Em junho de 2024, foi realizado no Rio de Janeiro o Energy Summit, que se consolidou como um dos maiores eventos globais sobre inovação e empreendedorismo em energia e sustentabilidade. Principal evento organizado com o MIT fora dos Estados Unidos, conecta especialistas, líderes e inovadores de todo o mundo para discutir os próximos passos da transição energética e soluções sustentáveis.
"O Energy Summit foi superimportante para fazer a conexão entre as cinco pontas do Programa de Aceleração de Regiões Empreendedoras (MIT REAP): governo, grandes empresas, universidades, startups e investidores. Tivemos empresas dos setores financeiro, de mineração, materiais, TI, química, mobilidade, transporte e aviação, toda essa gama de segmentos que vão afetar e ser afetados pela transição energética", relata Hudson Mendonça, CEO do Energy Summit.
Evento de referência
A primeira edição do evento gerou mais de 150 horas de conteúdo divididos em cinco trilhas, seis palcos temáticos simultâneos, mais de 180 palestrantes de oito países diferentes, 5.000 m² de espaço de exposição e mais de 10 mil participantes.
“Para a próxima edição, em junho de 2025, vamos avançar em uma série de aspectos, especialmente na área de mobilidade elétrica. O setor de energia é o motor da economia global, mas também é responsável por 73% das emissões mundiais. Está numa posição estratégica e submetido a uma ampla pressão por acelerar a transformação energética”, aponta Mendonça.
As informações e os insights gerados durante o Energy Summit foram reunidos em dois relatórios: “10 Energy Megatrends”, produzido pela MIT Technology Review Brasil, e “Energy Summit 2024: Caminhos para a transição energética”, em parceria com a Deloitte.
Conheça as dez megatendências
O “10 Energy Megatrends” aponta as dez principais megatendências que impulsionam a inovação no setor na direção de viabilizar a transição energética. Os caminhos que o setor visualiza para o futuro, de acordo com o relatório do MIT, são:
- Captura de carbono — Tecnologia projetada para reduzir a quantidade de CO2 emitido para a atmosfera a partir de fontes industriais e energéticas.
- Eficiência energética com base em Inteligência Artificial (IA) e Internet das Coisas (IoT) — A combinação de tecnologias conectadas apoia uma gestão mais precisa do consumo de energia em setores como industrial, residencial, comercial e de transportes.
- Novos modelos de negócios em energia solar distribuída — Esse novo olhar, baseado na redução de custos dos sistemas fotovoltaicos, cria oportunidades para empresas de tecnologia, startups e utilities reimaginarem como a energia solar pode ser gerida e distribuída.
- Oportunidades em armazenamento — Nos últimos anos, o avanço tecnológico, a redução dos custos das baterias e o surgimento de novos modelos de negócios estão transformando a capacidade de integrar fontes intermitentes.
- Combustível Sustentável de Aviação (SAF) — Pode ser produzido a partir de várias fontes renováveis, incluindo biomassa, resíduos agrícolas e óleos residuais. Sua adoção é considerada essencial para o setor atingir suas metas de emissões líquidas zero até 2050.
- Hidrogênio — Está emergindo como uma solução chave na transição energética global, devido à alta densidade energética, versatilidade e capacidade de descarbonizar setores de difícil eletrificação, como a indústria pesada, o transporte de longa distância e o armazenamento de energia em larga escala.
- Pequenos Reatores Modulares (SMRs) — Representam uma evolução na tecnologia de energia nuclear que promete tornar a geração nuclear mais segura, acessível e flexível.
- Materiais avançados — Nanomateriais, compósitos, materiais supercondutores, cerâmicas avançadas, e materiais 2D, como o grafeno, apresentam propriedades físicas e químicas superiores aos componentes convencionais.
- Fusão nuclear — É uma das fronteiras mais promissoras da ciência e tecnologia energética, oferecendo uma fonte potencialmente inesgotável, segura e limpa de energia.
- Computação quântica — Ainda em fase experimental, promete revolucionar áreas como ciência de materiais, criptografia, inteligência artificial e otimização de processos.
Os caminhos para a transição energética
O segundo relatório, “Energy Summit 2024: Caminhos para a transição energética”, foi produzido em conjunto com a Deloitte, empresa com o portfólio de serviços profissionais mais diversificado do mundo.
“Participamos contribuindo para formar um relatório que fizesse justiça à riqueza do debate entre os participantes, todos bem-posicionados no setor e com alto grau de maturidade para entender os passos necessários para conduzir as mudanças que se fazem necessárias”, diz Guilherme Lockmann, líder das práticas de Forensic e Sustentabilidade e do setor de Power, Utilities e Renewables da Deloitte.
O relatório consolida os principais temas discutidos no Energy Summit 2024. Aponta as tecnologias emergentes que estão moldando aspectos cruciais para o futuro do setor, como energias renováveis, armazenamento e eficiência energética, apresenta propostas em andamento para acelerar a transição energética e descreve os caminhos da inovação no mercado global, incluindo biotecnologia, investimentos em greentechs e parcerias estratégicas.
O documento conclui que a transição energética não se limita à mudança na geração e consumo de energia; trata-se de uma transformação mais ampla na relação da sociedade com o meio ambiente. “É um chamado à ação que requer a participação ativa de todos os setores”, aponta o texto. “A conscientização sobre a importância da sustentabilidade deve ser promovida em todos os níveis, desde a educação básica até a formação de líderes empresariais e políticos”.