APRENDIZADO, COOPERAÇÃO E CAPACIDADE
INOVATIVA DOS ARRANJOS PRODUTIVOS
LOCAIS DE CULTIVO DE CAMARÃO NO ESTADO
DO CEARÁ
Elda Fontinele Tahim1
Inácio Fernandes de Araújo Junior 2
Resumo
O artigo faz uma análise dos arranjos produtivos locais (APLs) de
cultivo de camarão no litoral cearense, dado que o estado do Ceará é,
na atualidade, o maior produtor de camarão cultivado do Brasil e
apresenta, ao longo de suas bacias hidrográficas, dois APLs bem
característicos (litorais leste e oeste). O foco da análise concentra-se
na capacidade produtiva e inovativa, com destaque para os
mecanismos de aprendizagem, interação/cooperação e capacidade
inovativa como fator de competitividade desses APLs. Realizou-se uma
pesquisa quantiqualitativa de caráter descritivo e explicativo,
delineando-se como um estudo de caso, constando de levantamento de
dados secundários e de dados primários, por intermédio de entrevistas
e questionários junto às empresas e a outros agentes. Entre os APLs
analisados, o que apresenta maior capacidade inovativa é o APL do
litoral oeste. As inovações adotadas em ambos os arranjos são
incrementais e de baixa e média complexidade, originada, em parte,
pela prática do learning-by-doing, do learning-by-using e do learningby-interacting. A forma de cooperação nos arranjos de cultivo de
Recebimento: 26/2/2014 • Aceite: 22/5/2014
1
Doutora em economia pela IE/UFJR. Professora do curso de Agronegocio do Instituto
CENTEC e do Mestrado academico em Adminstração da Universidade Federal do Ceará,
Brasil. E-mail:
[email protected]
2
Doutorando em Economia na Universidade Federal de Juiz de Fora – MG, Brasil. Email:
[email protected]
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camarão apresenta-se verticalizada, verificando-se baixa interação
horizontal entre as empresas e outros agentes locais, em particular no
APL do litoral leste. Essa configuração influencia fortemente a
capacidade produtiva e a busca de vantagens desses APLs.
Palavras-chave: Arranjos Produtivos Locais; Cultivo de camarão;
Capacidade inovativa
LEARNING, COOPERATION AND INNOVATIVE
CAPACITY OF LOCAL PRODUCTIVE
ARRANGEMENTS OF SHRIMP FARMING IN
CEARA
Abstract
The article makes an analysis of local productive arrangements (LPA)
of shrimp farming in Ceara coast, since the State of Ceara is, at the
present, the largest producer of shrimp in Brazil and presents along its
river basins, two very characteristic LPA (east and west coasts). The
focus of the analysis concentrates on productive and innovative
capacity, with emphasis on the mechanisms of learning,
interaction/cooperation and innovative capacity as competitiveness
factor of these LPA. A quantitative-qualitative research with
descriptive and explanatory character was performed, being
delineated as a case study, consisting of collection of secondary and
primary data, through interviews and questionnaires with companies
and other agents. Among the LPA analyzed, the LPA from west coast
shows greater innovative capacity. Innovations adopted in both
arrangements are incremental, and low and medium complexity,
partly caused by the practice of learning-by-doing, learning-by-using
and learning-by-interacting. The form of cooperation in the
arrangements of shrimp farming presents vertical, verifying low
horizontal interaction between companies and other local agents,
particularly in LPA from east coast. This configuration strongly
influences the production capacity and the search of advantages of
these LPA.
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Keywords: Local Productive
Innovative capacity
Arrangements;
Shrimp
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farming;
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Introdução
Na literatura sobre desenvolvimento regional/local passou-se a
dar ênfase à dimensão local e seu relevante papel para os processos de
aprendizagem, cooperação, geração e difusão de inovações, uma vez
que as capacidades de inovação e de aprendizado são estruturadas a
partir das características socioculturais, institucionais e produtivas de
um espaço geográfico específico (CASSIOLATO E LASTRES, 2003;
SCHMITZ, 2005). Contudo, a percepção da importância desses
processos como elemento característico central dos arranjos
produtivos locais (APLs) ainda apresenta lacunas, tanto das formas de
mensuração, como dos seus impactos efetivos sobre o desempenho
inovativo de empresas inseridas nestes APLs. Diante disso, este estudo
busca contribuir para a compreensão dos mecanismos de aprendizado
e interação/cooperação e para o entendimento da relação entre esses
mecanismos e a capacidade produtiva e inovativa, bem como a
competitividade dos arranjos produtivos locais em regiões menos
desenvolvidas. Para tanto, utiliza-se uma análise dos APLs e cultivo de
camarão no estado do Ceará.
Nesse contexto, torna-se relevante a compreensão da dinâmica
produtiva e inovativa desses APLs, uma vez que essas estruturas
podem apresentar capacidade de desenvolver vantagens competitivas
a partir da dimensão local, que favorece a interação/cooperação entre
os agentes, o processo de aprendizado e a geração e difusão de
inovação. Além disso, o conceito de arranjos e sistemas produtivos e
inovativos locais, por ser muito operacional, permite a análise
empírica mais apropriada para direcionar a formulação e a
implantação de ações estratégicas voltadas à gestão e à reorganização
dessas estruturas produtivas, além de orientar as políticas de
promoção de inovações, de acordo com os diferentes tipos de arranjo.
Com base nesses aspectos, o artigo tem por objetivo
verificar as capacidades produtiva e inovativa dos arranjos produtivos
de cultivo de camarão do estado do Ceará, analisando as suas
principais características, os mecanismos de aprendizagem e as
relações entre a interação/coordenação e o processo de inovação, e
fazendo comparações entre os dois arranjos.
A escolha desses arranjos deve-se às suas características
estruturais, à sua representatividade nos mercados regional, nacional e
até internacional no seguimento de produção de alimentos e à sua
importância na geração de renda e emprego na região do semiárido
cearense. Cabe destacar que o cultivo de camarão em cativeiro é a
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atividade aquícola que mais se expandiu no mundo nas duas últimas
décadas e está presente em cerca de 59 países, sobressaindo-se como
os maiores produtores alguns países da Ásia (China, Tailândia, Vietnã
e Indonésia) e da América Latina (Equador, México e Brasil) (FAO,
2012). Essa atividade é caracterizada pela presença maciça de micros,
pequenos e médios produtores concentrados em áreas específicas,
muitos deles explorando, de forma bastante artesanal, áreas inferiores
a dois hectares (ROCHA, 2005). No Brasil, o cultivo de camarão em
cativeiro está distribuído geograficamente em todas as regiões, com
predominância no Nordeste, onde se verifica uma forte concentração
de produtores ao longo de suas principais bacias hidrográficas,
formando APLs como modo de organizar a produção.
A alta concentração de produtores na região Nordeste está
relacionada às vantagens locais para o desenvolvimento da atividade,
tais como: extensas áreas costeiras próprias para o cultivo de camarão,
melhores condições edafoclimáticas e domínio das tecnologias de
reprodução, larvicultura e engorda do crustáceo, por meio de
processos tecnológicos desenvolvidos nas próprias empresas (BRASIL,
2001 E CARVALHO et al., 2005). Essas vantagens permitem o
adensamento da cadeia com o surgimento de diversas fábricas de
ração,
equipamentos
e
laboratórios
de
larvicultura
e,
consequentemente, a viabilidade técnica e econômica da região.
O Nordeste brasileiro produz 99,3% do camarão nacional e
conta com 92% do total de produtores. Os estados do Rio Grande do
Norte e Ceará concentram o maior número de empreendimentos, com
360 e 325, respectivamente, e foram responsáveis por 75% da produção
brasileira de camarão em 2012 (Associação Brasileira dos Criadores de
Camarão – ABCC, 2013). No estado do Ceará, identifica-se a presença
de APLs bem característicos, cujas estruturas produtivas mostram
assimetrias, tanto no que se refere ao distinto porte das empresas,
quanto ao variado poder de mercado, pois a atividade é marcada pela
predominância de micros, pequenos e médios produtores,
representando 90,8% total de empreendimentos do estado. Verifica-se,
ainda, a existência de grandes empresas verticalizadas, com maior
poder de mercado nacional e internacional.
O artigo está organizado em cinco seções. A primeira seção
(introdução) apresenta uma caracterização geral do setor investigado.
Na segunda seção, utiliza-se um recorte analítico baseado na literatura
sobre proximidade geográfica e sua relação com os processos de
aprendizado de inovação e no conceito de APLs, para discutir os
processos de capacitação produtiva e inovativa nesses arranjos de
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cultivo de camarão. A terceira seção trata dos aspectos metodológicos
da pesquisa. Na quarta seção, é desenvolvida uma análise exploratória
dos APLs, ressaltando suas caraterísticas e os mecanismos de
aprendizagem, cooperação e inovação, utilizando informações
primárias sobre esses arranjos. Por último, são apresentadas as
principais conclusões.
Proximidade geográfica: aprendizado, cooperação e inovação
A relação entre proximidade geográfica de empresas (e demais
atores sociais, políticos e econômicos), aprendizado local, capacidade
inovativa e vantagens competitivas ganhou importância nos debates
recentes sobre economia industrial e de desenvolvimento regional em
diferentes regiões e países, especialmente após o conjunto de
mudanças ocorridas no ambiente competitivo das empresas na década
de 1990 (VARGAS, 2004; LEMOS, 2003). Com isso, o foco no conjunto
de empresas e demais atores como unidade de análise despertou
atenção de pesquisadores, como Porter (1998), Becantinni (1990),
Schmitz e Navid (1999), Schmitz (2005), Mytelka e Farinelli (2005),
Cassiolato e Lastres (2003), Diniz et al. (2006) e Suzigan (2006), e tem
sido uma preocupação crescente de diversos outros estudiosos. Tais
esforços evidenciam a importância de uma visão sistêmica que permite
captar de forma coletiva os processos de geração e uso de
conhecimentos, de aprendizado e de cooperação, fundamentais para a
obtenção de vantagens competitivas e muito mais relevantes do que
aqueles obtidos pelas empresas que atuam de forma isolada. Para
Diniz et al. (2006), as estruturas produtivas variam conforme as
articulações entre as empresas e o papel por elas desempenhado no
contexto territorial específico. Nesse caso, cada país, região ou
localidade pode apresentar formas diferenciadas de estruturas
produtivas em decorrência de seus processos históricos específicos e
desenhos políticos institucionais particulares.
Nesse contexto, Cassiolato e Lastres (2003) e seus
colaboradores da Rede de Pesquisa sobre Sistemas e Arranjos
Produtivos Locais (RedeSist) criaram o conceito de arranjo e sistema
produtivo e inovativo local, tendo por base o conceito evolucionário de
sistema de inovação, desenvolvido por Freeman (1991, 2005), Johnson
e Lundvall (2005), entre outros autores, para caracterizar de forma
mais ampla a dinâmica inovativa das estruturas produtivas das
empresas brasileiras. Esses conceitos focalizam as interações entre
empresas e outras organizações públicas e privadas, bem como a
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capacidade de adquirir e gerar conhecimento, aprendizado e inovação.
Dessa forma, a abordagem analítica sobre APLs foi desenvolvida como
um novo instrumental para entender e orientar o desenvolvimento
industrial e tecnológico (STALLIVIERI et al., 2012). O foco dessa
abordagem está no papel central da inovação e do aprendizado
interativo como fatores de competitividade. Nesse caso, a produção e a
inovação passaram a ser entendidas como processos sistêmicos, que
resultam da articulação de distintos atores e competências. Assim, o
termo APL pode ser compreendido como um conjunto de agentes
econômicos, políticos e sociais, localizados em um mesmo território
com foco em um conjunto específico de atividades econômicas no qual
podem se estruturar vínculos e relações de interdependências, que dão
origem a processos de aprendizagem, facilitando a introdução de
inovação de produtos, processos e a forma de organizações que
contribuem para a geração de vantagens competitivas para as
empresas aí inseridas (BRITTO e STALLIVIERI, 2010; CASSIOLATO
e LASTRES, 2003).
O termo APL, como quadro referencial analítico, já está
bastante consolidado no Brasil e em outros países da América Latina,
através dos debates e das pesquisas empíricas não só desenvolvidas
pelos autores da RedeSist, mas também por outros grupos de
pesquisadores os quais procuram identificar os fatores relacionados à
configuração das estruturas produtivas, nos diversos ramos de
atividades econômicas que possam afetar os processos produtivos e
inovativos e a competitividade, e também identificar os possíveis
desdobramentos desses processos para o desenvolvimento regional e
local, suscitando, inclusive, o interesse de governantes para fomentar
políticas de desenvolvimento. Essas pesquisas têm demonstrado um
universo bastante diversificado desses arranjos em termos de
capacitação produtiva e inovativa, uma vez que os APLs podem
apresentar diversas caracterizações, as quais dependem dos contextos
histórico, social e cultural nos quais se inserem e ainda de sua
evolução, organização institucional, estrutura produtiva, organização
industrial, formas de governança, logística, associativismo, cooperação
entre os agentes, formas de aprendizado e grau de difusão do
conhecimento local (VARGAS, 2004; SUZIGAN, 2006). As formas de
aprendizado e cooperação são fontes de geração e transmissão de
conhecimento que permitem ampliar a capacitação produtiva e
inovativa das empresas em APLs. A capacitação inovativa representa
a possibilidade de introduzir novos produtos, processos e formatos
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organizacionais, tornando-se essencial para garantir a competitividade
dos diferentes agentes locais (SEHNEM, et al., 2010).
No que se refere ao aprendizado, por um lado, é ele que gera e
integra o conhecimento especializado (conhecimento tácito e
codificado), possibilitando a inovação; logo, os mecanismos de
aprendizado estão no cerne do processo de geração de inovação. A
importância do aprendizado por interação está vinculada à visão
sistêmica do processo de inovação, destacando-se, nesse caso, a
relevância da cooperação entre empresas e demais instituições, bem
como o papel dos vínculos e das redes envolvendo diferentes
organizações (JOHNSON e LUNDVALL, 2005).
Por outro lado, Malerba (1992) afirma que o aprendizado é
visto como um processo realizado na firma a partir da articulação de
várias instâncias organizacionais e da definição de uma estratégia que
define os esforços de capacitação dos agentes, mobilizando diferentes
fontes de conhecimento que podem ser tanto internas como externas à
organização. Nessa perspectiva, o processo de aprendizado pode estar
associado à experiência própria acumulada durante as atividades de
produção (learning-by-doing), pode decorrer da exploração do uso de
determinado bem ou serviço (learning-by-using) e ainda pode estar
relacionado à interação com fontes externas, como fornecedores,
clientes, universidades, institutos de pesquisas, centros de
treinamento, agentes financeiros, entre outras (learning-by-interacting
ou learning-by-cooperating). O aprendizado por cooperação é uma das
formas mais importantes de aprendizado e só é possível mediante a
proximidade, uma vez que depende do grau de interação dos agentes,
do tipo de relação mantida entre eles, da cooperação, de identidade
sociocultural e de sinergia e confiança. Nessa perspectiva, Teece
(2005) destaca que, no aprendizado, as habilidades organizacionais e
individuais são criadas a partir de processo coletivo e social,
envolvendo a existência de códigos de comunicação compartilhados e
de busca coordenada. Assim, o aprendizado decorre de ações de
interação e cooperação em um espaço econômico próprio, no caso, a
complexidade das relações e o grau e a forma de cooperação entre os
agentes, bem como os vínculos com outras organizações e empresas
que assumem caráter local e um papel relevante na análise dos
processos de aprendizado, geração de conhecimento e inovação
(LASTRES e CASSIOLATO, 2006).
Entre as várias formas de cooperação, ressalta-se o
compartilhamento de informações tecnológicas de produtos e
processos considerados relevantes para a eficiência produtiva, a
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melhoria da qualidade dos produtos e para o estímulo aos processos de
inovação, entre outros fatores. São ações conjuntas que podem resultar
em cooperação vertical e horizontal. A cooperação horizontal envolve,
geralmente, troca de equipamentos, compra de matéria-prima em
conjunto, contratação de pesquisas, treinamento, divulgação em
conjunto de produtos, troca de informações, consórcio de produtores,
entre outros elementos, enquanto a cooperação vertical está ligada à
relação usuário-produtor, aliança ao longo da cadeia produtiva –
subcontratação, entre outras ações responsáveis para manter o
ambiente competitivo e cooperativo (SCHMITZ, 2005). Schmitz
observa ainda que a competição das empresas não anula a cooperação
entre elas, principalmente para resolver problemas comuns em áreas
específicas como de serviços, infraestrutura e treinamento. Dias
Junior e Moreira (2013) apontam que os tipos e a qualidade das
cooperação/interações entre os agentes de um APL determinam o
potencial de desenvolvimento desse arranjo. Em estudos empíricos,
realizados em países da América Latina, da Ásia e da África, observase que a cooperação horizontal e a vertical podem assumir várias
formas e apresentar diferentes graus de intensidade 3.
Nessa perspectiva, o processo de inovação requer uma
estratégia territorial própria e não pode depender de um “pacote
tecnológico” externo. Da mesma forma, esse processo também não
depende do tamanho das empresas; os sistemas locais de pequenas e
médias empresas (MPEs) podem gerar e adotar inovações por
intermédio da cooperação de agentes locais, que se tornaram
alternativa decisiva para a introdução de inovações nos sistemas
produtivos locais (MYTELKA FARINELLE, 2005; ALBURQUERQUE,
2003).
Mytelka e Farinelli (2005) reforçam a ideia de que a inovação
não deve ser considerada algo absolutamente novo no mundo,
passando a compreender a inovação a partir do ponto de vista do
agente econômico que a implementa. Assim, definem a inovação como
o processo pelo qual as empresas dominam e implementam o projeto e
a produção de bens e serviços que são novos para elas, a despeito de
serem ou não novos para seus concorrentes nacionais e estrangeiros.
As inovações não se referem apenas àquelas relacionadas aos produtos
e processos, mas também às referentes à gestão ou à organização, bem
como às sociais e institucionais, e ainda podem ser classificadas,
3
Ver a esse respeito Lastres et al., 2006.
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quanto aos seus impactos, como incrementais e radicais.
São
incrementais quando acontecem em um nível mais elementar das
mudanças, referindo-se à introdução de qualquer tipo de melhoria em
um produto, aperfeiçoamento em layout e em processos, ou
organização da produção, sem alteração substancial na estrutura
industrial. São radicais quando buscam romper as trajetórias
existentes, desenvolvendo um novo produto, processo ou uma forma de
organização da produção inteiramente nova (Freeman 1991; TIGRE,
2006). As inovações incrementais ocorrem de forma contínua e em
qualquer atividade produtiva e de serviço. Geralmente surgem por
intervenção e sugestão durante o processo produtivo (learning-bydoing) e também por iniciativa e respostas dos usuários/consumidores
(learning-by-using).
Portanto, o processo de inovação é complexo, envolve
mudanças contínuas e progressivas e depende dos diferentes processos
de aprendizagem que resultam, entre outros fatores, da interação com
outros agentes e com o ambiente que o cerca. Dessa forma, observa-se
que o contexto social e, portanto, o ambiente local, é fundamental na
análise dos processos de aprendizado, cooperação e inovação, uma vez
que a proximidade geográfica facilita o intercâmbio entre os agentes
por compartilharem as mesmas rotinas, os mesmos valores
socioculturais.
Área de estudo e procedimento metodológico
O estudo teve por base os APLs de cultivo de camarão
localizados no estado do Ceará, onde tal atividade se desenvolveu há
mais de 15 anos e, em 2011, contou com 325 produtores (ABCC, 2013).
Os empreendimentos de carcinicultura, na sua maioria, estão
localizados na faixa litorânea, principalmente nos mananciais com
influência das águas salinas e, ao longo dessa faixa litorânea,
encontram-se dois arranjos produtivos locais de cultivo de camarão
bem característicos, representando 270 do total de produtores do
estado: 1) arranjo produtivo de cultivo de camarão do litoral oeste –
situado na microrregião Acaraú/Camocim, ao noroeste do estado do
Ceará. Nesse arranjo, operam 94 empresas, na sua maioria, pequenas e
médias; 2) arranjo produtivo de cultivo de camarão do litoral leste –
localizado na microrregião do litoral de Aracati e do Baixo Jaguaribe,
no leste do estado. Esse APL é composto por 176 empresas, na sua
maioria, micro e pequenas.
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Ambos os APLs possuem estrutura produtiva complexa,
contando com a presença de vários segmentos ligados à cadeia
produtiva da carcinicultura, envolvendo alguns correlatos e agentes de
apoio, como fornecedores de ração, pós-larvas e outros equipamentos
(utensílios e outros artefatos), além de instituições de ensino.
Para o entendimento da capacidade produtiva e inovativa dos
APLs de cultivo de camarão do estado, realizou-se uma pesquisa
quantiqualitativa de caráter descritivo e explicativo, delineando-se
como um estudo de caso. As informações foram obtidas por meio de
uma pesquisa de campo junto às principais empresas do segmento
produtivo e aos diversos agentes vinculados a diferentes organizações
presentes nos APLs como associações, centros de ensino,
universidades, empresas de processamento e serviços de apoio.
Para a realização da pesquisa de campo, fez-se uma seleção de
forma aleatória simplificada e estratificada por porte de empresas em
cada arranjo analisado. A investigação contou com uma amostra de 114
empresas, das quais 60 pertenciam ao APL do litoral oeste e 80 ao APL
do litoral leste. Cabe ressaltar que estavam presentes na amostra as
empresas mais importantes e também as líderes do setor, que
influenciam a dinâmica competitiva dos arranjos, razão pela qual se
considera a amostra bastante representativa. Em todas as empresas da
amostra foi aplicado um questionário estruturado, bastante complexo,
por isso, procurou-se aplicá-lo com os gerentes ou proprietários de tais
empresas, dadas a complexidade e a especialidade das informações
requeridas. Os dados foram tratados utilizando-se estatística descritiva
(distribuição de frequência e índice de importância, calculado com
valores que variam de zero a 4, resultante de uma média ponderada).
Feitas essas observações, serão mencionadas a seguir algumas
características dos APLs analisados.
Características gerais dos arranjos
Os arranjos analisados estão organizados em torno de um
conjunto de empresas que operam na produção de pós-larvas, na
engorda, no processamento e na comercialização do camarão. As
fazendas de cultivo são os segmentos que agregam o maior número de
empresas em cada arranjo selecionado. Essas empresas são bastante
assimétricas quanto ao tamanho e ao poder de mercado. O APL de
cultivo de camarão do litoral oeste é caracterizado pela predominância
de médias empresas (59,4%); já as pequenas representam 26,6% e as
grandes correspondem a 14,1% do total de empresas presentes nesse
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arranjo. Ao contrário, no APL de cultivo de camarão do litoral leste, as
micro e pequenas empresas são maioria (75%), representando quase
que a totalidade das empresas desse APL 4. A área de viveiros dessas
fazendas, em ambos os APLs, varia em média de 5 a 71 ha. Nos APLs,
observa-se a predominância de micro e pequenas empresas, em geral
de base familiar ou comunitária, especialmente as microempresas,
atuando em atividade que apresenta certa complexidade tecnológica e
que depende fundamentalmente de recursos naturais, fato que requer
uma forma mais eficiente na utilização de tais recursos, de modo a
garantir a sobrevivência e a sustentabilidade desses arranjos.
A produção dos APLs do litoral leste e do oeste foram
respectivamente 10,9 ton. e 11,4 ton., em 2012. As grandes empresas de
ambos os arranjos, apesar de serem minoria, apresentam as maiores
áreas de cultivo e respondem em média por de 59% da produção total
de cada arranjo.
A partir de 2009, o mercado interno passou a ser o principal
destino de 99% do camarão produzido no APL do litoral leste e 97% do
litoral oeste do Ceará. A maior parte do camarão vendido no País vai
para os mercados do Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília (76%). O
restante (24%) é distribuído no próprio estado. Somente 3% e 1% do
camarão produzido, respectivamente, no APL do litoral oeste e do
litoral leste do estado foram destinados a exportações. Os principais
compradores são os mercados francês, espanhol e português. Nesse
caso, são as empresas distribuidoras internacionais que controlam
estádios estratégicos do processo de agregação de valor ao produto,
nos quais os produtores locais apresentam uma participação bastante
reduzida.
Além desses aspectos relacionados à produção e à
comercialização, outras transações comerciais que contribuem para o
adensamento da cadeia produtiva local, em ambos os arranjos, podem
ser apontadas, destacando-se como as mais importantes as realizadas
localmente pelas empresas entrevistadas, tais como aquisição de
matéria-prima (pós-larva) – pelo fato de haver bons laboratórios na
região dos arranjos –, aquisição de serviços de manutenção, entre
outras.
Entretanto, a maioria dos fornecedores especializados,
incluindo fabricantes de equipamentos, ração, fertilizante e outros
4
Classificação de acordo com a Resolução No 312/2002 do Conselho Nacional do Meio
Ambiente (Conama): micro (<3 ha), pequenas (3-10 ha), médias (10-30 ha) e grandes
produtores (>30 ha).
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produtos químicos utilizados na atividade, encontra-se fora da área de
abrangência da estrutura produtiva desses arranjos, estando em outras
regiões ou em outros países. Esse fato destaca que as organizações das
atividades produtivas envolvem instâncias que extrapolam o âmbito
local ou regional, demonstrando fluidez de suas fronteiras, uma vez
que tanto os principais mercados consumidores como os fornecedores
de insumo e equipamento estão localizados em outros estados ou no
exterior. Assim sendo, a estrutura dos arranjos analisados demonstra a
existência de poucos elos locais, apresentando assim uma densidade
relativamente baixa, visto que grande parte dos principais elos da
cadeia produtiva encontra-se fora desses arranjos.
Uma das características marcantes de qualquer arranjo
produtivo local está relacionada à escolaridade do pessoal ocupado em
suas empresas, porquanto a qualificação dos recursos humanos é um
dos principais fatores que contribuem para o dinamismo e a
competitividade dessas organizações. Nesse sentido, o nível de
escolaridade do pessoal ocupado nas unidades produtivas dos arranjos
investigados é relativamente baixo, em todos os segmentos produtivos
de ambos os arranjos, limitando-se em grande parte ao ensino
fundamental (completo e incompleto), com 62% para o APL do litoral
oeste e 65% para o litoral leste. Essa característica da mão de obra está
associada ao tipo de aprendizado informal, indicando que muitos dos
conhecimentos e das experiências adquiridas por esse pessoal estão
fundamentalmente relacionados ao learning-by-doing como um dos
principais mecanismos de aprendizagem. O pessoal de nível superior
representa, em média, cerca de 5% em ambos os arranjos. Cabe
ressaltar que, entre as empresas envolvidas no cultivo de camarão, é
nos laboratórios de larvicultura onde se encontra, proporcionalmente,
o quadro mais qualificado de profissionais: cerca de 65% dos seus
funcionários são técnicos de nível médio e superior.
Como a maioria da mão de obra empregada nos arranjos tem
apenas o ensino fundamental, as empresas entrevistadas de ambos os
arranjos fizeram também uma avaliação quanto ao perfil de
qualificação dessa mão de obra, em que o conhecimento prático e/ou
técnico na produção, a capacidade de aprender novas qualificações e
disciplinas, seguida pela criatividade, são consideradas por quase
todos os segmentos de empresa dos arranjos analisados como as
principais vantagens da mão de obra local. A criatividade e a
capacidade
de
aprender
tornam-se
recursos
fundamentais,
particularmente no que se refere às técnicas de manejo de cultivo, à
utilização e à adaptação de novos equipamentos e às capacitações
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específicas
dos
trabalhadores,
conformando
um
know-how
particularizado, baseado no learning-by-doing. Nesse caso, ao mesmo
tempo em que as infraestruturas físicas, educacionais e tecnológicas
são consideradas importantes externalidades estáticas nas regiões dos
arranjos, o perfil da mão de obra local e os aspectos socioculturais são
fatores intangíveis que representam as externalidades dinâmicas,
contribuindo para a consolidação de ambos os arranjos nessas regiões.
Observou-se, ainda, que as relações de trabalho dominantes nas
pequenas e médias empresas dos arranjos sob investigação são os
serviços temporários, além da presença da mão de obra familiar,
caracterizando-se como autoemprego. São esses dois tipos de relação
utilizados para 76,2% dos trabalhadores das pequenas empresas do
APL do litoral oeste e por 70,8% dos trabalhadores do APL do litoral
leste. Nas grandes empresas, predominam as relações de contratos
formais, embora eles sejam relevantes também nas médias. A
contratação de serviços temporários, geralmente, está associada ao
processo de preparação dos viveiros – tratamento e calagem – e
principalmente na despesca do camarão.
Assim, as localizações das empresas nas regiões dos arranjos
não estão associadas a fatores tradicionais, como a presença de
fornecedores e consumidores, mas sim às condições relacionadas a
outras vantagens: disponibilidade de recursos naturais (alta
importância, de 82,2%), infraestrutura (média de 79,6%) e baixo custo
da mão de obra (média de 48,8%), confirmando a reduzida importância
associada à proximidade com fornecedores e consumidores finais
como um fator determinante da localização das empresas nos arranjos.
O baixo índice relacionado à proximidade com universidades e
outros centros de ensino, em particular no APL do litoral leste (5,1%),
mostra que os produtores não conferem muita importância à presença
desses agentes nos arranjos, o que se reflete em uma falta de
articulação entre eles.
As condições naturais favoráveis ao cultivo de camarão,
detectadas em ambos os arranjos, explicam a posição de destaque
dessas regiões em relação a outras, tornando-se grande vantagem para
os produtores. Por outro lado, isso sugere que a consolidação dos
arranjos ainda se dá pela existência de fatores abundantes e baratos,
como recursos naturais e mão de obra. Nesse contexto, entre os
principais fatores determinantes da competitividade, apontados pelas
empresas entrevistadas de ambos os arranjos, destaca-se em primeiro
lugar a qualidade do produto, com uma média de 95,5%, seguida pela
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qualidade das pós-larvas e insumo (ração), com média de 74,5%, e do
custo de mão de obra, correspondente a 66,2%.
Com a predominância de características típicas de commodity,
o camarão é altamente perecível, ensejando uma grande preocupação
dos produtores com sua qualidade, especialmente na despesca, pois,
além da questão da “inocuidade”, há outros problemas estáticos que
prejudicam a aparência do camarão e reduzem a sua qualidade e o seu
valor de mercado, enquanto os insumos e a qualidade das pós-larvas
têm grande influência no padrão de qualidade final do produto.
Com relação à variação cambial, para os produtores
entrevistados, a flutuação da taxa cambial contribui para a perda de
competitividade do camarão no mercado externo, especialmente
quando essa taxa cai, levando à queda das vendas para esse mercado e
à perda da rentabilidade. Esse fato reforça a ideia de que a
competitividade ainda está muito atrelada ao preço, devido à baixa
expressividade na agregação de valor, visto que o camarão é vendido
praticamente in natura, embalado inteiro e congelado para o mercado
externo e somente resfriado e sem padronização para o mercado
interno.
Quanto ao nível tecnológico dos equipamentos utilizados na
produção, as empresas dos arranjos analisados o consideram de média
importância enquanto fator determinante de sua capacidade
competitiva. Isso acontece em função do médio padrão tecnológico dos
arranjos em relação aos outros concorrentes, principalmente o
Equador, o México e os países asiáticos como China e Indonésia,
percebendo-se certo distanciamento da fronteira tecnológica,
geralmente proporcional ao tamanho das empresas.
Mecanismos de aprendizagem e formas de
interação/cooperação
As principais fontes de informação e conhecimento utilizadas
pelas empresas dos arranjos de carcinicultura para a incorporação de
inovação são observadas e apontam, em particular, para a existência
de circuito amplo de agentes que contribuem para a capacitação
produtiva e inovativa desses APLs. Na ordem, verifica-se que, entre as
fontes internas de informação, a área de produção representa
importante fonte para todos os segmentos de empresas dos arranjos,
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com índice de importância5 de 3,6 para o APL do litoral oeste e de 3,7
para o APL do litoral leste, o que reforça o caráter incremental das
inovações pelas constantes melhorias realizadas pelos próprios
produtores no processo produtivo, com base na experiência acumulada
na atividade, conferindo, assim, o processo de aprendizado baseado na
prática do dia a dia (learning-by-doing).
Em seguida, destacam-se os clientes (com índice de
importância de 3,1 e de 3,3 para os APLs do litoral leste e do litoral
oeste, respectivamente) que, para as grandes empresas, são na sua
maioria representados pelos agentes compradores nacionais e
internacionais, que possuem papel relevante no estabelecimento de
especificidade em termos de parâmetros de controle de qualidade do
camarão. Existe, no entanto, uma diferenciação para as PMEs: os
clientes para esses segmentos são as grandes empresas verticalizadas
localizadas nos APLs, as quais possuem agentes de avaliação e compra
da produção, que têm papel fundamental no intercâmbio e nas
informações e no processo de aprendizagem dessas empresas. Isso se
reflete, por exemplo, quando as PMEs dos APLs sob análise ressaltam
a importância dos fluxos de informações geradas a partir das outras
empresas do setor na região, principalmente as de larvicultura e de
processamento.
Destacam-se, também, os fornecedores de insumos para as
PMEs de ambos os APLs. A importância associada por essas empresas
dos APLs ao papel dos fornecedores de insumos, em especial, ração,
como fonte de informação para a adoção de inovações, está relacionada
ao contato permanente que empresas fabricantes de ração mantêm
com os produtores, ofertando, inclusive, para eles, cursos e
treinamentos.
As universidades e os centros de capacitação tecnológica
tiveram baixa avaliação como fontes de informação em ambos os
arranjos, com índice de importância de 1,6 para o APL do litoral oeste
e de 1,1 para o APL do litoral leste. O segmento de PMEs atribuiu
pouca ou nenhuma importância ao papel desses agentes nos arranjos
como fonte relevante de informações tecnológicas. No cômputo geral, a
reduzida importância atribuída às universidades está relacionada à
falta de articulação entre as universidades e os centros tecnológicos
locais e os produtores dos arranjos, em particular, os pequenos
5
Índice de importância com valores que variam de zero a 4; quanto mais próximo de 4,
maior sua importância.
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produtores, articulação essa capaz de levar ao desenvolvimento de
processos mais consistentes de interação e aprendizado.
Contudo, em termos de organização da infraestrutura
educacional e tecnológica, as regiões dos APLs contam com escolas
superiores e técnicas – centros de ensino tecnológico –, embora poucas
voltadas para as atividades desses APLs, como o Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), que recentemente
passou a ofertar o curso técnico de Aquicultura e Pesca nos municípios
de Acaraú e Aracati. A Universidade Federal do Ceará (UFC) e,
particularmente, o Laboratório de Ciências do Mar – Labomar, embora
esteja fora da área de abrangência dos APLs, exercem papel
primordial na capacitação profissional e na geração de informações e
conhecimentos na área de aquicultura, por ser o principal centro de
pesquisa e formação de recursos humanos para esse segmento. Mas a
parceria com algumas empresas desses APLs ainda é muito
insignificante, e o conhecimento gerado pouco chega aos produtores,
em especial aos pequenos.
Portanto, apesar da existência de centros de ensino tecnológico
nos locais de ambos os arranjos, verifica-se ainda reduzido nível de
interação/cooperação entre os agentes do segmento produtivo e essas
instituições, visto que os resultados da interação entre empresas e
centros de ensino e pesquisa contribuem para a incorporação de
conhecimento formal, permitindo o aprofundamento dos processos de
aprendizagem e inovação.
A participação em seminários e cursos representa também uma
das principais fontes de informação e aprendizado para os arranjos,
com índice de importância de 2,9 e 2,6 para os APLs dos litorais leste e
oeste, respectivamente. Cabe enfatizar que, anualmente, tanto o APL
do litoral leste como o do oeste estão promovendo encontros ou
seminários, tornando-se uma importante fonte de aprendizado e de
inovação. O APL do litoral oeste, por exemplo, realiza todo ano um
festival gastronômico e um encontro do APL do litoral oeste, estando já
no quarto ano, onde são discutidos os vários assuntos de interesse dos
produtores, com a participação de outras instituições.
Destaca-se também, a existência de interação pela troca de
informações e conhecimentos entre produtores, alguns casos de ação
conjunta, mesmo que contingentes, e ainda comportamentos que
caracterizam relação de confiança entre os produtores de ambos os
APLs. Isso acontece, em parte, pela proximidade entre as empresas e
pelas relações pessoais existentes de vizinhança, afinidade e amizade.
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Essas relações dependem do segmento de empresas, sendo mais fortes
entre as PMEs.
Os arranjos possuem, portanto, uma rede de informação
relativamente boa de vínculos formais e informais com distintas
intensidade e complexidade, mostrando uma dinâmica na qual os
fluxos de informação e conhecimento não são inerentes apenas aos
produtores, mas também a alguns agentes-chave que contribuem de
alguma forma para melhorar a capacidade produtiva e inovativa e a
competitividade desses produtores.
Dessa forma, a importância associada a diferentes fontes de
informação no processo de capacitação produtiva e inovativa, em
ambos os arranjos de cultivo de camarão, mostra a existência de fortes
relações de cooperação vertical entre produtores locais e demais
agentes na cadeia produtiva, e baixa intensidade de cooperação
horizontal, especialmente no APL do litoral leste. No litoral oeste, essa
cooperação é maior por meio da Associação de Criadores de Camarão
da Costa Negra (ACCN), que se tornou de grande importância para as
empresas desse APL. Assim, as estratégias de inovações existentes
refletem a geração de novos conhecimentos com origem em fontes
locais, articuladas com fontes externas de informação e conhecimento.
Percebe-se, portanto, que os arranjos analisados são capazes de
ensejar importantes economias externas, embora essas economias
sejam na sua maioria de caráter incidental, não se aproveitando as
possibilidades de ampliar essas externalidades por intermédio de
ações conjuntas deliberadas, especialmente no APL do litoral leste.
A capacidade produtiva e inovativa dos APLs de cultivo de
camarão
A capacidade produtiva e inovativa das empresas nos arranjos
é determinada não só pelas competências e habilidades adquiridas
internamente, mas também pela existência de outros elementos
externos que atuam como fatores determinantes para o processo de
aprendizado, produção ou incorporação de conhecimentos e para o
processo produtivo e inovativo. Esses aspectos foram levados em
consideração ao se analisarem os APLs selecionados. Dessa forma, a
discussão sobre a incorporação de inovação nos arranjos pesquisados
baseia-se numa visão mais ampla do processo de inovação e, ao mesmo
tempo, procura fazer comparações entre os dois arranjos, determinar
pontos em comum entre eles, destacando-se a distinção entre
inovações incrementais e alternativas, desde a utilização de bandejas
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fixas para alimentos feitas artesanalmente, até processos mais
complexos e dinâmicos, envolvendo melhorias nas técnicas de cultivo,
nutrição e tecnologia de reprodução, além de mudanças no layout das
fazendas para a incorporação de lagoa de sedimentação e tanques
berçários, por exemplo.
Os arranjos produtivos analisados apresentam certa
heterogeneidade em termos de capacitação produtiva e inovativa,
considerando os diferentes segmentos de empresas que participam da
cadeia local. Essa heterogeneidade se mostra mais evidente no APL do
litoral leste, onde o grau de atualização tecnológica das grandes e de
parte das médias empresas contrasta com o das pequenas, que são
maioria nesse arranjo e com pouco dinamismo inovativo, operando de
forma quase artesanal. As tecnologias utilizadas pelas grandes e por
parte das médias empresas são mais complexas e avançadas.
As principais inovações adotadas pelo APL do litoral oeste
referem-se a processos, com 72,7%, especialmente para as grandes e
médias empresas, e à incorporação de equipamentos, com 63,6%, com
maior destaque para as pequenas empresas. No APL do litoral leste, a
incorporação de equipamentos (59,7%), com maior intensidade
também para as médias e pequenas empresas, está em primeiro lugar
entre as inovações mais relevantes, e as inovações relativas a
processos (41,4%) estão em segundo lugar.
Esses processos, em ambos os arranjos, estão associados a
melhorias no controle e nas práticas de manejo dos cultivos,
envolvendo alguns procedimentos que vão desde a aquisição da póslarva até a etapa de despesca e transporte do produto para as empresas
processadoras, tais como melhor controle das condições físicoquímicas da água dos viveiros, melhorias nas práticas do arraçoamento
e no tipo de alimento utilizado, preparo e manejo dos viveiros,
cuidados sanitários, entre outros. Os equipamentos são relacionados à
aquisição de aeradores, monitores de água e principalmente de
bandejas fixas para alimentação, visto que esses equipamentos tinham
sua utilização restrita pela maioria das pequenas e por parte das
médias empresas que operavam de forma bastante artesanal.
A busca de novos mercados também representou um
percentual bastante significativo para ambos os APls, mas isso se deu
muito mais pela queda das vendas para o mercado externo do que
propriamente por uma estratégia de marketing para a conquista de
novos mercados.
Já as inovações relacionadas às mudanças organizacionais
ocorreram com maior intensidade nas grandes empresas de ambos os
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APLs, destacando-se como as mais relevantes mudanças:
procedimentos padrão de controle sistemático de qualidade,
estabelecidos pelo código de conduta para a carcinicultura sustentável,
com 75,6% para as grandes empresas do litoral oeste e 65,0% para as
do litoral leste, seguidos pela implantação de programas de gestão de
qualidade, certificação orgânica e ambiental, além de organização de
uma Indicação Geográfica (IG) – denominação de origem – na região
desse APL. Destaca-se, também, a adoção de sistema de controle de
qualidade do tipo Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle
(APPCC) pelas empresas de processamento para garantir a produção
de camarão de forma saudável, atendendo às normas de segurança
alimentar exigidas pelos mercados nacional e internacional.
A maior parte dessas inovações, porém, é incremental,
principalmente no APL do litoral leste, e se origina de conhecimentos
adquiridos pelos próprios produtores mediante o processo de
“aprender fazendo” e, em menor intensidade, por interação. Observase, ainda, pelas entrevistas, que algumas inovações em ambos os APLs
têm origem também nas relações dos produtores com universidades e
centros de pesquisa regional e, principalmente, com os fornecedores
de ração e as empresas de beneficiamento. Essa contribuição, porém,
no caso das universidades, ainda é limitada a poucas atividades
associadas ao processo de produção e a um número reduzido de
empresas dos arranjos.
Embora a maioria das inovações seja incremental, elas são
bastante significativas, existindo um fluxo contínuo, principalmente no
APL do litoral oeste. Verificou-se que, em 2011, a ACCN registrou
junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) uma IG
de denominação de origem (Camarão da Costa Negra), conferindo
proteção ao camarão produzido nessa região pelas especificidades que
ela possui, o que confere um sabor diferenciado ao camarão. No
entanto, essa IG ainda está em fase de consolidação, com empresas
adequando seus processos produtivos e organizacionais para aderirem
ao selo da IG. Além disso, algumas fazendas de camarão do APL do
litoral oeste vêm passando por um rigoroso processo de certificação de
qualidade ambiental pela produção de camarão orgânico, que tende a
se expandir na região. Esses fatos representam grandes inovações para
esse APL, que passou a ter certa notoriedade, melhorando
significativamente sua competitividade.
Entre os três principais segmentos de empresas dos arranjos, o
laboratório de larvicultura é o mais intensivo em tecnologia. A
incorporação de inovações na etapa de reprodução e larvicultura
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envolve o desenvolvimento de melhorias permanentes nas técnicas de
reprodução e de cultivo de pós-larvas e na busca de variedades mais
resistentes a doenças. Essas inovações ocorrem com a utilização da
base de conhecimentos resultante de atividades de pesquisa e
desenvolvimento (P&D) realizadas nos próprios laboratórios. Nesse
aspecto, os laboratórios localizados no APL do litoral oeste estão mais
avançados do que os do litoral leste.
Na etapa de beneficiamento do camarão, nas empresas de
ambos os APLs, as inovações, na sua maioria, são também de processos
e estão associadas à incorporação de novos equipamentos incrementais
em determinados estádios do processamento e sistema de APPCC, por
exigência tanto do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA) como dos compradores internacionais.
Essas plantas de beneficiamento não avançaram em torno de
inovação do produto, embora a ABCC, em parceria com as empresas
importadoras, tenha dado vários treinamentos de novas formas de
processamento do camarão, dando origem a outros produtos. O
processo de beneficiamento do camarão em ambos os APLs envolve
basicamente a recepção de despesca, quando são levadas às linhas de
processamento para lavagem, seleção/separação de detritos e de
camarões com defeitos e classificação por tamanho, tendo em vista
que, em média, cerca de 92% do camarão, em ambos os APLs, são
beneficiados inteiros.
Dessa forma, pelo que se pode observar, com a proximidade
relacionada ao tipo de competência e bases de conhecimento em todas
as etapas da produção e do beneficiamento do camarão, as diferenças
são pouco significativas entre ambos os APLs, principalmente em
relação ao conjunto de agentes relevantes e aos mecanismos de
aprendizagem que servem de base para a adoção de inovações.
Verifica-se, entretanto, um maior dinamismo em termos tecnológicos
no APL do litoral oeste, sobretudo porque concentra um maior número
de empresas de portes médio e grande, com melhor estruturação e com
melhores capacitações para inovar, apresentando um contínuo
processo de inovações, embora incrementais e de média intensidade.
No APL do litoral leste predominam as pequenas empresas,
geralmente de base familiar, produzindo, na maioria, de forma quase
artesanal e utilizando-se de “pacote tecnológico”, ou seja, empregando
técnicas de manejo e outros mecanismos predeterminados e de fácil
aprendizado, contribuindo, assim, para fragilizar as barreiras à
entrada e à saída de empresas no mercado. Isso mostra a necessidade
do desenvolvimento de tecnologias mais apropriadas às condições das
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MPEs, levando-se em conta a questão dos custos e a limitação da área
dessas empresas. Algumas inovações observadas, principalmente nas
pequenas e na maioria das médias empresas desse APL, são
incrementais de baixa intensidade, referindo-se à incorporação de
equipamentos e a melhorias de algumas técnicas de manejo dos
cultivos.
Conclusão
Os arranjos são bastante semelhantes quanto à estrutura
produtiva, em termos de concentração de empresas, apresentando um
grau de adensamento relativamente baixo, pelo fato de os fornecedores
de insumos e equipamentos estarem fora das áreas de abrangência dos
arranjos, embora se verifique a presença dos principais elos da cadeia
produtiva e de alguns serviços essenciais.
Entre os principais pontos destacados nesta análise estão: i) a
evidência de que o desenvolvimento dos arranjos e suas vantagens
competitivas ainda estão baseados na disposição de recursos naturais
abundantes para a produção em escala e na disponibilidade de mão de
obra barata e flexível; ii) a existência de contexto sociocultural e
histórico específico, tendo em vista que as inovações, em ambos os
arranjos, ainda são, na sua maioria, incrementais e de baixa e média
complexidade, originadas, em parte, de conhecimentos gerados
endogenamente – conhecimentos tácitos – mediante a prática do
learning-by-doing; iii) interações com clientes e, principalmente, com
fornecedores de insumos/ração (learning-by-using).
As universidades e os centros de ensino/pesquisa, por sua vez,
não representam fontes importantes de aprendizado e geração de
inovações para os dois APLs analisados.
As inovações variam em ambos os arranjos. No APL do litoral
leste, as inovações estão mais associadas com a incorporação de
equipamentos e novos processos com baixa intensidade tecnológica. Já
no litoral oeste, observa-se um processo contínuo de inovações
processuais e organizacionais, inclusive com um registro da IG do
Camarão da Costa Negra, tornando-o, portanto, mais dinâmico e
competitivo.
Os arranjos possuem, portanto, uma rede de informação
relativamente boa de vínculos formais e informais com distintas
intensidade e complexidade, mostrando uma dinâmica na qual os
fluxos de informação e conhecimento não são inerentes apenas aos
produtores, mas também a alguns agentes-chave que contribuem de
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alguma forma para melhorar a capacidade produtiva e inovativa
desses produtores, assim como sua competitividade. Dessa maneira, a
capacidade inovativa desses APLs reflete a geração de novos
conhecimentos com origem em fontes locais, articuladas com fontes
externas de informação e conhecimento.
A forma de cooperação nos arranjos de cultivo de camarão
apresenta-se verticalizada, verificando-se baixa interação horizontal
entre as empresas e outros agentes locais, em particular no APL do
litoral leste, sendo fracas as ligações entre esses agentes, limitando o
grau de organização interna desse APL. No APL do litoral oeste, a
cooperação horizontal ocorre mais por meio da ACCN, que se tornou
de grande importância para as empresas desse APL, conferindo-lhe
um maior diferencial na busca de competitividade. Essa configuração
influencia fortemente a capacidade desses arranjos na busca de
vantagens competitivas dinâmicas e sustentadas, uma vez que os
determinantes externos se sobrepõem aos internos.
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