Lucy Ramos se despede de sua primeira vilã e reflete: "Autocuidado é um ato de resistência"

Na véspera do último capítulo de "Família é Tudo", Lucy Ramos fala sobre os aprendizados com Paulina, personagem que enfrentou vício em remédios e sérios problemas de autoestima

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Lucy Ramos Diego Serres / Divulgação

Pela primeira vez em sua carreira, Lucy Ramos experimentou dar vida a uma vila cheia de conflitos. Paulina, sua personagem em "Família é Tudo", obcecada em emagrecer, acabou se vendo dependente de remédios e abriu espaço para diálogos sobre saúde mental feminina - e a eterna busca pela perfeição e aprovação.

Autocuidado é um ato de resistência e de amor próprio. Precisamos nos valorizar e buscar equilíbrio em nossas vidas, sem medo de envelhecer ou de desafiar os padrões que nos são impostos", defende a atriz.

Aos 41 anos, Lucy Ramos aprendeu a deixar Paulina apenas nos estúdios da Globo. "No começo eu chegava em casa com uma energia pesada, não conseguia me desconectar da personagem facilmente", lembra. "Fiquei no exercício de conversar comigo mesma e entender que quando saio da gravação, sou outra pessoa. E com o tempo foi normalizando. Conseguia não levar sua energia caótica pra casa".

Lucy Ramos — Foto: Diego Serres / Divulgação

Em bate-papo com Vogue, ela reflete sobre os aprendizados com a personagem, cuidados com seu corpo e mente e como seu papel em Famíia é Tudo, que chega ao fim nesta sexta-feira (27.09), incentivou sua versatilidade como atriz. "Foi desafiador contar uma história em que ela começou odiada, despertou empatia e está terminando com a torcida do público", afirma. "Eu vinha de uma linearidade de mocinhas que não tinham essa curva. Explorei novos lados da minha arte". Veja abaixo!

Vogue: Como você mantém o equilíbrio entre corpo e alma em meio à rotina intensa de gravações e compromissos? Quais práticas de autocuidado você considera essenciais para manter sua saúde física e mental?
Lucy Ramos: Eu procuro sempre ter um momento de prazer no meu dia para trazer esse equilíbrio com o trabalho. Em dias intensos, por exemplo, tenho um momento de “descompressão” assistindo uma série, um filme, jogando baralho, indo em um lugar lindo, encontrando pessoas legais, tendo tempo de qualidade com quem eu amo. E claro, me exercito, tomo um sol… deixo a endorfina fazer o papel dela.

Lucy Ramos — Foto: Diego Serres / Divulgação

Vogue: A beleza é frequentemente associada ao físico, mas você acredita que ela também reflete o estado emocional e espiritual de uma pessoa. Como você busca harmonizar o autocuidado exterior com o interior para manter esse equilíbrio?
Lucy Ramos:
Acredito muito nisso. Se nosso emocional não está bem, nosso corpo também não está. Eu cuido do meu corpo que é o meu templo: me hidrato, tenho uma dieta saudável, mas principalmente: me preencho de coisas que alimentam minha alma positivamente. Sou otimista, acredito sempre no melhor. Acho que energia boa chama energia boa.

Vogue: Paulina passa por momentos intensos de desequilíbrio emocional que afetam sua vida como um todo. Em sua opinião, como a saúde mental de uma mulher pode influenciar sua relação com a própria beleza e autoestima?
Lucy Ramos:
As duas coisas são muito ligadas. A Paulina, com muitos problemas de autoestima após a gravidez, começou a tomar remédios para emagrecer e isso gerou uma dependência. A busca pela aprovação às vezes provoca atitudes desesperadas nas mulheres que querem ser aceitas, admiradas, desejadas. Quando essas questões estão bem resolvidas na nossa cabeça e entendemos que a aprovação primeiro tem que partir de nós mesmas, nos tornamos muito mais seguras.

Vogue: Você acredita que os temas abordados pela trama de Paulina, como obsessão, ciúme e busca por redenção, refletem questões atuais sobre a pressão que muitas mulheres sentem em suas vidas pessoais e profissionais?
Lucy Ramos:
Sinto que hoje, felizmente, uma grande parcela das mulheres está conseguindo enxergar suas qualidades e potencial. Mas claro que existem muitas que continuam na busca do corpo perfeito, do sucesso profissional, de ser a responsável pelo sucesso do casamento, por ser uma boa mãe, uma boa dona de casa… a Paulina se sentia insuficiente em quase todos esses aspectos. Isso a fez recorrer a substâncias que a fizessem dormir, que a deixam acordada, para ver se conseguia cumprir todos esses papéis que dão às mulheres.

Lucy Ramos — Foto: Diego Serres / Divulgação

Vogue: A moda é um elemento importante na caracterização de Paulina. Como você colaborou com a equipe de figurino para trazer à tona a elegância da personagem, mesmo em momentos de grande turbulência emocional?
Lucy Ramos:
Ela vem de uma família rica. Foi mimada, tinha quase tudo que queria, morou fora… tudo isso me guiou para que essa personagem fosse fina, elegante e que se fosse pra sofrer, que sofresse com estilo (risos). Nossa figurinista Sabrina Moreira e a nossa caracterizadora Rachel Furman sempre estiveram muito abertas para somarmos com as ideias. E toda essa criação conjunta faz toda diferença no resultado final. Foi uma troca feliz.

Vogue: Ao longo da novela, Paulina enfrenta as consequências de suas ações. Qual é a mensagem principal que você gostaria que o público tirasse dessa jornada de altos e baixos?
Lucy Ramos:
Que a vivência da Paulina desperte a vontade de pedir ajuda a quem passar pela dependência que ela passou. Busque uma rede de apoio. Você não precisa passar por nada sozinha. E é possível, sim, sair do fundo do poço. E que para ser amada por alguém, você precisa primeiro ser amada por você mesmo.

Vogue: Sua carreira tem sido marcada por papéis muito diferentes. Como a experiência de viver uma vilã transformou sua percepção sobre sua própria versatilidade como atriz?
Lucy Ramos:
A Paulina foi um presente. Desde que recebi o convite, que li a sinopse da personagem, já me encantei por ser algo totalmente novo do que vinha fazendo. Ela tinha várias nuances e cada uma delas era uma descoberta para a minha atriz. Foi desafiador contar uma história em que ela começou odiada, despertou empatia e está terminando com a torcida do público. Eu vinha de uma linearidade de mocinhas que não tinham essa curva. Explorei novos lados da minha arte. Sou muito grata ao nosso autor Dani Ortiz e ao nosso diretor de núcleo Fred Mayrink que confiaram em mim para dar vida a Paulina.

Vogue: Como atriz, você já teve que lidar com desafios emocionais intensos. De que forma o papel de Paulina te impactou pessoalmente e como você lida com os aspectos emocionais de interpretar personagens tão densas?
Lucy Ramos:
A Paulina tinha uma baita carga dramática, um pulsar bem diferente do meu. Exigia uma concentração extrema. No começo eu chegava em casa do estúdio com uma energia pesada, não conseguia me desconectar da personagem facilmente. Eu fiquei no exercício de conversar comigo mesma e entender que quando saio da gravação, sou outra pessoa. E com o tempo foi normalizando. Conseguia não levar sua energia caótica pra casa.

Lucy Ramos — Foto: Diego Serres / Divulgação

Créditos:
Beleza: @_andremattos
Stylist: @gajustyling

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