GLADIS
FALAVIGNA
SI LVA N A
CO R B E L LI N I
BENTO DUARTE
DA SILVA
ORGANIZADORES
EDUCAÇÃO
COEMPREENDEDOR@:
HISTÓRIAS DE UM PROJETO -PILOTO
EDUCAÇÃO
COEMPREENDEDOR@:
EDUCAÇÃO
HISTÓRIASCOEMPREENDEDOR@:
DE UM PROJETO -PILOTO
histórias de um projeto-piloto
Chanceler
Dom Jaime Spengler
Reitor
Evilázio Teixeira
Vice-Reitor
Jaderson Costa da Costa
CO N S E L H O E D I T O R I A L
Presidente
Carla Denise Bonan
Editor-Chefe
Luciano Aronne de Abreu
Antonio Carlos Hohlfeldt
Augusto Mussi Alvim
Cláudia Musa Fay
Gleny T. Duro Guimarães
Helder Gordim da Silveira
Lívia Haygert Pithan
Lucia Maria Martins Giraffa
Maria Eunice Moreira
Maria Martha Campos
Nythamar de Oliveira
Walter F. de Azevedo Jr.
GLADIS
FALAVIGNA
Gladis Falavigna
Silvana Corbellini
Bento Duarte da Silva
Organizadores
S I LVA N A
CO R B E L L I N I
BENTO DUARTE
DA SILVA
ORGANIZ ADORES
EDUCAÇÃO
EDUCAÇÃO
COEMPREENDEDOR@:
COEMPREENDEDOR@:
histórias de um projeto-piloto
HISTÓRIAS DE UM PROJETO -PILOTO
PORTO ALEGRE
2018
porto alegre
2018
© EDIPUCRS 2018
CAPA Thiara Speth
DIAGRAMAÇÃO Rodrigo Valls
REVISÃO DE TEXTO Fernanda Lisbôa e Patrícia Aragão
IMPRESSÃO E ACABAMENTO Gráfica Epecê
Este livro conta com um ambiente
virtual, em que você terá acesso
gratuito a conteúdos exclusivos.
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EDIPUCRS – Editora Universitária da PUCRS
Av. Ipiranga, 6681 – Prédio 33
Caixa Postal 1429 – CEP 90619-900
Porto Alegre – RS – Brasil
Fone/fax: (51) 3320 3711
E-mail:
[email protected]
Site: www.pucrs.br/edipucrs
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
E24
Educação coempreendedor@ : histórias de um projeto-piloto /
Gladis Falavigna, Silvana Corbellini, Bento Duarte da Silva
(organizadores). – Porto Alegre : EDIPUCRS, 2018.
195 p.
ISBN 978-85-397-1099-7
1. Método de projeto no ensino. 2. Empreendedorismo –
Métodos de ensino. 3. Educação. I. Falavigna, Gladis. II. Corbellini,
Silvana. III. Silva, Bento Duarte da.
CDD 23. ed. 371.36
Clarissa Jesinska Selbach CRB 10/2051
Setor de Tratamento da Informação da BC-PUCRS.
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo,
especialmente por sistemas gráficos, microfílmicos, fotográficos, reprográficos, fonográficos, videográficos.
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obra em qualquer sistema de processamento de dados. Essas proibições aplicam-se também às características
gráficas da obra e à sua editoração. A violação dos direitos autorais é punível como crime (art. 184 e parágrafos,
do Código Penal), com pena de prisão e multa, conjuntamente com busca e apreensão e indenizações diversas
(arts. 101 a 110 da Lei 9.610, de 19.02.1998, Lei de Direitos Autorais).
AGR ADECIMENTOS
Os livros que narram os projetos são um esforço coletivo sob a responsabilidade
de uma equipe que os concebem, desenvolvem e avaliam. Este Projeto de Educação
Coempreededor@ nasceu na mente da professora Gladis Falavigna, mas envolveu
uma interação com muitos colegas, alguns dos quais contribuíram com seus textos
para a publicação deste livro, e com muitas instituições parceiras, cujo apoio foi
decisivo para a realização desse Projeto. Nomear essas instituições é mais que
uma questão de cortesia, é reconhecer o valioso contributo que proporcionaram
às escolas, aos professores e aos alunos do Rio Grande do Sul que participaram
do Projeto. Assim, os nossos sinceros agradecimentos a:
• Secretaria do Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia (SDECT);
• Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande
do Sul (Fecomércio-RS);
• Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS);
• Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS);
• Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS);
• Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha;
• Instituto da Educação da Universidade do Minho/Portugal (IE/UMinho);
• Secretaria da Educação do Ceará (SEDUCE);
• Secretaria da Educação do Estado de Sergipe (SEED);
• Instituto Tcheco Brasil de Cooperação Acadêmica (INCBAC);
• Consulado Honorário da República Tcheca em Porto Alegre;
• Prefeitura de São Francisco Paula (gestão 2016);
• Prefeitura de Gramado (gestão 2016);
• Prefeitura de Cambará do Sul (gestão 2016);
• Universidade Aberta do Brasil (UAB) – Polo de São Francisco de Paula.
SUMÁRIO
11
A P R E S E N TA Ç Ã O
Carlos Alberto Hundertmarker
13
P R E FÁ C I O
Fernando Lorenz de Azevedo
15
SEÇ ÃO 1
FO R M AÇ ÃO D O C E N T E D O P RO J E T O-PI L O T O
E D U C A Ç Ã O C O E M P R E E N D E D O R@
17
1- E D U C A R PA R A O E M P R E E N D E D O R I S M O:
PROJETO -PILOTO “EDUCAÇÃO
COEMPREENDEDOR@” EM ESCOLAS DA REDE DO
ENSINO BÁSICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
Gladis Falavigna e Bento Silva
35
2– E D U C AÇ ÃO CO E M P R E E N D E D O R @:
T E C N O L O G I A S N A F O R M AÇ ÃO D E P RO F E S S O R E S
Silvana Corbellini e Luciana Boff Turchiello
53
3– M E T O D O L O G I A S D E E A D C O M O S U P O R T E
PA R A U M A E D U C A Ç Ã O C O E M P R E E N D E D O R A
Silvestre Novak
65
4– E M P R E E N D E D O R I S M O N A E D U C A Ç Ã O
B Á S I C A: C O M P E T Ê N C I A S D O C E N T E S
Cláudio Vinícius da Silva Farias
79
5– U M A A Ç Ã O D E M U LT I L E T R A M E N T O S N O
P RO J E T O-PI L O T O D O P RO G R A M A E D U C AÇ ÃO
C O E M P R E E N D E D O R @: I N V E S T I G A Ç Ã O E
P R O P O S TA S PA R A L E T R A M E N T O D I G I TA L E
LÍNGUA S ADICIONAIS
Eunice Polonia
95
6– A S N O VA S F O R M A S D E A P R E N D E R E
COEMPRENDER EM REDE
Karine Pinheiro de Souza
113
7– P R O V O C A Ç Õ E S À F O R M A Ç Ã O D O L E I T O R
Maria do Socorro Pereira de Assis
125
8– E N C A M I N H A M E N T O S E P E R S P E C T I VA S
PA R A A S T I C S N A E S C O L A
Eunice Polonia
141
9– A A R T E N A E D U C A Ç Ã O I N FA N T I L: U M
PROCESSO DE AUTORIA E CRIAÇ ÃO
Ivone Marques Paula
151
SEÇ ÃO 2
R E L AT O S D A S E S C O L A S Q U E PA R T I C I PA R A M
D O P RO J E T O-PI L O T O
E S C O L A S D E S Ã O F R A N C I S C O D E PA U L A
153
1– P R O J E T O E S PA N TA M O S Q U I T O
Thais Elisiane da Silva Mattos
Leide Laura da Silva
Helenita Rossatto Luciano
157
2– E C O T U R I S M O N A R O TA D O S T R O P E I R O S
D O S C A M P O S D E C I M A D A S E R R A: U M A
A P R O X I M A Ç Ã O À C O N S C I Ê N C I A A M B I E N TA L
Antônio Garcia de Souza
Luanda Morais Almeida
Viviane Cristina Lanzarin Aguiar
Maria Isabel da Rosa Alves
ESCOL A DE GR AMADO
179
3– R E V ISI TA N D O O PA SS A D O E R E SSIG N I FC A N D O
O PRESENTE
Luciana de Oliveira
Haidê P. Borges
ESCOL A S DE C AMBAR Á DO SUL
187
4 – P R O J E T O H O R TA E S C O L A R
Virgínia Lemos Pereira
Dilmar Pereira Silvano
Mariza Amaro da Silva Nóbrega
Magda Aulene Velho Feistauer
191
SOBRE OS AUTORES
A P R E S E N TA Ç Ã O
PROJETO - PILOTO EDUC AÇ ÃO COEMPREENDEDOR@ 2016
O Rio Grande do Sul é um Estado de vasta área geográfica e de diferentes
contextos regionais que proporcionam ora oportunidades, ora dificuldades ao
crescimento das pequenas empresas estabelecidas em suas regiões. Nesse
sentido, seu desenvolvimento vem assumindo uma lógica descentralizadora,
procurando fortalecer as regiões a partir de pessoas e empreendimentos
presentes nas diversas localidades. A promoção de políticas públicas que
contemplem novas atitudes e novos paradigmas, além de fortalecer os
pequenos negócios constituídos em todo o Estado, deve estimular uma
educação voltada aos desafios da atual economia, calcada em metodologias
baseadas no empreendedorismo.
E esse não foi o único paradigma a ser superado pelo Projeto-Piloto
Educação Coempreendedor@. Também propôs um ambiente de cooperação
institucional, unindo pares estratégicos: SEBRAE/RS, Instituições de Ensino
Superior, como a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
(PUCRS), a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a Fundação
Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha, a Universidade Estadual do
Rio Grande do Sul (UERGS), o Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), o
Instituto de Educação da Universidade do Minho (Portugal), duas Secretarias
de Estado, a da Educação e a do Desenvolvimento Econômico, Ciência e
Tecnologia, e ainda as Prefeituras Municipais de Gramado, Cambará do Sul
e São Francisco de Paula.
Estabelecer laços de cooperação para enfrentar adversidades e crescer
juntas também não se trata de uma ideia comumente encontrada nas políticas
públicas brasileiras. O paradigma do empresário como um “cavaleiro solitário”,
que deve lutar sozinho contra tudo e contra todos – inclusive, em especial, a
cultura empresarial –, vem sendo substituído por um novo no qual prevalecem
as ações coletivas com outros empresários, e o início dessa nova cultura devese à educação, com escolas, universidades, instituições e principalmente com
o Governo, todos engajados em uma educação empreendedora.
ED U C AÇ ÃO CO EM P R EEN D ED O R@: HIS TÓ RI A S D E U M P RO J E TO-PILOT O
12
O Projeto-Piloto Educação Empreendedor@, articulado e desenvolvido
pela professora Gladis Falavigna, assessora técnica da Secretaria do
Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, foi uma oportunidade
inovadora que compõe o Fórum Permanente das Microempresas e Empresas
de Pequeno Porte do Rio Grande do Sul – FOPEMEPE/RS.
Entre os objetivos fundamentais do FOPEMEPE, previsto na Lei
Complementar Federal n.º 123/2006 e regulamentado pelo Decreto n.º
52.438, de 26 de junho de 2015, está a criação de espaço de debate para
propor novas políticas públicas e ações coletivas aos pequenos negócios,
mas não restam dúvidas de que precisamos avançar e, dessa forma, sob a
coordenação do Secretário de Estado, Fabio Branco, conseguimos alcançar
o início desse processo, retroagindo a educação.
Dentro de toda a Estrutura do FOPEMEPE, desenvolvemos, em 2015 e
2016, ações importantes para o desenvolvimento econômico do Rio Grande
do Sul por meio dos comitês temáticos: Comitê de Compras Governamentais,
Comitê de Rede de Disseminação, Informação e Capacitação, Comitê de
Investimento e Financeiro, Comitê de Tecnologia e Inovação, Comitê de
Comércio Exterior e Comitê de Desoneração e Desburocratização, um dos
mais importantes, pois seu papel é de discussão e de desenvolvimento de
pleitos junto aos governos municipais e ao estadual sobre a necessidade de
readequação dos instrumentos e dos procedimentos da gestão pública, que
ainda busca a simplificação da burocracia para os pequenos negócios – ação
essa tão demandada e cobrada pela sociedade gaúcha.
O ano de 2016 foi marcado por grandes desafios e mudanças, mas o
caminho para 2017 foi otimista. Em continuidade, precisamos garantir o
crescimento e a perenidade das empresas no Rio Grande do Sul; fomentar
a capacitação, a gestão e a extensão empresarial, e o desenvolvimento
de redes de cooperação empresariais; estimular o desenvolvimento de
arranjos produtivos locais; desenvolver e disponibilizar políticas de acesso
desburocratizado de microcréditos aos que precisam; e dessa forma retomar
a economia e o crescimento do estado, apoiando ainda mais as micro e
pequenas empresas, que geram 53% dos postos de trabalho privados do Brasil.
Carlos Alberto Hundertmarker
Diretor do Departamento de Apoio à Micro e Pequena Empresa do RS,
da Secretaria do Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia,
do Governo do Estado do Rio Grande do Sul
P R E FÁ C I O
A EDUC AÇ ÃO PAR A A PA Z!
[...] não há coisa mais valorosa para nós, isto é, para nossa alma, do que a
paz do espírito, porque, quando a nossa mente está tranquila, reflete em si
tudo que nos é necessário saber e possuir [...]
(F.V. Lorenz)
Ao receber o gentil convite da professora Gladis Falavigna para escrever
algumas palavras sobre a Educação Empreendedora fui imediatamente
remetido ao tema da Paz e à especial lembrança de meu bisavô materno.
Francisco Valdomiro Lorenz, tcheco que chegou ao Brasil com 19 anos, em
1891, e que deixou, em vários de seus livros, um inabalável compromisso
com a Cultura da Paz, a exemplo da epígrafe acima.
No ano de 2011, foi realizado o primeiro evento do Encontro Educação para
a Paz em Porto Alegre, no Auditório do Ministério Público Estadual, contando
com a participação de dezenas de Instituições Públicas e Privadas que mantêm
projetos com o tema da Paz em suas ações diárias. Naquela oportunidade, foi
eleito o subtítulo: “Paz, mais do que um Sonho, uma Disciplina”.
Cabe, neste momento, a reflexão sobre a importância de tratarmos o
tema da Paz como uma Disciplina Universal a ser proferida entre todas as
nações. Assim, além de o assumirmos como um propósito individual, devemos
compartilhá-lo com toda a humanidade.
Abaixo está a carta de compromisso das entidades que anualmente vêm
realizando esse Encontro que completou em 2016 sua 6.ª edição.
DECL AR AÇ ÃO DE PRINCÍPIOS DO ENCONTRO EDUC AÇ ÃO
PAR A A PA Z
1. O Encontro Educação para a Paz se afirma como um espaço aberto,
plural, diversificado e apartidário, que articula de forma descentralizada,
ED U C AÇ ÃO CO EM P R EEN D ED O R@: HIS TÓ RI A S D E U M P RO J E TO-PILOT O
14
em rede, entidades e movimentos, ações concretas para a manutenção
de uma sociedade voltada para a Paz.
2. Educação para a Paz passa, inicialmente, por sentir-se com o coração.
Sentir, pensar e agir, de modo individual e coletivo, sobretudo respeitando
o modo honrado e divino de SER, dentro de uma visão multiétnica,
pluricultural e focada no respeito aos nossos ancestrais.
3. Um ser humano pacífico é a fundação de um mundo pacífico e ele
mostrará o caminho da paz para muitos outros. Ao acender a luz da alma,
o mundo inteiro pode ser aceso. De um, dez acordarão; de dez, cem; de
cem, mil. A paz mundial não pode ocorrer ao se implorar ou impor por
ela, mas o instrumento prático para a paz é “torne-se pacífico e, vendo
você, os outros se tornarão pacíficos”.
4. O Encontro Educação para a Paz entende-se como um movimento
de troca de ideias e experiências, devendo estimular as entidades
e os indivíduos que dele participam a valorizar esse intercâmbio,
especialmente, no sentido de encontrar mecanismos e instrumentos mais
efetivos para a inclusão e a igualdade social, buscando para isso novas
articulações que aumentem, tanto na esfera pública quanto privada, a
capacidade de reforçar iniciativas humanizadoras.
5. O Encontro Educação para a Paz busca estabelecer as condições e as
formas propícias para a criação e o apoio de grupos-tarefa que possam,
de forma efetiva, envolver-se em ações que promovam, entre outros,
o engajamento dos cidadãos nas atividades de mobilidade urbana
sustentável e consumo consciente.
6. O Encontro Educação para a Paz entende que a paz entre os seres
humanos só será possível quando estes reconectarem os laços de respeito
e harmonia com todas as outras formas de vida no Planeta.
7. O Encontro Educação para a Paz entende que a PAZ a gente faz, no
PENSAR, SENTIR, AGIR e INTERAGIR, com lucidez consciencial, autonomia,
liberdade e responsabilidade, na vida diária, no “dia a dia” de cada dia,
individual, social e coletivamente.
Um forte abraço a todos.
Fernando Lorenz de Azevedo
Cônsul Honorário da República Tcheca em Porto Alegre
SEÇ ÃO 1
FORMAÇ ÃO DOCENTE DO
P RO J E T O-PI L O T O E D U C AÇ ÃO
C O E M P R E E N D E D O R@
6 AS NOVAS FORMAS DE APRENDER E COEMPRENDER EM REDE
Karine Pinheiro de Souza1
6.1 Introdução
Diante dos novos paradigmas educacionais e dos desafios do professor nessa
sociedade em Rede, torna-se mister compreender a situação do homem nesse novo
contexto, como também refletir se a inserção de tantas tecnologias na escola reflete um
momento sócio-histórico. Diante disso, qual o nosso papel nessa nova sociedade, qual
escola queremos construir? Quem é esse jovem que queremos formar? Diante de novos
desafios metodológicos com os educadores de São Francisco de Paula, como a
abordagem didática pode mobilizar os alunos para desenvolver práticas sociais com as
TICs, envolvendo os princípios éticos, o letramento digital, o pensamento crítico e
criativo, por meio da colaboração e da comunicação.
Com isso, neste artigo, se faz necessário apresentar um breve resgate histórico
das tendências pedagógicas, para que possamos compreender a relevância da
abordagem do Coempreender, como também quais os pressupostos teóricos
e
metodológicos ao utilizarmos as tecnologias educativas para mobilizar transformações
sociais.
6.2 Caminhos pedagógicos das teorias para as práticas docentes
Em nosso panorama sócio-histórico, é fundamental compreendermos que, para
educar, é necessário levar em conta o homem como um ser cultural, em todas as
perspectivas, física, biológica e psicológica, e os processos históricos sociais ( SAVIANNI,
2011). Saímos de um cenário de uma educação jesuíta até a formação de jovens em uma
Sociedade em Rede. Com isso, nos indagamos - porque na escola ainda reproduzimos
modelos cartesianos em uma tendência tipicamente tradicional?
O nosso papel diante dessa indagação é promover uma Geração C5 – que
Conecta, Cria, Compartilha, Colabora e Coopera (SOUZA, 2014) –, entretanto se faz
necessário entendermos nosso contexto educacional através dos tempos, revisitando
cada uma das tendências. Como nos apresenta Libânio (1991), seriam estas as
1
Secretaria de Educação do Estado do Ceará; Universidade Federal do Ceará.
tendências: Liberal – tradicional, renovada (diretiva e não diretiva), tecnicista; e
Progressista – libertária, libertadora e com crítica social dos conteúdos. Estudando esses
cenários podemos dizer que, em nossas salas de aula, ainda estamos a viver em uma
perspectiva de tendência liberal, marcada por ações tradicionais. Mesmo com estudos
sobre essas tendências, ainda nos falta estar implicado na superação da dicotomia teoria
e prática, para o desenvolvimento de uma práxis que promova uma educação
conscientizadora, desalienadora, desfetichizadora, com engajamento, crítica radical e
sensibilidade, essenciais na formação de um cidadão crítico e comprometido
socialmente.
Os processos de memorização, marcas da tendência tradicional com um
currículo engessado, de um ensino expositivo, ainda estão presente em nossas escolas.
Mesmo com um grande avanço tecnológico, os recursos e as interfaces surgem como
instrumento didático para pura memorização, com técnicas de reprodução, exposição de
slides, sem romper com o modelo de empurrar mais conteúdos, sem o envolvimento
dialógico e dialético dos mesmos.
Outro aspecto que necessitamos de uma ruptura é quanto à relação professoraluno, em que o professor se mantém no centro do processo de aprendizagem, como
aquele que direciona/conduz o processo. O grande desafio é sair dessa perspectiva para
um processo de aprendizagem com situações-problema, com parcerias entre o professor
e o aluno, em que todos aprendem em conjunto.
Outra marca muito frequente ainda em nossas escolas é a tendência tecnicista,
principalmente no que tange à reformulação curricular apenas voltada para a adaptação
ao mercado de trabalho, ou seja, retornamos a um processo de educação bancária
(FREIRE, 1996), em que o professor é o mero transmissor de práticas sociais para os
valores burgueses. Uma representação desse contexto é a grande expansão dos cursos
técnicos profissionalizantes e dos institutos federais, sem um cuidado com a formação
humanística e uma formação integral, mas especificamente para responder a uma
resposta do mercado. Para tanto, as tendências que nos colocam em desafio são as
progressistas, desde a libertária, libertadora com os ideais da Escola de Paulo Freire
(1996) até a crítica social dos conteúdos (SAVIANNI, 2011).
As tendências progressistas têm em comum a formação de um cidadão crítico,
autônomo, participativo e reflexivo, apesar de cada uma ter seus objetivos, conteúdos,
métodos. Esse panorama nos auxiliou a demonstrar que o alinhamento teórico do
projeto Coempreender possui uma abordagem freiriana, pois busca reconhecer o homem
como um ser cultural, que influencia e é influenciado pelos costumes, religiões,
economia, política, entre outros aspectos da sua historicidade (FREIRE, 1996). Esse
passo foi fundamental para avaliarmos as diversas teorias educacionais e nos
colocarmos no cerne do papel da Educação como transformadora social, como
libertadora, na busca para a superação da desigualdade social.
Com isso, têm-se como prisma um processo dialógico, em que professores e
alunos aprendem juntos, que os conteúdos não vêm de cima para baixo, mas de acordo
com as vivências dos educandos, que podemos chamar de construtivismo, em uma
realidade que é mediadora, em um eterno processo de ação-reflexão-ação.
Essa realidade não é utópica, existem projetos e escolas que lutam nessa
perspectiva, não apenas em seus projetos político-pedagógicos – PPP. Um exemplo
português é o trabalho de inclusão consolidada efetuada na Escola da Ponte (PACHECO,
2008), no fomento da autonomia e da quebra de modelos tradicionais de ensino, em que
os alunos são o centro. Esse projeto possui repercussão no Brasil em algumas unidades
em São Paulo e Rio de Janeiro, mas, como em Portugal, são experiências isoladas, ou
seja, o modelo massificador da educação voltado para reprodução ainda é o
preponderante. Com isso, projetos como os desenvolvidos em São Francisco de Paula,
com o desenvolvimento de professores Coempreendedores é fundamental, para que
juntos possamos questionar o nosso fazer pedagógico. Esse processo dialético nos faz
em constante remixagem e transformação da abordagem, dando assim o caráter flexível
e a adequação cultural da proposta, mas sempre com o objetivo de deixarmos de ser
meros consumidores das tecnologias, para buscar a transformação do seu contexto,
legitimando, assim, os princípios para uma juventude de Geração C5, com autonomia,
criticidade, engajamento na luta pela transformação social e não a mera reprodução de
um sistema excludente.
6.3 Pedagogias para educar e criar em rede
Com os avanços das tecnologias, nos deparamos com novos paradigmas para
ensinar e aprender no século XXI. O que demonstra a necessidade de resgatarmos
alguns estudos sobre as teorias da aprendizagem, desde o behaviorismo, cognitivismo e
construtivismo, que foram desenvolvidas em uma época em que outras formas de
informação e comunicação eram estabelecidas e, atualmente, com as mudanças nas
tecnologias, novas teorias podem ajudar-nos a compreender as novas formas de
aprender e ensinar.
O autor George Siemens (2006) considera que essas foram teorias construídas
sobre as tradições epistemológicas passadas, ignorando, por isso, a natureza em rede da
sociedade, da vida e da aprendizagem, ou seja, ignoraram as mudanças fundamentais
que se estão a operar na sociedade digital, em que “Technology is mobile, embedded,
transparent, and ubiquitous” (SIEMENS, 2006, i p, 32), e essa ignorância frustra as
expectativas dos estudantes, pois “video games, mobile phones, instant messaging, and
online social networking have been constant for many teenagers” (idem, p. 32). A sua
análise baseia-se em cinco questões, as quais chama de “propriedades”, que distinguem
as teorias de aprendizagem: “How does learning occur? Influencing facts? What is the
role of memory?, How does transfer occur?, Types of learning best explained” (idem, p.
35), às quais dá as respostas que expomos no Quadro 1.
Reitera a abordagem do conectivismo para a construção do conhecimento como
um processo dinâmico com base no processo comunicacional, constituído na rede. Para
o autor, o crescimento e a complexidade do conhecimento requerem a nossa capacidade
para aprender nas conexões que estabelecemos com pessoas e informação,
frequentemente mediadas ou facilitadas pela tecnologia. A importância da mudança do
saber interno para o saber externo é evidenciada, segundo o autor, pelo desenvolvimento
da Internet “as a connected structure permitting the development of knowledge and
learning, not simply data and information. The learning is the network” (idem,, p. 16).
O autor reconhece as polêmicas e críticas que a teoria conectivista pode suscitar,
valoriza algumas dessas críticas, pois considera que é obrigação dos educadores
fundamentar em bases sólidas as tendências emergentes, e termina o seu texto
afirmando:
An alternative is needed. Whether connectivism plays this role is irrelevant.
Of most importance is that educators are reflecting on how learning has
changed and the accompanying implications to how we design the spaces
and structures of learning today (idem, p. 39).
Propriedades
Behaviorismo
Cognitivismo
Construtivismo
Conectivismo
Como ocorre a
aprendizagem?
Caixa negra –
enfoque no
comportamento
observável
Estruturado e
computacional
Social, sentido e
criado por cada
aprendente
(pessoal)
Fatores de
influência
Natureza da
recompensa,
punição e
estímulo
A memória é o
inculcar de
experiências
repetidas – onde a
recompensa e a
punição são mais
influentes.
Estímulo e
resposta
Esquemas
existentes e
experiências
prévias
Codificação,
armazenamento e
experiências
prévias
Engajamento e
participação
social, cultural
Conhecimento
prévio e
remisturado para o
contexto atual
Padrões
adaptativos,
representativos
do estado atual e
existentes nas
redes
Duplicação de
constructos de
conhecimento de
quem sabe
Raciocínio, clareza
de objetivos e
resolução de
problemas
Socialização
Conexão
(adição) com nós
Social e vaga
(“mas definida”)
Aprendizagem
complexa, núcleo
que muda
rapidamente e
diversas fontes
de conhecimento
Qual é o papel da
memória?
Como ocorre a
transferência?
Tipos de
aprendizagem
mais bem
explicados
Aprendizagem
baseada em
tarefas
Distribuído em
uma rede, social
e
tecnologicamente
enriquecido;
reconhecimento
e interpretação
de padrões
Diversidade de
redes
Quadro 1 – Teorias da Aprendizagem.
Fonte: Siemens (2006, p. 36).2
O Quadro 1 nos ajuda a situar a visão de Siemens, e podemos reforçar que em
nosso estudo não necessitamos desconsiderar algumas abordagens das teorias
anteriores, pois as perspectivas como a aprendizagem baseada em tarefas
(behaviorismo), as experiências e os conhecimentos prévios, a pedagogia da resolução
de problemas (do cognitivismo), bem como o sentido da participação social
(construtivismo) são exemplos de abordagens muito válidas na educação on-line. Um
dos pesquisadores da área, Jesus (2014), em tese de doutoramento sobre a concepção,
implementação e avaliação de uma metodologia de blended-learning no ensino, destaca,
precisamente, a par das críticas a essas teorias, também um conjunto de contribuições
muito valiosas para a Educação a Distância e e-Learning. Sobre o behaviorismo, o autor
destaca: a apresentação prévia dos objetivos ou metas de aprendizagem; a sequenciação
2
Optamos por traduzir as ideias do autor apresentadas no quadro.
dos conteúdos programáticos e o feedback (JESUS, 2014, p. 15). Sobre o cognitivismo,
atribui especial relevo à Teoria da Aprendizagem Significativa de Ausubel, destacando:
as estratégias de aprendizagem que levam os alunos a receber a informação e a transferila para a memória a longo prazo; a criação de percursos distintos para atender alunos
com diferentes níveis de conhecimento prévio; a promoção de estratégias que articulem
a informação prévia com a apresentação da nova informação; a apresentação da
informação de forma regular e gradual, de modo a não “sobrecarregar” os órgãos
sensoriais, e deste modo facilitar a passagem da informação para a memória a longo
prazo; as estratégias que levem os alunos a analisar, refletir, sintetizar ou avaliar a nova
informação (JESUS, 2014, , p. 26). Sobre o construtivismo, o autor dá especial relevo à
Teoria do Construtivismo Social, de Vigotsky, e destaca: o processo ativo da
aprendizagem, colocando os alunos a praticar o que estão a aprender; o encorajamento
da colaboração e da cooperação; o fato de os alunos deverem assumir o controle do seu
processo de aprendizagem; a importância de dar tempo e oportunidades para a reflexão
durante o processo de aprendizagem; a necessidade de os conteúdos educativos
incluírem exemplo, de modo que os alunos personalizem a informação; a inserção na
aprendizagem de atividades interativas para promover a aprendizagem em alto nível,
bem como o desenvolvimento de significado pessoal (JESUS, 2014, p. 34-35).
Apesar de essa conexão entre as teorias da aprendizagem, como elas podem se
complementar, compreendemos, contudo, que o conectivismo é uma das abordagens
mais válidas para um mundo em que as redes de comunicação assumem uma
importância vital, ou seja, é uma teoria apropriada às pedagogias para educar e criar em
rede.
Esclarecendo um pouco essa teoria, destacamos que a aprendizagem é um
conjunto de atitudes e ações efetuadas pelos alunos na tentativa de compreender suas
experiências, de criar significados. Com isso, a construção do conhecimento parte do
indivíduo para o grupo e, consequentemente, no contexto em que está inserido, em um
processo de cocriação, com sua habilidade para inovar. Nessa nova geração, rompe-se
com as consultas individuais e com o professor em ambientes fechados, sejam eles reais
ou virtuais, passa-se a aprender em rede, que direcionam novas práticas com uma web
enriquecida pelas tecnologias móveis e ubíquas.
Reiterando que nos encontramos em um período de transição, de um mundo
“sólido”, em que o conhecimento era estável, para outro mundo, de natureza “líquida”,
em que a informação e o conhecimento são dinâmicos, estão em contínua mudança
(mudam a cada hora, diariamente), fazendo parte integrante da vida (e não algo que
aconteça à margem), Siemens propõe-nos a sua visão de uma ecologia da aprendizagem,
que envolve abundância de informação, redes e conectividade (SIEMENS, 2008). Uma
“Ecologia da Aprendizagem” que contempla um conhecimento conectivo, que se processa
em rede ou em comunidades, potenciada pela tecnologia que conecta áreas do saber e liga
pessoas, sendo que a prática da aprendizagem é a própria participação na comunidade. O
processo cíclico da ecologia da aprendizagem segue algumas tendências, tais como: as
dimensões do aprender sobre, como, ser, estar, onde; o aprender para transformar; e
também a variedade de campos, o processo contínuo, a informalidade, o uso de
comunidades de prática e de redes sociais. Além disso, as novas ferramentas podem
definir e moldar nosso pensamento.
Os estudos de Siemens (2006; 2008) demarcam o processo de mudança da
realidade, cujos aspectos alteram a forma como aprendemos, como tomamos decisões,
em um processo constante e contínuo de estar em rede, que já foi estudado por vários
autores (CASTELLS, 2002; LÉVY, 1998; MORIN; MOTTA; CIURANA, 2004;
SILVA, 2005; OLIVEIRA, 2011). O que distingue o seu estudo é apresentar uma
pedagogia que facilita a aprendizagem em rede, ao reconhecer que o conhecimento
pessoal é composto de uma rede, que alimenta as organizações e instituições. Esse ciclo
de desenvolvimento do conhecimento (pessoal para a rede de organização) permite que
os alunos se mantenham atualizados em seu campo, por meio das conexões que
formarem, em um processo de prática e reflexão, tanto pessoal como social.
Cada pedagogia recai em tradições pedagógicas clássicas, cada uma possui suas
peculiaridades e suas marcas e implicações. Prensky (2010) refere as modalidades
seguintes: “student-centered learning, problema-based learning, project-based learning,
case-based learning, inquiry-based learning, active learning, constructivism, or coconctructing, learning by doing” (PRENSKY, 2010, p. 15). Reporta o autor que as
pedagogias têm um ponto em comum, o pensar como os alunos aprendem, como
respondem às perguntas, como resolvem problemas com a ajuda do professor. O
diferencial recai não no fato de dizermos que a tecnologia digital não existia na época
dessas pedagogias, mas que a tecnologia digital pode ser inserida em qualquer das
abordagens citadas, o diferencial está no “como”.
Com o amadurecimento dos seus estudos, Prensky (2010) institui também uma
marca com a nomenclatura “pedagogia da parceria”, pois a mudança está em “como” o
educador move-se para o trabalho com a parceria, sendo o papel da tecnologia apoiar
esse processo.
Prensky (2010), na obra Teaching digital natives: partnering for real learning,
apresenta um manual aos educadores para o desenvolvimento da Pedagogia da Parceria,
uma forma de trabalhar em conjunto para produzir e garantir a aprendizagem dos
alunos. O autor compreende o papel de cada uma das gerações, que cada uma vai usar
seus pontos fortes para desencadear os processos de aprendizagem. Destaca que, nessa
modalidade de pedagogia, que é o oposto do ensino, os professores não expõem, mas
formulam questões, e os estudantes pesquisam com as ferramentas que lhes são
próprias. Essa parceria acontece em um processo em que o professor orienta, garantindo
o rigor e o significado, e o aluno pesquisa, trabalha em equipe, simula situações reais
(por meio de jogos, por exemplo) e desse modo responde às questões de forma
motivada e refletida. A obra Prensky possui também o diferencial de fornecer um
panorama prático, com ênfase nas diferenças e nas igualdades entre professores e
alunos. Apresentamos, a seguir, os papéis dos alunos e dos professores na pedagogia da
parceria (Quadro 2).
Papel do aluno
Papel do professor
Como pesquisador.
Guia/motivador (Coach).
De usuário para especialista.
Designer da aprendizagem.
Como pensador com senso de autor.
Ajusta objetivos.
Como aquele que muda o mundo.
Acompanha as atividades.
Trabalho por pares/Trabalho em equipa.
Provocador de oportunidades e contextos.
Práticas/Simulações em situações reais.
Propõe questões, não dá respostas.
Quadro 2 – Papéis do aluno e do professor na pedagogia da parceria.
Fonte: Prensky (2010, p. 19-25).3
Ao finalizarmos este tópico, esse novo papel do professor como motivador,
provocador de oportunidades e contextos e do aluno como pesquisador, como aquele
3
Optamos por traduzir as ideias do autor apresentadas no quadro.
que muda o mundo oferece arcabouço teórico para o desenvolvimento de uma
abordagem metodológica do Coempreender que nos faz ressignificar nossas práticas
didático-pedagógicas para aprender em/com a rede. Por isso, caracterizaremos uma
orientação que visa apenas mobilizar o trabalho docente no desenvolvimento de projetos
que vinculem situações reais, em que as tecnologias serão a interface para a
transformação social dos jovens, além de constituir novos aprendizados.
No tópico a seguir, apresentamos uma sequência didática que pode ser adaptada,
de acordo com o contexto da comunidade e dos jovens, pois tem como princípio ser um
Recurso Educacional Aberto (REA).
6.4 Metodologia
O trabalho que será apresentado é de natureza qualitativa, por meio de um
estudo de caso, desenvolvido com base nos estudos de doutorado de Souza (2014), fruto
de uma investigação-ação em que designa uma abordagem didática para o
desenvolvimento de Competências para Coempreender. Na oportunidade, como
ampliação da pesquisa, foi desenvolvido uma ação-piloto com professores das escolas
públicas do Rio Grande do Sul, no Projeto Educação Coempreendedor@, em que foi
possível adequar as atividades mobilizadoras de projetos com jovens,
para que
professores pudessem repensar suas práticas com as tecnologias no desenvolvimento de
competências que integrassem os eixos das tecnologias educacionais e as práticas
sociais empreendedoras. Relataremos a sequência didática adaptada dos estudos de
Souza (2014) e as observações de campo dos educadores de São Francisco de Paula
(RS) no desenvolvimento de novas formas de aprender e Coempreender.
6.5 Competências para Coempreender – uma análise didática
Ao compreendermos o cenário de Nativos Digitais de Prensky (2010)
destacamos como princípios fundantes do desenvolvimento das competências para
Coempreender. Em que ancoramos os princípios do letramento digital, da colaboraçãocomunicação e do pensamento crítico e criativo. Para tanto, nesse estudo se fez
necessário um amplo debate com os professores, para que possam adequar, repensar e
até remixar. Como um recurso aberto que pode ser inserido em suas atividades
didáticas, para fomentar a emancipação do educando por meio do Coempreender.
O que se diferencia nessa abordagem didática é o foco no princípio freiriano de
construir uma nova realidade por meio do sonho e da utopia: “não há amanhã sem
projeto, sem sonho, sem utopia, sem esperança, sem o trabalho de criação e o
desenvolvimento de possibilidades que viabilizem a sua concretização” (FREIRE, 2001,
p. 26). Tendo como sequência didática : o Sonhar, Conceber, Desenvolver, Implementar
e Avaliar. E, com isso, desenvolver práticas sociais com as TICs, possibilitando o:
planejar, utilizar, compartilhar, interagir, elaborar, inovar, refletir com as interfaces
tecnológicas.
Ilustramos, a seguir, os domínios constitutivos, na Figura 1, das Competências
para Coeempreender que fizeram parte do resultado dos estudos de Souza (2014)
durante o doutoramento na Universidade do Minho, que teve como base estudos
desenvolvidos no Grupo Colearn (OKADA et al., 2013), do qual a pesquisadora faz
parte, em que foi possível uma meta-análise das competências para coempreender no
século XXI4, sob a Matriz C.
Figura 1 – Matriz C - Competências para Coempreender.
Fonte: Souza (2014).
4
Matriz C (Okada et al, 2014) foi um estudo desenvolvido pelo Grupo Colearn da Open University/UK
em que os pesquisadores desenvolveram uma categorização de relatórios da Comissão Europeia sobre
Competências para a Aprendizagem no Século XXI. A autora, que integrou esse Grupo durante seu
doutoramento, ressignificou essas categorias dessas competências para a Educação Coempreendedora,
de acordo com sua pesquisa sobre empreendedorismo e tecnologias (SOUZA, 2014), processo
caracterizado como uma co-investigação, dando origem a essa Matriz C ("C", de Coempreender).
Também apresentamos, a seguir, os conceitos integradores dessa abordagem
didática que possibilitam a solução de problemas locais, com projetos que mobilizem o
sonho, o conceber, o desenvolver, o implementar e o avaliar, por meio de práticas
sociais com as tecnologias educativas, sempre com atenção aos princípios éticos, sociais
e culturais dos educandos.
6.5.1 Sonho
Nessa etapa inicial da sequência didática, propomos aos professores mobilizar a
visão de futuro dos jovens, em que estabelecem um objetivo e também identificam
possíveis desafios, além de poderem desenvolver uma projeção de futuro.
Exemplo: Essa ação do projeto vocês podem desenvolver com base em
perguntas mobilizadoras, tais como: Qual o seu sonho? Qual o seu desafio? O que vocês
gostariam de transformar na sua realidade? (SOUZA, 2014, p. 317).
Durante o desenvolvimento da oficina com professores, emergiram referências
sobre o quanto é importante mobilizar essa transformação social, como nos diz, como
diz Paulo Freire em Pedagogia da indignação:
este sonho ou projeto vai sendo perfilado no processo de análise crítica da
realidade que denunciamos e está para a prática transformadora da sociedade
como desenho da peça que o operário vai produzir e que tem em sua cabeça,
antes de fazê-la está para a produção da peça (FREIRE, 2000, p. 21).
Somente com o estímulo à definição de objetivos, promovendo desafios,
estabelecendo prioridades, e com todo o planejamento é que podemos mobilizar os
jovens aos desafios diários. Esse papel de mobilizador de sonhos é fundamental ao
professor, para que os jovens se questionem sobre como gostariam de transformar a sua
realidade.
6.5.2 Conceber
O professor irá planejar a utilização de aplicativos, buscadores, hipermídia, redes
sociais, software livre, como também compartilhar todos os materiais produzidos em
sala para que os alunos possam interagir e possibilitar o aprimoramento das suas
ideias (SOUZA, 2014, p. 320). A mediação do educador é fundamental para que o
jovem possa a gestar suas ideias no espaço virtual, por meio do pensamento contextual.
Durante a oficina, os professores pensaram em como os jovens podem utilizar o
espaço virtual, por meio do pensamento contextual. Nesse eixo podem ser mobilizadas
as competências e habilidades de: utilizar aplicativos, buscadores, hipermídia, redes
sociais, software livre; compartilhar questões, links, comentários, conteúdos abertos;
interagir nas redes, com apoio, com trabalho em grupo; apresentar interesses,
feedback e aprimoramento.
Os professores se valeram da utilização de diversas plataformas e softwares
(livres ou proprietários) nas atividades de comunicação, criação e publicação.5
Essa etapa didática nos remete aos estudos de Okada (2013) ao reforçar que
podemos aprender em qualquer lugar, em qualquer tempo, ou seja, coaprender. No
desenvolvimento do projeto, essa evidência pode ser constatada no compartilhamento
de links no Facebook, depoimentos dos blogs e nas oficinas presenciais.
6.5.3 Elaborar
No desenvolvimento do projeto, o pensamento estratégico foi fundamental para
a formulação de etapas para alcançar o seu desafio, em que estão vinculadas as
competências e habilidades de: observar, explorar novos contextos, identificar
oportunidades e desenhar uma ideia criativa.
Nessa etapa os estudantes mobilizam o desenvolvimento da ideia, em que os
professores/estudantes irão explorar novos contextos, identificar oportunidades para o
desenvolvimento dos seus projetos, vinculando sempre a teoria e a prática, ou seja,
atrelando seus conhecimentos técnicos ao contexto (SOUZA, 2014, p. 323).
Os professores observam as possibilidades de atuação no contexto, além de
questionarem sobre a dimensão do projeto e as suas possibilidades, pois buscaram
depoimentos de pessoas da comunidade, dos alunos para desenvolver o seu projeto, em
uma ação conjunta em que a comunicação e a colaboração é um fator preponderante.
Identificaram as carências da sua comunidade e exploraram que novas oportunidades
poderiam surgir com as tecnologias: Como as tecnologias podem ajudar? Juntos
professores e alunos desenharam a sua ideia criativa.
Essa etapa nos revela o quão é importante o estudante dar forma a um projeto,
em um vínculo entre os processos cognitivos e vitais do ser humano. Rompendo com a
5
Relembramos alguns recursos utilizados, tais como: docs.google.com, www.blogger.com,
www.mindmeister.com, www.text2mindmap.com, www.wordle.com, www.prezi.com, www.
webnode.com.
visão cartesiana da construção do conhecimento, em que as áreas curriculares se
integram por meio da solução de problemas sociais.
6.5.4 Implementar
Um dos diferenciais para o desenvolvimento da inovação é a implementação do
projeto, envolvendo o pensamento criativo e tático. Com a implementação dos projetos,
os professores e alunos utilizaram efetivamente as tecnologias como práticas sociais e
promoveram uma transformação positiva na comunidade. A aplicação do projeto na
comunidade gerou oportunidades de renda com a criação do repelente contra mosquito,
resgate da história cultural da cidade, construção de website, repercutiu em suas
comunidades por meio de uma nova metodologia que pode se resumir em uma nova
forma de atuar na Educação Coempreendedor@. Além disso, as ações dos professores e
jovens potencializaram uma postura de responsabilidade social, ética e a construção da
cidadania.
A inovação é importante nesse processo de implementação, para além do
pensamento criativo, mas agora tático, com o desenvolvimento de uma nova aplicação
ou um método e que se configure como uma ação nas redes e com as redes (SOUZA,
2014, p. 325).
Com base na construção do projeto, quanto à solução de problemas com
benefício à sociedade, podemos perceber a importância do global e do local e a
intervenção na realidade, aspecto que nos permite retomar o conceito de “glocal”
(SILVA, 2005).
6.5.5 Avaliação
A ação de Avaliação do projeto envolveu pensamento reflexivo, no qual
professores e jovens identificaram as fases do projeto, fizeram análise-síntese,
refletiram sobre os prós e contras, sistematizaram e se autoavaliaram. A avaliação dos
projetos aconteceu nos seminários em São Francisco de Paula com a apresentação para
avaliadores externos. Desta forma, os professores e os jovens sistematizaram slides,
apresentaram seminários para os coordenadores e para a comunidade escolar, avaliaram
e foram avaliados, o que destaca a visão sistêmica do projeto.
Reforçamos que o pensamento avaliativo é proposto durante todo o projeto de
forma a retroalimentar suas ações, entretanto deve ser intensificado com processos de
análise e síntese, reflexão sobre os prós e contras, com vistas a sistematizar os
aprendizados desenvolvidos (SOUZA, 2014, p. 327).
6.6 Considerações finais
Neste estudo, reforçamos as TIC como elemento de transformação social
(COSTA et al., 2012), passando a compreender as sinergias entre as tecnologias e o
Coempreender - retomando sua base filosófica do conceito de empreendere, como
observam Boava e Macedo (2011). Além disso, nos reportamos ao pensamento de Lévy
(2000) quando nos fala do semear o futuro com as TIC.
Ademais, com esse estudo, não queremos aqui criar um estereótipo de
competências, mas destacamos a relevância do trabalho na área das tecnologias digitais,
para que possam ser aperfeiçoados em outros contextos e romper paradigmas
educacionais.
Diante desses novos desafios metodológicos, os educadores de São Francisco de
Paula remixam e adéquam a abordagem didática para mobilizar os seus alunos para
desenvolver práticas sociais com as TIC, envolvendo os princípios éticos, o letramento
digital, o pensamento crítico e criativo, por meio da colaboração e da comunicação – em
uma palavra – para Coempreender.
Podemos depreender que a implementação desses desafios metodológicos em
São Francisco de Paula implicou uma nova forma de olhar os projetos e promover os
eixos inovadores para trabalhos voltados com as problemáticas locais, tais como o
desenvolvimento de um repelente contra mosquito da dengue, implicados em pesquisas
da área de ciências da natureza, linguagens e matemática, promovendo todo o
engajamento da comunidade. Diante disso, reforçamos o quanto é possível repensar a
aprendizagem do uso das TIC como elemento de transformação das pessoas (jovens) e
das comunidades, em um agir que tem origem no local, mas que se pode ampliar ao
global.
Os resultados demonstram que o letramento digital, a comunicação-colaboração,
o pensamento crítico-criativo entre coaprendizes, desde o processo de idealização até a
discussão final dos projetos, mobilizaram uma inter-relação entre as tecnologias,
ressignificando as atividades propostas.
O debate gerado sobre as convergências e as divergências do uso das TIC como
práticas sociais rompeu com o modelo de simples reprodução e com o consumo em
massa, pois nesses contextos os jovens puderam atuar em e com a rede como criadores
de oportunidades, por meio de ações que colaboraram e cooperaram em suas
comunidades, tendo uma nova lente para aprender e Coempreender, com mobilidade e
ubiquidade na promoção de territórios criativos.
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