O presidente Luiz Inácio Lula da Silva antecipou para esta noite seu pronunciamento alusivo à comemoração do Natal, celebrado no dia 25 de dezembro. No discurso, transmitido em cadeia nacional de rádio e TV, Lula disse que o Brasil tem uma "economia forte" e voltou a defender a harmonia entre Legislativo, Executivo e Judiciário.
"A base de tudo o que fazemos é o diálogo e o trabalho conjunto do governo federal com a sociedade, os governos estaduais e as prefeituras. É o respeito e a harmonia entre o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. É a defesa intransigente da democracia. Ainda temos enormes desafios pela frente. Mas o Brasil tem hoje uma economia forte, que continua a crescer. Um governo eficiente, que investe onde é mais importante: na qualidade de vida da população brasileira", disse.
A citação de Lula sobre a harmonia entre os poderes acontece no mesmo dia em que o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu suspender o pagamento de cerca de R$ 4,2 bilhões de emendas de comissão. O assunto é sensível porque, nos bastidores, alguns deputados do Centrão acusam Dino de derrubar as emendas numa jogada combinada com o Palácio do Planalto.
O presidente da Câmara é um dos responsáveis pelo acordo que deu força às emendas de comissão, fator que ajuda a explicar a escalada entre Câmara e Supremo. A discussão das emendas é liderada no governo pelo advogado-geral da União, Jorge Messias. Mais cedo, entretanto, ele afirmou que o governo ainda analisa se vai recorrer ou não da decisão do ministro Flávio Dino.
Em seguida, Lula disse que seu governo continuará "semeando" trabalho em 2025. "Fizemos muito, e ainda temos muito a fazer. Estamos colhendo os frutos do nosso trabalho, mas é preciso continuar plantando. Semear e adubar, irrigar e cuidar, sempre e sempre. Em 2025, redobraremos nossas forças para o plantio. E que a colheita seja cada vez mais generosa", acrescentou.
Ainda que o presidente da República tenha sustentado no pronunciamento que a economia brasileira segue forte, a gestão petista passa por uma crise de credibilidade na questão fiscal. O motivo é que o pacote de corte de gastos, apresentado pela equipe econômica, foi considerado insuficiente pelos agentes financeiros.
Como reflexo desse quadro, o dólar à vista encerrou as negociações em alta forte nesta segunda-feira, avançando quase 2%, em meio a um fortalecimento global da moeda americana. Diante do mau humor local com a seara fiscal e possivelmente pela sazonalidade (com dólar mais escasso no mercado), a moeda americana disparou neste pregão, com a cotação comercial alcançado R$ 6,18.
No pronunciamento, o presidente também agradeceu as mensagens e as orações feitas por conta da sua situação médica. Isso porque, recentemente, ele foi submetido a uma cirurgia para a retirada de um hematoma que se formou em decorrência de um tombo que levou em outubro.
"Quero agradecer as orações e as mensagens de carinho que recebi durante a emergência médica a que fui submetido recentemente. Graças a essa corrente de solidariedade, estou ainda mais firme e mais forte para continuar fazendo o Brasil dar certo", contou.
Para Lula, o Natal é o momento de "renovar a esperança". "Este é o momento de renovarmos nossa esperança. Esperança em um país mais justo. Um Brasil sem fome, onde cada mulher e cada homem tenha trabalho digno e tempo para acompanhar o crescimento de seus filhos. Que cada mãe e cada pai tenha a felicidade de saber que seus filhos estão bem cuidados, saudáveis e protegidos", disse.
Por fim, Lula citou ensinamentos de Jesus Cristo, como compaixão, a fraternidade, o respeito e o amor ao próximo. "Todas e todos vocês que ajudam a construir esse grande país. O Natal é um bom momento para relembrarmos os ensinamentos de Cristo: compaixão, a fraternidade, o respeito e o amor ao próximo. Meu desejo é que esses ensinamentos estejam presentes não apenas no Natal, mas em todos os dias de nossas vidas. Que cada um de nós reconheça no outro o seu semelhante. Que irmão se reconcilie com irmão. Que as famílias possam celebrar em comunhão", afirmou.