Política
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Por e , Valor — São Paulo

A Polícia Federal (PF) indiciou Pablo Marçal (PRTB), candidato derrotado na eleição para a prefeitura de São Paulo, por uso de documento falso. O indiciamento refere-se à publicação de um laudo médico falso que associava o deputado Guilherme Boulos (Psol), seu adversário na disputa, ao consumo de drogas. O influenciador publicou o documento em suas redes sociais na noite de 4 de outubro, antevéspera da votação.

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O indiciamento de Marçal tem base no artigo 304 do Código Penal, segundo apuração do Valor.

Não significa, com o indiciamento, que o influenciador tenha se tornado réu. A partir dos indícios colhidos pela PF de que ele cometeu crime ao usar o documento falso, o Ministério Público deve decidir se vai apresentar denúncia, arquivar o caso ou pedir mais investigações. Se for apresentada denúncia, a Justiça irá definir se aceita, ou não, essa acusação para se iniciar um processo.

Também nesta sexta-feira, Marçal prestou depoimento no prédio da Superintendência da PF em São Paulo por cerca de três horas e negou envolvimento na produção ou divulgação do documento.

Boulos afirmou que o indiciamento é “só o primeiro passo” no combate às notícias falsas disseminadas pelo influenciador na corrida eleitoral paulistana. Em comunicado à imprensa, Boulos também cobrou punições a Ricardo Nunes (MDB), prefeito reeleito, e ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que apoiou a reeleição de Nunes.

Ainda no primeiro turno das eleições, após votar, o influenciador havia feito a mesma afirmação a jornalistas. Ele disse, naquela ocasião, que não tinha conhecimento da falsidade do laudo e que o documento havia sido publicado pelo seu advogado Tássio Renam.

Perícias da Polícia Civil e da PF confirmaram a falsidade da assinatura do documento, que pertence ao médico José Roberto de Souza, morto em 2022. Na análise, a PF comparou diferentes assinaturas do profissional falecido e concluiu que não haviam sido escritas pela mesma pessoa.

“As evidências suportam fortemente a hipótese de que os manuscritos questionados não foram produzidos pela mesma pessoa que forneceu os padrões”, registrou o relatório dos peritos da PF.

A campanha do candidato do Psol protocolou a notícia-crime que pedia a prisão preventiva do postulante do PRTB e que levou à investigação da PF. Também há outra notícia-crime da campanha de Boulos que segue no Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), que pede a apreensão e quebra de sigilo telefônico e telemático do influenciador.

A filha do médico falecido, por sua vez, disse, logo depois da publicação do laudo, que o pai nunca havia trabalhado na clínica paulistana Mais Consulta, e que não atendia dependentes químicos. Outra filha do de José Roberto de Souza entrou com ação popular pedindo a inelegibilidade de Marçal, que acabou sendo arquivada pela Justiça por entender que este não era o instrumento adequado para tal solicitação.

O Valor entrou em contato com a assessoria de Pablo Marçal, que não se manifestou até a publicação desta reportagem.

*Estagiária sob supervisão de Joice Bacelo

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