Fundos de Investimento
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Por — Para o Valor, de São Paulo

A despeito de o ano de 2024 ter sido adverso para os fundos de ações, com o índice Ibovespa acumulando queda de mais de 5% até a semana passada pressionado pelo cenário externo, pela incerteza em relação à questão fiscal doméstica e, principalmente, pelas altas da taxa básica de juros, a Selic, promovidas pelo Banco Central a partir de setembro e empurrando investidores para a renda fixa, muitas gestoras continuam mostrando que um cenário desfavorável nem sempre é sinônimo de perdas.

São nesses momentos de baixa do Ibovespa, em que a bolsa pode ficar descontada - isto é, com algumas ações negociadas a preço abaixo de seu valor real -, que a Guepardo Investimentos vai em busca de oportunidades de ganhos para seus fundos. Caso do Guepardo Institucional FIC FIA, com R$ 2 milhões em patrimônio líquido, que deu à gestora destaque entre os dez mais rentáveis na categoria Fundo de Ações com a melhor relação entre risco e retorno.

“Por trás do ticker de uma companhia listada na bolsa tem uma empresa com gestão, governança, com capacidade de gerar caixa. Nosso trabalho é identificar quais estarão melhores daqui a dez anos, e aí procuramos as realmente baratas”, diz Roberto Esteves, diretor de relações com investidores da Guepardo. Um dos fatores que ajudaram o fundo da gestora a apresentar rentabilidade acumulada nos últimos três anos, até outubro, de 58,9% contra 25,3% do Ibovespa no período, foi ter no portfólio uma empresa exportadora, que se beneficia com o câmbio, e empresas desalavancadas, que não têm dívida elevada e que protegeram o fundo em momentos de estresse no mercado. Em 2024, o fundo captou R$ 700 milhões.

A variedade nas estratégias de investimento colocou o Warren Multigestores Ações FIC FIA, da Warren Investimentos, entre os dez com melhor retorno na categoria de alocação em ações, conhecidos como fundos de fundos (FoFs). Esses fundos, como o próprio nome sugere, aplicam recursos em fundos geridos por terceiros visando superar o Ibovespa a longo prazo escolhendo gestores que proporcionem uma diversificação eficaz de estratégia.

Eduardo Otero, líder do time de investimentos da Warren, diz que, além de olhar para os critérios de liquidez e acompanhar o crescimento do patrimônio líquido, a gestora prioriza parceiros com a estratégia de value investing - que aposta no potencial de valorização de uma empresa no longo prazo, e não no seu preço atual.

Também investindo em fundos de terceiros, a Portofino Gestão de Recursos levou o Speciale Equity FIA para a lista dos mais rentáveis combinando três estratégias: escolha de gestores com foco em empresas brasileiras de médio e grande porte; gestores posicionados parte em empresas brasileiras e parte em ações globais, em especial dos Estados Unidos; e fundos que compram ações de empresas brasileiras sob a estratégia de long biased, que permite aos gestores operar “comprado”, quando a expectativa é de alta dos papéis, ou “vendido”, quando a expectativa é de queda. “Dos 11 gestores que participam do fundo, dois atuam com ações globais, que puxaram a performance que superou a concorrência”, diz Mario Kepler, sócio da Portofino Multi Family Office. O fundo tem hoje patrimônio líquido de R$ 113 bilhões.

Nosso trabalho é identificar quais estarão melhores daqui a dez anos, e aí procuramos as realmente baratas”
— Roberto Esteves

O XP Trend Ibovespa FIA, fundo de índice da XP com R$ 70 milhões em patrimônio líquido e também no grupo dos mais rentáveis dentro de sua categoria, tem por objetivo replicar o Ibovespa a partir do investimento em fundos de índice negociados na B3. “A estratégia que leva o fundo a entregar bom retorno é a aderência ao índice de referência”, diz Danilo Gabriel, gestor da XP Asset. O fundo tem conseguido entregar uma rentabilidade adicional em relação ao seu benchmark também com o aluguel de ações.

Danilo Gabriel, gestor da XP Asset: aderência ao índice de referência — Foto: Divulgação
Danilo Gabriel, gestor da XP Asset: aderência ao índice de referência — Foto: Divulgação

“Nos últimos três anos o fundo deu aproximadamente 0,9% de rentabilidade acima do Ibovespa. Considerando nossa taxa de gestão de 0,3% estamos falando de um retorno adicional do fundo de 1,8%. O XP Trend Ibovespa FIA sempre vai render mais do que o Ibovespa enquanto tiver demanda de aluguel e essa demanda costuma ser constante ao longo dos anos”, diz Gabriel.

Eduardo Grübler, da AMW: fundo operado como formador de mercado para produtos de índice — Foto: Divulgação
Eduardo Grübler, da AMW: fundo operado como formador de mercado para produtos de índice — Foto: Divulgação

Com seu fundo AMW Brasil FIA espelhando o ganho do Ibovespa, a AMW entrega uma rentabilidade extra operando o fundo como formador de mercado para produtos de índice no Brasil. Com isso, a gestora se compromete a manter ofertas de compra e venda regulares, estimulando a liquidez de mercado e ajudando a reduzir qualquer volatilidade. Em troca, a AMW é remunerada com pequenos descontos no preço entre compra e venda.

“Nunca é muita coisa, mas ao longo do tempo os valores acumulados ajudam a reduzir nosso custo de transação e ainda conseguimos um retorno maior para o investidor”, diz Eduardo Grübler, gestor multimercados da AMW Asset Management by Warren. “É uma estratégia que a gente tem bastante confiança porque todo mundo precisa de liquidez para se expor a qualquer tipo de ativo e isso permite que a gente traga para o fundo um retorno pouco melhor ao longo do tempo”.

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