O ano de 2024 já está acabando e, para celebrar a moda que marcou os últimos doze meses, perguntamos para a redação da Vogue Brasil "qual foi seu desfile favorito neste ano?". Uma questão difícil em um ano definidor para a moda mundial. Entre coleções internacionais e nacionais, confira as respostas das diretoras, editoras e repórteres da redação:
Paula Merlo, diretora de conteúdo
"Quando se tem o privilégio de ver o trabalho do Sr. Armani bem de pertinho, só se pode agradecer. E tive essa sorte de, em junho de 2024, ver seu desfile de alta-costura. Eram tantos bordados minuciosos, tantas pérolas mexendo com o caminhar das modelos, que pela primeira vez consegui 'escutar' a passarela. Emocionante!"
Maria Laura Neves, redatora-chefe
"Bottega Venetta SS25 com suas criaturas mágicas, o mergulho na infância e na ousadia de Matthieu Blazy. Além de um sopro de criatividade e irreverência na semana de moda de Milão, teve os assentos mais confortáveis e divertidos da história contemporânea da moda, com seus pufes de bichinhos."
Vívian Sotocórno, diretora de moda
"Valentino inverno 2024/25, pela importância histórica de ter sido o último desfile de Pierpaolo Piccioli. O melhor colorista de sua geração se despediu com uma coleção de 63 looks inteiramente pretos, deixando sobressair a riqueza técnica do ateliê da casa, sempre tão valorizado por ele – riqueza técnica essa que, mesmo no prêt-à-porter, beira a alta-costura."
Alice Coy, editora de moda
"Me emocionei com a despedida do Dries Van Noten na temporada masculina de verão 2025. Seus quase 40 anos de carreira levaram para a passarela um conceito de moda firmado muito mais em estilo do que em tendências e é por isso que as suas criações nunca pareceram datadas. Seu último desfile reuniu vários de seus códigos, como os florais, as transparências e os metalizados, mas não em clima de retrospectiva – isso não seria a cara do Dries, que sempre escolheu olhar para a frente. Ao invés, ele levou à passarela uma celebração elegante de sua trajetória."
Zazá Pecego, stylist sênior
"Meu desfile favorito foi o de inverno 2024 da Luar, durante a fashion week de NY. A marca tem cada vez mais se concretizado como uma das mais fortes do line up e toda vez me emociona ver um estilista de origem latina criando momentos marcantes e trazendo novidade pra indústria. No desfile desse ano tive a sorte de sentar de frente para Beyoncé, que foi assistir a estreia do seu sobrinho Jules, o que tornou a experiência ainda mais inesquecível. As ombreiras, os cabelos e a atmosfera do desfile vão permanecer vivos na minha memória por muito tempo!"
Paula Mello, editora digital
“Meu desfile preferido deste ano foi, sem dúvidas, o inverno 2024 da Chloé durante a semana de moda de Paris, que marcou a estreia de Chemena Kamali como diretora criativa da marca. A alemã, que já havia trabalhado na grife anteriormente, resgatou toda a estética boho com direito a vestidos esvoaçantes transparentes com babados (um deles usado por Gisele Bündchen na edição de setembro da Vogue Brasil, óculos de sol estilo aviador, botas de cano altíssimo, jeans em patchwork e Sienna Miller superdescolada na fila A usando slip dress, jaqueta preta de couro e sandálias anabela. Pra mim, foi o desfile mais cool do ano, com roupas pensadas para as mulheres por outra mulher.”
Isabela Pétala, produtora de conteúdo de moda
"Mesmo com as idas e vindas a cerca de quem ficaria na direção criativa da Chanel após a saída de Virginie Viard em junho deste ano (mistério agora já solucionado), o estúdio de criação da maison mudou o foco entre os admiradores ao agradar nas passarelas. Em especial, o desfile de verão 2025 da marca me marcou muito. Afinal, foi a apresentação que trouxe a Chanel de volta para sua 'casa', o Grand Palais. Como se esse retorno não fosse emocionante por si só, a performance de Riley Keough, neta de Elvis Presley, cantando 'When Doves Cry', do Prince, deu a sensação de esperança e frescor que a coleção fez questão de trazer.
No Brasil, é impossível não se recordar do desfile de estreia da WTNB, marca da estilista Ana Clara Watanabe. Apresentado no topo do histórico Edifício Martinelli em São Paulo, a designer de 26 anos homenageou o centenário de Tarsila do Amaral com peças esculturais, feitas com estruturas de metal e madeira, além de utilizar tecidos reaproveitados."
Luxas Assunção, produtor de conteúdo de moda
"Acredito que 2024 foi um ano com desfiles um pouco menos apoteóticos que o anterior. Em termos de coleções, a minha favorita foi o verão 2025 masculino da Gucci, Sabato de Sarno brilhou nessa que foi sua segunda coleção masculina para a label e que não foi só uma reedição do feminino. É uma coleção superdivertida, colorida, com peças muito desejáveis. As estampas são deliciosamente cool e fogem um pouco do óbvio do que esperamos de coleções masculinas.
Já entre os desfiles nacionais, tenho que dizer o retorno de Alexandre Herchcovitch ao SPFW, em outubro, no Complexo Julio Prestes. Super fresco, uma alfaiataria cheia de ideias novas e sacadas muito legais - como o vestido vazado no meio, os ternos de veludo ou os macacões com recortes."
Thiago Baltazar, produtor de conteúdo digital
"Para mim, o melhor desfile de 2024 foi o de alta-costura de verão 2024 da Maison Margiela, que recentemente anunciou a saída do lendário John Galliano. O show, e dou ênfase no termo, teve início com uma apresentação musical dramática de Lucky Love (cantor francês mais cool do momento) e esteve muito em sintonia ao que foi exibido na passarela posteriormente. A coleção foi apresentada sob a Ponte Alexandre III, que atravessa o rio Sena em Paris, trazendo espartilhos, vestidos de transparência quase erótica e uma beleza teatral assinada pela icônica Pat McGrath. Um dos melhores desfiles do designer em anos!"
Déia Lansky, produtora executiva
"Em sua estreia no SPFW, a Normando trouxe para passarela seu core – uma alfaiataria refinada, combinada com a utilização de materiais orgânicos típicos do Norte, fazendo uma fusão coesa entre tradição e inovação. Para além da utilização dos materiais regionais, o tema da coleção 'Os Vândalos do Apocalipse' – um grupo de modernistas que se reuniam no mercado Ver-o-Peso nos traz um mundo de inspirações em estampas, texturas e estrutura nas peças apresentadas."