Milton Maluhy Filho: “Estou onde o cliente precisa que eu esteja”

Desde que assumiu o comando, em fevereiro de 2021, Maluhy vem batendo na tecla da transformação cultural do Itaú Unibanco. Ouvinte atento, ele combina um jeito acelerado com certo ar risonho. Também é exigente. Seu ideal de gestão contempla o coletivo, estilo que tenta multiplicar em “lives” mensais que mantém desde a pandemia com cerca de quatro mil líderes do banco de diferentes regiões do país. Pretende ampliar o ritual para alcançar as 12 mil pessoas que estão em cargos estratégicos na instituição.

Por ter passado por diferentes áreas do banco, que vão do atacado ao varejo, até a vice-presidência de finanças e risco - foi também CEO no Itaú Corpbanka, no Chile e presidente da Redecard – Maluhy acredita que não lhe faltam conhecimento técnico e sensibilidade para engajar os 92,9 mil colaboradores. Mesmo durante o pior momento da pandemia – que em uma semana colocou 50% dos profissionais operando de casa –, as equipes entregaram resultados e aceleraram a transformação digital do Itaú.

Isso o fez acreditar na capacidade de adequação rápida aos novos tempos. Agilidade que não quer perder daqui para a frente. “Quando eu não tiver mais essa capacidade – de trazer soluções rápidas e eficientes – é porque será a hora de passar o bastão.”

O modelo híbrido de trabalho, ao que tudo indica, veio para ficar e a cada liderança é dada a tarefa de calibrar o home office dos colaboradores. Desde o início deste ano, 30% deles ficam dois dias da semana operando de casa. “A cada seis meses iremos avaliar se está dando certo e, se preciso, corrigiremos a rota.”

Para o Itaú Unibanco, que entregou no primeiro trimestre de 2024 um lucro líquido de R$ 9,77 bilhões, alta de 15,8% sobre o de igual período de 2023, com ROE de 21,9%, os grandes desafios no momento são a regulamentação da reforma tributária, o controle fiscal e fazer o Brasil crescer em patamares mais elevados, de forma sustentável, com juros baixos e inflação sob controle.

Olhando para os compromissos com o clima, ele lembra que a instituição, que é signatária do Net-Zero Banking Alliance, da Organização das Nações Unidas (ONU), irá antecipar o cumprimento da meta de concessão de crédito do Escopo 3, em que bancos emprestam para empresas que também tenham metas definidas de redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE).

“Iremos alcançar no meio deste ano a meta para 2025 de conceder R$ 400 bilhões em financiamento verde. Estamos ajudando os nossos clientes em seus processos de adaptação às urgências climáticas”, diz o executivo.

Em relação ao polêmico uso da inteligência artificial (IA) e sua potencialidade, o CEO do banco, que investe massivamente em novas tecnologias, diz que ela veio para ficar, mas que há de se criarem regras para sua condução correta. “Tudo o que é novo e disruptivo gera debates”, afirma. “A internet passou por isso. Vamos entrar na terceira onda que é a IA e este é um caminho sem volta. Ao mesmo tempo, surgirá regulação definindo arcabouços, limites e regras.”

Milton Maluhy Filho: CEO do Itaú Unibanco
Empresas onde trabalhou: J.P. Morgan, Crédit Commercial de France (CCF Brasil), Lloyds TSB
Formação: bacharel em administração de empresas
Matéria predileta na escola: matemática
Me tornei CEO com: 39 anos (Itaú no Chile)
No fim de semana gosto de: curtir a família
Café da manhã, almoço ou happy hour: almoço
Desligo o celular quando: estou no avião
O que salva um dia: um abraço dos meus filhos
O que acaba com um dia: um filho doente

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