A prefeitura de São Paulo iniciou processo para encerrar os contratos com as empresas de ônibus UpBus e Transwolff. As duas foram acusadas pelo Ministério Público de envolvimento com a organização criminosa PCC e, desde abril, estão sob intervenção da SPTrans, o órgão municipal que faz a gestão do transporte na capital.
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Em nota, a prefeitura informa que a decisão foi tomada após reunião na tarde dessa segunda-feira (23), em que participaram representantes da Secretaria da Fazenda, secretaria-executiva de Transportes e Mobilidade, Procuradoria-Geral do município e SPTrans.
O prefeito Ricardo Nunes (MDB) havia antecipado em entrevista ao Valor que uma decisão seria tomada após a finalização do relatório de intervenção nas empresas, o que ocorreu na sexta-feira.
Nessa segunda-feira, ao justificar o "processo de caducidade" dos contratos, a prefeitura informou que foram identificadas “inconformidades financeiras e operacionais” nas empresas e que a investigação independente feita pela Fundação Vanzolini “apontou a necessidade de uma série de mudanças de infraestrutura, manutenção veicular e qualificação das questões financeiras”.
A UpBus e a Transwolff foram alvo da Operação Fim da Linha, do Ministério Público, que revelou o suposto envolvimento com a organização criminosa para lavagem de dinheiro
O tema esteve presente nas eleições municipais deste ano e, desde a campanha, Nunes prometia solicitar o encerramento dos contratos com as companhias caso as irregularidades fossem confirmadas. “Se tiver comprovação, [o rompimento de contrato] vai ser no mesmo dia”, disse o prefeito em entrevista ao Valor ainda no primeiro turno.
Com o início do processo de caducidade, as concessionárias terão 15 dias úteis para se manifestar. Segundo a prefeitura, a oferta do serviço de transporte público não será prejudicada. “A prefeitura informa que haverá a continuidade do serviço de transporte público à população sem qualquer prejuízo, bem como os pagamentos a funcionários e fornecedores das duas companhias”.
Na sexta-feira, o presidente afastado da UpBus, Ubiratan Antônio da Cunha, foi preso pela Rota por suposta lavagem de dinheiro e envolimento com a organização criminosa. Ele teve a prisão domiciliar – decretada ao ser preso em junho – revogada pela Justiça na semana passada, após o entendimento de que seu estado de saúde não justificava mais o impedimento de prisão preventiva.
*Estagiária sob supervisão de Joice Bacelo