Finanças
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Por , Valor — Rio

O diretor de política monetária e futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reafirmou que a autoridade monetária só atua no câmbio em caso de disfuncionalidade do mercado. Segundo ele, o dólar flutuante é um dos pilares da matriz econômica brasileira, “essencial para que a gente possa passar por momentos como este agora.” Galípolo ressaltou que a discussão sobre controle do câmbio “passa longe da cadeira de Dipom [Diretor de Política Monetária].”

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“Essa é uma discussão que às vezes vai surgir. Pô, está lá, tem US$ 370 bilhões de reservas. Por que não segura no peito? E coisas desse tipo. Quem está no mercado e está assistindo sabe que não é assim que funciona”, afirmou em evento da XP, em São Paulo, transmitido pela internet.

Para ele, o câmbio flutuante está cumprindo bem o seu papel para enfrentar o que chama de cenário adverso na economia internacional, com a China enfrentando desafios domésticos, os Estados Unidos com um cenário indefinido diante da mudança de governo e a Europa em desaceleração. “O Brasil está em uma posição, relativamente ao passado, mais robusta para poder enfrentar esses desafios. Não só pelas reservas, mas também pelo câmbio flutuante. São mecanismos de defesa bastante relevantes.”

Galípolo deu o exemplo dos fluxos sazonais de envio de lucros de multinacionais ao exterior, que estão sendo monitorados pelo BC. “A discussão sobre essas linhas do final do ano é sazonal, e a gente sempre está acompanhando para ver em que momento que isso acontece. Efetivamente, a gente vai continuar fazendo atuações só por questões de disfuncionalidade, como essas.”

De acordo com o futuro presidente do BC, a expansão fiscal do governo pode estar impulsionando o consumo e levando a economia a um crescimento maior que o esperado. Somado ao cenário internacional e ao real desvalorizado, acrescentou, isso indica a necessidade de uma política de “juros mais altos por mais tempo.”

“Talvez a progressividade da política fiscal que foi praticada ao longo desse ano colocou mais dinheiro na mão daquelas pessoas que têm propensão a consumir mais elevada e isso acabou se revelando num dinamismo superior ao que se imaginava. Mais um ano que a gente vai fazendo revisões sobre crescimento”, afirmou.

Segundo ele, a desancoragem das expectativas de inflação vem incomodando o BC “há bastante tempo”. Galípolo disse que essa persistência acontece porque o mercado acredita que provavelmente o BC não vai fazer o suficiente, embora não tenha muita diferença entre o que os agentes econômicos fariam e o que imaginam que a instituição vai fazer. E mais recentemente, continuou, as dúvidas em relação ao pacote de corte de gastos potencializaram o problema. “O papel do Banco Central é reancorar essas expectativas. Mas a gente não vai dar nenhum guidance, ainda mais agora, nas vésperas da reunião do Copom, sobre o que a gente vai fazer para as próximas reuniões.”

Sobre o pacote fiscal apresentado na última semana pelo governo, Galípolo revelou que o BC está estudando o impacto sobre o preço dos ativos da taxação adicional de 10% sobre a renda total de quem ganha acima de R$ 50 mil por mês, prevista no pacote fiscal. Pela proposta, o imposto incluiria dividendos, aluguéis e salários, por exemplo, o que, portanto, poderia levar a uma tributação indireta de ativos isentos, como fundos de investimento imobiliário, de infraestrutura, Fiagros e as próprias debêntures incentivadas, que vêm batendo recordes neste ano. “Estamos fazendo todos os exercícios, todas as contas, até pelo tamanho e crescimento que esse mercado teve no volume, para entender como é que isso poderia levar a uma reprecificação dos ativos.”

Galípolo comentou que há uma discussão global hoje sobre a potência dos mecanismos de transmissão da política monetária, mas frisou que o Brasil não se encaixa nela. Isso porque o debate é ligado aos estímulos na pandemia e ao que causaram depois, mas, no mercado brasileiro, afirma, a redução da potência foi causada por “mecanismos de proteção” criados para conviver com taxas de juros altas e estar com desemprego baixo.

Galípolo sobre câmbio: Questionam sobre os US$ 370 bi, 'por que não segura no peito?'

Galípolo sobre câmbio: Questionam sobre os US$ 370 bi, 'por que não segura no peito?'

“Quase sempre no Brasil você acha alguma coisa como um efeito mitigador da política monetária em vários setores da economia. Você vai ter algum título público que vai estar ligado com a taxa básica de juros, por exemplo.” Ele citou também o exemplo da poupança, usada como funding para empréstimos habitacionais e que paga a metade mais ou menos da taxa básica de juros. “E assim você vai passando por vários elementos que têm canais ou mecanismos de defesa para um canal de transmissão de política monetária.”

A emissão de papéis isentos, continuou Galípolo, é um deles. “Curiosamente, quem não tem mecanismo de defesa para alta de juros é o Tesouro Nacional. É um tema que precisa ser enfrentado. É o início de uma discussão que vai ocorrer ao longo de 2025.”

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