Biologia Aplicada

Por Carlos Stênio

Carlos Stênio (@steniosuxx) é biólogo, escritor, idealizador do projeto Biologia Aplicada, que junta ciência com cultura pop, e colunista do Vida de Bicho.


Na versão original do filme, Oscar é dublado por Will Smith — Foto: DreamWorks/ Divulgação
Na versão original do filme, Oscar é dublado por Will Smith — Foto: DreamWorks/ Divulgação

Oscar é um personagem de destaque no filme de animação da DreamWorks de 2004, O Espanta Tubarões. Assim como outros personagens da trama, ele foi baseado em um peixe verdadeiro, o Bodião Limpador (Labroides dimidiatus).

Antes de discutirmos o fato de ele ser hermafrodita, uma coisa interessante a ser mencionada é a relação mostrada no filme (de forma lúdica) e na vida real. Na animação, ele é funcionário de um lava-rápido, onde ele limpa baleias e outros peixes, sendo que, na vida real, essa espécie também limpa outros animais.

Como o nome sugere, ele limpa o corpo de outros peixes, removendo-lhes os parasitas ou pele morta, dos quais a espécie se alimenta. Assim, estabelece-se uma relação mutualista, em que ambos os indivíduos se beneficiam. É comum observá-lo em autênticas estações de limpeza, ocupadas por um macho dominante e seu harém de fêmeas, ou por um par de adultos e um grupo de juvenis.

'Procurando Nemo' ganhou o Oscar de Melhor Animação em 2004 — Foto: Disney/Pixar/ Reprodução
'Procurando Nemo' ganhou o Oscar de Melhor Animação em 2004 — Foto: Disney/Pixar/ Reprodução

Nemo e Marlyn, personagens do filme Procurando Nemo, lançado pela Pixar de 2003, são peixes palhaços (Amphiprioninae), e, assim como no filme, vivem em anêmonas. Isso também é chamado de mutualismo. No caso deles, a anêmona fornece proteção para o peixe e, em troca, ele fornece alimento.

Ambos os peixes são hermafroditas, o que significa que podem mudar de sexo. O dominante do grupo do peixe bodião limpador (Oscar) é o macho; caso ele desapareça, uma fêmea consegue trocar de sexo e se tornar a dominante em seu lugar.

No caso dos peixes palhaços, a dominante é a fêmea; caso existam poucas fêmeas na região, ou a única do grupo desapareça ou seja morta, os peixes machos brigam entre si, e o vencedor muda de sexo. Esta, porém, é uma situação irreversível na espécie.

Essa estratégia de mudança de sexo é muito comum em animais, como sapos e lagartos, mas nos peixes é ainda mais presente, sendo que mais da metade das espécies conhecidas do oceano realizam essa mudança. Isso é benéfico, pois lhes permite manter a espécie em caso de perigo de extinção.

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