Vogue Negócios
Vogue Negócios: Camila Coutinho lança projeto social de liderança e diz quais são as ferramentas essenciais para gestores na era digital
A empresária e influenciadora está selecionando mulheres para uma iniciativa de mentoria sobre empreendimento e negócios com vieses positivos para a sociedade. Aqui, ela também dá algumas lições de gestão que aprendeu ao longo de seus 15 anos no mercado da moda e beleza
4 min de leituraNo início da pandemia, quando o mundo fechou seus comércios, escolas, bares e escritórios, uma revolta popular trazia de volta a população às ruas. O assassinato de George Floyd suscitava ondas de protestos nos EUA e o movimento Black Lives Matter ecoava mundo afora. Aqui no Brasil, ativistas, celebridades e influenciadores usavam as redes sociais para abordar o tema, mas Camila Coutinho voltou a reflexão para dentro de si própria e pensou: como usar os privilégios de mulher branca, cis e de classe alta para provocar mudanças sociais?
“Aquilo ficou na minha cabeça e, um tempo depois, chamei o Fabio Silva, fundador da plataforma que conecta instituições e voluntários, a Transforma Brasil, para desenvolvermos uma ação que de fato fosse além das hashtags”, conta ela à Vogue sobre o mais novo projeto social GE Formando Líderes.
A iniciativa da influenciadora irá oferecer uma mentoria com um time especializado para capacitar, treinar e desenvolver mulheres em empreendedorismo e gestão de negócios. “Inicialmente, serão 30 beneficiadas, mas acreditamos que elas podem ter um impacto em muitas famílias. A ideia é que não seja uma turma só, queremos que essa ação tenha vida longa”, detalha.
A proposta é destinada a mulheres cisgêneras e trans que vivem nas comunidades do Rio e possuam alguma ideia ou empreendimento com potencial para trazer algum impacto positivo à comunidade e ao planeta.
“Nós sabemos que as mulheres trans são um grupo marginalizado no mercado de trabalho, assim decidimos abrir as portas para elas chegarem. E vamos nos esforçar para que isso seja possível”, diz Camilla. As inscrições vão até o dia 1 de agosto.
FERRAMENTAS DE LIDERANÇA
A inteligência emocional é um dos conceitos da pisicologia que foram incluídos na grade do curso para que seus benefícios se refitam nos negócios. Segundo Camila, dentro deste tema há duas habilidades que os gestores devem desenvolver para melhorar os resultados. A primeira é empatia.
"O líder precisa se colocar no lugar de seu colaborador. Quando comecei, há 15 anos, eu via como os gestores se impunham com pulso firme, fazendo cobranças e pressões, mas, hoje em dia, o mundo não é mais assim. O líder precisa ser uma pessoa mais relacional para que o talento queira estar trabalhando ali e dando o melhor de si. Ele também precisa enxergar seu funcionário como um todo, tanto o lado profissional como o pessoal, e entender quais são os desafios e características que podem ser desenvolvidas”, diz.
Já a segunda habilidade é a tão falada resiliência, afinal, empreender é também lidar com muitas frustrações ao londo do caminho. “Muita coisa dá errado, depois dá certo. E, na sequência, é preciso voltar duas casas antes de avançar outras cinco", explica Camila.
O que ela critica são as fórmulas mágicas oferecidas em vários cursos pela internet. "As pessoas vendem o empreendedorismo como uma coisa muito simples, mas não é assim. Tem muita gente oferecendo realidades que não existem. Nós queremos mostrar o empreendedorismo real e a verdade é que nem todo mundo tem essa característica de liderança. Alguns se sentem mais confortáveis tendo segurança e sendo liderados, enquanto outros se motivam com os desafios”, prossegue.
Camila lista ainda a comunicação como outra ferramenta essencial para gestores que buscam o sucesso, pois, transmitir informação para pessoas que pensam e compreendem o mundo cada uma à sua forma é um grande desafio.
“A comunicação é algo que todo mundo deveria desenvolver. O gestor deve ter em mente onde quer chegar para transmitir essa informação aos funcionários e ensiná-los como podem chegar lá. Eu tenho aprendido muito na prática com o GE Beauty. Tem vez em que é preciso mudar o tamanho do time, as responsabilidades... Então, preciso saber me comunicar muito bem”.
A influenciadora desbravou o universo digital no início das redes sociais quando praticamente tudo era novidade. Hoje, credita seu sucesso perene a capacidade de adaptação às constantes mudanças do mercado.
“Acho que a coisa mais legal do meu trabalho e, também, meu maior desafio, é a reinvenção. Estou toda hora me adaptando, porque o mercado muda o tempo inteiro, e essa, inclusive, é a característica da internet e das redes sociais", argumenta.
"Ao longo dos anos eu fui me moldando. Acho que, depois da pandemia, todos os outros segmentos para além da internet perceberam que é preciso aprender e se adaptar. Eu tenho a vantagem de estar há 15 anos no mercado sendo uma massinha de modelar”, explica.
E quem ainda não se aventurou no empreendedorismo na era digital, mas sonha em dar o pontapé pode contar com uma dica valiosa de Camila: jamais se compare às outras pessoas.
“Eu acredito que a mulher precisa usar sua régua para medir o que é sucesso e onde quer chegar com seu projeto ou negócio. Às vezes, olhamos para o lado o tempo todo, mas esquecemos de olhar para dentro. Será que o objetivo e tamanho de alguém precisa ser o mesmo que o seu? Eu escutaria mais o que vem de dentro e menos a barulheira de fora", diz. "É melhor ver outras pessoas mais como inspiração e menos como um gatilho para a ansiedade”, finaliza.