Marina Lima sobe ao palco do Circo Voador, neste sábado (23.11), para se apresentar com sua nova turnê Rota 69, que celebra 45 anos de carreira. O show, que também passará pelo Lollapalooza em 2025, é inspirado em sua idade e no momento de sua vida, e traz uma seleção de músicas que atravessam décadas e continuam atuais. Ao longo da carreira, Marina foi uma artista que soube se reinventar, e Rota 69 não é exceção: o espetáculo traz um olhar sobre seu próprio tempo, focando no que a artista ainda deseja comunicar com sua música.
Com um repertório vasto e uma discografia de 22 álbuns, o desafio de selecionar as músicas para o show foi significativo. “Uma das soluções foi criar alguns pout-pourris, porque seria impossível incluir todas as canções inteiras. Outro critério importante pra mim é ver quais canções falam ainda e também sobre o mundo de hoje, de agora”, comenta Marina à Vogue Brasil. As músicas, que tocam em temas como amor, desigualdade, vulnerabilidade e liberdade, são um reflexo de sua carreira e também da sua visão de mundo.
No palco, Marina mostra o quanto sua música se mantém atual. “Sempre busquei criar e ouvir canções que falassem das coisas que afligem e encantam nós humanos”, afirma. Com um repertório de mais de 20 músicas, a artista cobre diferentes fases de sua vida. "Difícil mesmo nesse show foi conseguir sintetizar em uma hora e meia, uma hora e cinquenta, 2 horas, os encantos e mistérios que retratam a minha obra e que permanecem vivos para mim", lembra. Entre os destaques, estarão clássicos como Fullgás, Me Chama e Eu Te Amo Você, além de interpretações marcantes como "Acontecimentos", À Francesa e Pessoa.
E a apresentação será, sem dúvida, uma maneira emocionante e profunda de Marina homenagear seu irmão, o poeta Antonio Cícero, com quem compartilhou uma trajetória criativa única. Juntos, eles compuseram canções marcantes como Fullgas. Cícero morreu em 23 de outubro, após optar por passar por um procedimento de morte assistida na Suíça. Na ocasião, a cantora se pronunciou. "Cicero foi coerente com tudo que pensava, desde o fim. Eu fico por aqui. Ainda me sinto potente pra próxima parada."
A evolução do processo criativo de Marina é outra faceta importante. "Gosto muito de criar , de compor, gosto de ficar no estúdio. Montei um estúdio em minha casa com tudo que eu preciso pra fazer música . Eu sempre preferi estúdio do que palco. Mas tenho que confessar que pro show Rota 69 parei 1 mês a minha agenda de trabalhos pra criar e ensaiar esse show. Quando estreei o show no Rio de Janeiro, fiquei satisfeita com o resultado. É um dos shows que mais gosto de fazer na minha carreira", revela.
Aos 69 anos, a artista vê suas músicas atravessarem gerações, algo que a deixa satisfeita. “Vejo as canções atravessar gerações. A minha música, meus 22 discos, minha obra, sempre buscaram soar livres. O que me interessa é tentar descrever o meu tempo. Meu objetivo sempre foi traduzir meu interior. E esse foi o meu desafio.”
Ao longo de sua trajetória, Marina presenciou grandes transformações tecnológicas no mercado, desde o auge dos LPs e fitas cassete até o advento dos CDs, e, mais recentemente, a revolução do streaming. Para ela, o streaming foi a mudança mais impactante. "Não é uma simples evolução tecnológica como as outras que vivi. O streaming transformou toda a cadeia da música: a distribuição, os direitos autorais, a remuneração dos artistas. A regulamentação disso ainda é confusa e precisa de mais transparência", pondera.
Marina também se sente conectada com a cultura visual dos anos 80, que foi celebrada recentemente por meio da exposição inspirada na música Fullgás. A mostra Fullgás – Artes Visuais e Anos 1980 no Brasil em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) do Rio de Janeiro desde 2 de outubro de 2024 e vai até 27 de janeiro de 2025. A exposição apresenta um panorama das artes brasileiras na década de 1980, com cerca de 300 obras de mais de 200 artistas de todo o país e esta canção, um dos maiores sucessos de sua carreira, foi escolhida como referência para a cultura da época. “Acompanhei os artistas da geração 80, pois é a minha geração. Conheço e conheci vários: Zarif , Pizarro, Zerbini, Aquila, Senise, Beatriz Milhazes. Me sinto honrada, mesmo”, diz.
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