Em 2024, o mundo da moda viveu momentos efervescentes sem intervalos, com mudanças de direção criativa e retornos marcantes no cenário internacional. A troca de diretores criativos nas maiores grifes do planeta dominou os holofotes, com a entrada de novos nomes no comando das coleções dessas icônicas maisons. Ao mesmo tempo, a indústria celebrou o retorno de supermodelos como Bella Hadid e Adriana Lima, que reconquistaram os palcos das passarelas mais renomadas. Outro destaque foi a volta da Chanel ao Grand Palais, um espetáculo que revigorou a relação de longa data da marca com esse espaço histórico. Abaixo, confira uma lista com os 15 momentos da moda mais marcantes deste ano.
1. O anúncio de Matthieu Blazy na direção artística da Chanel
O fim do maior mistério do mundo da moda deste ano teve fim no dia 12 de dezembro. Foi uma quinta-feira agitada, que começou com Louise Trotter anunciando sua saída da Carven, seguido pelo comunicado de que Matthieu Blazy deixaria a Bottega Veneta para ser sucedido pela britânica. Logo depois, a revelação que já era especulada foi oficializada: o franco-belga seria o novo diretor artístico da Chanel. O cargo mais disputado da indústria da moda teve concorrentes de peso - nomes como John Galliano, Simon Porte Jacquemus, Heidi Slimani, e Haider Ackermann são apenas alguns dos que foram citados como possíveis sucessores. No entanto, o mix de sucesso comercial, apreço por novidade e técnica artesanal, que se tornou sinônimo do trabalho do franco-belga, fez com que a maison o convidasse para expandir o DNA Chanel para um futuro, segundo eles, longínquo.
2. A despedida de John Galliano na Maison Margiela - em um dos seus desfiles mais icônicos
Em janeiro deste ano, a Maison Margiela apresentou a sua coleção de alta-costura no que veio a ser um dos desfiles mais icônicos da moda - e da trajetória já extensa de John Galliano. O estilista apresentou o show debaixo da Ponte Alexandre III, em Paris, com looks de silhuetas exageradas, transparências, referências BDSM, e peças que davam a ilusão de pinturas. No rosto, a maquiagem à la boneca de porcelana assinada por Pat McGrath com certeza foi a mais referenciada do ano.
Como se já não bastasse seu legado, a apresentação seria a última do designer na marca, já que em dezembro Galliano anunciou sua saída na Maison Margiela após uma década. Em uma carta aberta emocionada, o estilista agradeceu a confiança da etiqueta e de sua equipe, principalmente por ter sido a primeira casa em que assumiu a direção três anos após ter sido demitido da Dior por suas declarações antissemitas. O estilista deixou o público curioso ao mencionar os diversos boatos a cerca de seu nome e seu próximo destino, e garante que, quando o momento foi oportuno, tudo será revelado. Resta aguardar a cena dos próximos capítulos.
3. O último desfile de Pierpaolo Piccioli na Valentino
Se nos últimos anos, o sinônimo do rosa vibrante ganhou o sobrenome da Valentino, o culpado por esse mundo que viu a moda através de lentes cor-de-rosa foi Pierpaolo Piccioli. No entanto, no que seria o seu último desfile para a casa, sua coleção de inverno 2024 (sua saída foi anunciada no fim daquele mesmo mês, em março), mostrou que sua potência iria além da cor que viralizou seu nome para além do nicho da moda. Isso porque na coleção “Le Noir”, o designer apresentou apenas peças tingidas de preto, deixando em evidência os códigos refinados que ele trabalhou em quase 25 anos de marca.
4. Após sucesso na Gucci, Valentino recebe Alessandro Michele
Em uma das danças de cadeiras mais polarizadoras da moda atual, em março deste ano, Alessandro Michele deixou a Gucci para ocupar o cargo de diretor criativo da Valentino. O anúncio da saída do designer, que estava no comando da etiqueta italiana desde 2015, e na marca desde 2002, tomou todos de surpresa. Afinal, o designer foi responsável pela revolução da imagem da grife desde que assumiu sua liderança, a tornando a marca mais quente do mundo por anos.
A aguardada estreia de Michele para a Valentino aconteceu em setembro deste ano, em uma sala com espelhos rachados como piso, móveis recoberto por lençóis, e alguns de seus fiéis amigos, como Harry Styles e Florence Welch (que consolidaram seus estilos com suas criações na Gucci). O estilista trouxe sua visão maximalista e ultra glamurosa para Paris, gerando diversas comparações com seu trabalho na etiqueta italiana, mas trazendo uma versão mais feminina de sua identidade.
5. A estreia de Chemena Kamali na Chloé
Depois da saída de Gabriela Hearst da Chloé após três anos, em julho de 2023, o mundo aguardou com afinco a estreia de Chemena Kamali na marca em fevereiro deste ano. E seu début não decepcionou. Pelo contrário, a coleção de inverno 2024 foi um estrondo, ao trazer a essência da mulher Chloé conectada com códigos de arquivo da marca dos anos 1970 através de peças sofisticadas, esvoaçantes, e ultra femininas - feitas por uma mulher, para mulheres. A alemã também foi a responsável por firmar a disseminação de uma das maiores tendências do ano: o boho.
6. Dries Van Noten se despede da direção de sua marca
Em uma das despedidas mais sentidas da moda, Dries Van Noten anunciou em março deste ano que deixaria a direção criativa de sua marca após quatro décadas. Fundada em 1986, o belga afirmou "querer mudar meu foco para todas as coisas para as quais nunca tive tempo”, e deixar espaço para uma nova geração de talentos trazer sua visão para a marca. Dito e feito, na primeira coleção após sua saída, assinada pelo estúdio de criação da marca, códigos de sua história foram referenciados e, em dezembro, Julian Klausner, jovem estilista que fazia parte da equipe da etiqueta, foi anunciado como o novo diretor criativo.
7. O retorno de Bella Hadid e de Adriana Lima nas passarelas
Neste ano, duas das supermodelos mais amadas pelos apaixonados por moda retornaram às passarelas. Bella Hadid trouxe de volta seu catwalk poderoso durante o desfile de verão 2025 da Saint Laurent. Ela também marcou presença em outro desfile icônico de 2024, ao fechar o retorno do Victoria's Secret Fashion Show. Outro comeback que surpreendeu a todos foi o de Adriana Lima que, junto de um esquadrão de supermodelos como Kendall Jenner, Carol Trentini e Candice Swanepoel, estrelaram o desfile de verão 2025 da Schiaparelli.
8. A volta da Chanel ao Grand Palais
Em meio à rumores de quem assumiria a direção da Chanel, a maison fez o seu retorno ao Grand Palais, o locação que serviu como pano de fundo dos mais memoráveis desfiles da marca. O espaço voltou a sediar as apresentações de verão 2025 da grife (a segunda assinada pela equipe interna da etiqueta) após ter passado por uma reforma nos últimos anos, apoiada financeiramente pela Chanel. Na apresentação, uma gaiola gigante foi instalada, e contou com uma apresentação de Riley Keough, neta de Elvis Presley, cantando "When Doves Cry", clássico do Prince.
9. O ano em que as Olimpíadas foram a tendência mais quente da moda
É impossível falar de 2024 sem mencionar as Olimpíadas de Paris. Na competição, a moda se tornou um tópico frequente. Dos uniformes cravejados de brilhos de Simone Biles, até as peças da equipe brasileira de ginástica assinadas por uma de suas atletas, Jade Barbosa, o tema estava em pauta. Mas a influência do esporte extrapolou os ginásios, e também virou referência nas passarelas pelo mundo com camisas de time nos desfiles da Louis Vuitton e Martine Rose e referências olímpicas nas passarelas da Dior e Thom Browne.
10. Madonna é homenageada no desfile da Dolce & Gabbana
Após protagonizar um dos shows mais apoteóticos da história da música, na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, Madonna foi homenageada no desfile da Dolce & Gabbana em setembro deste ano. As modelos, que usaram perucas à la "Blonde Ambition", além de sutiãs em formato de cone, emocionaram a cantora, que foi presencialmente prestigiar a etiqueta. A relação entre Domenico Dolce, Stefano Gabbana e Madonna não é de hoje. A cantora já havia escolhido um traje da dupla para a pré-estreia de "Na Cama com Madonna" em Nova York. Anos depois, os estilistas foram responsáveis pelo figurino da The Girlie Show Tour, que também passou pelo Brasil.
11. Os pufes de animais no desfile de verão 2025 da Bottega Veneta
No que seria o último desfile de Matthieu Blazy para Bottega Veneta, o cenário do desfile de verão 2025 tinha pufes em formato de baleias, raposas, cachorros, cobras e coelhos, inspirados na icônica poltrona Sacco, de Zanotta, para acomodar os convidados - entre eles, Bruna Marquezine, Jacob Elordi, e Kendall Jenner. As poltronas da coleção, que remete às memórias de infância de Matthieu Blazy, viralizaram tanto nas redes sociais, que seguem à venda no site da marca, com preços que vão de 7.500 à 10 mil dólares.
12. Na The Row, a tendência é ficar sem o celular
Em fevereiro, a The Row proibiu o uso de celulares em seu desfile e parou a internet usando o oposto das estratégias de marketing atuais, que prezam a cobertura ao vivo de seus eventos, a fim de aproximar seus clientes aonde quer que estejam. A etiqueta forneceu cadernos para que os presentes anotassem seus pensamentos sobre a apresentação. No dia do desfile, mesmo depois de horas de seu acontecimento, nenhuma imagem circulava nas redes sociais, abrindo o debate sobre o consumo da moda de forma desenfreada por vias digitais.
13. Desfile de 10 anos do Nicholas Ghesquière na Louis Vuitton
No último ano Nicolas Ghesquière celebrou o marco de uma década à frente da Louis Vuitton, fato que comemorou durante o desfile de verão 2025 da marca. o designer relembrou a história da maison, que surgiu como uma fabricante de malas, com as viagens. Isso foi traduzido na passarela, composta por mais de mil malas, em um dos cenários mais impactantes da temporada - que também reflete em sua própria viagem sob o comando de uma das maiores maisons de luxo do mundo.
14. A aparição surpresa de Beyoncé no desfile da Luar
Parando a semana de moda de Nova York, Beyoncé (e sua mãe, Tina Knowles) fez uma rara aparição na primeira fileira do desfile da Luar, uma das marcas mais badaladas na programação da fashion week norte-americana. A presença da cantora e de Tina foi por um motivo para além da moda: prestigiar Julez, filho de Solange Knowles e Daniel Smith, que estreou nas passarelas na apresentação.
15. O retorno do Victoria's Secret Fashion Show
Após um hiato de seis anos, o Victoria's Secret Fashion Show retornou em seu formato original: vários blocos de desfiles temáticos, apresentações musicais, e supermodelos. A grife prometeu retornar à passarela com uma proposta atualizada, após ser alvo de críticas por falta de diversidade, representatividade e inclusão. Apesar de incluir modelos plus-size como Ashley Granham e Paloma Elsesser, e tops trans, como a brasileira Valentina Sampaio e Alex Consani, o resgate do formato acendeu ainda mais o debate sobre o retorno extremo da magreza na moda - e como a volta do espetáculo da VS, uma das maiores plataformas para a consagração da fantasia de corpos que vão na contramão da diversidade, pauta que a indústria lutou tanto por nos últimos anos e que, agora, parece ter ficado retida como uma "tendência da última temporada".