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Indicadores de Desempenho Sustentável, e Valor de
Mercado das Empresas
RESUMO
Este estudo aborda a relação entre os indicadores de desempenho sustentável e o
valor de mercado das empresas. O conceito de sustentabilidade tem ganhado crescente
importância no ambiente empresarial e financeiro, com investidores e stakeholders
demandando uma abordagem mais holística da performance corporativa que leve em
consideração não apenas aspectos financeiros, mas também impactos sociais e
ambientais. Nesse contexto, os indicadores de desempenho sustentável surgem como
ferramentas para mensurar e comunicar a contribuição das empresas para um
desenvolvimento mais equitativo e ecologicamente responsável.
A pesquisa explora a literatura atual sobre indicadores de desempenho sustentável
e sua relação com o valor de mercado das empresas. Diversos estudos têm demonstrado
uma associação positiva entre práticas sustentáveis e desempenho financeiro, refletindose no valor das ações das empresas. Indicadores relacionados à redução de emissões de
gases de efeito estufa, eficiência no uso de recursos naturais, diversidade e inclusão, entre
outros, têm sido investigados quanto à sua influência nos resultados econômicos das
organizações.
Contudo, é importante ressaltar que a relação entre indicadores de desempenho
sustentável e valor de mercado não é unidirecional e pode ser influenciada por diversos
fatores, como características setoriais, regulação governamental e perfil dos investidores.
Portanto, este Paper busca uma compreensão mais abrangente do papel dos indicadores
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de desempenho sustentável no contexto do valor de mercado das empresas, destacando a
importância de estratégias empresariais alinhadas com princípios de sustentabilidade para
a criação de valor a longo prazo.
Além disso, são analisados os mecanismos pelos quais os indicadores de
desempenho sustentável podem afetar o valor de mercado das empresas. Evidências
sugerem que empresas comprometidas com práticas sustentáveis tendem a atrair
investidores preocupados com questões de responsabilidade social e ambiental,
resultando em um aumento da demanda por suas ações e, consequentemente, em uma
valorização das mesmas. Ademais, a gestão eficiente de riscos ambientais e sociais, bem
como a construção de uma reputação positiva, também contribuem para a melhoria da
avaliação de mercado.
Palavras-chave: Indicadores de Desempenho Sustentável. Valor de Mercado.
Sustentabilidade Corporativa. Desempenho Financeiro. Responsabilidade Social e
Ambiental.
ABSTRACT
This study addresses the relationship between sustainable performance indicators
and firms' market value. The concept of sustainability has gained increasing importance
in the business and financial environment, with investors and stakeholders demanding a
more holistic approach to corporate performance that takes into account not only financial
aspects, but also social and environmental impacts. In this context, sustainable
performance indicators emerge as tools to measure and communicate the contribution of
companies to a more equitable and ecologically responsible development.
The research explores the current literature on sustainable performance indicators
and their relationship with firms' market value. Several studies have shown a positive
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association between sustainable practices and financial performance, reflected in the
value of companies' shares. Indicators related to the reduction of greenhouse gas
emissions, efficiency in the use of natural resources, diversity and inclusion, among
others, have been investigated for their influence on the economic results of
organizations.
However, it is important to emphasize that the relationship between sustainable
performance indicators and market value is not unidirectional and can be influenced by
several factors, such as sectoral characteristics, government regulation and investor
profile. Therefore, this paper seeks a more comprehensive understanding of the role of
sustainable performance indicators in the context of firms' market value, highlighting the
importance of corporate strategies aligned with sustainability principles for long-term
value creation.
In addition, the mechanisms through which sustainable performance indicators
can affect firms' market value are analyzed. Evidence suggests that companies committed
to sustainable practices tend to attract investors concerned with social and environmental
responsibility issues, resulting in an increase in demand for their shares and, consequently,
in their valuation. Moreover, efficient management of environmental and social risks, as
well as building a positive reputation, also contribute to improving market valuation.
Keywords: Sustainable Performance Indicators. Market Value. Corporate
Sustainability. Financial Performance. Social and Environmental Responsibility.
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1 Introdução
O ambiente empresarial contemporâneo é caracterizado por uma concorrência
acirrada, em que as empresas buscam constantemente alcançar vantagens competitivas e
maximizar seus resultados. Nesse contexto, a mensuração do desempenho empresarial é
fundamental para que as organizações avaliem sua eficiência operacional, identifiquem
oportunidades de melhoria e acompanhem seu progresso em relação aos objetivos
estabelecidos.
Os indicadores de desempenho, tem um papel crucial nesse cenário, pois
permitem que as empresas avaliem e monitorem seu desempenho em diversas áreas, como
financeira, operacional, comercial de recursos humanos e de indicadores de desempenho
sustentável. Eles fornecem informações valiosas sobre o desempenho passado e presente,
além de embasar a tomada de decisões estratégicas para o futuro
Além disso, a análise do valor de mercado das empresas é um aspecto central para
os investidores, acionistas e gestores. O valor de mercado reflete a percepção dos
investidores sobre o potencial de crescimento e a rentabilidade da empresa, influenciando
diretamente o preço das ações e, por consequência, o retorno dos investimentos.
Nesse contexto, a pesquisa sobre a relação entre os indicadores de desempenho e
o valor de mercado das empresas e indicadores de sustentabilidade é de extrema
relevância para o ambiente empresarial. Compreender como esses indicadores se
relacionam e como afetam o valor das organizações pode fornecer insights valiosos para
os gestores, investidores e demais stakeholders.
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Ao analisar os indicadores de desempenho e sua influência no valor de mercado
das empresas, poderemos identificar quais fatores têm maior impacto na percepção dos
investidores sobre a saúde financeira e o potencial de crescimento das organizações. Essas
descobertas podem orientar a formulação de estratégias que visam aumentar o valor das
empresas e atrair investidores interessados em seu crescimento sustentável.
2. Fundamentação Teórica
2.1 Indicadores de Desempenho Empresarial
Os indicadores de desempenho são ferramentas essenciais para avaliar a eficácia
e a eficiência das operações das empresas. Eles fornecem métricas quantitativas e
qualitativas que permitem monitorar e mensurar o progresso em relação aos objetivos e
metas estabelecidos. Dessa forma, os indicadores de desempenho ajudam a direcionar a
gestão estratégica e a tomar decisões fundamentadas (Kaplan & Norton, 1996).
Os indicadores de desempenho podem abranger diversas áreas da empresa, como
financeira, operacional, de recursos humanos e de sustentabilidade. Exemplos de
indicadores financeiros incluem o retorno sobre o investimento (ROI), margem de lucro
líquido e o EBITDA. Já os indicadores operacionais podem medir a produtividade, a
eficiência dos processos e o tempo de entrega. Indicadores de recursos humanos podem
avaliar o engajamento dos funcionários, a rotatividade e o desenvolvimento profissional
(Kaplan & Norton, 1992). Por um longo período, a premissa fundamental que norteava
os negócios nas organizações consistia em buscar o sucesso através da maximização da
riqueza dos acionistas. Costa (2007) explica que esse pensamento derivava da convicção
dos executivos de que a estratégia empresarial deveria levar em consideração as opiniões
e conveniências dos acionistas, os quais seriam os mais interessados na empresa. Rabelo
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e Silva (2011) definem os acionistas, também conhecidos como shareholders, como os
proprietários do negócio. Segundo Brealey e Myers (2000), os gestores devem tomar
decisões que visem aos interesses dos proprietários, cujo objetivo é maximizar sua própria
riqueza. Borba (2005) enfatiza a compreensão das principais teorias que explicam a teoria
da firma, a qual atribui aos proprietários o direito aos lucros e à tomada de decisão na
empresa. De acordo com Jensen (2001), a maioria dos economistas defende a avaliação
dos executivos com base em critérios bem definidos, com o propósito de verificar se estão
priorizando a maximização do valor da empresa.
Contudo, em decorrência das transformações ambientais e sociais ao longo do
tempo, as organizações têm enfrentado uma intensa pressão social em relação à percepção
de valor atribuída ao negócio. A despeito da longa história da Teoria do Shareholder e
suas bases vinculadas às teorias de economia e finanças, conforme explicado por Borba
(2005), a concepção de valor em relação à entidade não se restringe somente ao sucesso
econômico-financeiro, sem considerar os recursos utilizados e todas as partes envolvidas
direta e indiretamente no negócio.
À medida que se percebe que o êxito empresarial está cada vez mais vinculado à
gestão adequada dos recursos e à imagem que a sociedade tem da organização, a noção
de valor puramente financeiro tem sido objeto de intensos debates tanto no âmbito
organizacional quanto no acadêmico. A Teoria dos Stakeholders passa a ser enfatizada,
na qual as organizações são instadas a assumir responsabilidades por suas ações diante de
todas as partes interessadas legítimas nas atividades da entidade (GARCIA, 2017;
FREEMAN, 1984; ASHLEY, 2002).
Rabelo e Silva (2011) estabelecem o conceito de stakeholders como todos os
indivíduos que interagem de alguma forma com as organizações, sendo afetados por elas
ou afetando-as. Segundo Freeman (1984), stakeholders abrangem todos os grupos de
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interesse direta ou indiretamente envolvidos nas atividades da empresa, tais como
empregados, clientes, fornecedores, investidores e autoridades governamentais. A
preocupação das organizações em atender aos interesses não apenas dos acionistas, mas
de todas as partes interessadas no negócio, conduziu ao investimento em práticas de
desenvolvimento sustentável.
A ideia de criação de valor no longo prazo tornou-se mais disseminada e discutida,
levando em conta essas duas teorias opostas. De acordo com a teoria dos shareholders,
investir em práticas de desenvolvimento sustentável implica em custos e desvio de
recursos financeiros dos acionistas, reduzindo sua riqueza e, consequentemente, o valor
da organização. Essa perspectiva argumenta que uma entidade com baixo retorno
financeiro não seria atrativa para os investidores (Simpson e Kohers, 2002).
Por outro lado, segundo a teoria dos stakeholders, os gestores devem, de forma
estratégica, elaborar e implementar procedimentos que atendam, além dos acionistas, a
todos os grupos de interesse relacionados à organização. Essa abordagem administrativa
prioriza o relacionamento entre os participantes e a promoção dos diferentes interesses,
objetivando o sucesso da entidade e a sustentabilidade do negócio a longo prazo (Borba,
2005; Freeman; McVea, 2000).
No cenário atual, em que instituições de todo o mundo enfatizam a importância
de considerar o cuidado com o meio ambiente, a sociedade e a ética nos negócios, a
discussão sobre a relação entre o investimento em sustentabilidade e o desempenho
financeiro das entidades se baseia cada vez mais nessas duas teorias. Nesse sentido, a
utilização dessas teorias possibilita compreender as possíveis relações existentes entre o
desempenho sustentável e o desempenho financeiro, como estudado nesta pesquisa. A
teoria do shareholder é empregada para embasar uma possível relação negativa entre
sustentabilidade e desempenho financeiro, no que diz respeito à criação de valor, visto
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que a intenção dos acionistas é maximizar valor em benefício próprio. Por outro lado, a
teoria dos stakeholders é utilizada para explicar uma possível relação positiva, na qual se
leva em consideração a visão ampla da criação de valor, e segundo a qual as organizações
apresentarão um melhor desempenho, inclusive financeiro, ao atender as necessidades de
todas as partes relacionadas ao negócio.
2.2 Valor de Mercado da Empresa
O valor de mercado das empresas é um indicador-chave que reflete a avaliação
dos investidores sobre o desempenho e a perspectiva futura dos negócios. Ele representa
a capitalização de mercado, ou seja, o valor total das ações da empresa multiplicado pelo
preço de mercado de cada ação em circulação. O valor de mercado é influenciado por
diversos fatores, como o desempenho financeiro, a reputação da marca, as perspectivas
de crescimento, a concorrência do setor e as condições econômicas globais (Damodaran,
2012).
2.3 Relação entre Indicadores de Desempenho e Valor de Mercado
A análise da relação entre indicadores de desempenho e valor de mercado é de
grande relevância para compreender como o mercado percebe o desempenho da empresa
e como isso se reflete em seu valor de mercado. Estudos empíricos têm demonstrado que
indicadores financeiros como o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE), o lucro por
ação (EPS) e a margem de lucro líquido estão positivamente correlacionados com o valor
de mercado das empresas (McNally, Eng, & Hasseldine, 2018).
Além disso, os indicadores não financeiros também podem influenciar o valor de
mercado, especialmente aqueles relacionados à reputação da empresa, à satisfação do
cliente e à sustentabilidade (Eccles, Ioannou & Serafeim, 2014). A incorporação de
práticas de responsabilidade social corporativa e estratégias de sustentabilidade, por
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exemplo, pode aumentar a atratividade da empresa para os investidores e melhorar sua
reputação no mercado.
3 Métodos de Análise de Indicadores de Desempenho
3.1 Balanced Scorecard (BSC): O Balanced Scorecard é uma metodologia
desenvolvida por Kaplan e Norton em 1992, que utiliza indicadores financeiros e não
financeiros para medir o desempenho em quatro perspectivas: financeira, cliente,
processos internos e aprendizado e crescimento. Essa abordagem integrada permite uma
visão holística do desempenho empresarial, alinhando as atividades com a estratégia
organizacional e facilitando a comunicação entre diferentes níveis hierárquicos (Kaplan
& Norton, 1996).
3.2 Six Sigma: O Six Sigma é uma metodologia voltada para a melhoria da
qualidade e a redução de defeitos nos processos empresariais. Esse método utiliza uma
abordagem estatística para analisar os indicadores de desempenho, identificar as causas
dos problemas e implementar soluções eficazes. O objetivo é alcançar uma performance
de quase zero defeitos, resultando em maior eficiência e satisfação do cliente (Pyzdek &
Keller, 2014).
3.3 Análise de Variância (ANOVA): A Análise de Variância é uma técnica
estatística utilizada para comparar as médias de três ou mais grupos de dados. Na análise
de indicadores de desempenho, a ANOVA pode ser aplicada para identificar diferenças
significativas entre grupos ou períodos de tempo, auxiliando na identificação de fatores
que influenciam o desempenho da empresa (Montgomery, 2017).
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3.4 Análise de Regressão :A análise de regressão é uma técnica estatística que
explora a relação entre uma variável dependente e uma ou mais variáveis independentes.
Na análise de indicadores de desempenho, a regressão pode ser usada para prever o
desempenho futuro com base em variáveis passadas, permitindo uma tomada de decisões
mais embasada e estratégica (Gujarati & Porter, 2009).
3.5 Índice de Lucratividade: Também conhecido como margem de lucro líquido,
é uma medida que expressa a relação entre o lucro líquido obtido por uma empresa e sua
receita líquida de vendas. Em outras palavras, esse índice mostra a parcela de lucro que a
empresa obteve em relação às suas vendas. O índice de lucratividade é uma das principais
métricas utilizadas para avaliar a eficiência e a rentabilidade operacional de um negócio
(Gitman & Zutter, 2012).
O cálculo do índice de lucratividade é realizado pela divisão do lucro líquido pela
receita líquida de vendas, e o resultado é multiplicado por 100 para expressar a margem
em percentual. A fórmula para o cálculo do índice de lucratividade é a seguinte:
Índice de Lucratividade = (Lucro Líquido / Receita Líquida de Vendas) x 100
O lucro líquido é obtido deduzindo-se todas as despesas e impostos do resultado
bruto das vendas, e a receita líquida de vendas é a receita total subtraída das devoluções,
abatimentos e impostos sobre vendas (Gitman & Zutter, 2012). O índice de lucratividade
é uma ferramenta fundamental para a análise financeira empresarial. Ele permite avaliar
a eficiência das operações da empresa em transformar vendas em lucro, fornecendo
insights sobre a rentabilidade do negócio e a eficácia da gestão financeira (Weston &
Brigham, 2000).
3.6 Índice de Produtividade: O índice de produtividade é uma medida que
relaciona a produção de uma empresa com a quantidade de recursos utilizados para
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alcançar essa produção. Ele representa a relação entre a quantidade de produtos ou
serviços produzidos e os insumos empregados, como mão de obra, materiais, capital e
tempo. Esse índice é utilizado para avaliar a eficiência da empresa na utilização de seus
recursos na geração de valor (Hitt et al., 2015). O cálculo do índice de produtividade pode
variar de acordo com o contexto específico da empresa e o setor de atuação. No entanto,
de forma geral, o índice de produtividade é calculado pela divisão da quantidade de
produtos ou serviços produzidos pela quantidade de recursos utilizados. A fórmula básica
para o cálculo do índice de produtividade é a seguinte:
Índice de Produtividade = Quantidade de Produção / Quantidade de Recursos
Utilizados o resultado do cálculo representa a quantidade de produtos ou serviços obtidos
por unidade de recurso empregado, indicando a eficiência da empresa na utilização dos
seus recursos na produção (Schroeder et al., 2014).
A aplicação do índice de produtividade é relevante em diferentes áreas da
empresa, como produção, logística, recursos humanos e marketing. Por exemplo, na área
de produção, o índice de produtividade pode ser utilizado para avaliar a eficiência do
processo de produção e identificar gargalos que afetam o desempenho da empresa
(Schroeder et al., 2014).
3.7 Índice de Custos Fixos: O índice de custos fixos é uma medida que expressa
a parcela dos custos fixos em relação ao total de custos de uma empresa. Os custos fixos
são aqueles que não variam proporcionalmente com o volume de produção ou vendas da
empresa, ou seja, permanecem constantes em curto prazo, independentemente da
atividade da empresa. Esses custos incluem, por exemplo, aluguel, salários
administrativos, depreciação de ativos fixos, seguros e outros gastos fixos (Gitman &
Zutter, 2012).
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O cálculo do índice de custos fixos é realizado pela divisão dos custos fixos pelo
total de custos da empresa, e o resultado é multiplicado por 100 para expressar o índice
em percentual. A fórmula para o cálculo do índice de custos fixos é a seguinte:
Índice de Custos Fixos = (Custos Fixos / Total de Custos) x 100
O total de custos engloba tanto os custos fixos quanto os custos variáveis, que são
aqueles que variam proporcionalmente com a atividade da empresa, como custos de
matéria-prima, comissões de vendas e gastos diretos de produção (Gitman & Zutter, 2012)
O índice de custos fixos é uma métrica relevante para a gestão financeira das
empresas, pois oferece insights valiosos sobre a estrutura de custos e a margem de
segurança financeira. Empresas com alto índice de custos fixos tendem a ser mais
sensíveis às flutuações de vendas e produção, uma vez que seus custos permanecem
constantes independentemente do volume de atividade. Por outro lado, empresas com
baixo índice de custos fixos possuem uma estrutura de custos mais flexível, o que pode
oferecer maior margem para enfrentar variações no ambiente de negócios (Van Horne &
Wachowicz, 2009).
O conhecimento do índice de custos fixos é fundamental para a tomada de
decisões estratégicas, táticas e operacionais. Ele permite aos gestores avaliar o ponto de
equilíbrio operacional da empresa, ou seja, o nível de atividade necessário para que a
receita cubra todos os custos fixos e variáveis. Além disso, o índice de custos fixos auxilia
na análise da alavancagem operacional, ou seja, o impacto das variações de vendas nos
lucros da empresa (Van Horne & Wachowicz, 2009).
O índice de custos fixos é uma métrica essencial na gestão financeira das
empresas, fornecendo informações valiosas sobre a estrutura de custos e a sensibilidade
financeira da organização. Sua correta utilização permite aos gestores tomarem decisões
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embasadas e adotarem estratégias adequadas para a eficiência operacional e a
rentabilidade do negócio.
4 Princípios Norteadores da Atual Governança Corporativa e
ESG
A Governança, ESG e seus princípios têm um papel crucial para as empresas.
Esses valores corporativos promovem uma política transparente, natural e democrática,
sendo elementos essenciais para a aplicação em toda a extensa rede da organização.
Entretanto, diante do cenário atual, em uma escala global cada vez mais regulamentada,
complexa e interdependente, com crescentes pressões externas, a Estrutura organizacional
precisa se ajustar e se adaptar ao ambiente externo. Isso é fundamental para garantir a
sustentabilidade da empresa, transcendendo os limites da propriedade e gestão e
abrangendo todos os seus stakeholders em um amplo espectro de relacionamentos.
4.1 Transparência, equidade e prestação de contas (accountability)
Conforme este novo cenário expandido e suas implicações na estrutura da empresa, a
transparência no ambiente interno pode indicar a disposição da organização em expor
seus mecanismos internos, relatando a situação atual e esclarecendo quem toma as
decisões. Essa abordagem está de acordo com as conclusões de Giacomelli et al. (2017).
Por outro lado, "outras definições podem ser consultadas, mas, em última análise, todas
giram em torno dos mesmos princípios" (Mazzali; Ercolin 2018, p. 50). Assim, os
princípios básicos que orientam a Governança e ESG podem apresentar uma significativa
intersecção entre si, tornando a linha que os distingue sutil. No entanto, em harmonia, a
gestão deve sempre se pautar por padrões éticos, de forma que os critérios seguidos ao
tomar uma decisão possam ser claramente comunicados às partes interessadas que têm o
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direito de conhecê-los. Isso se aplica a uma ampla gama de stakeholders e acionistas em
última análise.
No que se refere à accountability (ou prestação de contas), esse conceito faz parte
da transparência e envolve a divulgação de relatórios públicos abordando impactos,
processos, estruturas de Governança e ESG, fontes de financiamento e fluxo de recursos.
Essa prática está em sintonia com Silva (2016), representando um ato de responsabilidade
corporativa, onde a entidade e sua diretoria avaliam e comunicam suas conquistas,
fracassos e planos de melhoria. Essa abordagem, por sua vez, tem uma influência inegável
na percepção de competitividade, inovação e produtividade da empresa. Nessa
circunstância, a estrutura organizacional de uma empresa transparente deve assumir a
responsabilidade perante qualquer questionamento, levando em conta o ambiente
organizacional e suas fontes de incerteza. No entanto, somente a prestação de contas
isolada pode não assegurar a transparência, pois, como afirmado por Rossetti e Andrade
(2012), os princípios têm sentido somente quando aplicados em conjunto. Além disso,
esses mesmos autores enfatizam a predominância da ideologia de criação de valor, que
está em sintonia com os princípios de boa Governança e ESG corporativa. Por
conseguinte, eles ressaltam de forma unânime o objetivo de gerar valor para a
organização.
4.2 Responsabilidade Corporativa
Considerado o mais amplo dos princípios, pois quando analisado superficialmente
pode englobar todos os outros, a Responsabilidade Corporativa, de acordo com o Instituto
Brasileiro de Governança e ESG - IBGC (2015), ao abordar os princípios fundamentais
de Governança e ESG, pode ser compreendida como a forma de conduzir os negócios das
empresas, caracterizada por levar em conta o impacto que todas as suas atividades têm
em seus respectivos stakeholders e shareholders, ou seja, seus clientes, funcionários,
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acionistas, as comunidades locais, o meio ambiente e a sociedade como um todo, dito
isto, conforme mencionado por Surroca, Tribó e Waddock (2010), há três opções no que
diz respeito à relação causal entre o desempenho social e o desempenho econômicofinanceiro das organizações.
1. Desempenho Social
Desempenho Financeiro
2. Desempenho Financeiro
3. Desempenho Social
Desempenho Social
Desempenho
Financeiro
Fonte: adaptado de Preston e O’Bannon (1997)
É possível notar, assim, que o desempenho social corporativo pode afetar o
desempenho financeiro da organização, da mesma forma que o desempenho financeiro
pode impactar o desempenho social. Além disso, pode existir uma relação sinérgica entre
ambos (PRESTON; O’BANNON, 1997).
5 Considerações Finais
O estudo revela a interligação crescente entre sustentabilidade corporativa e valor
percebido por investidores. Empresas com práticas sustentáveis têm vantagem
competitiva, melhor imagem e valor de mercado superior. Indicadores de desempenho
sustentável medem progresso, incluindo impacto ambiental, engajamento com partes
interessadas e transparência. Investidores focam em critérios ESG, impulsionando
investimentos e valorização de empresas sustentáveis. Além do valor de mercado,
sustentabilidade gera benefícios como redução de riscos, atração de talentos e relações
com consumidores. Integração eficiente de indicadores é essencial, mas a jornada é
complexa e exige melhoria contínua. Indicadores de Desempenho Sustentável são
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cruciais para avaliar comprometimento e impacto, refletindo mudança econômica que
torna sustentabilidade essencial. Empresas devem aprimorar práticas, monitorar
indicadores e abraçar sustentabilidade para sucesso em ambiente competitivo.
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