Radamés Casseb: Negócios com propósito

No Brasil, quase cem milhões de pessoas residem em moradias que não são atendidas por redes de coleta de esgotos e mais de 30 milhões não contam com abastecimento de água tratada, de acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). “São pessoas empobrecidas, mais vulneráveis a problemas de saúde e com maior dificuldade de aprendizagem por não terem acesso a direitos básicos como água potável e coleta de esgoto”, afirma o executivo.

A situação é pior na região Norte, onde 85,3% da população não conta com coleta de esgoto em suas moradias e 35,8% não tem acesso à água tratada. “Eu sou do Norte, tenho um forte desejo de retribuir à região tudo que recebi”, diz Casseb. “Quero ajudar de forma direta, como prestador de serviço de saneamento, ou levando informação e esclarecimento”, acrescenta.

Em 2023, Casseb foi escolhido para integrar a iniciativa do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU) no Brasil “Liderança com ImPacto”, que reúne dirigentes empresariais para atuar como mobilizadores de temas relacionados aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela ONU até 2030. Casseb está à frente dos temas relacionados ao ODS 6: água potável e saneamento.

“Eu levo a questão do saneamento aos mais diferentes fóruns e centros de discussões no país”, relata Casseb. “Mostro que não existe nenhuma barreira técnica que impeça a universalização do saneamento, o que é preciso é vontade política e capital para investir”, afirma. E muito capital. Um estudo da KPMG estima em R$ 893 bilhões os recursos necessários para a universalização do saneamento, em valores de 2022.

Desde o Marco Legal do Saneamento, aprovado em 2020, Estados e municípios cada vez mais realizam leilões de concessões e parcerias público-privadas (PPPs) para dar conta desse investimento. A Aegea é uma das empresas que mais cresceram aproveitando as novas oportunidades. Sagrou-se vencedora de certames emblemáticos, como as concessões de dois dos quatro blocos da Cedae, do Rio de Janeiro, e da Corsan, que atende 317 municípios riograndenses. A companhia também conquistou os contratos de PPPs da cearense Cagece e da paranaense Sanepar.

As enchentes no Rio Grande do Sul vão demandar investimentos extras, mas não mudam o planejamento feito à época da privatização que prevê aportes de R$ 15 bilhões até 2033, prazo final para a universalização dos serviços, diz Casseb. A Corsan mobilizou forças-tarefa para restabelecer o abastecimento o mais rapidamente possível e, entre outras medidas, anunciou que vai zerar por seis meses a fatura dos que pagam tarifa social e moram em áreas inundadas.

No horizonte das empresas de saneamento está o leilão de privatização da paulista Sabesp, a maior companhia do setor no país. Casseb diz que a Aegea está sempre de olho em oportunidades, mas todo avanço só é feito dentro de uma disciplina financeira que prevê baixo endividamento. No seu horizonte pessoal, há um sonho: levar a Aegea a atender seu Estado natal, o Acre, onde menos de 11% da população conta com esgotamento sanitário e apenas 48% tem água tratada. “Infelizmente, o Acre, por ora, não tem planos de atrair a iniciativa privada”, lamenta.

Radamés Casseb: CEO da Aegea Saneamento
Empresas onde trabalhou: Grupo Equipav, CIBE Participações e Empreendimentos, Consórcio Univias, Concessionária Rodovia das Colinas, Grupo EcoRodovias, CR Almeida
Formação: graduado em informática e especialização em gestão de infraestrutura pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e em gestão avançada pela Fundação Dom Cabral/Insead
Matéria predileta na escola: matemática
Me tornei CEO com: 48 anos
No fim de semana gosto de: estar com a família
Café da manhã, almoço ou happy hour: todos
Desligo o celular quando: estamos falando do futuro
O que salva um dia: perceber no hoje um pouco do amanhã desejado
O que acaba com um dia: não aprender nada

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