Fundos de Investimento
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Por Mônica Magnavita — Para o Valor, do Rio


O ano de 2025 aponta para um cenário econômico que favorece investimentos em fundos de renda fixa, a exemplo do que ocorreu em 2024. Entre os fatores que contribuem na esfera doméstica para a expectativa de especialistas dois são decisivos: juros com tendência de alta, decorrente tanto de pressões inflacionárias quanto da perspectiva de resultados tímidos do pacote fiscal divulgado recentemente; e, como consequência, fraco desempenho das ações, em linha com o resultado obtido este ano, quando o Ibovespa acumulou queda de 4,44% entre 2 de janeiro e 10 de dezembro.

A mensagem do Banco Central dada na última reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom), quando elevou a Selic para 12,25%, foi clara, segundo Marcelo Mello, CEO da SulAmérica Investimentos. Não haverá leniência com a expectativa de inflação, que ficará acima do teto da meta, de 4,5%, este ano, devendo atingir 4,6% no próximo.

A decisão do Copom levou o mercado a rever, e elevar, as projeções de juros para 2025. “Estávamos com uma Selic projetada para 2025 na casa de 13% e 13,5%, mas ajustamos para 15%. Diante desse cenário, a propensão é para estratégias de investimentos voltadas para renda fixa e crédito privado, no próximo ano”, diz Mello. Logo, um quadro mais adverso para aplicações em fundos de ações e multimercados, categorias que sofreram perdas líquidas de R$ 9,5 bilhões e de R$ 324,2 bilhões, respectivamente, nos primeiros 11 meses do ano, conforme dados da Anbima. Os números estão na contramão das expectativas que o mercado mantinha no fim de 2023.

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Para ajudar o investidor a navegar nesse cenário, o “Guia Valor de Fundos de Investimento” lista 1.792 carteiras com histórico de pelo menos três anos, agrupadas em categorias que têm o objetivo de facilitar a diversificação das aplicações.

“Começamos este ano com uma visão positiva de redução de juros, de uma inflação mais comportada depois do aperto monetário e de que esse ambiente abriria espaço para termos uma janela de IPOs [oferta primária de ações] e migração dos fundos de renda fixa para outras categorias. Mas a atividade econômica forte [alta do PIB de 3,1% acumulada em quatro trimestres encerrado em setembro de 2024], a discussão fiscal que trouxe muito ruído e a volatilidade da eleição americana fizeram com que a política monetária do Banco Central mantivesse a ortodoxia, sinalizando para mais aperto no ano, não permitindo IPOS e nem que os investidores propensos a riscos migrassem para fundos de ações e multimercados. O ano 2024 termina muito parecido com 2023”, diz Mello.

O impacto desse conjunto de fatores sobre os investimentos foi uma captação líquida de R$ 344 bilhões pelos fundos de renda fixa até novembro, o que contribuiu para uma entrada líquida de R$ 186,2 bilhões na indústria de fundos, o melhor resultado dos últimos três anos para o período, segundo a Anbima. Em 2025, os fundos de renda fixa devem repetir tal desempenho, decorrente da política de juros elevados para compensar fragilidades fiscais, questão central da agenda econômica para o próximo ano. Pairam, no entanto, dúvidas que podem afetar os investimentos.

“Todos esperavam um corte de gastos que não foi forte e veio junto de uma redução na arrecadação do Imposto de Renda. Qual o verdadeiro tamanho do problema fiscal do país? O pacote trouxe medidas que precisam ou de aprovação do Congresso ou de negociações longas. Há muitas dúvidas, inclusive em relação à postura do Banco Central com a nova gestão. Para onde os recursos vão fluir vai dialogar com a forma como o novo BC vai se posicionar. Qual vai ser a postura do Banco Central?”, questiona Ilan Arbetman, analista financeiro (CFA) da Ativa Investimentos. “Há dúvidas quanto ao rigor da nova diretoria diante do quadro fiscal.”

Qual o verdadeiro tamanho do problema fiscal do país?”
— Ilan Arbetman

O mercado de ações doméstico permanece sem perspectivas de IPO, jejum que já dura três anos, em virtude da subvalorização dos preços das ações. “No micro, há excelentes empresas na Bolsa, mas com os juros em alta e com a desvalorização do real frente ao dólar, no macro, pode ser desafiador investir em Bolsa. Se houver uma pauta fiscal com maior controle dos gastos, podemos ver uma melhora, com alta forte do Ibovespa e queda dos juros futuros”, diz Lucas Carvalho, chefe do departamento de análise da Toro Investimentos.

A perspectiva negativa para as ações, de acordo com Henrique Castro, professor da Escola de Economia de São Paulo da FGV, tem por base o alto custo de captação para as empresas com papéis negociados em Bolsa, diante de uma Selic de dois dígitos, o que leva, em geral, à redução dos investimentos. “As companhias terão que ter projetos muito vantajosos para que compensem o custo mais alto. Em geral, elas retardam investimentos, expansões e isso para o mercado de renda variável é uma má notícia. Nos últimos quatro anos, o único bom para ações foi o de 2023, por conta da atratividade do mercado de renda fixa decorrente dos juros altos”, diz Castro.

Apesar de tal cenário para a Bolsa brasileira, investidores mais afeitos à renda variável encontrarão boas opções no mercado de ações internacional. O S&P 500, índice da Bolsa americana que reúne as principais empresas do país, surge como uma das opções mais atrativas, já que deve manter um ritmo semelhante ao de 2024, na avaliação de gestores, quando subiu 27,18% no mesmo período analisado para o Ibovespa, entre 2 de janeiro e 10 de dezembro.

“Fundos atrelados a índices externos, com exposição a mercados globais, em especial ao dos Estados Unidos, tiveram performance muito satisfatória. Quando comparamos o desempenho do Ibovespa vis a vis o do S&P 500 existe uma oportunidade muito grande”, diz Carvalho. Em sua avaliação, a política de corte de impostos para as empresas a ser adotada pelo novo governo americano, em 2025, tende a potencializar o lucro das companhias, dando continuidade ao movimento de alta do índice da Bolsa nos Estados Unidos.

Com relação ao ritmo da redução de juros, há incertezas. “A inflação divulgada em dezembro veio dentro do esperado, mas se percebe um repique, lembrando o que ocorreu na década de 70. Vai acontecer de novo? Isso mudaria toda a condução da política de juros no banco central americano para o próximo ano, mas ainda é uma incógnita. A tendência é que haja mais cortes de juros, o que potencializaria a performance dos ativos de risco”, diz Carvalho. O ano de 2025 promete bons desafios.

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