Cris Vianna: "Carrego comigo uma herança cultural muito rica"

Além disso, Cris está "no ar" em outras três produções: Beijo Adolescente, da HBO Max, onde vive a professora Palmira; A História Delas, do Star+, como Marta; e Vicky e a Musa, do Globoplay, interpretando Fafá, mãe da protagonista. Agora, a atriz se prepara para mais um desafio no cinema, com o filme Na Linha de Fogo, uma produção do Globoplay em parceria com a Disney, que aborda a luta por controle de territórios entre traficantes e policiais.Durante a entrevista, a artista falou sobre essa fase, os desafios e a importância da representatividade, principalmente no contexto da sua personagem Maíra, em Arcanjo Renegado.

Para ela, interpretar uma mulher negra em uma posição de poder, como presidente da Alerj, é um marco tanto profissional quanto pessoal. "Trazer essa autenticidade da Maíra, que enfrenta não só os desafios de seu cargo, mas também os preconceitos por ser quem é — uma mulher negra em um espaço historicamente dominado por homens — foi transformador", afirma, ressaltando a relevância de representar mulheres negras em espaços de poder e tomada de decisões. Cris ainda reflete sobre sua trajetória e como a arte é uma forma poderosa de comunicação. Ela enfatiza: "A moda é representatividade!"

A atriz também compartilhou seu olhar sobre a moda e a importância de se fazer presente nesses espaços. “Como mulher negra, eu carrego comigo uma herança cultural rica, e estar nesses eventos é muito representativo. Essas experiências me fizeram sentir ainda mais conectada com a moda e a importância de ser autêntica na minha expressão pessoal", conta ela, sobre sua participação na Semana de Moda de Paris e no São Paulo Fashion Week.

Confira a entrevista a seguir:

VOGUE: Maíra é uma personagem forte e politicamente engajada. Como foi para você construir a presidente da Alerj em Arcanjo Renegado? E o que mais te desafiou nesse papel?

CRIS VIANNA: Construir essa personagem foi uma experiência muito bacana. Ela é uma mulher que carrega muita força, mas também um enorme senso de responsabilidade e comprometimento com as questões políticas, sobretudo como presidente da Alerj, um cargo que nunca foi ocupado por uma pessoa negra fora da ficção. Eu precisei mergulhar nas complexidades dela, que equilibra sua humanidade com o peso das decisões. Trazer essa autenticidade da Maíra, que enfrenta não só os desafios de seu cargo, mas também os preconceitos por ser quem é — uma mulher negra em um espaço historicamente dominado por homens — foi transformador.

VOGUE: A série aborda temas densos, como corrupção, violência e justiça. Como você percebe a repercussão de Arcanjo Renegado no público e o impacto social que ela pode gerar?

CV: Arcanjo Renegado é uma série que vai direto ao ponto nesses temas, tratando-os de forma muito realista, o que acredito ser um dos motivos pelos quais o público se identifica tanto com a história. O impacto social está justamente em provocar debates importantes sobre como as estruturas de poder e desigualdade afetam a todos. E para mim, como atriz, é muito gratificante fazer parte de uma obra que busca promover essa reflexão.

VOGUE: Você tem um currículo extenso no cinema, teatro e TV. Existe algum projeto ou personagem que tenha marcado profundamente sua trajetória?

CV: Foram muitos personagens bacanas que tive a oportunidade de viver nesses 20 anos de carreira! É difícil destacar um marco porque acredito que todos têm uma importância na minha trajetória. Mas posso começar citando a Maíra por ser uma mulher forte, determinada e inflexível, chegando à presidência da Alerj. Tem a Marisa de Última Parada 174 no cinema, a Dagmar de Fina Estampa (novela das 21h), a Marta de A História Delas (série que estreou em 2024), que também adoro. Tenho lindos presentes da minha carreira e sou muito grata por cada uma delas.

VOGUE: Ao longo dos anos, você transitou entre novelas, filmes e séries. Como você enxerga a evolução do mercado audiovisual no Brasil e a sua adaptação a diferentes formatos?

CV: O mercado audiovisual brasileiro tem passado por diversas transformações, principalmente com o crescimento dos streamings. Eu vejo uma evolução não só na forma como as produções estão sendo realizadas, mas também na diversidade de histórias e vozes que são contadas. Para mim, essas mudanças são convites à adaptação. Cada formato, seja novela, filme ou série, exige um olhar e uma preparação diferentes. Sempre tento encontrar minha verdade em todos os projetos e compreender o que aquele formato pede. Isso me ensinou a ser versátil e me reinventar cada vez mais!

VOGUE: Além da atuação, você também é cantora e desfilou em grandes eventos de moda. Como essas diferentes expressões artísticas influenciam a forma como você encara a sua profissão?

CV: Essas expressões artísticas se complementam e enriquecem a forma como eu vejo minha profissão. Cada uma delas me permite explorar diferentes lados da minha criatividade e da minha essência. A arte é sobre comunicar, emocionar e inspirar, e eu sou muito feliz por poder transitar entre essas áreas, sempre me descobrindo um pouco mais e me desafiando. Sou apaixonada pela minha profissão!

VOGUE: Já em Família é Tudo, você explorou seu lado cômico como Lulu Mancini. Como foi essa experiência de atuar em um papel tão leve e divertido, contrastando com outros personagens mais densos?

CV: A Lulu foi um presente! Ela me deu a oportunidade de explorar meu lado mais leve e cômico, algo que meus amigos e familiares já conheciam. Foi uma personagem cheia de carisma, autenticidade, humor e complexidades. Uma experiência bem legal. Eu amo a intensidade dos papéis dramáticos, mas explorar a comédia foi uma forma de me desafiar e me divertir ao mesmo tempo.

VOGUE: Recentemente, você marcou presença na Semana de Moda de Paris e na SPFW. O que esses momentos significam para você como artista e como mulher representando a diversidade brasileira?

CV: Como mulher negra, eu carrego comigo uma herança cultural rica, e estar nesses eventos é muito representativo. Essas experiências me fizeram sentir ainda mais conectada com a moda e a importância de ser autêntica na minha expressão pessoal. Em Paris, estar rodeada de tanta criatividade e talento, em um ambiente que respira moda, foi inspirador. O que mais me marcou foi a diversidade de estilos e a forma como a moda pode ser uma forma poderosa de expressão. Na SPFW, desfilei pela Meninos Rei, uma marca tão querida que traz a nossa ancestralidade. Foi um reencontro muito bacana com a Cris modelo. A moda é representatividade!

VOGUE: Com mais de duas décadas de carreira, qual conselho você daria para quem está começando agora no mercado artístico e busca construir uma trajetória tão diversificada como a sua?

CV: Meu conselho é que nunca deixem de acreditar em si mesmos e no seu talento. A jornada é desafiadora, mas a autenticidade e a determinação são suas maiores aliadas. Busquem sempre aprender, ler e descobrir seus ídolos. Se aprimorar, seja através de cursos, workshops ou experiências práticas. Estudar é essencial!

VOGUE: Com uma vasta carreira, existe algo que você tem muita vontade de fazer e ainda não teve oportunidade?

CV: Sim, ainda tem muita coisa que sonho em realizar! Tenho muitos papéis ainda para explorar! Gostaria de fazer uma personagem de uma mulher inconsequente. Adoraria também interpretar uma gêmea, deve ser sensacional! Uma vilã também, nunca fiz. Muitas mulheres que ainda posso representar, adoro essa certeza!

VOGUE: Existe algum lema ou ensinamento que você aprendeu ao longo da vida e que carrega consigo, tanto no trabalho quanto na vida pessoal?

CV: Com certeza! Ao longo da minha carreira, aprendi que cada momento tem o seu propósito, mesmo quando as coisas não acontecem como planejamos. Por isso, sempre confio no processo. Às vezes, os obstáculos vêm para nos fortalecer, e as conquistas chegam quando estamos prontos para recebê-las. É um lembrete de que persistir, lutar e acreditar fazem toda a diferença.

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