Crédito privado atrai diferentes perfis de investidores

Analistas projetam demanda forte para 2025 diante de um cenário de maior volatilidade

Por — Para o Valor, de São Paulo


Aquiles Mosca: “Boa parte da nossa performance histórica é resultado do processo de seleção de crédito high grade” — Foto: Ramede Felix/Divulgação

Nos últimos dois anos, os fundos de renda fixa que investem em crédito privado estão se destacando em termos de captação, atraindo investidores de todas as classes, do varejo ao private (pessoas com mais de R$ 5 milhões em investimentos). Até agosto deste ano, os fundos de renda fixa que alocam entre 50% e 70% de crédito privado acumularam captação líquida de R$ 94,3 bilhões, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

Para 2025, os gestores esperam um cenário semelhante. “A demanda por ativo de crédito privado vai continuar forte, sobretudo diante de um cenário de mais volatilidade, como é esperado em 2025. Os fundos com crédito privado pós-fixados acompanham a movimentação da taxa de juros, trazendo um conforto maior para o investidor, principalmente o de perfil mais conservador”, diz Bruno Rocha Bonini, superintendente executivo da Safra Asset.

Apesar da alta demanda por esses ativos, Rocha Bonini ressalta que os prêmios estão menores. “Isso é um ponto de atenção. Será necessária uma diligência muito maior por parte dos gestores”, afirma. Na Safra Asset, as equipes de crédito privado reforçam a gestão ativa com governança e estrutura de análise de crédito para monitorar constantemente os desdobramentos do mercado e a evolução dos prêmios.

“Precisamos compreender se os prêmios estão condizentes com o risco apresentado nos balanços das empresas. Na Safra Asset, damos muita importância à diligência em relação à liquidez e aos riscos de mercado. Sempre monitoramos os papéis que entram nos fundos de crédito privado para verificar se são aderentes à liquidez do fundo”, ressalta Rocha Bonini.

Para o superintendente executivo da Safra Asset, a governança, o cuidado com a liquidez e aderência aos mandatos permitem entregar um produto com o melhor cenário em termos de retorno diante do risco contratado pelo cliente. “No médio e longo prazo, entregamos um retorno melhor por otimizar esse risco”, acrescenta Bonini.

Com relação ao Safra Agilité RF Crédito Privado, que está entre os destaques em crédito privado, Bonini observa que é um produto focado em crédito high grade. No jargão do mercado, high grade é sinônimo de crédito com risco menor emitido por empresas mais estáveis do ponto de vista financeiro. “O Agilité é bastante líquido. Então, temos que olhar muito de perto essa liquidez. A pior coisa que pode acontecer para um gestor é queimar um papel no mercado no momento de crise”, observa Bonini.

A análise do rating, classificação do risco de crédito, também é acompanhada detalhadamente pelas equipes de renda fixa e crédito privado da G5 Partners. Felipe Higashino, gestor de renda fixa da G5 Partners, também destaca o fluxo positivo para os fundos de renda fixa de crédito privado e a importância do escrutínio dos ativos. “Não temos restrição por conta de setores. Nossa análise envolve qualquer investimento que a gente faça. Analisamos quando existe o rating externo publicado pelas agências. Além dos ratings publicados, usamos uma modelagem de classificação de crédito com um sistema proprietário”, conta Higashino.

A perspectiva de que haja entrada de captação nos fundos de crédito privado nos próximos meses também é considerada positiva na avaliação da G5 Partners. “Continuamos com um cenário positivo para os fundos de renda fixa de crédito privado pós-fixado. Talvez, o grande trabalho dos gestores a partir de agora seja encontrar as boas oportunidades no mercado de acordo com os perfis de liquidez dos fundos”, observa Higashino.

O processo de seleção de crédito high grade foi fator decisivo para que a BNP Paribas Asset Management Brasil não sofresse os efeitos dos problemas de crédito nos últimos 18 meses, na visão do CEO da gestora, Aquiles Mosca. Foi esse raciocínio que exclui, por exemplo, o setor de varejo dos fundos de crédito privado. Segundo Mosca, as garantias do varejo, no Brasil, são muito fracas e os prêmios, baixos.

“Boa parte da nossa performance histórica nas estratégias de crédito é resultado de todo esse processo de seleção de crédito high grade, que nos permitiu passar sem sermos chamuscados pelos eventos de crédito em 2023 e 2024, quando houve novos episódios de recuperação judicial”, pondera Mosca. Com análises que incorporam critérios de ESG (sigla em inglês para a agenda ambiental, social e de governança), a gestora não pretende incluir papéis do setor de varejo nas das estratégias de crédito privado em 2025. “Temos uma consistência que é percebida pelos investidores”, diz Mosca.

Um dos destaques entre os fundos com maior número de cotistas, o BNP Match DI é um fundo de crédito privado que busca acompanhar a variação do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), investindo em papéis de emissores financeiros, atrelados direta ou indiretamente ao indicador. “De acordo com critérios proprietários da BNP Paribas Asset Management Brasil, os ativos de instituições financeiras passam por um processo de análise e seleção criteriosa para compor a carteira do Fundo”, afirma Mosca.

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