Depois de bater o patamar de R$ 6,30 na última semana em relação ao dólar, o real brasileiro segue há quase 30 dias acima dos R$ 6 e em trajetória de desvalorização, repercutindo, inclusive, internacionalmente. A tradicional revista britânica The Economist apontou que a moeda brasileira detém um título vergonhoso este ano: é a moeda com o pior desempenho, “com uma queda de mais de 20%”.
Segundo a publicação, a situação piorou na última semana, com a aceleração da desvalorização da moeda, mesmo após as várias intervenções do Banco Central (BC). De acordo com a revista, o patamar histórico reflete o pânico do mercado em relação aos planos no âmbito fiscal.
Mesmo após o anúncio do pacote de corte de gastos – com cortes extensivos de impostos para trabalhadores de baixa e média renda, segundo a The Economist –, os investidores “interpretaram o anúncio como prova de um compromisso insuficiente com a disciplina fiscal”, diz a publicação. A revista pontua que "dado o déficit orçamentário do Brasil de quase 10% do PIB e uma dívida bruta de quase 90% do PIB, as preocupações são compreensíveis".
Além disso, as intervenções do BC, como a de 17 de dezembro, quando a autoridade monetária vendeu mais de US$ 3 bilhões em reservas cambiais, foram, segundo o texto, "uma tentativa fracassada de sustentar o real".
E neste cenário, na contramão dos bancos centrais de outros países emergentes, que começaram a cortar as taxas de juros, o BC do Brasil voltou a apertar as taxas básicas e já aumentou três vezes a Selic desde setembro, "incluindo uma elevação surpresa de um ponto percentual completo em 11 de dezembro". Os investidores esperam, porém, um aperto ainda maior.
No entanto, aponta a The Economist, o rigor monetário não está surtindo efeito. "Os mercados financeiros clamam por uma reviravolta fiscal, que o governo reluta em oferecer".