;
•
Implementação de um módulo de comunicação capaz de fazer a transmissão de
dados de sensores (temperatura, umidade) e uma frase de 32 bytes para o satélite do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) [43] [44].
1.5 Estrutura do Trabalho
Capítulo 2: Este capítulo apresenta as tecnologias associadas à implementação do sistema
de monitoramento da Harpia. Também é ilustrada a evolução dos sistemas de Satélites e o
Sistema Brasileiro de Coleta de Dados Ambienta (SBCDA).
Capítulo 3: Este capítulo apresenta, o sistema embarcado desenvolvido relatando suas
técnicas de aquisição de dados, sua modelagem e descrevendo os sensores utilizados, assim
como a placa de aquisição de dados e o transmissor Hal2.
Capítulo 4: Este capítulo discute os resultados, avaliando o desempenho do sistema em
ambientes de testes indoor e outdoor.
Capítulo 5: Neste capítulo são feitas as considerações finais e discutidos possíveis
trabalhos futuros.
8
CAPÍTULO 2
Sistema de monitoramento
2.1 Introdução
Neste capítulo, apresenta o sistema de monitoramento da ave Harpia e será dividido
em três seções. Na primeira seção, serão exibidas algumas características do sistema que a
seguir, se descreve como uma visão geral desse sistema, onde serão abordados os aspectos
relacionados ao seu funcionamento. Na seção posterior, através de ilustração descreve como
serão obtidas as informações para análise. Já na penúltima seção, é apresentada a descrição do
Sistema Brasileiro de Coleta de Dados Ambientais (SBCDA), e por último, tem-se a
conclusão dos temas abordados neste capítulo.
2.2 Considerações Iniciais
Fatores determinantes na elaboração de projeto do sistema de monitoramento:
•
O equipamento deve ser resistente e possuir uma proteção em decorrência da ação do
clima e dos seres humanos (ladrões e caçadores);
•
A rotina computacional do software (através de um sistema supervisório desenvolvido
em Java [27] [28]) para coletar dados vindos da parte de hardware, interligando-os;
•
O sistema deve possuir a capacidade de ser autônomo, para a coleta e armazenamento
de imagens fotográficas ou de vídeo dos animais;
•
Ter a capacidade de coletar os dados de temperatura, umidade e presença;
•
Banco de dados para o registro das informações dos sensores (MySQL [34] [35]);
•
Comunicação via satélite de dados coletados no ninho [37] [38] [41] [42], enviando
dados para o SBCDA [43];
•
Codificação dos dados em formato raw e envio para o SINDA [44], disponibilizando-os
para os pesquisadores;
•
Monitoramento da chegada e a saída das aves (ave mãe Harpia e filhotes) no local de
estudo.
9
A Figura 2.1 mostra o fluxograma do sistema de monitoramento na qual o sistema é
constituído de três etapas complementares: sistema de sensores; unidade de armazenamento de
dados; unidade de transmissão de dados. O processo de monitoramento do ninho é constante,
fazendo com que o sensor de presença piroelétrico detecte a Harpia Mãe, disparando a câmera
e fazendo com que seus movimentos de entrada e saída do ninho, sejam gravados. Outros
dados de sensores a serem registrados são: a temperatura e umidade, os mesmos vão ser
localizados próximos ao ninho, o suficiente para detectar e coletar informações com
qualidade. Os dados oriundos destes sensores e da câmera são armazenados em um banco de
dados, indicando também a data e hora da ocorrência de cada evento. Depois da coleta de
informações devem ser enviados para os satélites do INPE sendo disponibilizados aos
pesquisadores.
Fluxograma do sistema de monitoramento.
2.4 Procedimentos de Obtenção de dados para o Sistema
de Monitoramento
A Figura 2.2, ilustra o sistema com seus respectivos equipamentos identificado para
aquisição de dados, de acordo com as etapas (1) à (6).
Ilustração do Sistema.
O Sistema de Coleta de Dados e Sensores (1) é uma placa de aquisição composta por
uma câmera, um microcontrolador, sensores de temperatura, umidade e de sensores de
presença. A câmera é capaz de filmar a ave harpia mãe ou pai quando esta chega ao ninho. O
principal objetivo da instalação da câmera, é registrar o momento da alimentação dos filhotes
e detectar casos de abandono do ninho [32] [33]. Dessa forma, o microcontrolador com os
sensores de temperatura e umidade monitoram as características climáticas do ninho, assim
como os sensores piroelétricos devem detectar, somente a presença de aves adultas.
A Unidade de Armazenamento de Vídeo e Dados - UAVD (2) trata-se de um
computador portátil que recebe os dados do SCDS (via comunicação USB através do
microcontrolador 18F4550 [33] localizado perto do ninho). O UAVD é totalmente protegido
de chuva e sol e também é estrategicamente posicionado próximo ao ninho. Em seguida, os
dados são capturados por um software desenvolvido em linguagem Java [20] [27] [28] [29].
Este sistema supervisório, é chamado de Sistema de Armazenamento de Dados (SAD) e todos
as informações são armazenados em um banco de dados MySQL [34][35] e está contido
dentro do UAVD. O SAD foi desenvolvido com o intuito de prover aos usuários, dados
oriundos dos sensores, assim como a data e hora de cada evento e também o vídeo e áudio
gravado durante o monitoramento. Os dados disponibilizados podem ser visualizados em
formato de relatório, para tal tecnologia o Ireport é utilizado [30] no SAD. O UAVD deve
ficar localizado em uma altura acessível aos pesquisadores.
O transmissor de dados (3) [41] [42] envia uma mensagem via satélite contendo a data
e hora do evento ocorrido. A rede de satélites do INPE (5) - Sistema Brasileiro de Coletas de
Dados Ambientais [54] orbitam ao redor da terra e tem o objetivo de coletar informações
,provenientes do transmissor (3) em tempo real.
O sistema possui uma bateria/painel solar (4) na qual alimenta todos os componentes
acima referenciados. O painel solar é utilizado de forma a prolongar a autonomia da bateria
em aproximadamente um mês.
A central de monitoramento (6) disponibiliza os dados para usuários do sistema através
da internet, pelo Sistema Nacional de Dados Ambientais (SINDA) [44], desde modo, os
usuários podem acessar a qualquer lugar do mundo as informações.
Para um melhor entendimento, a Figura 2.3 mostra o diagrama de bloco do sistema de
monitoramento, mostrando o processo de aquisição até a disponibilização das informações ao
usuário final.
O diagrama de bloco do sistema de monitoramento.
2.5 A Evolução dos Sistemas de Satélites
Satélite é um equipamento desenvolvido para interligar, estações terrenas onde os
sinais não são facilmente captados, devido a grandes distâncias entre as elas. Assim, satélites
agem como uma “estação repetidora” [37].
A comunicação via satélite é uma das tecnologias mais utilizadas no mundo desde
1965, a área de comunicação vem ampliando novos serviços em telecomunicações. Os
satélites podem ser localizados no espaço a mais de 27 quilômetros da sua estação base. Seu
custo de operação é bastante elevado, de acordo com o Autor Denis, R., cita que o custo da
distância de uma transmissão ponto a ponto é o mesmo que o do lançamento de um satélite no
espaço [39].
Particularmente, os serviços globais de redes de telefonia são os mais utilizados desde
sua criação. Em 1956 cabos submarinos iniciaram conexões entre continentes ao redor do
mundo, trasfegaram dados entre circuitos de telefonia; mas os sistemas de satélites
completaram links entre a comunicação de telefonia, serviços de televisão e transmissão de
dados, eliminando as barreiras existentes [37]. Hoje existem mais de 140.000 canais de
telefonia - tráfego de multimídia (serviços voz, dados e vídeo) - em funcionamento [38].
A comunicação via satélite para transmissões de dados têm seguintes caraterísticas:
i) Ter capacidade de acesso múltiplo, ponto a ponto, ponto a multiponto ou multiponto
a multiponto;
ii) Na transmissão ponto a multiponto, serviços podem incluir: Serviços de
programação de TV, vídeos e voz; aplicações de multimídia, internet, sensoriamento remoto,
etc.;
iii) Um dos pontos altos no progresso da tecnologia de comunicação via satélite está na
substituição da modulação analógica pela modulação digital, por exemplo, a transmissão de
TV digital como é conhecida [39].
Alguns serviços de satélites são [37] [38][39]:
• Fixed Satellites Service (FSS);
• Broadcastings Satellite Service (BSS);
• Navigational Satellites Services (NSS);
• Meteorological Satellite Services (MSS).
13
Estas classificações são tipos de serviços específicos, por exemplo, o FSS é constituído
de links para a transmissão de sinais de televisão. O BSS são serviços de transmissões diretas
para as casas dos usuários; é o sistema mais usado por companhias de TVs e também utilizado
como serviços de satélites para dispositivos móveis como náuticos, aeronáuticos e terrestres.
Os NSS são serviços de localização por GPS - Global Positioning Systems e os MSS são
serviços para Meteorologia, pesquisas e serviços de resgates.
Pode-se acompanhar a evolução de lançamento de satélites na Tabela 2.1:
Tabela 2.1: A Evolução do lançamento de satélites no espaço de acordo com [37]:
Histórico
Ano
Um artigo inovador foi publicado por Arthur C. Clarke, um físico, descrevendo
1945
uma comunicação no mundo e radiodifusão baseado cima de geossincroníssimo de
estações espaciais.
O lançamento de do primeiro satélites artificial chamado de Sputnik 1 (USSR:
4 de Outubro 1959
União Soviética República Socialista, atual Rússia).
Um artigo de Pierce abordado comunicação de Satélites tendo uma uma visão
Março, 1959
geral, dando outra possibilidades no meio de tecnologias espaciais.
Lançamento do ECHO 1, um satélite no formato de balão (Estado Unidos, NASA).
Agosto, 1960
A fundação da companhia COMSAT (USA), a primeira empresa destinada a
1962
desenvolver satélites para comunicação internacional.
Lançamento do satélites TELSTAR -1 (USA/AT&T, companhia privada) e logo
Julho e Dezembro de
sem seguida lançamento do satélite da NASA (USA) replicando o sinal do
1962
TELSTAR-1, satélites não são geoestacionários, operam em baixas altitudes e com
frequência de banda operação de 6/4 GHz.
Criada a primeira regulação de comunicação de satélite pela ITU.
Lançamento do primeiro satélite geoestacionário chamando SYNCOM 2
1963
Julho, 1963
(USA/NASA) com mais de 300 circuitos para serem usados na telefonia ou 1 canal
de televisão.
A criação da organização INTELSAT com participação de 19 países para
Agosto, 1964
14
desenvolver tecnologia na área de satélites.
Primeiro satélite comercial geoestacionário chamado de EARLY BIRD
Abril, 1965
(INTELSAT 1), com 240 circuitos ou um canal de televisão. Primeira comunicação
operacional entre USA, França, Alemanha e Reino Unido.
Foi lançado o satélite MOLNYA 1 (USSR) não geoestacionário.
1965
O satélite INTELSAT II foi lançado: 240 circuitos de telefone com modo múltiplo
1967
acesso ou um canal de TV com cobertura de sinal no Atlântico e região do Oceano
Pacifico
O satélite INTELSAT III foi lançado com características com 500 circuitos de
1968- 1970
telefone, 4 canais para TVs combinando a mesma recepção do sinal.
A NASA (USA) lança no espaço o ATS 5, primeiro satélite geoestacionário com
1969
banda 15.3 GHz e 3.6 GHz.
A INTELSAT lança o INTELSAT IV com característica de 4 000 circuitos e mais 2
Janeiro, 1971
canais de TV.
A fundação da Organização INTERRPUTNIK e da
USSR e outros nove
Novembro, 1971
instituições participam para desenvolver tecnologias espaciais.
Sistema de comunicação de satélite Angelino é o primeiro sistema nacional
Janeiro, 1975
A vantagem de comunicação por satélite reside na cobertura em enormes áreas sem
haver obstáculos geográficos. Os sinais são transmitidos por radiocomunicação em microondas, nas frequências de 1.5 GHz na banda L e 30 GHz na Banda Ka. A Tabela 2.2
determina as faixas de frequência que os satélites podem transmitir dados:
Tabela 2.2: Frequências e Banda utilizada em satélites [37] [38] [39]:
Frequência de Banda
Nomenclatura
(em GHz)
0,1 a 0,3
VHF
0,3 a 1,0
UHF
15
1,0 a 2,0
L
2,0 a 4,0
S
4,0 a 8,0
C
8,0 a 12,0
X
12,0 a 18,0
Ku
18,0 a 27,0
K
27,0 a 40, 0
Ka
40,0 a 75,0
V
75,0 a 110,0
W
110,0 a 300,0
Mm
300,0 a 3000,0
μm
2.6 Sistema Brasileiro de Coleta de Dados Ambientais
(SBCDA)
O Sistema Brasileiro de Coletas Dados Ambientais (SBCDA) foi desenvolvido em
1980 pelo governo brasileiro, sendo composto pelos satélites SCD-1, lançando em 1993, o
SCD-2 lançando em 1998, em 1999 foi lançando o CBERS-1, em 2003 foi lançando o
CBERS-2 e em 2007 o satélite CBERS-2B.
O SBCDA tem como objetivo, realizar a coleta de dados ambientais de Plataformas de
Coletas de Dados (PCDs), espalhadas por todo o território brasileiro. As informações
coletadas pelas PCDs, são transmitidas para o SBCDA e retransmitidas para estações de
recepção localizadas em Cuiabá - Mato Grosso ou Alcântara - Maranhão. O Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (INPE) é o responsável pelo SBCDA [17] [43] [44].
As plataformas de Coleta de Dados (PCDs) foram projetadas com o objetivo de serem
“estações autônomas”, situadas em locais afastados ou de difícil acesso. As PCDs contêm
sensores de umidade, pressão, temperatura, velocidade, entre outros. Também possui baterias
de longa duração ou painéis de células solares que permitem que o sistema opere por um
longo tempo sem a intervenção do homem.
16
Os satélites do SBCDA tem capacidade de receber dados de até quinhentas PCDs na
sua área de visibilidade. São utilizados para fins de meteorologia, oceanografia,
monitoramento de embarcações, monitoramento ambiental, controle de queimadas e enchentes
além de estudos científicos [17] [45], conforme Figura 2.4:
Os satélites do SBCDA atualmente em operação [46].
Atualmente, o SBCDA está com dois satélites em operação: SCD-1, SCD-2 e os
satélites CBERS-1 e CBERS-2 e CBERS-2B estão foram de operação, interromperam suas
atividades em 2003, 2005, e 2009 respectivamente.
O SBCDA é retransmissor dos dados enviados pelas PCDs, cada satélite fazendo a
cobertura de mais de cinco mil quilômetros de diâmetro da terra. As PCDs transmitem para o
SBCDA nas frequências de UHF entre dois canais (401, 620 MHz e 401,650MHz), logo os
satélites retransmitem na frequência banda S: 2.267, 52 MHz [17] [46]. Os dados obtidos são
disponibilizados na internet para os usuários do sistema, conforme ilustra a Figura 2.5
localização das PCDs do sistema SCD-1:
Localização das PCDs do sistema SCD-1 [46].
Ultimamente, existe mais de oitocentas PCDs no Brasil utilizando dois canais de
comunicação, contudo existe uma forte hipótese de haver um choque entre as mensagens
enviadas pelas PCDs, pois a comunicação é transmitida a qualquer momento e os satélites do
SBCDA não possuem um controle das PCDs no momento da transmissão.
2.7 Conclusão
Em projetos de sistemas embarcados mostra-se importante, sobretudo nas áreas de
monitoramento e de telecomunicações. Foi apresentada neste capítulo, uma visão geral do
sistema de monitoramento, nas seções anteriores foi descrito a evolução da comunicação via
satélite e vantagens das aplicações do mesmo, justificando a importância do seu papel no
decorrer das ultimas décadas, até o cotidiano da humanidade. Foi descrita também, a rede de
satélites lançados pelo Brasil, o SBCDA e sua vital importância nas atividades de
monitoramento de espécies e outras aplicações no território brasileiro.
18
CAPÍTULO 3
Proposta de Sistema Embarcado para Monitoramento da
Harpia
3.1 Introdução
O sistema embarcado é a junção de duas partes importantes na tecnologia nos dias
atuais: o software e o hardware. A parte física (hardware) é controlada por um circuito
integrado, um microprocessador ou microcontrolador que gerencia sensores, motores e
atuadores. Uma diferença básica entre ambos, é que o primeiro precisa de memória externa. O
microcontrolador possui em um único circuito integrado a memoria interna, conversores
digitais e analógicos, temporizares e contadores.
Este capítulo descreve o Sistema Embarcado proposto, suas tecnologias são
apresentadas em seções relevantes para o desenvolvimento deste trabalho. A parte de
hardware inclui a Unidade de Armazenamento de Vídeo e Dados (UAVD) que é responsável
por gerenciar parte do sistema. Para coleta de dados dos sensores o microcontrolador 18F4550
faz a coleta das informações provenientes dos sensores como: sensor de presença, sensor de
umidade e de temperatura, transmitindo informações para o transmissor Hal2. Uma placa de
aquisição foi desenvolvida com a finalidade de fazer as coletas dos dados e depois transmitir
por uma comunicação via USB para o UAVD. Outros aspectos técnicos serão expostos como:
consumo de energia de todos hardware, incluindo o funcionamento contínuo da câmera
quando houver alguma detecção dos sensores de presença, para que a câmera seja ativada.
Na parte de Software, o projeto incluiu o desenvolvimento de uma interface gráfica em
Java chamada de Sistema de Aquisição de Dados (SAD). O SAD é capaz de reproduzir um
stream por uma biblioteca denominada de Java Media Frameworks (JMF) e grava vídeo e
áudio. Uma possibilidade de tal arquitetura é que dados de imagens podem ser obtidos através
da webcam no momento em que a harpia deixar ou chegar no ninho, em tempo real, e
armazenados no SAD em uma base de dados. Além de armazenar informações dos sensores,
que ficam disponíveis para futura consultas pelos usuários do sistema.
19
3.2 Software
Esta seção descreve o software desenvolvido e está dividida em tópicos:
Banco de dados MySQL;
Criptografia MD5;
Java Media Frameworks (JMF);
SAD;
Sistema de Relatório através de Ireport (JasperReport);
Linguagem C.
3.2.1 Banco de Dados MySQL
Os Sistemas de Gerenciamento de Banco de dados (SGBD) evoluíram nos últimos
anos juntamente com a tecnologia moderna, ou melhor, como na área de sistema embarcados.
Mudando a vida dos usuários que necessitam dessa tecnologia, assim é possível acessar
informações com estrema rapidez, tendo um SGBD ágil no seu processamento, em conjunto
com um sistema supervisório que acesse na mesma aplicação, por exemplo: podendo acessar
processos automatizados ou dados de sensores em tempo real, vistos nas industriais, sistemas
bancários ou em outras aplicações [12] [19] [20].
Outras abordagens importantes na área de SGBD seria as características como o Java
DataBase Connectivity (JDBC) e a utilização de softwares livres para o desenvolvimento de
sistemas. O JDBC é uma biblioteca/pacote escrita em Java, que interpreta dados em Structured
Query Language (SQL) e funciona em qualquer sistema operacional ou base de dados como
Oracle, MySQL, Sybase, PostGreSQL e DB2. O JDBC gerencia toda a sua própria
arquitetura, ou seja, classes interagem diretamente com base de dados relacional, facilitando
assim para o desenvolvedor. Os aplicativos desenvolvidos em Java 2 Standard Edition (J2SE)
necessitam de
duas bibliotecas conhecidas
como “java.sql” e “javax.sql”. Ambas são
adequadas para conectar facilmente com qualquer base de dados e com suas arquiteturas
respectivas [34].
Portanto, o MySQL é um sistema de banco de dados que utiliza linguagem SQL e é
atualmente a base de dados mais utilizada pelos desenvolvedores. Pode ser utilizado em
diversas aplicações como sistemas web ou desktop, e têm diversas maneiras de gravar,
modificar e organizar dados. Seu sistema é fácil de lidar, com protocolos enxutos e com baixo
uso de processamento. A interface gráfica é de fácil acesso e permite gerenciamento de
20
informações com velocidade e segurança [35].
Por isso, este trabalho utilizou a base de dados MySQL por ser uma base de código
aberto e ter várias vantagens que um banco de dados relacional pode ter, como sua interface
de fácil manuseio e de alto desempenho.
Observe a Figura 3.1:
A base de dados do Sistema de Monitoramento instalada no UAVD, ilustrando a tabela de
Login.
A base de dados projetada possui quatros tabelas de dados descritas a seguir:
•
Login: Tem doze colunas, dados completos de quem acessa o sistema de
monitoramento e coleta os dados. As colunas são; ID, Nome, Login, Senha (este
campo está criptografado, leia na seção 3.2.2 MD5), endereço, Numero (residência),
UF (estado), CEP, Telefone, RG, Data e Hora. As últimas colunas são registros de
dados contendo a hora e dia que o usuário acessou o sistema (veja a descrição por
completo na seção 3.2.4 SAD). Esta tabela é para usuários que são administradores do
sistema, quem tem prioridade de cadastrar, incluir e excluir conta dos usuários que
acessam o sistema;
•
Sensores: Tem cinco colunas: Código, Login, Valor, Data e Hora, que representam os
dados dos quatro sensores utilizados neste trabalho. Depois da coleta feita pelo SCDS,
os dados são registrados logo em seguida. Os sensores são: umidade, temperatura,
sensor de presença 1 e sensor de presença 2. Os dados são obtidos pelo SAD por
comunicação USB e gravados no MySQL, note a Figura 3.2:
A base de dados mostrando a Tabela Sensores.
•
Relatório: É a terceira tabela e contém campos (colunas) como ID, Nome, CPF, Data e
Hora. Esta tabela faz um relacionamento (uma chave estrangeira) com a Tabela de
Login. Em seguida, através da tecnologia Ireport, os dados podem ser impressos m
formato de relatório em PDF (veja na seção 3.2.5. Ireport);
•
Videos: É a quarta Tabela da base de dados e tem a finalidade de armazenar dados dos
vídeos e campos como código, vídeo, hora e data. A característica desta tabela é
permitir que o administrador identifique a hora e data precisa em que a câmera foi
ativada por hardware. Como indicado, o vídeo pode ser gravado no SAD através da
tecnologia Java Media Frameworks (JMF) (veja na seção 3.2.3 Java Media Framework
a tecnologia usada neste trabalho).
Criptografia é a ação de codificar dados como em um texto legível e claro em um texto
ilegível, com a finalidade de esconder dados para que outras pessoas não possam ver, ou não
tenham autorização para decodificar os dados. Contudo pessoas autorizadas a decodificar tais
dados podem ter acesso e decifrar tal informação. É muito comum em tecnologias atuais tentar
proteger dados como acesso em sistemas de e-mails, documentos pessoais, sistemas bancários,
transmissões por stream de vídeo pela internet, ou mesmo em uma rede local de trabalho.
Uma das características da criptografia são a autenticação e a privacidade dos dados
enviados pelo emissor e recebidos pelo receptor. A chave é um pré-requisito para codificação
e decodificação. A criptografia é possível, por exemplo, uma chave de três bits precisa de oito
combinações diferentes para ser decifrada. Note a equação 3.1:
Combinações Possíveis = 2n
(3.1)
O valor n é o número de chaves em bits (o conjunto de chaves), então se n for de
sessenta e quatro bits, aplicando a equação 3.1, o número de combinações possíveis =264 é
igual a 18,446,744,073,709,551,616, passando de dezoito quintilhões. Os algoritmos mais
utilizados no mundo são o SHA-1 e o MD5, sendo que o SHA-1 tem chaves de 160 bits e o
MD5 tem chaves de 128 bits, de acordo com os autores [21].
Na Figura 3.1 ilustra o banco de dados, especificamente na tabela login e na tabela
usuários, tem um campo chamado de senha que é criptografado por MD5 para proteger a
senha. Somente o administrador do sistema tem acesso para trocar a senha dos usuários ou o
próprio usuário pode modificar sua senha no SAD.
A Criptografia MD5 foi implementada em Java, para que o sistema SAD possa
criptografar dados como a senha dos usuários. A classe é chamada na primeira tela de acesso
do sistema (veja a descrição por completo do 3.2.4. Sistema Armazenamento de Dados) e a
criptografia é feita quando o administrador do SAD cadastra os usuários e informa uma senha.
3.2.3 Java Media Frameworks (JMF)
Para reprodução de vídeo e áudio é comum fazer transmissões em tempo real pela
internet ou outros dispositivos. Recentemente, a rede mundial de computadores e sistemas de
monitoramento à distância vem sofrendo enormes investimentos no objetivo de ampliar novos
horizontes, assim desta forma, a transmissão de voz e vídeo pelos mesmos vem se
aprimorando com o passar dos anos [14].
A transmissão e armazenamento de vídeo, parâmetros como fator de compressão
controlam a qualidade do vídeo. O Java Media Framework (JMF), adotada neste trabalho,
requisita e suporta alguns CODECs do grupo MPEG (Motion Pictures Experts Group). Além
de reproduzir vídeos e áudios em diversos formatos como MPEG-1, MPEG-2, Quicktime,
AVI, WAV e MIDI ou poder rodar arquivos em um disco local ou por câmera de vídeo
(webcam). O JMF é uma API capaz de aplicar mídia em tempo real, uma biblioteca de código
aberto que pode ser manipulada e adaptada. Esta API é compatível com vários sistemas
operacionais como Windows, Linux ou Mac OS. O JMF foi criado pela Sun Systems, e pode
ser encontrado no site da Oracle [29].
23
Outras vantagens de utilizar JMF é que a Sun Microsystems (agora Oracle) dá suporte
e manuais, esclarecendo classes que capturam áudio e vídeo, por exemplo, incluindo fóruns de
discussões de desenvolvedores no seu próprio site.
Softwares feitos em Java e compatíveis com o JMF podem ser usados não apenas em
páginas desenvolvidas em Java Page Server (JSP), mas também em Hypertext Preprocessor
(PHP) através de applets. Um dos requisitos para o JMF rodar perfeitamente é instalar um
programa JMStudio que faz a devida configuração e instalação dos pacotes com as bibliotecas
indispensáveis, além do kit de desenvolvimento da Sun Microsystems Java Development Kit
(JDK) e do Java RunTime Enviroment (JRE).
Como descrito no capítulo 1, na Tabela 1.1, algumas teses e artigos correlatos
trabalham com JMF em determinadas aplicações. Esse trabalho descreve o uso do JMF
(inédita no meio científico), no sistema de monitoramento do gavião real, a harpia.
A seção seguinte ilustra a interface gráfica desenvolvida em Java em conjunto com
JMF, que reproduz e grava streams de vídeos em tempo real quando a câmera é acionada. Na
seção seguinte, o SAD é ilustrado na Figura 3.4, e a sua tela principal exibe um ambiente de
testes indoor na qual o vídeo e o áudio são exibidos e armazenados.
3.2.4 Sistema de Armazenamento de Dados (SAD)
O Sistema de Coleta de Dados dos Sensores (SCDS) obtém dados dos sensores e logo
transmite os dados por comunicação USB, para o gerenciamento pelo Sistema de
Armazenamento de Dados (SAD), na qual é um sistema supervisório desenvolvido em Java no
NetBeans Java [27].
O SAD é capaz de coletar dados e armazenar na base de dados MySQL, do mesmo
modo, uma rotina computacional foi feita. Caso haja necessidade, dados podem ser
cadastrados, modificados e serem exibidos na própria interface. Portanto, o SAD tem o
controle e acesso total às informações de monitoramento. Contudo, para acessá-lo, os
pesquisadores devem ser cadastrados na base de dados.
Este sistema foi criado com intuito de que os usuários levantem dados coletados no
monitoramento perto do ninho, sobretudo dados de temperatura, umidade e presença dos pais.
Além de vídeo e áudio, os dados dos sensores são coletados na hora exata, que um dos pais
volta para alimentar os filhotes ou quando estes saem do ninho.
24
Na primeira tela do SAD, é solicitada a autenticação de login e senha para que o
usuário /administrador seja autenticado com a base de dados MySQL, juntamente com MD5,
note a Figura 3.3:
Login e senha
A seguir, na segunda tela vai ser exibida hora exata em que o sistema foi acessado e
registrado, o acesso no MySQL. O JMF captura quando a câmera é ligada por Hardware e
grava vídeo e áudio em um diretório, durante 30s a 50s, ou tempo que for necessário conforme
a necessidade. O SAD é programado para salvá-los na base de dados na Tabela Vídeo; outras
informações como hora e data são salvadas nesta mesma tabela. O arquivo é nomeado na
própria programação e salvo em formato AVI, por exemplo, lasse.avi. Também, o vídeo pode
ser recuperado pelo o SAD, observe a Figura 3.4:
Interface do SAD com Gravação com JMF.
No cenário exposto na Figura 3.4, mostra um possível cenário simulando o ninho (da
harpia) nas quais os sensores de presença detectaram a harpia adulta (veja no capítulo 4
Resultados, na seção 4.3 Testes em ambiente indoor para a estimativa da detecção das aves).
Além dos menus na interface principal, podem ser chamadas outras interfaces gráficas.
Portanto as informações de cadastro, dados dos sensores, outras informações pertinentes
podem ser alteradas ou excluídas caso o usuário ou administrador deseje. Informações das
tabelas podem ser impressas no formato de relatório em PDF, basta navegar pela interface
principal em Menus.
No caso do cadastro, alguns campos devem ser preenchidos conforme o que foi
descrito na seção 3.2.1. Para o usuário cadastrar no Banco de Dados MySQL, deve ser
preenchidos os campos de Login, Senha, RG, CPF, Endereço, etc. E são registrados na base
de dados os quais também podem ser alterados.
A captura dos dados dos sensores é feita pela a comunicação USB (mais detalhes, veja
na seção 3.3.2 SCDS) no menu comunicação. O sensor de temperatura, umidade e sensores de
presença exibem suas informações incluindo data e hora, como mostra a Figura 3.5:
Comunicação USB vinda dos circuitos.
Uma rotina computacional trata todas as informações vindas pela comunicação USB,
na qual fica monitorando dados recebidos. O campo na qual texto foi ilustrado na figura acima
mostra um exemplo de mensagem na caixa de texto (“Area TextField”) como: “Evento
Ocorrido Sensor 1”. O SAD separa as informações e cada dado de sensor vai corresponder de
acordo com a Tabela de Sensores, assim os dados dos sensores irão ser disponibilizados em
cada campo/coluna correspondente na base de dados, incluindo outros dados de data e hora
que ocorra em um possível evento. Na seção a seguir, 3.2.5 Ireport é ilustrada na Figura 3.6,
mostra um possível evento na qual foi capturado os dados no MySQL e salvos corretamente.
Quando os sensores de presença detectam algo como a presença de uma harpia adulta,
os dados são coletados no SAD e em seguida envia essas informações para o transmissor
Hal2, pela porta Rs 232 (veja na seção 3.3.3 Transmissor Hal2). O SAD trata a String/frase
como um evento que ocorreu e envia pela porta serial contendo os dados de temperatura,
umidade, data e hora do evento ocorrido. Logo em seguida, essas informações serão enviadas
para os satélites do SBCDA com no máximo de 32 bytes, para que os usuários do sistema
possam verificar possível abandono do ninho pela harpia adulta; um aviso para que os
pesquisadores possam chegar ao ninho no menor tempo possível, para verificar as condições
dos filhotes e fazer o resgate caso necessário.
3.2.5 Ireport
O Ireport é um software livre que pode interligar bases de dados em formato de
relatório para aplicações como software em J2EE ou mesmo serem aplicados em sistemas
embarcados. Desenvolvida em Java, através de uma biblioteca JasperReports, os relatórios
podem ser gerados em diversos formatos: PDF, HTML, XML.
É corriqueiro encontrar na literatura trabalhos, que utilizam esta biblioteca
(JasperReports). Seu estudo é descrito com uma base dados empregados, em conjunto com
outras tecnologias como Hibernate para aplicações web em JSP/Servlet [22] [23].
O Ireport requer algumas configurações a serem instaladas. Como é uma ferramenta
feita em Java, necessita do JDK, JVM e o JRE. Por fim, possui suporte para vários sistemas
operacionais como Windows, Linux, Mac OS [30].
Desta mesma forma, o pesquisador precisa autenticar com login e senha, e não é
necessário acessar as telas para obter dados como: dados de temperatura, umidade, hora e
data, e hora de cada evento ocorrido no monitoramento. Para este propósito, o Ireport carrega
dados do MySQL de uma determinada tabela de Relatórios ou outra na tabela de Sensores, o
pesquisador/usuário deve ir no menu Arquivo, depois o mesmo deve acessar e clicar no sub
menu chamado de Relatórios dos Sensores, assim facilitando a exibição das informações
adquirida pelo sistema embarcado. Os dados são exibidos da maneira mostrada na Figura 3.6:
27
Sistema de relatório com Ireport, ilustrando dados coletados.
Para engenheiros projetistas a linguagem C é crucial para projetar sistemas com
hardware. Esta linguagem foi estruturada em 1970, por Dennis Ritchie (1941 -2011) onde
desenvolveu o sistema operacional UNIX. Atualmente é a linguagem mais utilizada para
resolver problemas de engenharia, como em desenvolvimentos de sistemas embarcados. Como
é uma linguagem de baixo nível, seu processamento pelo hardware torna-se mais rápida e
eficiente.
Nos primórdios da computação e da engenharia, a linguagem Assembly desenvolvia
este papel, entretanto, a unidade central de processamento estava em uma crescente expansão
e havia uma corrida da indústria para melhorá-las. A maioria dos dispositivos eletrônicos ou
quase todos, ainda são projetados e implementados com um compilador C como: televisores,
computadores, sistemas de telecomunicações, sistemas de automações ou mesmo em satélites,
automóveis, sistemas embarcados, etc [32].
Compiladores como o MPLab, desenvolvido pela empresa Microchip Technology,
compilam linguagem C e possuem uma vasta biblioteca de PWM, SPI, I²C, UART, USART,
por exemplo. Depois do código compilado é gerado um arquivo em hexadecimal, o qual é
gravado em um circuito integrado, um microcontrolador é utilizado para operar em uma
aplicação específica. Para este fim, a linguagem C foi programada para coleta de dados dos
sensores, já que o MPLab é um software livre e é disponibilizado no site da Microchip
Technology [32] [33].
Porém, o Compilador PCWH IDE Compiler, desenvolvido pela CCS no qual possui
licença paga, possui uma interface simples e de fácil utilização na manipulação da linguagem
C. Depois de compilar e gera o arquivo em hexadecimal, pode-se embarcar em diversos
microcontroladores da Microchip, como os da família 18F,
DSPIC. Para testes e
desenvolvimento desta dissertação/projeto, o compilador PCWH IDE Compiler foi usado [47].
3.3 Hardware
Esta seção mostra a parte de hardware que está dividida em seções:
Unidade de Armazenamento de Dados e Vídeo (UAVD);
Sistema de Comunicação de Dados e Sensores (SCDS);
Transmissor Hal2.
3.3.1 Unidade de Armazenamento de Dados e Vídeo
(UAVD)
A Unidade de Armazenamento de Vídeo e Dados (UAVD) é um computador portátil
onde o SAD vai ser instalado, juntamente com pacotes citados nas seções anteriores, inclusive
o banco de dados MySQL. O UAVD se comunica com SCDS por duas portas USB e serial
(para o transmissor Hal2). Para fins de testes, foi usado um computador pessoal,
disponibilizado pelo Laboratório de Sensores e Sistemas Embarcados (LASSE) apresentando
seguintes características:
•
Processor: Core 2E7400 Duo 2.80 GHz;
•
Memory: 2.0 GB;
•
L2 Cache: 3MB;
•
Windows 7 com 32-bit;
•
Hard Disc (HD) com 160 GBytes de espaço.
Para testes outdoors, a preocupação com roubo do equipamento, a proteção contra sol
e chuva foi uma questão discutida. Uma caixa de isolamento produzida pela empresa Antenas
MetalTec [48], foi empregada para proteger o SCDS juntamente com transmissor Hal2,
permitindo testes outdoor. Assim o circuito, módulos/equipamentos são colocados dentro da
caixa, caso o sistema necessite de um maior alcance do sinal, uma antena pode ser instalada
fora da caixa. A caixa tem furos o suficiente para passagem de cabos, note a Figura 3.7:
29
Teste outdoor com Hal2 na UFPA, caixa e isolamento (visão frontal).
Um netbook ou um tablet, com a mesma configuração citada acima, pode ser
futuramente instalado dentro da caixa de proteção. Note que a caixa deve ser estrategicamente
instalada próximo ao ninho.
!
"
! "
"
"
#
$
O Sistema de Coleta de Dados dos Sensores (SCDS) é um módulo de aquisição, uma
placa fresada na LPKF ProtoMat S62( fabricada pela empresa LPKF laser & Electronics [31])
de tal modo que os sensores têm entradas para acoplamento. O SCDS foi projetado para que
tenha comunicação USB; também possui uma porta de comunicação serial para comunicação
com transmissor o Hal2. Alguns componentes da placa de aquisição são:
•
Microcontrolador 18F4550;
•
Circuito integrado MAX 232;
•
Circuito Integrado DS 1307 Real Time Clock (RTC);
•
Circuito Integrado MCP 6002 amplificador operacional não inversora;
•
Regulador de tensão 7805;
•
Bateria de 3.3 volts;
•
Conectores USB (um para comunicação USB, dois um comunicando computador e
outro para conectar a webcam);
•
Conector Serial;
•
Pinos para saídas dos sensores e para alimentação do circuito;
•
Pinos de saída 16 x 2 para um LDC (display);
•
Resistores, capacitores, um transistor BC 635 dois potenciômetros e Leds.
Na Figura 3.8 é ilustrado todo o esquemático do circuito:
Esquemático do circuito, com 18F4550, sensores, RTC e saída para câmera de vídeo.
Como foi descrito na seção 3.2.5 Linguagem C, o PCWH IDE Compiler foi utilizado
como o ambiente de programação, já citado anteriormente, para desenvolver o código para o
microcontrolador 18F4550. Primeiramente, o código fonte foi desenvolvido e testado em duas
partes: uma implementação para a comunicação USB e outra para comunicação serial.
Inicialmente para testes com os códigos, o Proteus é um software produzido pela
empresa Labcenter Electronics, e é utilizado por muitos dos engenheiros projetistas para
desenvolver sistemas embarcados com boa precisão e performance. O Proteus oferece uma
maneira extraordinária, de simulação em alto nível e baixo nível de hardware. Assim o
engenheiro pode testar o software/hardware, e assim, podendo modificar ou corrigir possíveis
erros em curto espaço de tempo. A sua interface permite modelar, fixar componentes em trilha
como num circuito real, ligando-os no espaço dentro de sua interface. Os testes são totalmente
virtuais e possuem boa confiabilidade. Também é possível desenhar placas de circuito
impresso neste software, numa extensão denominada de “Ares”.
Na Figura 3.9, ilustra a simulação desenvolvida no Proteus [49]:
% Simulação de todo o circuito no Software Proteus.
O Proteus é capaz de simular portas virtuais para comunicação USB, no qual vem com
um pacote específico para isto. Logo, com a modelagem feita corretamente no Proteus, o
código pode ser executado corretamente. E assim, o SCDS se comunica perfeitamente com o
SAD, conforme foi descrito na página 44, na seção 3.2.3 SAD, exibi a Figura 3.5.
O SCDS foi projetado primeiramente no Proteus, com os mesmos componentes que no
hardware. Para simular o sensor de presença foi usado um botão em conjunto com uma tensão
elétrica de 5 Volts de entrada e na saída há um resistor de 10 KOhms pull-up ligado com o
sinal vindo do microcontrolador 18F4550, que está conectado ao terra. Como são dois
sensores de presença, dois pinos foram utilizados no 18F4550: o pino B0 e pino B1. Logo, o
microcontrolador manda um bit através do pino 21 D2, caso se detectar a presença dos pais de
harpias, por consequência, a câmera/webcam vai ficar ligada para gravação, para fins de
simulação, um LED foi utilizado no Proteus. Os detalhes da implementação do SCDS são
apresentados a seguir.
3.3.2.1 Comunicação USB com o Microcontrolador 18F4550
Conforme visto no começo desde capítulo, os microcontroladores são circuitos
integrados que podem ser comparados como o cérebro humano: uma inteligência programada
capaz de realizar tarefas distintas. São aplicadas em diversos campos como em celulares,
robôs, tablets, impressoras, televisores, satélites. Na engenharia moderna, a eletrônica teve
uma revolução, a exemplo dos microcontroladores que vieram com novos recursos e
tecnologias aplicadas neste meio, principalmente em sistemas embarcados. Internamente os
microcontroladores possuem uma unidade central de processamento (CPU), em inglês
“Central Processing Unit”, além de uma memória que possa guardar dados ou programas
(protocolos) como: entrada e saída de dados, I²C, SPI, USART, etc [32].
Hoje em dia, computadores conectam-se com dispositivos pela comunicação USB,
além de que a alimentação elétrica dos circuitos é feita pela porta USB e possui capacidade de
corrente de até 500 mA, uma vantagem para que não se utilize outra fonte de energia.
Portanto, aparelhos que usam esta tecnologia podem ser conectados e desconectados a
qualquer momento que os usuários desejarem. Qualquer usuário leigo pode utilizar a
comunicação USB como um pen-driver, PDAs, máquinas fotográficas, celulares, DVDs,
aparelhos de sons, etc.
Em computadores pessoais, por exemplo, existe uma limitação da quantidade de
portas de comunicação, para conectar outros dispositivos como porta serial ou porta paralela.
Para sistemas embarcados, o protocolo mais utilizado para entrada e saída de dados ainda é o
protocolo Rs 232, contudo há uma necessidade de ter outras portas de comunicação, para
interligar diversos módulos/placas de aquisição. Em um computador pessoal que necessite de
outras portas seriais, comercialmente existe adaptadores USB/serial, contudo isto pode tornar
mais caro o projeto, além de a porta serial pode transmitir informações com valores de baixo
fluxo de dados. Entretanto, o padrão USB 2.0 tem velocidade para troca de informações, a
cerca de 480 Mbps entre o emissor e o receptor. Os dispositivos USB podem transferir dados
em quatro modos [33]:
•
Transferência por Interrupção;
•
Transferência por massa;
•
Transferência assíncrona;
•
Transferência por controle;
33
Mouses, teclados usam transferência de dados por interrupção, enviam uma quantidade
de dados extremamente pequena. Transferências de massa são utilizados dados com grandes
capacidades de arquivos, como pen-drivers. Necessitam de alta velocidade e ficam conectados
durante muito tempo, onde é comum acontecer erros durante a transferência. A transferência
assíncrona, são transferências em tempo real como comunicação de áudio ou em telefonia.
Transferência por controle são sempre controlados por software ou em algumas “aplicações
específicas”, e utilizam um sistema conhecido plug-and-play e suporta mais de 127
dispositivos [33].
Com este intuito, a comunicação USB atende a demanda de monitoramento do sistema
proposto. Como o Transmissor Hal2 utiliza porta serial (veja na seção 3.3.3 Transmissor
Hal2), o SAD obtém dados pela comunicação USB através do SCDS. Para coleta de dados
houve a necessidade de um microcontrolador, o 18F4550 fabricado pela Microchip, que
possui comunicação USB e serial. O fabricante disponibiliza a implementação de bibliotecas
escritas em linguagem C e são aptas para comunicar pela porta USB. O microcontrolador
18F4550 foi projetado com a arquitetura Harvard e possuem algumas características como
[33]:
•
Possui 13 conversores analógicos - digitais de 10 bits;
•
Memória RAM de 2 KB;
•
Memória EEPROM 256 Bytes e com memória Flash de 32 KB;
•
Possui um modulo de comunicação Universal Serial Bus (USB);
•
A Memória pode ser gravada e regravada mais de um milhão de vezes;
•
Pode utilizar uma rotina de bootloader;
•
Temporizadores e contadores, caso precise de uma rotina de tempo ou contadores
temporais;
•
Controla interrupções caso sejam programadas.
Para a comunicação USB, é necessário que o microcontrolador 18F4550 seja
configurado corretamente para poder se comunicar com um computador pessoal, para não
haver falhas em coletar informações. Além dos pinos nas quais conectam sensores através de
fios (de dados, alimentação e o terra) acoplados no SCDS. Os pinos de ligação são
apresentados na Figura 3.8, contudo pode ser descrito novamente na Tabela 3.1:
34
Tabela 3.1: Pinos de conectores USB:
Pinos
Valor
Cor
Pinos 18F4550
1
VDD 5Volts
Vermelho
-
2
D-
Branco
23
3
D+
Verde
24
4
GND
Preto
-
- Pinos sem ligações
O 18F4550 faz transferência de dados em até 12 Mbps quando se conecta com um
host. Essa velocidade é desenvolvida/configurada por hardware, descrita na Tabela 3.1, os
pinos de ligação D- e D+ transferem dados para os pinos do microcontrolador 18F4550 [33]
para o conector USB.
Dispositivos conectam pela comunicação USB, através de classes de acordo com seu
fabricante, as mais conhecidas são [33]:
•
Mass Storage Device (MSD): É uma classe que configura dispositivos para grande
volume de transferência de dados. Essa classe interpreta, por exemplo, leitores e
gravadores de DVD e CD, discos rígidos, câmera digitais, etc;
•
Communications Device Class (CDC): É uma classe que faz a configuração para a
comunicação com outros hardwares. Presente em sistemas de telecomunicações ou de
computação como modems, comunicação sem fio, telefonia, rede (placas de redes) e
esta classe foi escolhida para a realização deste trabalho;
•
Human Interface Device (HID): Este classe está presente em dispositivos como
mouses, controlador de jogos, teclados.
Para a comunicação USB existem alguns protocolos de inicialização, transmissão,
recepção dos dados; portanto a programação entre emissor e receptor é feita pela classe CDC.
O computador interpreta como se fosse uma transmissão pela porta serial de comunicação Rs
232 [33], então uma “COM” virtual é criada (porta de comunicação). Note na Tabela 3.2,
algumas classes dadas pelo compilador [47], por conseguinte, engenheiros desenvolvedores
podem manipularam tais classes:
35
Tabela 3.2: Bibliotecas USB:
Classe
Descrição
usb_enumerated ()
Inicia a comunicação entre dois dispositivos
usb_cdc_putc()
Manda um caractere via USB
usb_detach ()
Desconecta do computador ou dispositivo conectado
get_string_usb ()
Envia uma String via USB
E por fim, o 18F4550 obtêm todos os dados dos sensores e os envia via comunicação
USB para o SAD. Contudo, o microcontrolador faz a conversão analógico-digital nos sensores
de temperatura e umidade (nos pinos 2 AN0 e pino 3 AN1), os sinais têm um ganho no
amplificador operacional MCP 6002. O 18F4550 têm portas digitais conectadas com as saídas
dos sensores de presença (nos pinos B0 e B1) e são capazes de fazer a detecção. Para
ambientes de testes veja no Capitulo 4 Resultados a seção 4.1.2 Teste em um ambiente indoor.
3.3.2.2 Sensores e eletrônica do SCDS
Primeiramente, note abaixo as propriedades dos sensores empregados:
•
Sensor de Temperatura (LM35): É um sensor de temperatura fabricado pela National
Semiconductor, a sua saída é dada em Celsius [50]:
o Corrente de saída é de até 10 mA;
o A saída do sensor é de 2 graus Celsius a 150 graus Celsius;
o Opera com 5 Volts a 35 Volts;
o Com saída de dado por amostra de 10 mV por graus Celsius (10 mV/Cº).
•
Sensor de umidade CHS Series (CHS-U, -SS, -C Types) TDK. Sua saída é a medida
da quantidade de vapores d'águas no ar. Suas características de acordo com suas curvas
e pinos de alimentação [51]:
o A saída varia entre 5% a 95% da umidade relativa do ar;
o Corrente de saída de até 10 mA;
o Opera em condições entre 0 até 50 graus Celsius;
o Opera com 4.75 Volts a 7 Volts.
•
Sensor de Presença (PIR Sensor): Sensor piroelétrico, capaz de detectar movimento de
objetos ou pessoas com temperaturas adversas do ambiente, e na faixa de temperatura dos
animais, ou seja, ideal para aplicações de monitoramento. Quando o sensor é ligado e
36
posicionado, monitora uma área de 6 m², e demora de 10 a 60 segundos para se adaptar no
seu campo de visão. Observe abaixo algumas características [52]:
o Corrente de saída de até 100 µA;
o Opera com 3.3 Volts a 5 Volts;
O microcontrolador 18F4550 têm conversores analógicos–digitais, que convertem
valores de grandeza analógica e os transformados em valor digitais, “uma representação
binária” de acordo com o autor Miyadarira, N. A., Microcontroladores PIC 18: Aprenda a
Programar em Linguagem C [33]. Então, os dados dos sensores utilizados no SCSC
dependem dos valores de saídas dos sensores, a resolução e a tensão de entrada, são fatores
determinantes, expostas na equação 3.2 [63]:
ã
Valor em Temperatura =
(3.2)
A resolução do 18F4550 é de 10 bits e o valor de tensão de entrada é 5 Volts, portanto,
a resolução do conversor é 2b-1 = 1023 níveis de quantização. A saída do sensor de
temperatura utilizado é de 10 mV/ºC. Foi projetado um circuito condicionador de sinais para o
sensor, de forma que a excursão da temperatura fique entre 0ºC e 100ºC (por exemplo, em
ambiente outdoor onde o valor de temperatura será no máximo a 100ºC. O sistema de
monitoramento vai ser instalado próximo do ninho, ambientes como de florestas tropicais,
temperaturas não ultrapassam este valor) provocasse na saída uma tensão dentro da faixa de 0
Volt a 5 Volts. Cuja sua faixa de operação da tensão de entrada do conversor A/D do
microcontrolador. Para o condicionador de sinais, é utilizado um amplificador com ganho de
aproximadamente 5.
Para o sensor de umidade e de acordo com as curvas apresentadas em seu datasheet,
foi utilizada a equação 3.3 [51]:
Umidade do ar =
ã
(3.3)
O amplificador operacional não inversor MCP 6002 fabricado pela Microchip, tem a
finalidade de obter um ganho na saída de tensão na faixa do conversor A/D. Desde modo, o
SCDS foi projetado para dar um ganho na saída dos sensores e têm as características [53]:
•
Corrente de saída é 100 µA;
•
Opera com 1.8 Volts a 6 Volts;
•
Taxa de temperatura em torno de -40ºC à 123ºC.
37
Note a equação de acordo com o circuito apresentado na Figura 3.8, juntamente com a
documentação do fabricante do amplificador operacional não inversora, o ganho na entrada do
18F4550 é [53]:
Vout = Vtemp . (1 +
)
(3.4)
Onde:
R1: É um resistor de 39 KOhms;
R2: É um resistor de 1KOhms;
Vtemp: É o valor de temperatura já digitalizada;
Vout: É o valor com ganho.
Inicialmente considere a equação da forma: Vtemp . 1 +
com o tensão máxima de
5 Volts (a temperatura máxima é 100 ºC para 5 Volts ). Então os valores de resistores no
mercado mais comuns são 1 KG e de 10 KG, considerando que R1 é igual a 39 KG e R2 é
igual 10 KG, substituído, ganho = Vtemp . 1 +
quantizada é igual a 1 +
! "#$%
"#&$%
. Logo o ganho, sem a temperatura
, portanto o valor Vtemp/Ganho é 1 + 3,9 Volts de saída. É
suficiente um ganho de 4,9 Volts na saída digitalizada do conversor conforme a equação 3.4.
As características de alimentação e demais pinos podem ser vistas na Figura 3.10
(bornes exibidos a direita na página 40), lembrando que na seção 3.3.3. SCDS, foi apresentado
o esquemático do circuito. Porém para melhor visualização nesta subseção, tem-se a Tabela
3.3, os pinos dos sensores com amplificador operacional MCP 6002 e com microcontrolador
18F4550:
Tabela 3.3: Pinos dos sensores no amplificador e no 18F4550:
Pino
LM35
CHS Umidade
1
5 volts
1 Saída + capacitor 10 nF
Sensor presença
Saída
MCP 6002
AN0
(Pino 2 18F)
2
Saída
GND
3
GND
5 Volts
GND
5 Volts
Saída
Lm35z
(Pino 3 18F)
38
4
-
-
-
GND
5
-
-
-
Saída CHS
Umidade
(Pino 1 18F)
7
-
-
-
AN1
(Pino 3 18F)
8
-
-
-
5 Volts
- Pinos sem ligações
O Circuito integrado DS 1307 fabricado pela empresa Max é um Real Time Clock
(RTC) capaz de informar a hora e data exatas pela porta Rs 232 ou pela comunicação USB
[54], conforme foi ilustrada na Figura 3.10. A programação está implementada em C, pelo
protocolo I²C [33], o SAD vai capturar hora e data, mais os dados dos sensores. E por último,
armazenar no banco de dados e o mesmo vão transmitir pela porta Rs 232 para o Transmissor
Hal2, que por sua vez transmite para os satélites do SBCDA.
As características do DS 1307 são [54]:
•
Consumo de menos de 500 nA;
•
Operara entre 40°C e 85°C;
•
Precisa de uma Bateria de 3.3 Volts
•
Funciona com 4.5 Volts a 5 Volts;
Além disto, há um LCD 16x2 ilustra os dados no visor, apesar dos Leds projetados no
SCDS exibindo que o sistema está ligado. O SCDS vai ficar dentro de uma caixa de
isolamento, protegida de ações externas, com um display para os pesquisadores verificarem
rapidamente se os dados dos sensores estão sendo coletados e enviados para o SBCDA. Frases
em pequenos espaços de tempo vão ser exibidas no display.
Para os sensores de presença foi projetado no SCDS, a alimentação têm
potenciômetros, na finalidade de ajustar a tensão elétrica em 3.3 volts na entrada dos sensores,
é suficiente para alimenta-lo, alguns testes foram satisfatórios testando a sua sensibilidade
desta forma. A webcam é conectada no SCDS por um conector USB, a câmera deve ser
ligada quando uma harpia adulta chegar ao ninho ou saiu, a programação desenvolvida em
linguagem C e mandará um bit alto (veja na Figura 3.8, o esquemático novamente).
Primeiramente recebe um sinal pela portas/pinos do B0 e B1; vindo dos sensores de presença
39
através dessa rotina, o microcontrolador 18F4550 manda um bit para o transistor BC 635 [55]
(possui um baixo consumo de 100 mA) pelo pino 21 D2 do microcontrolador (mesmo
procedimento feito com a simulação no Proteus, vista no começo deste sub seção); mas com
alto ganho na corrente do coletor 1A e que amplifica o sinal vindo do pino do 18F4550 (está
conectado por uma trilha com o transistor e conector USB da webcam), tendo corrente
suficiente para liga-la. Por consequência, os testes foram satisfatórios com o hardware, assim
o SAD pode capturar vídeo e áudio (modelo testado da Maxprint, com áudio e vídeo).
Com o evento ocorrido (ave chegou ao ninho ou deixou), a informação é reenviada do
SAD para o 18F4550 e por seguinte, o próprio SAD envia as informações para o Hal2. A
interface de comunicação serial USART (em inglês Universal Sychronous Receiver
Transmitter) é responsável por conectar o Hal2 e o UAVD. Controlando o fluxo de dados de
modo síncrono e assíncrono pela Rs 232 [39]. A Texas Instruments é o fabricante do circuito
integrado Max 232, que transmite e recebe dados pelo protocolo Rs 232, note alguns
parâmetros do Max 232 [56]:
•
Opera com 5 volts;
•
Com baixo consumo 8 mA;
•
Funciona com temperatura de 0º até 70º C.
Entretanto, o SCDS tem um conector fêmea DB-9 para conectar o Hal2, note abaixo na
Figura 3.10 o SCDS junto com os sensores de temperatura, umidade e sensores de presença e
a webcam na qual foi o SCDS juntamente com os demais sensores.
O sistema de Coleta de Dados de Sensores (SCDS) e com a câmera.
Os conectores USB (uma para a câmera e outro para o microcontrolador 18F4550) e
um conector para o protocolo Rs 232 estão contidos no SCDS. A corrente de todo o circuito é
de no máximo 200 mA (em torno de 133 mA, sem contar a corrente da câmera). E como a
comunicação USB dispõe de 500 mA; é mais do que suficiente para alimentar o circuito,
apenas tendo um netbook ou tablet dentro da caixa de isolamento. Porém, o SCDS possui
bonner/pinos para serem conectados com baterias externas até com 35 volts de tensão de
entrada, caso haja necessidade. O circuito integrado 7805, fabricado pela Texas Instruments, é
um regulador de tensão faz que tensão inicial de 12 volts (ou mais) abaixe para tensões de 5
Volts, tendo corrente de saída de 100 mA e trabalha com de 0º C até 125º C [59]. Todavia, o
Hal2 consume mais energia e necessita de uma bateria externa.
3.3.3 Transmissor Hal2
Este transmissor é fabricado pela empresa francesa Elta, e foi desenvolvido para
transmitir dados para os satélites [41]. Para este trabalho, o sistema de monitoramento por
satélite foi baseado no Transmissor HAL2, configurado através do software da própria Elta. O
software é chamado de Halstore e permite fazer algumas configurações como: frequência,
potência, tamanho da mensagem, código identificador do transmissor (conhecido como ID).
Características técnicas [41] [42]:
•
Código identificador, o ID pode ser entre 20 bits ou 28 bits;
•
A frequência de transmissão é de 401,610 MHz a 401,680 MHz;
•
Potência para transmitir a 0.5 watts a 2 watts;
•
Comunicação por RS 232;
•
Mensagem pode conter:
•
Dados dos sensores com conversões feitas;
•
Nível de bateria;
Em [45] Silva, A., V. C. da, em conjunto com o Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (INPE) e com a Universidade de Taubaté (UNITAU) no departamento de
Engenharia
Elétrica, desenvolveram
um
protótipo
para
fazer
o
rastreamento em
embarcações de pesca pelo Sistema Nacional de Coleta de Dados Ambientais (SBCDA). De
acordo com a lei brasileira iniciada em outubro de 2008, decreta que embarcações de pescas
com mais 15 metros ou 50 toneladas, necessitam ter rastreadores a bordo. Todavia, este
rastreamento é feito por serviços de satélites estrangeiros, onde Sistemas de Satélites Argos
41
são composto por cinco satélites em órbita, e são os primeiros no mercado a ter aplicações de
transmissão ao redor do mundo, atuando com serviços de meteorologia; hidrologia; clima e
estudos da atmosfera, etc. A problemática de usar o Sistemas de Satélites Argos é o custo
elevado deste monitoramento em embarcações que por ano chega em torno de R$ 6.000,00
(seis mil reais), um rastreamento por satélites em um única embarcação. Outro ponto que autor
cita, é um rastreador que precisa ser instalado na embarcação e custa em torno de R$ 2.300,00
(dois mil e trezentos reais) somado com o valor do serviço. O presente trabalho faz a proposta
de um produto inovador, que possa substituir os serviços do Sistema Argos, ou seja, um
produto comercial para uso nacional, atuando nas embarcações de pescas, onde o SBCDA
possa rasteá-lo, reduzido custos e claro, para que possa ser compatível com o que tem no
mercado. O transmissor é uma tecnologia apresentada no projeto de Sistema de Rastreamento
Nacional de Embarcações de Pescas por Satélites Brasileiros.
A Tabela 3.3 ilustra pinos de saída do HAL2:
Tabela 3.3: Pinos do Transmissor Hal2 [41] [42] [45]:
Pino
Designação
CHS Umidade
1
TX
Transmissão por RS 232
2
RX
Recepção por RS 232
3
GND
Indicador de Transmissão
4
Flag_TX
Contagem de Evento Externo
5
-
-
7
Contagem
-
8
GND
-
9
AD1
Conversor Analógico/Digital canal 1
10
AD2
Conversor Analógico/Digital canal 2
11
AD3
Conversor Analógico/Digital canal 3
12
AD4
Conversor Analógico/Digital canal 4
- Pinos sem ligações
Na Tabela 3.3, os pinos 1 e 2 são utilizados para transferência de dados pelo padrão Rs
232. O pino 4 é um “impulso positivo sendo enviado no valor de 3.3 Volts para cada
transmissão feita pela o Hal2”. Os pino 9 à 12 são entrada para sensores podendo fazer
conversões analógicas/digitais. O Hal2 possui resolução de até 10 bits para cada canal
suportando 3.3 Volts [45].
42
Este sistema embarcado foi projetado para enviar dados para o SBCDA, desde modo, o
transmissor Hal2 necessita de um ID e precisa ser configurado: um ID para o satélite e um
para o transmissor. O ID serve para o SBCDA e o transmissor se comunicarem entre si: o
INPE disponibilizou-o (é 000e30). Outras características do Hal2 são:
•
Trabalha com 7 Volts a 14 Volts;
•
Em consumo de operação é de no máximo de 650 mA, 2 Watts;
•
No mínimo sem transmitir é de 50µA;
•
O ciclo (quantidade de mensagens) de transmissão da mensagem durante o ano é 30
segundos até 255 dias;
•
Dimensões 55 mm x 45 mm x 15.
Observe a Figura 3.11:
Dimensões do HAL2 [41].
& !
A bateria que foi utilizada nos testes com o HAL2 e com o SCDS é uma bateria de
chumbo regulada por válvula. Tendo vida útil até 5 anos, com capacidade de 7 Ah e tensão de
12 V. Suas especificações são:
•
Com carga pode operar com -20ºC à 50ºC;
•
Com descarga pode operar com -20ºC à 60ºC;
•
Tem 6 células por monoblocos;
•
O peso é em torno de 2,38 kg.
3.4 Conclusão
Este capítulo expôs alguns aspectos relevantes para o trabalho: as tecnologias
abordadas no contexto do sistema embarcado proposto. Tanto a eletrônica e software andam
juntos no mercado de tecnologia ou em aplicações modernas nos diversos campos das
telecomunicações, computação e outros.
Sistemas de monitoramento por vídeo e áudio já são realidade há muito tempo, é
comum ver câmera em prédios, fazendo o monitoramento em praças públicas, no trânsito, etc.
Contudo falta ainda melhorá-los e aplicá-los para outros fins, como essa dissertação propõe.
Enfim, o sistema embarcado aplicado em monitoramento foi descrito neste capítulo,
metodologias foram expostas para que o leitor entenda o estado da arte e a complexidade de se
desenvolver um sistema amplo e de difícil instalação em um ambiente florestal.
O capítulo 3 apresentou dois expressivos tópicos: software e hardware. A seção de
software descreveu banco de dados MySQL e sua crescente necessidade de aprimorar SGBDs,
O MySQL é a base mais usada no mundo por ser software livre e ter atributos como alto
desempenho e velocidade de processar dados. A Criptografia MD5 foi outra metodologia
adotada neste trabalho. O Java Media Framework (JMF) é uma API que é capaz de
reproduzir, manipular e armazenar stream de vídeos e áudios, um diferencial neste trabalho ao
fazer o monitoramento da harpia. O Sistema de Armazenamento de Dados (SAD) foi descrito
por completo, sendo o software capaz de mostrar todas as informações/ eventos ocorrido no
monitoramento. O Ireport foi adotado para exibir dados da base o mais rapidamente possível
para os usuários do sistema, de modo que basta acessar o SAD com login e senha e ir ao menu
da tela principal, e por último, clicar no sub menu Relatórios, com intuito de obter
informações importantes. A linguagem C, empregada na elaboração das rotinas e é a
programação mais utilizada para projetar sistemas embarcados, desde sua criação por Dennis
Ritchie, um dos maiores gênios da computação.
A seção de Hardware descreveu a implementação da eletrônica, nas quais foram
usados neste trabalho, pontos importantes para que o sistema embarcado funcione em
harmonia. Subseção A Unidade de Armazenamento de Dados e Vídeos (UAVD) apresentou o
que seria um computador para que o SAD e a base de dados seja instalada. O Sistema de
Coleta de Dados dos Sensores (SCDS) foi descrita por detalhes, a qual é nada mais que uma
placa de aquisição/módulo que conecta com HAL2, com sensores e também com o UAVD.
44
Onde mais detalhes foram exibidos em duas subseções: Comunicação USB com o
microcontrolador 18F4550 e Sensores e eletrônica do SCDS. A Bateria para alimentar o
HAL2 foi ilustrada e no fim do capítulo foi apresentado com as detalhes, o Transmissor
HAL2, que é responsável por enviar informações para os satélites do SBCDA, finalizando
assim toda a parte de hardware.
45
CAPÍTULO 4
Resultados
4.1 Introdução
O sistema de hardware e de software foram exibidos e analisados no decorrer desta
dissertação. Neste capítulo é descrito experimentos usados para avaliar os módulos
implementados, assim como os resultados obtidos.
Foram feitas três avaliações: a) do módulo de detecção da harpia adulta e distinção em
relação a seus filhotes, b) transmissão por satélite e c) hardware desenvolvido. Como parte dos
testes, dados foram disponibilizados pelos servidores do SINDA [44]. Obteve-se tais dados
através de arquivos codificados e foram decodificados para uma breve análise dos dados.
Além disto, um ambiente de testes foi criado no intuito de produzir experimentos
indoor e outdoor, então foi possível obter resultados iniciais com a parte de hardware e de
software. Houve também uma preocupação com o isolamento do circuito: bateria, sensores,
câmera de vídeo (uma webcam) e transmissor HAL2 [41] [42]. Os dados são obtidos por uma
interface gráfica, e por fim, armazenados no MySQL. Em conjunto com a parte de software, o
SAD grava vídeo e áudio através do JMF [29], filmando o movimento da harpia quando o
sensor de presença disparar. Algumas transmissões foram feitas para os satélites do SBCDA e
ilustradas neste capítulo.
Para análise de eficiência do sensor de presença, testes foram feitos em um ambiente
indoor para que eventos fossem expostas para o leitor. Devido a um número relativamente
pequeno de testes: erros e acertos foram observados no intuito de testar a sensibilidade dos
sensores piroelétricos e em conjuntos com outros sensores.
46
' !
" "
(
( +"
'
)*
,
+
!
-. *
No capítulo 3, na seção 3.3.1 Unidade Armazenamento de Dados e Vídeos (UAVD) a
Figura 3.7, ilustra uma caixa de isolamento responsável por guardar bateria e o SCDS. Os
primeiros testes foram no terraço do Prédio da Engenharia Elétrica, conforme a Figura 4.1:
Teste com HAL2 em funcionamento
na UFPA.
O HAL2 possui uma antena para transmissão que é fabricada pela Synergetics
International. Essas antenas foram projetadas para serem utilizadas em PCDs [43], onde se
transmite em frequência de banda Ultra High Frequency (UHF). Desta maneira, o HAL2 envia
dados para os satélites SBCDA por propagação em UHF pela antena. O modelo é da
Synergetics QFH 14A-N, o mesmo utilizado em [45]. A mesma parece adequada para
ambientes como mata fechada, com condições climáticas diversas. Algumas características de
transmissão e elétricas de acordo com o fabricante [45] [57]:
•
Polarização circular;
•
Modo axial (longitudinal);
•
Quadrifilar helicoidal meia-onda;
•
Frequência de 401 MHz;
•
Largura de Banda 4 MHz;
•
Potência 50 Watts;
•
Razão de onda estacionária (SWR) 1.5;
•
Ganho 3 dBm;
•
Dimensões 7,6 cm x 38,1cm;
•
Peso de 590g;
•
Opera em temperaturas de -65 ºC à 65 ºC.
O primeiro teste consistiu em enviar mensagens por um período de um dia, deixando o
transmissor na caixa de isolamento com a antena para fora dela, de acordo com a Figura 4.1,
usando uma bateria de 12 Volts, o mesmo enviou mensagens para os satélites do SBCDA
(uplink). O sistema SBCDA reconhece qual transmissor enviou a mensagem através do ID
enviado no corpo das mensagens. O Sistema Nacional de Dados Ambientais (SINDA) recebe
as mensagens e transforma todos os dados, em um único arquivo para que os pesquisadores
possam acessar por FTP pela internet, permitindo o monitoramento à distância das PCDs. “As
mensagens são geradas em um único arquivo com a extensão “raw”. Porém o texto é em
ASCII e pode ser visto como arquivo de texto (txt ou formato doc). O Anexo, na seção 8.1
Arquivos Raw descreve a interpretação do arquivo Raw. Este arquivo Raw contém:
•
IDs dos transmissores de interesse;
•
Ano da transmissão;
•
Dia Juliano;
•
Hora de recebimento da mensagem;
•
Qualidade da mensagem G ou M (do inglês Good e Missing), boa mensagem e
mensagem ruim, respectivamente;
•
Canal do satélite que recebeu a mensagem;
•
Campo de dados.
Na Tabela 4.1 exibe os primeiros testes com o Hal2 onde foram recebidas 5 mensagens
durante vinte quatro horas e parâmetros das mensagens como ID, Hora, Data, Dia Juliano e
campo de dados:
48
Dia
Juliano
Hora,
Minutos,
segundos
Qualidade
da
Mensagem
Canal
Do
Satélite
Campo
de
Dados
1º
:000e3081
12
054
191340
G
46
000\000\000\000\000
2º
:000e3081
12
055
084745
G
000\000\000\000\000
3º
:000e3081
12
055
162255
G
000\000\000\000\000
4º
:000e3081
12
055
173232
G
000\000\000\000\000
5º
:000e3081
12
055
17 32 26
G
000\000\000\000\000
Mensagens
Ano
Resultados da Transmissão do Hal2 para os Satélites do SBCDA:
ID (Hal2)
'+
Como os primeiros testes com Hal2 foram sem o SCDS, os campos de dados foram
000. Contudo, de acordo com o datasheet do Hal2 [41] [42] os dados de temperatura ou de
umidade, por exemplo, precisam ser transmitidos em hexadecimal [45].
Como informado, o
microcontrolador 18F4550 tem que codificar todos os dados (temperatura, umidade, data, hora
e a mensagem de aviso) em hexadecimal para poder enviar para o Hal2, assim os dados
podem ser conferidos no formato do arquivo Raw. Esses campos são visíveis no formato da
Tabela Hexadecimal, e por último, disponibilizados na rede mundial de computadores para os
usuários do sistema os analisem.
No projeto desenvolvido por Silva [45] é utilizado o mesmo microcontrolador
18F4550 e os dados são enviados pelo protocolo RS 232. Por exemplo, na Figura 4.2, mostra
a mensagem que irá conter o conteúdo esperado na transmissão para os satélites do SBCDA,
neste caso de acordo com a Tabela em Hexadecimal e ASCII a transmissão para o Hal2 foi
feita:
Exemplo de mensagem enviada para os satélites do SBCDA de acordo com Silva [45].
%
' !
"
+
!
,
!
! / " " ! (0
/
O objetivo deste teste é simular a presença da ave adulta (pai ou mãe) e dos filhotes, ou
seja, a tarefa é difícil, pois não basta detectar movimento. Para avaliar o sistema foram feitos
experimento simples, que apesar de não conclusivos, indicam uma possível metodologia a ser
seguida, experimentos foram montados a fim de ter essas informações para análise. Os
sensores de presença e demais sensores foram utilizados nos experimentos e assim foi possível
avaliar a identificação da harpia adulta quando esta chegar ou sair do ninho na finalidade de
diferenciação dos filhotes.
O cenário foi montando com duas caixas localizadas em eixos cartesianos, delimitado
em posições x e y: (x, y) para uma possível simulação do ninho. Dois sensores de presença
foram colocados em posições de forma estática e estrategicamente posicionados para uma
melhor detecção da harpia adulta. O ninho de teste tem medidas de 90 cm de comprimento e
1,80 m de largura.
Para representar uma harpia adulta foi usada uma caixa medindo cerca de 69 cm de
largura e 52 cm de altura. Note que já foi encontrada harpia adulta, com medidas de 2,5 m de
largura e 90 cm de altura, de acordo com [5] [6] [7] [36]. O filhote foi representado por uma
caixa pequena, com 45 cm de largura e de altura cerca de 34 cm, conforme a Figura 4.3:
O ninho em coordenados x e y, simulando Harpia e seu filhote.
Os sensores de presença ficam nas posições (0,2) e (0,10) conectados ao módulo/placa
de aquisição(SCDS) tendo comunicação USB juntamente com o UAVD (um computador
portátil, ou seja, um laptop neste experimento). Assim, o SAD captura os dados de
temperatura e umidade contendo os alertas, caso os sensores piroelétrico disparem com a
presença dos pais harpia, conforme a Figura 4.3. Note que, o ninho foi demarcado a cada 1
metro para cada medida até completar o sua largura, a ordenada possui intervalo máximo de y
(0, 18) e a mínima de x (0,0). Para a abscissa a medida máxima é de x (9,0) e a mínima é y
(0,0), marcando a origem do espaço do ninho. Em resumo, a avaliação do sistema foi feito
desta maneira, os sensores foram testados em um ambiente indoor com caixas, de tal modo
simulando os animais.
A simulação foi feita com as caixas inseridas, em determinadas posições iniciais e em
seguida foram movidas para outras posições. O sistema foi ligado e observado quando os
sensores disparavam, ou seja, somente quando a caixa maior era movida através de um fio,
para outras posições e os detectores (os sensores de presença) alertavam através de uma
mensagem, pela comunicação USB (Evento Ocorrido Sensor 1 ou Evento Ocorrido Sensor 2);
desta maneira, o SAD informa a detecção através dos sensores, e por fim, a webcam é ativada.
O teste indoor foi realizado da seguinte maneira: A harpia adulta (representada pela caixa
maior) foi colocada em uma dada posição e movida para outra; da mesma forma o filhote
(representado pela caixa menor) foi feito o mesmo procedimento a fim de encontrar a precisão
e sensibilidade do detector ajustado através de potenciômetros. A finalidade foi observar
quando os sensores piroelétricos (detectores), alertavam com mensagens pré-programadas no
18F4550 (SCDS) na qual informam quando a harpia adulta sai ou volta do ninho, onde os
erros e acertos são observados (obs.: são considerados acertos quando a caixa maior é movida
e erro quando a caixa menor é movida, no disparo dos sensores). Logo os acertos, foram
encontrados pelo detector corretamente e os erros também. Outros testes foram feitos com a
caixa maior a fim de coletar os acertos. Portanto, os sensores piroelétricos devem detectar
corretamente os pais Harpia, onde representa a saída e volta ao ninho. As posições iniciais e
finais com a caixa pequena e grande são descritas na Tabela 4.2:
51
Tabela 4.2: Resultados das observações em um ambiente de testes indoor, com mudança de posições:
Objetos
Posição Inicial
Posição Final
Caixa
(9,15)
(9,18)
(7,9)
(10,3)
(9,13)
(7,9)
(5,15)
(4,5)
(8,2)
(0,10)
(3,10)
(1,18)
(0,15)
(5,8)
(0,15)
(5,16)
(9,8)
(3,18)
(5,17)
(7,9)
Pequena
Caixa
Grande
Erro
Acerto
Sim
Não
Não
Não
4 (Não)
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
6 (Sim)
Total de testes = 10
A Tabela 4.2 descreve testes realizados em um experimento em um total de dez
repetições com mudanças das posições das caixas, assim os acertos ou erros correspondem com
as respostas dos detectores. O experimento resultou em seis acertos e quatro erros.
Com isto os demais testes foram feitos, baterias de teste de dez em dez foram coletadas
em total 90 amostras. Em seguida, foi realizado o mesmo procedimento completando mais 90
amostras, veja em Anexo 8.2 Dados de Respostas do Experimento. Esses testes utilizaram o
mesmo procedimento; movendo as caixas para várias posições diferentes, sempre em baterias
de dez, note a Tabela 4.3:
Tabela 4.3: Resultados de totais de Acertos e Erros:
Amostras
Total de Acertos
Total de Erros
Total de Testes
1º Amostra
553
268
821
2º Amostra
769
129
898
Observe o Histograma da primeira amostra, os acertos e erros dos sensores piroelétrico
realizados no ambiente de testes indoor, totalizando em torno de 553 acertos e 268 erros.
Abaixo a Figura 4.4, o histograma:
52
Histograma dos Acertos e Erros dos detectores (1º Amostra).
Na segunda amostra foram encontrados 769 acertos e 129 erros, a Figura 4.5
descreve no histograma:
Histograma dos Acertos e Erros do detectores (2º Amostra).
As Figuras 4.4. e 4.5 servem descrever o quanto os sensores piroelétricos são sensíveis
na detecção da Harpia mãe, de tal modo que o sistema seja capaz de fazer a diferenciação em
relação ao filhote. Apesar de conter erros em sua precisão nas duas amostras, ilustrada na
Tabela 4.3, o sistema de monitoramento mostrou-se apto para futuros testes em um habitat
natural e possivelmente a combinação com outras tecnologias, a fim de ajudar na precisão do
mesmo (veja no Capítulo seguinte, na seção 5.1 Trabalhos Futuros).
4.4 Conclusão
Este capítulo descreveu a transmissão de dados para o SBCDA, em um cenário
outdoor, durante 24 horas de testes com o HAL2: tendo cinco boas mensagens recebidas pelos
satélites, apresentadas na primeira seção.
Através de um cenário indoor, outro experimento foi descrito na seção anterior, para
analisar os sensores piroelétricos aplicada no monitoramento proposto neste trabalho. A harpia
adulta e seu filhote, foram representados em forma de objetos em um cenário montado e os
sensores/detectores fizeram os seus papéis: detectar a presença da harpia adulta e distingui-la
dos filhotes. A sensibilidade foi testada e ajustada através de potenciômetros e os resultados
foram expostos. As detecções foram feitas através de frases pré-programadas no
microcontrolador 18F4550 em linguagem C. Assim, os sensores de presença enxergaram a
harpia adulta; por consequência, o 18F4550 manda uma frase de alerta e juntamente com
outras informações pela a comunicação USB, incluindo o horário exato do evento ocorrido.
Para testar os sensores de presença com maior rigor, foram realizados vários testes em
diversas situações. A exemplo, das movimentações das caixas pequena e grande: o filhote e
seus pais Harpia, respectivamente, coletando a quantidade de acertos e erros que os sensores
piroelétricos detectaram.
Foi contabilizado um certo número de experimentos, na finalidade de obter um maior
número de amostras para se ter maior precisão do sistema. Os números de acertos e de erros
foram feitos em baterias de dez em dez, completando 90 amostras. Logo em seguida, mais 90
amostras foram obtidas, portanto na primeira amostra, os sensores piroelétricos acertaram 553
e erraram 268. E na segunda amostra, os sensores acertaram 769 e erraram 129 vezes. Desta
maneira, foram expostos quanto os sensores conseguem detectar corretamente os pais dos seus
filhotes.
54
CAPÍTULO 5
Conclusões
5.1 Considerações Finais
O desmatamento é um grande problema para a fauna e a flora, por consequência,
animais acabam sendo afetados e a taxa de mortalidade dos mesmos tende a crescer
consideravelmente sem controle. Mesmo com o esforço atual, as autoridades brasileiras não
conseguem conter queimadas, tráfico de animais silvestres, etc. Devido o Brasil possuir uma
das maiores biodiversidades do mundo e ser o quinto maior país do mundo em área, o nosso
território deve ser protegido, principalmente seus recursos hídricos e animais silvestres. Desta
forma, o uso da inovação tecnológica, abre grandes possibilidades em estudos aplicados ao
monitoramento de animais ou em áreas desmatadas. Este trabalho apresentou o projeto de um
sistema de monitoramento por satélite e a implementação de alguns módulos. O estudo foi
baseado em espécie de ave, o gavião real (Harpia harpyja), pois é a maior ave de rapina do
mundo e está ameaçada de extinção. Durante um tempo estava na lista oficial, mas foi retirada
desta lista em 2003, contudo ainda corre o risco de retornar à lista conforme [6].
Sistemas por telemetria são aplicados no monitoramento de animais em extinção. O
uso conjunto da tecnologia espacial e do VHF convencional em coleiras é realidade hoje, e o
rastreamento pelos Sistemas SBCDA e Argos (francês) representam, uma ótima estratégia
para monitorar animais e o ambiente à distância [16].
Com este objetivo, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) lançou no
espaço, satélites que podem coletar dados e retransmitir para estações terrestres, o Sistema
Brasileiro de Coletas de Dados Ambientais (SBCDA). Existem satélites de órbita baixa,
retransmitindo dados de Plataformas de Coletas Dados (PCDs) automáticas, localizadas em
diversos locais no Brasil. Logo, dados que as PCDs coletam são decodificados pelo Sistema
de Dados Ambientais (SINDA), então disponibilizados na internet para os usuários.
Neste contexto, as tecnologias espaciais e de sistemas embarcados são pontos de
grande relevância descrita neste trabalho. A abordagem de hardware e software é frisada nos
capítulos anteriores com detalhes.
Com a evolução do presente trabalho e a implementação do sistema como um produto
55
final, para que os pesquisadores terão conhecimento da hora exata que uma harpia adulta
chegou e saiu do ninho. Caso os filhotes sejam abandonados, os usuários do sistema vão
receber o alerta para resgatá-los e possivelmente encontrar o motivo do abandono.
O sistema de monitoramento desenvolvido, é capaz de gravar vídeo e áudio através da
câmera posicionada próxima do ninho. Um software foi desenvolvido para capturar vídeos e
áudios através de uma biblioteca Java Media Framework (JMF), na qual é uma proposta
inovadora juntamente com o sistema proposto. Além disto, faz a coleta de dados de sensores,
como a temperatura e a umidade do ninho. O mesmo busca também detectar a presença da
harpia através de sensor piroelétrico e armazenar em uma base de dados em tempo real, em
seguida, os dados de sensores e um alerta com hora e data são enviados para o SBCDA.
O estudo acerca do sensor de presença, foi feito simulando-se um ninho: a Harpia
adulta e seu filhote. Foram contabilizados um certo número de acertos e erros dos sensores
piroelétricos, onde estes acertaram mais que erraram em suas detecções: acertaram 553 e
erraram 268, na primeira amostra e na segunda amostra foram 769 acertos e 129 erros,
respectivamente.
Para transmissão para o SBCDA, o HAL2 foi testado sem o SCDS em um ambiente de
teste outdoor. Mesmo com o atraso na entrega do HAL2 por parte da empresa Squitter
representante da Elta no Brasil, foi realizado um experimento de transmissão, ilustrados no
começo de capítulo 4. Nos testes, o transmissor HAL2 enviou mensagens durante vinte e
quarto horas seguidas e foram recebidas cinco mensagens pelos satélites. Tendo boas
qualidades e os arquivos foram decodificados e armazenados no SINDA, posteriormente
foram obtidos por via FTP pela internet em arquivos com extensão RAW, contendo os dados
transmitidos.
56
5.2 Trabalhos Futuros
Para continuação deste trabalho, uma possibilidade seria testar o sistema de
monitoramento em um ninho verdadeiro, no zoológico Bioparque Amazônia Safari, localizado
em Belém do Pará, no endereço Passagem São João, s/n. Final da 6º linha, Bairro – Tenoné,
onde existem três casais de harpia. Ou no museu Emílio Goeldi, localizado também em Belém
do Pará, no endereço Av. Magalhães Barata, 376 - São Braz onde existem dois casais.
Outra abordagem seria o uso de técnicas de reconhecimento de voz/som no SAD e
com a base de dados, como na dissertação de mestrado de Oliveira, R., Santana [58] uma API
feita em Linguagem Java poderia ser capaz de reconhecer as vozes das aves. Entretanto, são
necessárias as gravações com as vozes de adultos e de seus filhotes para uso de técnicas de
aprendizado supervisionado.
57
PUBLICAÇÕES DO AUTOR 6
6.1 Publicações
Pantoja, B. R ; Coutinho Fo, C. C.. ; Ramos, P. I. C. M. ; Freitas, L. C. ; Castro, A. R. ;
Klautau, A. B. R.; Mantovani, Jose Eduardo. A Satellite-Based Monitoring System for the
Harpy Eagle.In: X Microelectronics Students Forum - Student Forum Proceedings, 2010,
Sampa. X Microelectronics Students Forum - Student Forum Proceedings, 2010.
6.2 Publicações anteriores
Peres, I. M. A.; Pantoja, B. R.; Vital, D. S.. Domótica: Protótipo de um Varal
Inteligente utilizando Labview. Revista Faz: ciência & tecnologia jan./dez. 2010, faz, p. 8 - 9
05 set. 2010.
Pinheiro, T; Peres, I. M. A.; Pantoja, B. R,. Sensoriamento Remoto via Wirelles (trw2.4ghz). In: Encontro de Automática - Norte' 2010 SBA, 2010, Belém, PA.
Peres, I. M. A.; Pantoja, B. R.. Protótipo de um Varal Inteligente Utilizando Labview.
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58
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63
*.123
* 4 /
5 6
Descreve-se brevemente o arquivo Raw gerado pelo Sistema Nacional de Dados
Ambientais (SINDA), depois que uma Plataforma de Coleta de Dados (PCDs) envia dados de
sensores ou outras informações. Esses dados têm que ser enviado em formato hexadecimal.
Além de que os campos são necessários serem configurados antes da transmissão do
transmissor. O arquivo Raw é disponibilizado por FTP na rede mundial de computadores,
assim usuários do sistema podem fazer a coleta de dados, por exemplo, de uma estação
meteorológica, o arquivo Raw pode ser aberto em qualquer documento de texto, note a Figura
8.1, cedida pelo INPE para uma breve analise de cada informação feita nos testes com o Hal2
[54].
Figura 8.1: Informações interpretadas em cada campo.
Portanto o arquivo Raw tem campo correspondente de acordo com a Figura 8.1:
•
Hexadecimal PCD;
•
Ano.
•
Hora da Mensagem;
•
Status da Mensagem;
o G: São as mensagens recebidas com boas qualidades pelo SBCDA;
o M: São mensagens recebidas com baixas qualidades pelo SBCDA;
o Canal: É o canal do Satélite a mensagem é recebida;
•
Campo de Dados: Os dados são exibidos de acordo com a Tabela ASCII.
8.2 Dados de Respostas do Experimento
As tabelas abaixo exibem os dados dos números totais de acertos e erros, onde foram
testados em baterias de dez em dez e agrupados até um total de 90 amostras, detalhadas nas
páginas 83 e 84. Logo em seguida, mais 90 amostras foram obtidas, vista nas páginas 85 e 86
desta seção; totalizando um total de 180 amostras e finalizado os testes completados em um
único experimento. Os erros e acertos foram somados, ou seja, quanto os detectores acertaram
e erraram descritos no capítulo 4, na seção 4.1.2 Teste no ambiente Indoor, ilustrado na Figura
4.3. Observe a Tabela 8.1:
Tabela 8.1: Resultados dos Acertos e de Erros:
Os valores na 1ª amostra foram: acertos (553) e erros (268) foram obtidos.
Teste 1
Total
Erro
Acerto
6
Teste 2
Erro
Acerto
4
2
4
6
5
Erro
Acerto
8
3
7
7
5
2
8
5
3
7
3
7
4
6
4
6
5
5
0
10
4
6
5
5
3
7
2
8
3
7
5
5
5
4
2
8
4
6
3
7
2
8
2
8
4
6
3
7
2
8
2
8
4
6
35
65
36
65
32
68
Total
Teste 3
Total
65
Teste 4
Erro
Acerto
3
0
0
3
0
5
5
6
6
4
4
6
3
7
8
2
10
0
5
5
3
7
2
6
3
7
2
8
9
1
9
1
0
0
8
2
3
7
5
5
2
8
3
7
2
8
9
1
3
7
0
0
1
9
Total
41
59
Total
36
37
Total
50
38
Teste 7
Erro
Acerto
Teste 8
Erro
Acerto
Teste 9
Erro
Acerto
9
1
9
1
2
8
2
8
2
8
1
9
3
7
3
7
0
10
5
5
5
5
0
0
0
8
0
8
1
9
0
0
0
0
0
10
0
10
0
10
0
10
1
9
1
9
2
8
0
10
0
10
0
10
1
10
1
10
0
10
21
68
21
68
6
84
Total
Erro
Acerto
5
Teste 5
Erro
Acerto
5
7
3
7
4
Total
Teste 6
Total
66
Na 2ª amostra tendo mais 90 amostras correspondem: erros (129) e acertos (769):
Teste 1
Total
Erro
Teste 2
Erro
Acerto
Teste 3
Erro
Acerto
4
6
2
8
4
7
3
7
1
9
3
7
3
7
3
7
3
7
3
7
3
7
3
7
4
6
4
6
2
9
0
10
6
4
1
9
0
10
6
4
1
9
0
10
6
4
0
10
0
10
4
6
0
10
3
7
4
6
2
8
20
80
39
61
19
83
Teste 4
Total
Acerto
Erro
Acerto
Total
Teste 5
Erro
Acerto
Total
Teste 6
Erro
Acerto
2
8
5
5
2
8
3
7
3
7
4
6
4
6
4
6
5
5
3
7
4
6
4
6
3
6
5
5
4
6
3
7
3
7
2
8
2
8
3
7
3
7
6
4
3
7
3
7
3
7
3
7
2
8
3
7
2
8
1
9
32
67
35
65
30
70
Total
Total
67
Teste 7
Total
Erro
Acerto
Teste 8
Erro
Acerto
Teste 9
Erro
Acerto
0
8
2
8
1
5
2
5
2
8
1
6
3
7
5
5
1
6
5
6
4
6
1
5
3
6
4
6
1
7
3
8
3
7
1
7
2
4
2
8
1
8
1
7
2
8
1
9
3
6
2
8
1
10
2
8
0
10
1
10
24
76
26
74
27
73
Total
Total
68