Os Emirados Árabes Unidos se tornaram o maior patrocinador de novos projetos empresariais na África, principalmente aqueles focados em energia verde, segundo uma pesquisa do “FT Locations” divulgada nesta terça-feira (24). No entanto, a empresa de dados pertencente ao jornal “Financial Times” (FT) destaca a preocupação de que os investimentos possam comprometer os direitos dos trabalhadores e as proteções ambientais.
Entre 2019 e 2023, empresas dos Emirados anunciaram projetos no valor de US$ 110 bilhões, dos quais US$ 72 bilhões foram destinados à energia renovável, segundo a FT Locations.
Os projetos prometidos foram mais do que o dobro do valor feito por empresas do Reino Unido, França ou China, que recuaram de grandes projetos de infraestrutura na África após muitos deles não entregarem os retornos esperados.
Líderes africanos também ficaram decepcionados com as promessas de financiamento climático por parte de governos ocidentais. Na conferência climática COP 29, por exemplo, países ricos prometeram US$ 300 bilhões anuais, enquanto os países em desenvolvimento haviam solicitado US$ 1,3 trilhão.
Por outro lado, alguns ativistas e analistas expressaram temores de que o histórico ruim dos Emirados Árabes Unidos em direitos trabalhistas para trabalhadores migrantes, o apoio contínuo a combustíveis fósseis e a falta de atenção às questões ambientais possam caracterizar seus investimentos na África.
"Os países africanos estão desesperadamente necessitando desse dinheiro para suas próprias transições energéticas. E os investidores árabes preenchem grandes lacunas que o Ocidente falhou em preencher," disse Ahmed Aboudouh, pesquisador associado do think tank Chatham House, segundo o “The Guardin”. "Mas, ao mesmo tempo, eles chegam com menos atenção aos direitos trabalhistas e aos padrões ambientais."