ARTIGO
DOI: https://doi.org/10.21728/logeion.2024v10n2e-6596
Data de submissão: 17/08/2023
Data de aprovação: 23/01/2024
Data de publicação: 24/01/2024
MEMÓRIA INSTITUCIONAL DO COLÉGIO AGRÍCOLA DOM
AGOSTINHO IKAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE
PERNAMBUCO
Paulo Vitor dos Santos Crispim1
Universidade Federal de Pernambuco
[email protected]
Fabio Assis Pinho2
Universidade Federal de Pernambuco
[email protected]
______________________________
Resumo
Trata-se de uma pesquisa sobre a memória institucional através da organização de fotografias como elemento de
difusão social da instituição. A pesquisa foi conduzida com base em uma abordagem qualitativa, de caráter
documental e exploratório, realizada no Colégio Agrícola Dom Agostinho Ikas (CODAI) da Universidade Federal
Rural de Pernambuco (UFRPE). O objetivo principal foi analisar as fotografias do Colégio Agrícola Dom
Agostinho Ikas da UFRPE como artefato de memória institucional. Os resultados principais estão relacionados à
confirmação da teoria que considera a fotografia como um dispositivo de memória institucional dentro do âmbito
da Ciência da Informação. Empiricamente, a pesquisa promoveu a disseminação da memória de uma instituição
de ensino com relevante atuação na formação profissional regional. Isso enfatizou o papel social da instituição e
as formas pelas quais a sociedade a reconhece, intensificando sua importância na educação da sociedade e traçando
sua trajetória educacional em Pernambuco e na cidade de São Lourenço da Mata.
Palavras-chave: memória institucional; fotografia; organização documental; ciência da informação.
INSTITUTIONAL MEMORY OF COLÉGIO AGRÍCOLA DOM AGOSTINHO IKAS
AT THE FEDERAL RURAL UNIVERSITY OF PERNAMBUCO
Abstract
This is a research study concerning institutional memory through the organization of photographs as a means of
social dissemination for the institution. The research was carried out using a qualitative, documentary, and
exploratory approach, conducted at the Colégio Agrícola Dom Agostinho Ikas (CODAI) of the Federal Rural
University of Pernambuco (UFRPE). The main objective was to analyze the photographs of the CODAI at UFRPE
as artifacts of institutional memory. The primary findings are linked to the affirmation of the theory that regards
photography as a tool for institutional memory within the field of Information Science. Empirically, the research
facilitated the spreading of the memory of an educational institution with significant engagement in regional
professional development. This highlighted the institution's societal role and the ways in which society
acknowledges it, thereby reinforcing its significance in societal education and tracing its educational journey in
Pernambuco and the city of São Lourenço da Mata.
Keywords: institutional memory; photography; documentary organization; information science.
1
Mestre em Ciência da Informação pela UFPE. Pós-Graduado Lato sensu em Gestão de Acervos e Unidades de
Informação pela UNIT. Bacharel em Biblioteconomia pela UFPE.
2
Doutor e Mestre em Ciência da Informação pela UNESP. Bacharel em Biblioteconomia pela UFSCar. Professor
e pesquisador no PPGCI da UFPE. Bolsista em Produtividade PQ2 do CNPq.
Esta obra está licenciada sob uma licença
Creative Commons Attribution 4.0 International (CC BY-NC-SA 4.0).
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1 INTRODUÇÃO
A compreensão da relevância da memória deriva, principalmente, das consequências
associadas ao esquecimento. A ideia de contrastar memória e esquecimento é interessante,
porque não é possível recordar tudo o que ocorreu ou foi ensinado ao longo da vida; a mente
humana retém apenas o que é necessário para o futuro.
Nessa perspectiva, conforme instrui Pollak (1992), a memória é algo construído
coletivamente e, ao longo do tempo, está sujeita a constantes variações e mudanças. No entanto,
à medida que o indivíduo atravessa a vida, vivenciando diversos eventos, sua memória se adapta
a mudanças e, ao mesmo tempo, incorpora construções constantes.
Já refletiu sobre como, muitas vezes, em uma simples conversa com amigos antigos da
época escolar, cada um relembra um acontecimento daquele período? Gradualmente, sua mente
biologicamente se engaja e conecta a essa memória. Isso ocorre de forma esporádica e coletiva;
logo, todos estão contribuindo para reavivar uma história que foi vivida e recordada por cada
um dos presentes.
Uma conversa desperta em você essa função psíquica capaz de reviver momentos que
estavam quase esquecidos até poucos minutos atrás. Quando essa lembrança é auxiliada por
documentos que validam essa demonstração, ocorre uma explosão de sentimentos, elementos e
informações vivenciadas.
Esses documentos muitas vezes estão associados à fotografia, um suporte compreendido
como um auxílio documental. Isso porque a fotografia estimula a memória, e essa lembrança
ocorre de forma instantânea e momentânea. Entender essa ligação é relembrar.
A memória é fundamental para a sociedade, já que é através dela que a cultura, religião,
educação, rituais, cultos e outros elementos são vivenciados e revividos. Dessa forma, ela
desempenha um papel crucial na construção e preservação da identidade. Para sustentar essa
noção, Chapouthier (2006, p. 9) afirma que a memória "[...] é a capacidade que certos seres
vivos têm de armazenar no sistema nervoso dados ou informações sobre o ambiente ao redor,
para modificar seu próprio comportamento".
Tratar da identidade é demonstrar como é possível perceber e diferenciar o indivíduo do
coletivo. É a elaboração e determinação da construção da personalidade. A memória está
intrinsecamente ligada aos hábitos, costumes e experiências vivenciadas ao longo do tempo,
pois a memória não é produzida, mas revisitada.
Esses elementos também não se dissociam quando se trata de instituições,
especificamente da memória institucional. Ao contrário dos seres vivos, sua capacidade de
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construção está relacionada ao armazenamento de diversos documentos, uma vez que esses
documentos refletem e demonstram a história da instituição. A memória institucional é um meio
de comunicação com a sociedade, com o objetivo de garantir a presença das instituições na
construção da identidade de seus membros, sobretudo no contexto de instituições de ensino.
A partir desse contexto, o objeto de pesquisa aqui analisado e estudado foi o conjunto
de fotografias do Colégio Agrícola Dom Agostinho Ikas da Universidade Federal Rural de
Pernambuco (CODAI – UFRPE) que é um órgão da UFRPE, voltado para educação profissional
e de nível médio. Originou-se em 1936, no aprendizado Agrícola de Pacas, no município
pernambucano de Pacas, em Vitória de Santo Antão, sendo vinculado à Secretaria Estadual de
Agricultura. Foi transferido posteriormente para o Engenho de São Bento, em 1938, local onde
havia funcionado a Escola de Agronomia de Pernambuco, núcleo inicial da UFRPE. Já com
posse do nome de Aprendizado Agrícola de São Bento, foi incorporada à Universidade em
meados de 1957, sendo renomeado, onze anos depois, como Colégio Agrícola Dom Agostinho
Ikas.
O nome foi dado em homenagem ao professor de Zootecnia, Dom Agostinho Ikas,
monge beneditino remanescente do grupo de religiosos alemães que, em 1912, fundou a Escola
Superior de Agricultura em Pernambuco; era um homem atento às necessidades sociais do povo
do vale de Tapacurá, mantendo-se ativo na escola até o seu falecimento que ocorreu no ano em
que recebeu a homenagem.
Portanto, a justificativa para esta pesquisa baseou-se na necessidade de demonstrar
como a disseminação da informação por meio da fotografia contribui para a construção de uma
memória institucional, dentro dos princípios da organização da informação.
Dessa forma, compreendemos que a memória é um instrumento persuasivo da Ciência
da Informação (CI), independentemente do suporte considerado. Tudo o que existe carrega
alguma informação, alguma história. A memória, abordada sob a perspectiva da CI, busca as
informações que contam essa história, transformando memórias individuais em informações a
serem processadas. Nessa visão, o objetivo deste trabalho é destacar a importância do estudo
na CI para concretizar momentos históricos da sociedade.
Com base nessa consideração, surge a pergunta de pesquisa: como a organização
documental das fotografias do Colégio Agrícola Dom Agostinho Ikas da Universidade Federal
Rural de Pernambuco pode contribuir para sua memória institucional?
A principal hipótese levantada foi que a memória institucional se apresenta como
vestígios de uma história vivida e concretizada. Partindo dessa premissa, a organização por
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meio de fotografias torna-se um alicerce sólido para essa história, delineando os pilares
necessários para a compreensão social, política e ideológica do CODAI-UFRPE.
Assim, o objetivo traçado para responder à questão de pesquisa foi analisar as
fotografias do Colégio Agrícola Dom Agostinho Ikas da Universidade Federal Rural de
Pernambuco como artefato de memória institucional.
2 BREVE
CONTEXTUALIZAÇÃO
SOBRE
INFORMAÇÃO
E
MEMÓRIA
INSTITUCIONAL
A origem mais remota aplicada ao campo disciplinar da Ciência da Informação (CI)
encontra-se de certa forma na história da biblioteconomia, pois esta se manifesta como uma
área onde inicialmente emerge a bibliografia e, em seguida, a documentação.
Inicialmente, é crucial salientar que essa biblioteconomia considerada como o ponto de
partida da CI, segundo Jesse H. Shera, está direcionada à vertente especializada norteamericana, a qual se aproxima de questões relacionadas à Documentação.
Em outra perspectiva visionária, na Europa, a origem da CI está interligada ao
desenvolvimento, aos estudos e às práticas documentárias propostas por Paul Otlet e Henry La
Fontaine. Nos Estados Unidos, a conexão estava relacionada às questões da tecnologia
introdutória da Recuperação da Informação, vista pela ótica de Vannevar Bush.
Seguindo essa linha de raciocínio, é pertinente destacar que, de acordo com a visão de
Miksa (1992), a biblioteconomia surge como uma nova área que se dedica ao estudo e ao
desenvolvimento profissional focados em práticas de planejamento, tratamento, organização e
disponibilização dos acervos para um público específico, inicialmente definido. Contudo, com
o avanço da modernidade, novos tópicos permeiam os alicerces da biblioteconomia,
especialmente temas relacionados aos setores sociais que não necessariamente estavam
presentes nesse contexto institucional previamente mencionado. Isso levou à ampliação do
conceito de acesso, expandindo de itens bibliográficos e documentais para acesso à informação.
Com base nessa perspectiva, é notável que, em 1876, durante a primeira conferência da
American Library Association (ALA), bibliotecários e bibliógrafos se depararam com desafios
relacionados à informação. Nesse momento, eles foram motivados a desenvolver um trabalho
colaborativo para abordar a análise de assuntos e artigos de periódicos, bem como a criação de
índices coletivos. Essas atividades eram inicialmente realizadas dentro das bibliotecas.
Entretanto, a continuidade desse esforço mostrou-se ineficaz devido ao sistema de classificação
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adotado e aos catálogos planejados para organizar documentos com conteúdos semelhantes ou
afins (Ortega, 2004).
Com o tempo, esses serviços passaram a ser cada vez mais assumidos pelo crescente
número de documentalistas que se dispuseram a dedicar-se a análises aprofundadas desses
conteúdos, visando um tratamento mais apropriado para sua organização.
A partir dessa premissa, o termo "informação" amplia seu escopo de estudo para a CI,
que de maneira científica começa a definir, de entre as muitas respostas já formuladas, um
significado que busca abranger a integralidade da área. Isso começa com uma análise de
Buckland (1991), que, ao examinar os principais usos da palavra "informação" na pesquisa em
CI, identificou três principais abordagens: informação como processo (o ato de informar),
informação como conhecimento (aquilo que é percebido no "informação como processo" e
processado de maneira intrínseca) e informação como objeto (usado para designar entidades).
Considerando que a informação pode ser tanto tangível quanto intangível, Buckland
apresenta uma nova forma de definição de informação: processamento da informação. Isso
representa uma nova maneira de enxergar as diversas formas de informação como entidades.
Em uma linha de pensamento semelhante, Vreeken (2002), após examinar as definições
propostas por outros autores para o conceito de informação, apresenta quatro usos
fundamentais: informação como entidade (considerada uma entidade física), informação como
processo (modo intrínseco de comunicar-se), informação como construção social
(compartilhamento em sistemas sociais) e informação como probabilidade (avaliação da
probabilidade de uma mensagem transmitida). Esses são apenas alguns exemplos dentre muitos
que poderiam ser mencionados.
De acordo com Barreto (1994), a informação adquire um enfoque voltado para o
conhecimento, estando organizada de maneira sistemática em estruturas mentais que
representam composições compreensíveis. Ele descreve que o "conhecimento" surge de forma
individual como um ato de "interpretação", alinhando ideias sob uma perspectiva que emerge
da assimilação do objeto informacional pelas estruturas mentais de cada indivíduo.
Para elucidar essa conexão biológica da informação em nosso corpo, Edwards (1994, p.
13) expõe que:
No corpo humano, as informações são transmitidas sob a forma de pulsos que
percorrem as fibras nervosas. O sistema nervoso humano direciona os
movimentos por meio da transmissão de sinais que partem dos centros de
controle e percorrem os músculos, os quais se contraem e executam
movimentos coordenados.
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Isso é viabilizado pela neuroplasticidade, definida como a capacidade do cérebro de se
reconfigurar em resposta a estímulos do ambiente. Essa dinâmica permite o armazenamento,
que, ao contrário do que muitos podem supor, ocorre no interior do cérebro. As informações se
distribuem nas regiões dispersas do cérebro, integradas em redes neurais complexas, e são
constantemente adaptadas para assegurar sua preservação.
Portanto, a relação entre "informação" e "memória" é intrínseca e indissociável. Hoje
em dia, não é possível abordar um desses temas sem considerar o outro, visto que estão
interligados e remetem diretamente a um espaço cognitivo da mente humana. A utilidade
conceitual é considerada uma forma de agregar a essência e a compreensão de uma assimilação
que se entrelaça dentro do âmbito da CI.
O diálogo entre a CI e outras áreas ocorre porque a interdisciplinaridade, ou seja, o ponto
de convergência entre elas é a informação, e usando desse mecanismo a memória é algo que
começa a intercalar os alicerces da CI, e dentro dessa análise busca-se compreender onde
começou a se pensar e enquadrar a CI dentro da sociedade.
Segundo Le Goff (1994, p. 23), “[...] a memória, como propriedade de conservar
informação, reenvia-nos em primeiro lugar para um conjunto de funções psíquicas, graças às
quais o homem pode atualizar impressões ou informações passadas, que ele representa como
passadas”. Dentro dessa vertente Le Goff, corrobora afirmando que existem vários problemas
em relação a teorias sobre a memória, isto porque, há uma linha de cientistas que abordam os
fenômenos da memória dentro da esfera das ciências humanas e sociais, pois muitas coisas
ainda não sabem sobre percepções cognitivas.
Le Goff (1994) também afirma que estabelecer um conceito para memória está longe de
ser uma tarefa simples. Isso ocorre porque, da mesma forma que acontece com a informação, a
memória também é abordada em diversos contextos disciplinares, dentro de vários campos do
conhecimento.
Nesse sentido, podemos recorrer a uma ideia apresentada por Paul Ricoeur (2007), que
enfatiza que a memória pertence ao passado, mas é no presente que ela é reinterpretada através
dos vestígios deixados pelas pessoas ao longo de suas vidas. Ele afirma que "[...] a memória é
o presente do passado; o que é dito sobre o tempo e sua relação com a interioridade pode ser
facilmente estendido à memória" (Ricoeur, 2007, p. 111).
Ricoeur também afirma que é possível ter memória ao mesmo tempo em que se destaca
o esquecimento. Ele utiliza o exemplo de Santo Agostinho, que argumenta que é a memória
que retém o esquecimento, pois não seria possível lembrar do próprio esquecimento. Não se
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poderia ouvir, recordar e reconhecer sua realidade, bem como entender sua origem e
significado.
Dessa forma, Crippa (2010, p. 81) afirma que a memória permite a recuperação de algo
do passado, alinhando-se aos dados do presente. Isso preserva informações específicas que são
essenciais tanto para experiências individuais quanto para a gestão do conhecimento sobre
aspectos científicos, filosóficos e técnicos.
Com isso, Kessel (2004, p. 3) corrobora afirmando que,
[...] as memórias individuais alimentam-se da memória coletiva e histórica e
incluem elementos mais amplos do que a maioria construída pelo indivíduo e
seu grupo. Um dos elementos mais importantes, que afirmam o caráter social
da memória, é a linguagem. As trocas entre os membros de um grupo se fazem
por meio de linguagem. As trocas entre os membros de um grupo se fazem
por meio de linguagem. Lembrar e narrar se constituem da linguagem.
Por meio da memória e sua fragmentação que é possível compreender um contexto
histórico e a origem de determinadas crenças, comunidades, línguas, ideologias, rituais, modas
e demais estruturas que hoje formulam a vida humana. Esses procedimentos remetem a
institucionalização e a concepção de uma cultura específica. Diehl (2002, p. 116) afirma que:
[...] a memória possui contextualidade e é possível ser atualizada
historicamente [...] é uma representação produzida através da experiência.
Constitui-se de um saber,formando tradições, caminhos – como canais de
comunicação entre dimensões temporais, ao invés de rastros e restos como no
caso da lembrança. [...] A memória pode constituir-se de elementos
individuais e coletivos, fazendo parte da perspectiva de futuro, de utopias, de
consciências do passado e de sofrimento. Ela possui a capacidade de
instrumentalizar canais de comunicação para consciência histórica e cultura,
uma vez que pode abranger a totalidade do passado, num determinado corte
temporal.
Segundo Almeida (2006, p. 2), a memória pode ser considerada como uma atribuição
que favorece os seres humanos, visto que ela permite a utilização de experiências antigas na
formulação de problemas atuais, remete lembranças sobre experiências pessoais, possibilitando
formular e antecipar novos eventos.
Podemos utilizar essa menção de Almeida, no intuito de descrever a nossa própria
organização comunitária, onde se identifica pessoas que são eleitas em prol de um
favorecimento coletivo, e quando não são atingidos os pontos necessários para o convívio
conjunto, de um acordo geral que são as votações, elas são trocadas e um novo processo se
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inicia, isto acontece justamente, pois o ato de lembrar os erros e as experiências ruins refletem
nas atitudes do presente com a visão de um futuro.
Por meio de uma investigação das relações entre memória e instituição, estabelece-se
um conceito que se cruza com diversos outros elementos essenciais nessa construção. A
singularidade dessa análise reside no percurso não convencional dos segmentos, um processo
de interação e intersecção com outras disciplinas, estabelecendo uma conexão positiva e coesa
para a construção e contribuição da própria ciência.
Para compreender essa relação da memória no contexto institucional, é necessário, de
forma introdutória, entender o que é uma instituição. É crucial compreender que a memória
passa por variações de discursos presentes na sociedade, e as instituições emergem na sociedade
com facetas relacionadas ao esquecimento e à lembrança. Portanto, é fundamental observar a
racionalização dos indivíduos, visando à formação institucional na sociedade.
No conceito de memória institucional, os elementos conceituais que influenciam o
processo institucional das relações sociais procuram compreender as conexões entre memória
e instituição, sendo assim, é necessário estabelecer ligações com a noção de sociedade.
Para uma explicação mais clara, a instituição traz em sua prática, muitas vezes sem
perceber, ferramentas de controle social que buscam estabelecer regras e padrões para auxiliar
na construção e funcionamento das suas funções reprodutivas. Trata-se, portanto, da reprodução
de um ritual que deve ser repetido, devido ao hábito constante e à ajuda da memória (Costa,
1997).
Neste sentido, Thiesen (2013, p. 285-286) explica que,
A memória institucional, [...] remete-nos a experiências híbridas, que incluem
e excluem no social. Na perspectiva do tempo, seria o retorno reelaborado de
tudo aquilo que contabilizamos na história como conquistas, legados,
acontecimentos, mas também vicissitudes, servidões, escuridão [...].
Compreender as experiências híbridas significa reconhecer situações que transcendem
o universo no qual estamos imersos, especialmente quando se trata da sociedade como um todo.
No entanto, ao mesmo tempo, raramente essas situações estarão integralmente inseridas no
contexto social, como é proposto. Isso ocorre porque diversos fatores exercem influência nesse
processo, como os aspectos políticos, sociais e culturais. Um exemplo disso é quando nos
deparamos com uma situação que nos leva a perceber a informação sobre o impacto da memória
dentro de uma perspectiva memorialística, o que nos leva a descobrir o valor que a instituição
carrega em sua identidade (Barbosa, 2010).
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Compreender a memória como ligação do tempo, e subentender que esse tempo é
criador de fatores que advém da realidade, podemos afirmar que a memória dentro do seu
aspecto de lembrar e esquecer é base fundamental do alicerce do conhecimento, e assim
contribui para a construção de uma identidade. Rueda, Freitas e Valls (2011, p. 82) afirmam
que,
[...] as instituições sendo parte integrante dos meios sociais e políticos da
sociedade têm papel importante na construção da memória social, são fontes
produtoras de informações, [...] entendendo-se que a questão da identidade
que se apresenta pela preservação da memória institucional é o fator
primordial para justificar sua valorização.
Dessa forma, a memória institucional carrega consigo a ideia de construção social, por
meio de seu processo de construção. Logo, o resultado desse processo é social e coletivo, como
destacam Moreno, Lopes e Di Chiara (2011, p.4), "Quando as instituições compartilham sua
memória, têm a oportunidade de resgatar sua imagem perante a comunidade [...]". Em outras
palavras, cada vez que uma concepção de memória institucional é estabelecida, emergem os
valores que fundamentam a instituição, e todo o desenvolvimento da mesma é impulsionado
por valores de pertencimento à instituição como um todo.
Para essa construção, elementos fundamentais são utilizados para compor essa memória.
Entre eles está a fotografia, que, segundo Quadros e Brito (2008, p. 10), tem um papel crucial:
A importância das memórias e das fotografias também reside não apenas no
fato de se constituírem como documentos, mas, sobretudo, por possibilitarem
formas de construir novas compreensões do tempo e novos espaços para as
pessoas na história, desde que se compreenda que o que é recordado não é um
reflexo do real, mas uma prática geradora de significado, ancorada no
presente.
Nessa análise, percebemos a construção reflexiva da memória institucional por meio de
documentos e depoimentos que reforçam a concepção social de uma determinada sociedade.
Temos, então, o valor essencial do documento e a inclusão da fotografia como artefato
documental. Afinal, ao abordarmos a fotografia sob a perspectiva informacional como um
documento ou fenômeno memorialístico, é crucial compreender que ela precisa estar inserida
em seu contexto social. Somente assim ela pode ser interpretada e contextualizada com o
propósito informativo pretendido. Caso contrário, seria como ter um livro escrito em uma língua
desconhecida, uma informação que não tem utilidade até que seja devidamente traduzida.
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2 PERCURSO METODOLÓGICO
Essa foi uma pesquisa de natureza empírica, com abordagem qualitativa, de caráter
documental e exploratória, que para Gil (2010 p. 27), "tem como propósito proporcionar maior
familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses."
É um estudo de caso, visto que é uma estratégia de pesquisa científica que analisa um
fenômeno atual em seu contexto real e as variáveis que o influenciam. Identificado, então, como
um estudo intensivo e sistemático sobre uma instituição, comunidade ou indivíduo que permite
examinar fenômenos com diversos níveis de complexidade.
O estudo de caso terá como lócus da pesquisa o CODAI da UFRPE cujas fotografias
foram selecionadas a partir de uma amostragem do tipo intencional e não aleatória, partindo
dos seguintes critérios: a) ser fotografia de produção ou recebimento da instituição; b) existir
em suporte físico ou digital; e, c) registrar imagens e personagens em eventos culturais, sociais,
políticos e acadêmicos da instituição.
A presente pesquisa foi executada da seguinte maneira:
a) identificação dos locais onde as fotografias estavam armazenadas: Biblioteca,
Direção de Ensino, Direção Administrativa, Agroindústria e EAD;
b) seleção das fotografias: foram selecionadas 10 fotografias (análogicas, digitais ou
digitalizadas) relacionadas a eventos importantes, das últimas décadas, no período de 1936 a
2023, para cada uma das 3 categorias a seguir: Social (todas as unidades de significação que
estejam trajadas a eventos socioinstitucionais, tais como festas, formaturas, feiras, viagens, aula
de campo, lazer, socialização de funcionários, discentes, docentes e formações diversas),
Política (visitas governamentais à instituição, inaugurações, reuniões políticas, visitas do reitor,
votações de chapa e grêmio estudantil) e Estrutural (reuniu tudo que estava interligado ao
funcionamento da instituição, representações de questões físicas, de segurança, de limpeza, de
espaço, de acessibilidade, entre outros aspectos);
c) descrição das fotografias de acordo com a SEPIADES: as fotografias foram descritas
de acordo com a Sepiades, pois dentro de sua estruturação é permitida a inclusão de metadados,
com função de descrição multinível (árvore hierárquica), a saber: imagem. Data, local, tipo de
arquivo, situação do arquivo, dimensões, formato do arquivo, código de referência, descrição e
descrição 2);
d) constituição de grupos de trabalho colaborativos para a descrição das fotografias: os
grupos foram compostos de acordo com as categorias de seleção das fotografias, sendo: Social
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(alunos e ex-alunos); Política (diretores e ex-diretores, professores e ex-professores); e,
Estrutural (funcionários e ex-funcionários administrativos);
e) aplicação de entrevista semiestruturada: a entrevista semiestruturada foi aplicada de
maneira direta com os partícipes dos grupos de descrição, com perguntas que revisitavam
aquele momento registrado na fotografia com intuito de maximizar as lembranças, a saber: 1.
Qual a primeira lembrança que vem a sua memória ao ver essa fotografia? 2. O que essa(s)
pessoas/espaço/evento te faz(em) lembrar? 3. Como você descreveria esse momento de acordo
com o que vivenciou?
3 ANÁLISE E RESULTADO
A memória institucional abriga a identidade e a história de uma organização e tem sido
alvo de crescente interesse e pesquisa. Dentre as várias abordagens que buscam compreender e
perpetuar a memória institucional, a organização de fotografias emerge como um meio singular
e eficaz.
A fotografia, como testemunha silenciosa do tempo, captura momentos que, quando
organizados e contextualizados adequadamente, adquirem significados profundos e
duradouros. Cada imagem contém uma gama de informações intrínsecas, desde os elementos
visuais até os sentimentos e as histórias implícitas. Através da organização metódica de
fotografias, é possível traçar a trajetória de uma instituição, desde sua fundação até os dias
atuais, utilizando as imagens como peças-chave de um quebra-cabeça histórico.
A organização de fotografias como parte da memória institucional transcende o mero
registro de eventos. Ela captura a essência das relações humanas, das conquistas e das
dificuldades enfrentadas. Ao observar imagens que documentam eventos passados, as gerações
atuais são instigadas a refletir sobre o progresso alcançado e a identificar lições aprendidas,
uma vez que a informação visual de cada fotografia é capaz de transmitir nuances e detalhes
que as palavras muitas vezes não conseguem.
Além disso, a memória institucional organizada por meio de fotografias desempenha
um papel vital na comunicação com a comunidade. As imagens, muitas vezes, têm o poder de
evocar emoções e conexões mais profundas do que as palavras por si só. Através de exposições
fotográficas, publicações e plataformas online, as instituições podem compartilhar sua história
de maneira envolvente, destacando a riqueza de informação contida em cada imagem e
proporcionando um diálogo vivo com o público.
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Contudo, devemos considerar que a organização de fotografias requer uma abordagem
cuidadosa e criteriosa. A seleção, a descrição e a interpretação das imagens devem ser
orientadas por uma compreensão sólida da cultura e da missão da instituição. Além disso, o uso
de tecnologias digitais permite a preservação e o acesso facilitado a esses registros visuais,
ampliando ainda mais o potencial de compartilhamento e interação, e permitindo uma
exploração mais aprofundada da informação encapsulada em cada fotografia.
As fotos selecionadas nesta pesquisa revelaram diferentes aspectos essenciais da
trajetória da instituição. A seguir desmonstraremos 3 exemplos, uma de cada categoria (social,
política e estrutural), que permitiram contribuir para a construção da memória institucional a
partir da visão atual que permitiu a descrição das fotografias.
Para a categoria social, demonstraremos a descrição de uma fotografia da quadra
poliesportiva da instituição do ano de 1998, seguida dos metadados, conforme Figura 1.
Figura 1 – Exemplo descrição de fotografia da categoria social.
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Data: 1998
Local: Quadra poliesportiva do CODAI, Feira de Informações em agropecuária e Conhecimentos Gerais
Tipo: Impresso
Situação: Conservado
Dimensões: 10x15
Formato: Álbum de fotografia
Código de Referência: Social 7
Descrição: Quatro alunos e um professor segurando uma cobra.
Fonte: Dados da pesquisa.
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Durante a descrição dessa fotografia foi possível coletar a seguinte depoimento do
sujeito B: Fui aluna do Codai na década de 90, essa foto aí foi no dia da feira de agropecuária
do ano de 98, primeiramente passa o filme na mente, recordações de momentos maravilhosos,
junto com os colegas da escola, a gente viveu momentos intensos, muito intensos, fiz amizades
que permanecem até hoje, laços que foram unidos e que permaneceram, me lembro nesse dia
que era um evento esperadíssimo, cheio de expectativas, e além de um trabalho árduo, era
nosso show, era um momento de brilhar, com algo que a gente aprendeu e estava levando
adiante esse conhecimento, diante ao público, foi um dia muito agitado e de muita
responsabilidade também, os professores eles cobravam muito de nós e ao mesmo tempo eles
tinham o acolhimento, um acolhimento como se fosse de uma família. Era bem assim, como se
fosse uma grande família estudar no CODAI.
Essa foto, lembro que estava abraçando meu professor de zootecnia, Pedro Lima,
professor muito competente e acima de tudo ele se doava muito, me lembro bem que tínhamos
essa foto aí na escola como mascote desde pequenina, e a mesma foi um dos animais exposto
na feira de agropecuária, Ton a cobra! Infelizmente ela adoeceu, logo após a feira morreu,
alguns dizem que foi estresse,estresse da feira. E há quem diga que não! Pois mais estresse do
que ela passava diariamente conosco, sempre de mão em mão, era assim ela era como nosso
animal de estimação, ficávamos o dia todo assim com ela.
Para a categoria política demonstraremos uma fotografia de uma mesa de debate da
instituição do ano de 2010, seguida dos metadados, conforme Figura 2.
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Figura 2 – Exemplo de descrição de fotografia da categoria política.
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Data: 13 de Agosto de 2010
Local: Auditório do Colégio Agrícola Dom Agostinho Ikas
Tipo: Digital
Situação: Conservada
Dimensões: 2592x1944
Formato: Digitalizado
Código de Referência: Política 9
Descrição: Mesa de debate de candidaturas onde estão três homens sentados atrás dela, sendo que
um deles faz uso de microfone, ao fundo está sentado um aluno do colégio.
Fonte: Dados da pesquisa.
Durante a descrição da fotografia da figura 2, coletamos o seguinte depoismento do
sujeito C, a saber: Quando neste ano lançamos no CODAI-UFRPE a campanha para a escolha
da nova direção o fizemos com o propósito de romper com os entraves trazidos pelas
concepções reacionárias e conservadoras, então dominantes, na perspectiva de construção de
novos caminhos rompendo com a apatia reinante. Tínhamos a convicção que esses novos
caminhos só poderiam ser construídos com uma prática que possuísse em sua essência
princípios democráticos, participativos e transparentes". Sem esse tripé renovador a
Universidade e o CODAI continuariam no mesmo sem perspectivas de mudanças, olhando para
baixo e de costas para o mundo. Foi desse modo que intensificamos um estreitamento entre a
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Direção do CODAI, os estudantes capitaneados pelo seu Diretório Estudantil, os servidores
técnico-administrativos e os professores. A nossa proposta indicava por outro lado que a nossa
aproximação não poderia, nem de longe, se dar no sentido de significar ingerência nos
assuntos desses segmentos e muito menos deixarmo-nos possuir pelo desejo de transformar os
Movimentos em um cordão umbilical da administração.
Para a categoria estrutural demonstraremos uma fotografia da biblioteca da instituição
do ano de 2004, seguida dos metadados, conforme Figura 3.
Figura 3 – Exemplo de descrição de fotografia da categoria estrutural.
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Data: 2004
Local: Biblioteca Professor Roldão de Siqueira Fontes
Tipo: Digitalizada
Situação: Conservada
Dimensões: 640x480
Formato: JPEG
Código de Referência: Estrutural 8
Descrição: Sala da biblioteca contendo estantes com livros, com iluminação artificial e natural,
sendo que no primeiro plano há um aluno com mochila nas costas e no segundo plano uma mulher
realizando leitura.
Fonte: Dados da pesquisa.
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Durante a descrição da fotografía da biblioteca, pelo grupo de trabalho, foi possível
coletar depoimentos por meio da entrevista semiestruturada, onde destacamos a seguinte
lembrança relatada.
O sujeito A relatou que: Lembro do sininho que ficava na porta da biblioteca, sempre
que a porta abria ou fechava o sininho balançava, avisando que tinha alguém chegando ou
saindo. Ainda lembro do som. […] Lembro muito de Tia Lúcia, era assim que chamávamos ela,
a responsável pela biblioteca. Ela era muito cuidadosa com o espaço e com os livros. A
biblioteca era muito organizada e eu amava ir fazer os trabalhos com os colegas ali. Um dia
de aula. Tia Lúcia trabalhando na catalogação ou organização dos livros e os alunos
estudando.
A pesquisa, a partir desses exemplos mencionados anteriormente, permite comprender
que a organização de fotografias desempenha um papel essencial na preservação da memória
institucional. Ao trazer à tona momentos significativos, conectando as gerações passadas e
presentes, a memória visual se torna um instrumento poderoso para fortalecer a identidade da
instituição e promover um entendimento mais profundo de sua contribuição para a sociedade.
Nesse sentido, a capacidade de comunicar, educar e disseminar informações através das
imagens torna a organização de fotografias uma ferramenta relevante na construção do legado
de uma instituição.
4 CONSIDERAÇÕES
Compreendemos que a organização documental de fotografías contribui sobremaneira
para a construção da memória institucional e, nesse sentido, foi possível, por meio da descrição
de fotografías, a partir de padres intercambiáveis, bem como, por meio de relatos de
experiências e lembranças de momentos da instituição que a hipótese inicial foi confirmada, ou
seja, a organização das fotografías permite um delineamento dos pilares necessários para a
compreensão social, política e ideológica da instituição CODAI-UFRPE.
Os padrões e percurso aqui descritos poderão subsidiar outras iniciativas para ampliar a
discussão e a compreensão de forma como estamos reconstruindo a memória a partir de uma
visão atual em relação ao passado.
Nessa perspectiva, informação, memória e documento se constituem um tripé com
possibilidades variadas para estudos de memória institucional que deverá ser agregado a outras
metodologias para compreendermos o legado de uma determinada instituição.
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A organização de fotografias se apresenta como uma ponte entre o passado, o presente
e o futuro de uma instituição. Ao trazer à tona a informação encapsulada em cada imagem, essa
abordagem enriquece a memória institucional e contribui para a construção de uma identidade
sólida e conectada com sua comunidade. A capacidade das imagens de evocar emoções, contar
histórias e transmitir informação confirma a importância da organização de fotografias como
um instrumento na preservação do legado institucional.
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