Angústia, irritabilidade, ansiedade e falta de apetite. Esses são alguns sintomas que acompanham a dor do luto. Essa sensação não acontece apenas na perda de entes queridos, também ocorre, muitas vezes, na hora da despedida de um pet, uma vez eles podem ser considerados membros da família. “Os animais favorecem respostas emocionais de prazer e bem-estar. Essa falta deles acaba afetando todo o sistema familiar”, afirma Sirlene Miranda, especialista em psicoterapias comportamentais e cognitivas com formação complementar para atendimento no caso de luto e perdas.
Não é fácil perder alguém que é muito especial em nossas vidas e isso pode se tornar ainda mais difícil quando a dor não é validada, como no caso dos bichos. Segundo Cristiane Assumpção, psicóloga clínica e especialista em luto, infelizmente, a morte de animais é considerada como luto não autorizado, termo que refere-se às perdas não reconhecidas pela sociedade ou pelo enlutado. Dessa forma, inconscientemente, a pessoa se fecha para não sentir todo aquele sofrimento, o que torna o processo muito mais doloroso e angustiante.
Como passar por esse momento difícil?
Evitar a dor da ausência do seu pet é o mesmo que prorrogá-la. Por isso, é importante se permitir sentir. De acordo com Sirlene, existem algumas tarefas e práticas que ajudam na adaptação da perda, favorecendo a esperança.
“Esse conceito de atividades adaptativas do luto foi trazido pelo especialista da área William Worden, em 2013. Basicamente, essas ações podem ser, por exemplo, guardar um objeto ou uma roupa que relembre o pet, efetuar uma doação a uma instituição que cuida de animais ou até mesmo o afastamento temporário de animais de estimação em casa, como manutenção da saúde emocional”, diz Sirlene.
Quando o assunto é adquirir um novo amigo, as especialistas explicam que é uma situação particular e varia de acordo com cada tutor. Se a pessoa não se sente emocionalmente preparada, o ideal é realizar o afastamento temporário citado acima. Por outro lado, se o indivíduo se sentir bem com a ideia de ter outro animal em seu lar, não tem problema nenhum em pegar outro pet.
Contudo, mesmo com essa nova relação, é importante lembrar que o novo animal não substituirá o antigo, mas ele será uma nova chance de amizade, amor e carinho para você, mostrando particularidades novas e um jeito único. “Vale ressaltar que, quando se tem criança em casa, é necessário explicar o que aconteceu e não simplesmente ‘substituir’ por outro animal. A criança precisa saber e aprender a lidar com esses processos de mortes”, esclarece Cristiane.
Além disso, nesse momento, é comum que a pessoa se culpe excessivamente pela morte do seu pet. Cristiane explica que questionamentos como “poderia ter cuidado mais” e “deveria ter levado no veterinário antes” sempre aparecem e que podem ser autodestrutivos.
Outra dica para fazer durante esse processo do luto é realizar um ritual de despedida, lembrando que essa fase não passará rápido ou de forma linear, mas que será gradativa e com altos e baixos, ou seja, você precisará ser flexível com as suas dores, permitindo-se sentir.