Redução de mais de 30 toneladas de gases causadores do aquecimento do planeta por ano. Este é o impacto positivo de cada caminhão elétrico para uso urbano. Na medida em que o setor privado global vem reforçando seus compromissos com a redução de emissões, visando alcançar a neutralidade nas próximas décadas, a transformação da mobilidade ganha espaço cada vez maior.
Os números indicam que as empresas estão se movimentando rapidamente. Ao longo dos últimos dez anos, já foram comercializadas no Brasil mais de 100 mil unidades de veículos elétricos e híbridos, segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). Já entre os caminhões e ônibus, de acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), foram emplacadas 602 unidades elétricas e a gás no primeiro semestre de 2022, contra 64 no mesmo período do ano anterior, alta de 840%.
Esse fenômeno se traduz em casos concretos, como o da Viveo, ecossistema de produtos e serviços que conecta soluções de saúde e que realizou suas primeiras entregas com caminhões 100% elétricos. As cargas seguiram com destino a hospitais de referência na capital paulista, como A.C.Camargo, Hospital Alemão Oswaldo Cruz e Hospital 9 de Julho. A ação faz parte de um plano em ESG definido pela companhia em 2021, com previsão de ultrapassar R$ 65 milhões em investimentos.
Além da redução das emissões, os modelos elétricos apresentam uma série de outras vantagens competitivas, incluindo o menor custo de manutenção por quilômetro, o menor consumo de energia por quilômetro, a diminuição do nível de ruído, o maior desempenho de aceleração e a maior versatilidade do produto.
“Os veículos elétricos terão funções adicionais, além da mobilidade, transporte de carga e movimentação de materiais”, explica Carlos Roma, diretor geral da TB Green, empresa de locação de soluções de energia limpa. “Eles, por exemplo, poderão ser um Energy Storage System (ESS), ou seja, um power bank gigante que pode substituir o gerador a diesel nos horários de ponta, vender energia no mercado livre, regular a frequência do sistema, abastecer cargas em escolas, hospitais e casas, em momentos de apagões oriundos de efeitos climáticos fortes ou sobrecarga na rede.”
As empresas do setor estão fazendo investimentos no limite de sua capacidade, ele explica. E compara o grau de evolução que as pioneiras em eletrificação estão implementando agora à categoria mais popular do automobilismo. “É como a Fórmula 1. Assim como a transmissão automática, direção assistida, ar-condicionado, trio elétrico, o veículo elétrico – seja na forma de 100% elétrico, híbrido suave, híbrido pleno ou híbrido com tomada de recarga externa –, este é um caminho sem volta”, diz Roma.
No Carbon
A JBS, maior empresa de alimentos do mundo, deu um passo importante nesta direção ao lançar este ano a No Carbon, empresa especializada em locação de caminhões 100% elétricos.
Em linha com o compromisso da JBS de ser Net Zero em 2040 (ou seja, zerar o balanço líquido das emissões de gases causadores de efeito estufa em toda sua cadeia de valor), a nova companhia é parte da JBS Novos Negócios. A empresa atuará tanto para suprir a demanda das operações logísticas da própria JBS, atendendo a distribuição de produtos de Friboi, Seara e Swift, quanto para oferecer o serviço para clientes externos, como varejistas e empresas de e-commerce.
A No Carbon opera Veículos Urbanos de Carga (VUC) elétricos equipados com baús frigoríficos, capazes de transportar até 4 toneladas de produtos resfriados e congelados, simultaneamente. A autonomia, com o baú, é de até 150 quilômetros, o que faz o modelo ideal para circular em centros urbanos. Além disso, os caminhões elétricos têm baixo custo de manutenção e operação, uma vez que não possuem, por exemplo, filtro de ar, filtro de óleo, filtro de combustível, sistema de escapamento, correias, bico injetor e bomba de injeção.
“Com a No Carbon, a JBS cria um negócio que irá trazer escala à utilização de caminhões elétricos no transporte de cargas no Brasil, um país com elevada dependência do modal rodoviário na área logística”, afirma Maria Paula Silveira Bibar, gerente de Sustentabilidade da JBS Novos Negócios. “A nova frente representa a abertura de um campo com grande potencial de crescimento e colabora com o objetivo da empresa de trabalhar de maneira cada vez mais sustentável”, destaca.