O Banco Central confirmou nesta segunda-feira (6) que a rede a ser utilizada para o projeto piloto do real digital é a Hyperledger Besu, uma tecnologia com foco corporativo que usa componentes da rede Ethereum para permitir a criação e o gerenciamento de aplicativos descentralizados de forma facilitada e escalável.
No Hyperledger Besu, um dos algoritmos de consenso usados para validação é a Prova de Autoridade (Proof of Authority, ou PoA), na qual os nós validadores são selecionados por sua identidade e reputação na rede. Isso significa que a plataforma não é como o Bitcoin, que depende de computadores de alta potência solucionando criptografias para validar transações, ou como o Ethereum, em que isso é realizado pelo bloqueio de grandes quantidades de tokens na rede. As autoridades são selecionadas por meio de um processo de votação ou por convite e suas identidades são registradas no blockchain.
A grande diferença para um acesso direto ao Ethereum é que o Hyperledger Besu é uma rede permissionada, ou seja, não possui acesso público, o que permite que funcione para a realização de testes. Dentro do protocolo, é possível construir contratos inteligentes para realizar transações e o validador dessa transação recebe uma recompensa em ether (ETH). Os aplicativos construídos no Hyperledger Besu podem interagir com blockchains compatíveis, como Bitcoin, Quorum e o próprio Ethereum.
Haroldo Jayme Cruz, chefe-adjunto do Departamento de Operações do Mercado Aberto do BC, disse na coletiva de anúncio do piloto do real digital que a escolha do Hyperledger Besu se deu por ser um blockchain compatível com uma Ethereum Virtual Machine (EVM) e ter suporte a privacidade de transações, além de código aberto e uma estrutura de suporte “robusta” por trás.
"A plataforma é uma das EVMs mais usadas. Tem potencial elevado e muitas empresas que prestam suporte. Além disso, outros bancos centrais estão estudando criar suas CBDCs [moedas digitais controladas por bancos centrais] com essa plataforma", explicou o executivo.
O Hyperledger Besu pode ser utilizado sem que o usuário precise pagar nada. Contudo, para obter acesso ao suporte da Linux Foundation (os donos do projeto), é preciso assinar uma subscrição.