Conexão Pet

Por Sabina Scardua

Sabina Scardua é médica-veterinária com doutorado em comportamento animal. Atua com Reiki em animais desde 2016 e está à frente do Reiki Pet Rio.


E se você pudesse saber com precisão como seu pet está se sentindo sobre a mudança de casa? Sobre seu novo namorado? Sobre o que você está fazendo da sua vida? E se pudesse saber exatamente do que ele precisa para se sentir mais forte e mais feliz?

Parece propaganda de um produto revolucionário, mas é possível saber tudo isso. Os animais querem ajudar mais, se expressar mais, e já é tempo de dar ainda mais espaço a eles.

Por meio da comunicação intuitiva, é possível saber o que o pet está sentindo — Foto: Unsplash/ Creative Commons
Por meio da comunicação intuitiva, é possível saber o que o pet está sentindo — Foto: Unsplash/ Creative Commons

A comunicação intuitiva animal abrange um conjunto de técnicas que envolve telepatia, conexão entre duas mentes. A comunicadora consegue se conectar com a consciência do animal, e então estabelecer um diálogo.

Centenas de comunicadores intuitivos atendem no Brasil e no mundo. O número de profissionais e a aceitação de veterinários parece aumentar nos últimos anos, acompanhando a evolução da medicina veterinária integrativa, ou seja, que considera não só a saúde do corpo, mas também o bem-estar mental, emocional e energético dos animais.

As comunicadoras profissionais têm diferentes formações, mas é importante ressaltar que não se trata de um dom e, sim, de técnicas aprendidas. Não tem nenhum preceito espiritual ou religioso. É uma conexão mental.

Há cursos disponíveis para qualquer pessoa aprender a se comunicar intuitivamente com os animais. A telepatia é a linguagem universal e todos os seres são capazes de executá-la, com maior ou menor sofisticação.

A história e a ciência

A ciência do comportamento e comunicação animal é antiga, inclui as observações em ambiente natural, como o trabalho da renomada Jane Goodall observando gorilas na natureza; os trabalhos de Skinner com condicionamento operante em pombos; e mais recentemente trabalhos de psicofarmacologia e neurociência em animais.

Os estudos de comunicação animal avançam com gravações de vocalizações das baleias, primatas, aves, e promessas de inteligência artificial traduzindo a linguagem dos animais em tempo real.

A comunicação intuitiva animal abrange um conjunto de técnicas que envolve a conexão entre duas mentes — Foto: Unsplash/ Creative Commons
A comunicação intuitiva animal abrange um conjunto de técnicas que envolve a conexão entre duas mentes — Foto: Unsplash/ Creative Commons

No início do século passado, havia um famoso cavalo chamado Hans, que era bom em matemática — ele dava a resposta com patadas no chão para cálculos simples solicitados. O bicho fazia sucesso e intrigava todo o mundo. Muitos outros animais inteligentes famosos seguiram Hans ao longo dos anos.

Hans foi testado por diferentes pesquisadores e o caso foi levado a descrédito após um psicólogo ter concluído que Hans acertava porque via as microexpressões da plateia quando chegava ao resultado correto, batendo as patas no chão.

Paralelamente ao interesse nos animais inteligentes, a indústria da produção animal, a vivissecção para a consolidação da medicina veterinária e o uso de bichos de laboratório prosperavam. Debaixo de um paradigma já vigente de que os animais não têm consciência, os recursos para pesquisas com inteligência animal escassearam cada vez mais, por um período grande.

A pesquisa da mente dos animais e da telepatia em si passou por inúmeros percalços, incluindo dificuldades metodológicas até o tabu e o desinteresse e descrédito da comunidade científica. Ainda assim, o assunto sempre esteve presente no meio científico de alguma forma, desde o pesquisador Karl Krall em 1927, passando por Rupert Sheldrake, com a teoria dos campos mórficos e autor do livro Cães sabem quando seus donos estão chegando, até o neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, com o estudo da transmissão de pensamentos entre ratos, atualmente.

Aos que só acreditam no que a ciência chancela, quero lembrar que a Comunidade Científica apenas admitiu que os animais têm consciência em 2012, através da Declaração de Cambridge sobre a Consciência Animal, publicada e assinada por renomados pesquisadores.

Não acham recente demais? Quero dizer que a ciência é lenta em admitir ou comprovar certos assuntos, principalmente quando não são economicamente interessantes. É bom ter isso em mente.

Tipos de comunicação existentes

A comunicação pode acontecer de diferentes formas, em diferentes níveis. Muitas vezes, temos mais de um tipo acontecendo ao mesmo tempo, como, por exemplo, quando um adestrador diz que ‘você deve dar o comando para o cão acreditando que ele fará e não o contrário’. Neste caso, o que está em jogo? O comando, a entonação de voz mais confiante, positiva e segura, a postura corporal geral e as microexpressões do rosto e do corpo do tutor, mas também a imagem correta em sua cabeça.

A colunista Sabina Scardua explica quais são os tipos de comunicação animal existentes — Foto: Unsplash/ Creative Commons
A colunista Sabina Scardua explica quais são os tipos de comunicação animal existentes — Foto: Unsplash/ Creative Commons

Quando pedimos e explicamos alguma coisa para o bicho, devemos lembrar de estarmos alinhados em pensamento e emoção com o que estamos falando.

Muitos animais, bem conectados com seus tutores, captam seus pensamentos e emoções, mas podem ocorrer alguns mal-entendidos. É como quando a gente ouve a conversa do vizinho: alguns pontos se destacam, mas você não entende o contexto completo.

Uma vez comuniquei com um gatinho e ele estava desesperado, disse para mim que a tutora dele tinha algo muito ruim no pulmão e que iria morrer, ele estava triste e muito aflito, sem saber o que fazer. Ao conversar com a tutora, ela explicou que, na verdade, estava muito triste por ter perdido uma amiga com câncer pulmonar.

O gatinho não entendeu direito, achou que a tutora estava doente. Ao explicar para ele na conversa telepática, o comportamento mudou, ficou mais calmo e carinhoso, pois entendeu que só precisava consolá-la, mas ele não ficaria sozinho.

A comunicação animal pode ser comportamental, energética e intuitiva. Esta última, pode acontecer em diferentes níveis, indo desde uma empatia aumentada, uma percepção abstrata, até uma conversa bem objetiva.

Muitos tutores são comunicadores intuitivos em algum grau e não se dão conta, ou, no fundo, não aceitam ou acreditam, e acabam desconsiderando estas percepções.

A comunicação animal pode ser comportamental, energética e intuitiva — Foto: Unsplash/ Creative Commons
A comunicação animal pode ser comportamental, energética e intuitiva — Foto: Unsplash/ Creative Commons

Principais indicações

A comunicação intuitiva profissional é um serviço, onde a comunicadora servirá de porta-voz para o animal, atuando como um canal de comunicação para o tutor e o animal.

Qualquer um pode contratar este serviço a qualquer momento. Mas as principais indicações são:

  • Animais doentes: para saber se entendem o que se passa, onde dói, que tipo de desconforto têm… Isso pode ajudar o médico-veterinário a entender melhor a situação e auxiliar na tomada de decisão para procedimentos mais invasivos.
  • Animais em estado terminal: a oportunidade de fazer um agrado para o pet no fim de vida e dar a ele a oportunidade de dizer o que deseja e se despedir do tutor.
  • Idosos: entender como estão levando a situação, se estão deprimidos, do que sentem falta, o que incomoda mais, fazer ajustes mais assertivos na alimentação, manejo geral e conforto físico.
  • Antes da internação: para explicar do que se trata, que o animal não está sendo abandonado, que o tutor não fica porque não pode, que pode confiar, que será para o bem dele, se tem algo incomodando muito, se precisam de algo… Alguns pedem para sair para fazer xixi ou dizem que estão com muito frio, por exemplo, ou para tirar o pote de comida de perto porque está dando enjoo.
  • Antes de viagem do tutor: para perguntar se desejam alguma providência para se sentir melhores, se querem perguntar algo, e explicar os detalhes, tudo que irá mudar na rotina. Alguns gatos pedem para deixar determinada janela aberta, por exemplo.
  • Após morte de outro pet ou de uma pessoa da casa: é importante entender em que nível está o luto do animal, e alguns precisam de mais explicações, pois ficam sem entender em meio à tristeza e aflição.
  • Adaptação de novos animais: saber o estado emocional real do pet, quais são seus incômodos e inseguranças é fundamental para uma adaptação gradativa, respeitando os limites de cada um.
  • Ainda é indicada para situação de: divórcio, mudança de residência, problemas de comportamento e de relacionamento entre animais, medo e ansiedade.

Adaptação, mudança de casa, divórcio e doença são alguns dos cenários em que a comunicação intuitiva é indicada — Foto: Unsplash/ Creative Commons
Adaptação, mudança de casa, divórcio e doença são alguns dos cenários em que a comunicação intuitiva é indicada — Foto: Unsplash/ Creative Commons

Limitações da comunicação intuitiva

A comunicação não tem contraindicações, mas é importante entender o que esperar, o que dá para perguntar e o que não dá. Os equívocos mais comuns são em relação ao comportamento animal.

É preciso entender que não basta falar para o animal mudar o comportamento. Dependendo da motivação para o comportamento e de quanto tempo já está instalado, não é assim tão simples. Assim como não basta falar para a pessoa parar de roer unha, ou parar de dormir tão tarde. A pessoa não consegue mudar determinados hábitos de repente.

Comportamento animal é como um músculo, precisa de repetição e constância. Não posso falar para o meu músculo ficar firme, preciso malhar. No entanto, a comunicação é uma aliada, pois entendendo as motivações e as emoções predominantes, o direcionamento do tratamento tende a ser mais efetivo.

Como usar a comunicação intuitiva no dia a dia

Esteja atento à coerência de sinais ao se relacionar com o seu pet. Alinhe pensamento claro e emoção calma ao comando e aos elogios para o bicho.

No dia a dia, use as conexões simples: olhe no olho, sincronize a sua respiração com a dele de vez em quando e experimente sentar ao lado do animal de olhos fechados, tentando observar em seu próprio corpo alguma alteração, algum sentimento diferente. Se posicione de forma passiva, mas atenta, sem encostar no animal, apenas ao lado. Esteja aberto.

Não basta falar para o animal mudar um comportamento, é preciso entender por que ele acontece  — Foto: Unsplash/ Creative Commons
Não basta falar para o animal mudar um comportamento, é preciso entender por que ele acontece — Foto: Unsplash/ Creative Commons

Antes de dormir, faça uma pergunta mentalmente para o animal, bem concentrado. Ao acordar, perceba como se sente sobre a questão feita na noite anterior, perceba se vem uma solução, uma ideia, uma imagem que você não tinha antes. Este é um exercício simples para aumentar a conexão mental com seu pet.

Caso tenha sentido seu coração aquecer com este texto, então aprenda as técnicas de conexão e comunicação intuitiva, a partir dos cursos disponíveis. Garanto que o relacionamento com o seu pet nunca mais será o mesmo. É uma experiência única e transformadora.

Dê voz aos animais, e conte comigo nesta jornada do coração.

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