Quando se adota um animal, um turbilhão de dúvidas surgem quanto aos seus cuidados. Entre elas, talvez a mais importante seja acerca da alimentação: de que forma posso nutrir o meu pet? Qual é a ração ideal para ele?
Completos e extrusados, os alimentos chamados de ração são maneiras práticas de nutrir cães e gatos. Elas seguem alguns guidelines e não deixam faltar nutrientes essenciais para a saúde do bicho — as dietas naturais caseiras, por sua vez, precisam ser orientadas por profissionais qualificados para estarem devidamente balanceadas.
“Alimentos completos de boa procedência garantem a ingestão ideal de todos os nutrientes essenciais e muitas vezes alguns outros ingredientes, como ômega 3 e prebióticos”, explica Vivian Pedrinelli, médica-veterinária mestre em nutrologia.
Comprar ração em detrimento de alimentos naturais pode facilitar o dia a dia, mas a verdade é que o mercado dispõe de muitas possibilidades, e a melhor delas para o seu pet dependerá do objetivo desejado e orçamento disponível.
Para começar a destrinchar o universo das rações, saiba que elas podem ser divididas hoje em algumas categorias — como, por exemplo, a umidade (ração seca e úmida).
Rações secas e úmidas
De acordo com Luis Fernando de Moraes, médico-veterinário pós-graduado em nutrição, as rações úmidas apresentam maior teor de umidade, menor calorias por grama de alimento e maior palatabilidade. Além disso, normalmente têm uma menor quantidade de carboidratos.
As rações úmidas podem ser encontradas em alguns formatos, como pedaços ao molho, patê e “loaf”. Elas também podem ser indicadas para gatos, a fim de garantir uma maior ingestão hídrica, ou para cães que comem excessivamente, já que propiciam um maior volume ingerido por dia em relação à ração seca.
“Estes alimentos são excelentes opções para animais seletivos, com problemas genitourinários e para recuperação de pacientes enfermos”, diz Luis.
Já os alimentos secos apresentam baixa umidade (até os 12%, segundo a legislação), são bem mais calóricos e normalmente apresentam maiores teores de carboidrato, a fim de fazer a liga da ração.
Rações standard, premium, premium especial e super premium
Outro tipo de classificação de rações é quanto ao seu segmento comercial — standard, premium, premium especial e super premium —, o que reflete a capacidade que elas têm de promover os nutrientes de maneira mais eficaz.
“No geral, os produtos standard possuem menor valor de mercado e maior inclusão de ingredientes vegetais, aumentando assim a quantidade de fibras e, muitas vezes, a quantidade de fezes produzidas. Além disso, geralmente é preciso a ingestão de uma maior quantidade de alimento para manter as calorias diárias do animal”, explica Vivian.
Já as opções super premium geralmente contam com maior inclusão de ingredientes de origem animal e menor quantidade de fibras e de matéria mineral, além do acréscimo de nutracêuticos, como ômega 3, promotores da saúde articular e controladores de odor das fezes.
“Isso geralmente aumenta o custo para o consumidor final, mas também diminui a quantidade consumida por dia, o volume e odor de fezes produzido”, diz a médica-veterinária.
Os alimentos premium ou premium especial são uma classe intermediária, com ingredientes de origem animal e vegetal e quantidades de fibra e matéria mineral medianas. “Geralmente é um segmento de produtos com bom custo-benefício”, opina Vivian.
Nas categorias standard e premium, é possível que haja ingredientes como eventuais substitutos na formulação. Já na super premium isso não ocorre, sendo a sua formulação fixa.
Outros tipos de ração
Os alimentos são divididos ainda segundo as exigências nutricionais para o bicho, que variam conforme a idade (filhotes, adultos e sênior), raças, portes (mini, pequeno, médio, grande e gigante), espécies e doenças.
“Os filhotes devem sempre receber dietas para filhotes, gatos devem sempre receber dietas para gatos e animais com condições especiais como doenças devem receber as dietas balanceadas e modificadas de acordo com as exigências metabólicas”, orienta Luis.
Por exemplo, se o bicho é portador de insuficiência renal crônica, precisa receber dietas específicas com teores reduzidos de proteínas. Além disso, essas proteínas devem ter alto valor biológico e apresentar níveis de fósforo controlados.
É possível encontrar, ainda, rações que contêm transgênicos e aquelas que não têm grãos — as chamadas grain free. Há também aquelas que tendem mais para a área dos alimentos naturais, abraçando uma demanda do mercado.
De qualquer forma, os especialistas orientam que, na hora de escolher a ração, o tutor precisa considerar a procedência (marca e fabricante idôneos) e a fase de vida do seu animal (filhote, adulto ou idoso).
“Outros fatores, como castração e se o animal tem tendência a ganhar peso, também podem influenciar. E, claro, que precisa ser um alimento que o pwt aceite bem e coma a quantidade recomendada no rótulo, ou sugerida por um profissional médico-veterinário ou zootecnista”, diz Vivian.
Outro ponto importante é garantir que seja um alimento completo (essa informação deve constar no rótulo) e que seja adquirido, de preferência, em embalagem própria.
“Se houver condição, a melhor indicação seria a ração super premium, pois ela apresenta alguns aditivos funcionais em maior quantidade. É, por exemplo, mais rica em antioxidantes naturais e compostos bioativos, e tem uma matéria-prima de melhor qualidade, além de proporcionar uma melhor digestibilidade", sugere Luis.