De acordo com uma pesquisa norte-americana realizada pela Vet Clinics of North America: Small Animal Practice, a otite afeta um em cada cinco cães. No Brasil, dados do Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária mostram que as infecções representam de 8 a 15% dos casos atendidos nas clínicas veterinárias do país e a otite externa crônica (OEC) corresponde a até 76,7% dos casos de otopatias em cães e 50% em gatos.
“A otite é uma alteração que afeta a orelha, tanto interna como externa, que pode envolver inflamação e infecção das estruturas do ouvido. Em geral, no ser humano ocorre muito mais a otite interna e nos cães e gatos é principalmente a otite externa, que são as estruturas antes de chagar no tímpano. Porém, a otite interna também acontece”, explica a veterinária dermatologista Vanessa Jegan, do Grupo Hospitalar Pet Support.
Se anatomicamente podemos dizer que a otite em pets e humanos é parecida, as diferenças começam a aparecer nas causas, visto que a infecção em cães e gatos pode ser provocada por fungos, bactérias, alergias e até mesmo por corpos estranhos.
“A infecção que acomete cães e gatos pode ter diversos motivos, como a inserção de corpos estranhos, a exemplo de grama ou pelos, dermatite atópica ou alergia alimentar, calor e umidade. Independente da causa, o quadro de otite é sempre marcado por um profundo processo inflamatório e pode ser complicado por fatores perpetuantes, entre os quais destacamos os fungos e as bactérias”, comenta a veterinária Silvana Brada, gerente de produto pet em uma indústria farmacêutica.
Como identificar?
Um dos desafios para os tutores é identificar a otite em cães e gatos. Contudo, alguns comportamentos podem dar pistas de que há algo errado com o animal.
“Quando acometido com otite, o animal adota um comportamento incomum, como o balançar de cabeça, hábito de coçar as orelhas (mesmo estando sem pulgas), reluta ao deixar o dono encostar em sua cabeça ou próximo das orelhas. Além disso, quando avaliamos o animal, percebemos então dor, vermelhidão e, muitas vezes, secreção ou excesso de cera, não sendo incomum mau odor e machucados, causados pelo fato do pet coçar o local na tentativa de sanar o desconforto”, alerta Fernanda Tavares, veterinária da Organnact.
Tutores de cães com orelhas grandes, pendulares e peludas, como basset hound e shih-tzu, entre outros, devem redobrar a atenção, visto que tais características favorecem o acometimento por otites.
No caso dos gatos, dizem as especialistas, não há raças específicas, mas os animais com bastante pelo nas orelhas merecem atenção especial.
Prevenção
Manter os ouvidos do animal limpos, conforme orientação do médico-veterinário, protegê-los antes de práticas aquáticas, bem como evitar o usos de hastes flexíveis estão entre as medidas de prevenção de otites em pets. “É preciso lembrar que banho não causa otite, mas sim o manejo inadequado, incluindo restos de algodão que, às vezes, podem ficar no ouvido do animal”, ressalta Dra. Vanessa.
Visto que a causa da otite é diversa, ao perceber um comportamento diferente no pet, o ideal é que o tutor busque o auxílio de um veterinário, pois em casos graves a inflamação pode ter consequências graves, como infecção generalizada, perfuração de tímpano e sinais neurológicos, “possibilidade que pode acontecer, quando se acomete a parte interna do conduto auditivo”, explica Dra. Fernanda.
No que diz respeito ao tratamento, geralmente, é feito com medicações. “O tutor deverá administrar no pet medicamentos de uso tópico dentro do ouvido do animal, que serão prescritos pelo veterinário e receberá deste, as orientações para a aplicação correta”, finaliza Dra. Silvana.